segunda-feira, 18 de maio de 2009

292 Buddha Corvo rei Supatra



292
“Aqui, na cidade de Benares...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre uma refeição de arroz misturado com ghee fresco e temperado com atum, que foi oferecido à Bimbadevi pelo Ancião Sariputra. As circunstâncias são como aquelas apresentadas acima no Jataka 281. Aqui também a Irmã santa teve dores no estômago. O excelente Rahula contou ao Ancião. Ele sentou Rahula em sua sala de espera e foi até o rei apanhar arroz, atum e ghee fresco. O rapaz deu a comida para a santa irmã, sua mãe. Logo que comeu, a dor cedeu. O rei enviou mensageiros para arguir e depois passou a mandar sempre este tipo de comida. Um dia começaram a falar sobre isto no Salão da Verdade : “Amigo, o Capitão da Fé ajudou a Irmã com tal e tal comida.” O Mestre entrou e perguntou sobre o quê conversavam : eles disseram. Ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmão, que Sariputra ofereceu à mãe de Rahula o quê ela quer ; ele fez o mesmo antes.” Assim falando ele contou um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como um Corvo. Ele cresceu e tornou-se chefe de oitenta mil corvos, um rei Corvo, de nome Supatta, ou Bela-asa (Bel'asa) ; e sua companheira principal chamava-se pelo nome de Suphassa ou Fofa, seu Capitão chefe chamava-se Sumukho – Bom bico. Com seus oitenta mil súditos, moravam próximos a Benares.
Um dia ele e sua companheira, buscando comida, pasaram por cima da cozinha do rei. O cozinheiro do rei preparara uma hoste de pratos, de todo tipo de peixes, e deixara os pratos descobertos por um momento, para esfriá-los. A Rainha Corva cheirou o odor da comida e desejou um pedaço. Mas naquele dia ela nada disse.
Dia seguinte contudo, quando Rei Corvo propôs que eles deviam sair para buscar comida, ela disse, “Vá você : há algo que quero muito !”
“O quê é ?” ele perguntou.
“Quero comer um pouco da comida real ; e já que não posso tê-la, morrerei.”
O Corvo sentou pensativo. Bom bico aproximou-se dele e perguntou se algo o tinha desagradado. Rei Corvo contou o quê era. “Ah, tudo ficará bem,” disse o Capitão ; e adicionou, para consolar ambos, “você fica aqui ho-je e eu buscarei a refeição.”
Então ele reuniu os Corvos e contou a eles o problema. “Agora vamos apanhar a comida !” disse ele ; e saíram todos voando junto para Benares. Ele postou-os em grupos aqui e lá, próximos da cozinha para vigiar ; e ele, com oito campeões, esperaram no telhado da cozinha. Enquanto aguardavam o serviço da comida do rei, deu estas ordens aos seus : “Quando a comida aparecer, farei o homem largar os pratos. Uma vez isto tenha sido feito, terá terminado para mim. Então quatro de vocês devem encher os bicos com arroz e quatro com peixe e alimentar o casal real com isto ; e se perguntarem onde estou, digam que estou à caminho.”
Bem, o cozinheiro aprontou seus vários pratos, pendurou-os num gancho de balança e saiu em direção aos aposentos reais. Quando passava pela corte, o Capitão Corvo com um sinal a seus seguidores, voou pousou no peito do homem que transportava a comida, atingiu com garras abertas, com o bico, pontudo como uma lança, bicou a ponta do nariz do sujeito, e com suas duas garras fechou as mandíbulas dele.
O rei andava para cima e para baixo em um andar superior, quando olhando para fora de uma larga janela, viu o quê o corvo estava fazendo. Gritou para o que ransportava : “- Ei você, solte os pratos e pegue o corvo !” então o homem soltou os pratos e segurou firme o corvo.
“Venha aqui !” gritou o rei.
Então os corvos comeram tudo que quiseram, pegaram o resto como a eles foi ordenado e levaram embora. Depois todos os outros afluíram e comeram o quê sobrou. Os oitos campeões deram a comida para o rei e a rainha comerem. O desejo de Fofa foi apaziguado.
O empregado que carregava o jantar trouxe o corvo para diante do rei.
“Ó Corvo !” disse ele, “não mostraste nenhum respeito para comigo ! Quebraste o nariz do meu empregado ! Derrubaste meus pratos ! Imprudentemente atiraste fora tua vida ! O que te fez fazer tal coisa ?”
Respondeu o Corvo, “Ó grande rei ! Nosso rei vive próximo à Benares e eu sou o capitão do exército. A esposa dele (cujo nome é Fofa) concebeu um desejo imenso de provar tua comida. Nosso rei me disse o quê ela anelava. Prontamente dediquei minha vida. Agora já enviei à ela a comida ; meu desejo está realizado. Esta é a razão d'eu ter agido como agi.” E para explicar o assunto, ele disse :-

Aqui na cidade de Benares, Ó grande rei,
Mora um rei dos Corvos, o alto Bel'asa ;
Que recebe ajuda de um séquito
De oitenta mil Corvos.

Fofa, a companheira dele, tinha um desejo indomável :
Anelava jantar peixe do próprio rei,
Fresco, feito na cozinha do palácio, - prato tal
Como os que vão para a mesa real.

Agora me vês como mensageiro deles ;
Foi obrigação com o rei que me trouxe aqui ;
E por reverenciar meu monarca
Feri o nariz daquele empregado.

Quando o rei escutou isto, disse, “Fazemos grandes honras aos homens e ainda assim não conseguimos fazer amigos. Mesmo se ofertamos presentes de tais coisas como uma cidade inteira, não encontramos ninguém disposto a oferecer sua vida por nós. Mas esta criatura, corvo como é, sacrificou a vida pelo seu rei. Ele é muito nobre, de fala doce e boa.” Ele ficou tão agraciado com as boas qualidades do corvo que fez a honraria de dar a ele um parassol branco. Mas o corvo saudou o rei com isto, seu próprio presente e cantou as virtudes de Bel'asa. O rei mandou chamá-lo e escutou seus ensinamentos e enviou para ambos o mesmo tipo de comida que ele mesmo comia ; e para o resto dos corvos cozinhava todo dia uma larga medida de arroz. Ele mesmo andava de acordo com os conselhos do Bodhisatva e protegendo todas as criaturas, praticava a virtude. Os conselhos de Bel'asa o corvo foram lembrados durante setecentos anos.
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Quando o Mestre terminou este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo o rei era Ananda, o Capitão era Sariputra mas Supatra era eu mesmo.”



Um comentário:

Vilma Aparecida da Silva Fonseca disse...

Faz lembrar a necessidade de distribuição dos bens.Pacifico como não acho possível.Queira Deus que haja reis sábios como esse.Interessante a mudança vir de uma mulher.Obrigada.