quinta-feira, 14 de maio de 2009

290 Buddha Brahmin e Pingala


290
“Virtude é amável...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um brahmin que colocou sua reputação em teste. As circunstâncias que a fizeram surgir e a história mesma, são dadas nos Jatakas 86, 330 e 362. ( No 330 a história se completa narrando o encontro do protagonista com Pingalā, cuja fala aparece no Mahabharata, Santi parva seção CLXXIV). Aqui, como antes -
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Quando Brahmadatra reinava em Benares, seu capelão resolveu testar a própria reputação quanto à virtude e durante dois dias retirou uma moeda da contagem do Tesoureiro. No terceiro dia eles o carregaram até o rei e o acusaram de roubo. No caminho ele notou alguns encantadores de serpentes fazendo uma cobra dançar. O rei perguntou a ele por que fizera tal coisa. O brahmin respondeu, “Para testar minha reputação quanto a virtude” : e continuou

Virtude é amável - assim o povo crê -
Virtude em todo o mundo é tida como suprema.
Observe ! esta cobra meio morta que eles não matam,
'Pois ela é boa,' eles dizem.

Aqui proclamo como a virtude é toda abençoada
E amável no mundo : onde quer que a possuam
Aquele que é virtuoso é dito para sempre
Trilhar o caminho da perfeição.

Cara a parentes, a pessoa brilha entre amigos ;
E quando sua união com o corpo termina,
Aquele que satisfazia-se em praticar a virtude
No céu nasce de novo.

Tendo assim em três estrofes declarado a beleza da virtude e discursado para eles, o Bodhisatva prosseguiu - “Grande rei, uma grande porção foi dada a ti por minha família, pela propriedade de meu pai, pela da minha mãe, e pelo o quê ganhei eu mesmo : não há fim para isto. Mas peguei estas moedasdo tesouro para testar meu próprio valor. Agora vejo como desvaloriza-se neste mundo nascimento e linhagem, sangue e família, e como é melhor a virtude. Abraçarei a vida religiosa ; permita-me fazer isto !” Após muitos rogos, o rei por fim consentiu. Ele deixou o mundo e retirou-se para o Himalaia onde assumiu vida religiosa e cultivou as Faculdades e Consecuções até chegar no mundo de Brahma.
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Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o capelão Brahmin que testou sua reputação quanto a virtude era eu mesmo.”


[Mahabharata, seção CLXXIV, Santi parva :
“Em relação a isto, Ó rei [N. do tr.: um Brahmana conversa com o rei Senajit], são proclamados os versos cantados por Pingala sobre o modo como ela adquiriu mérito eterno mesmo num momento desfavorável a ela. Uma mulher caída de nome Pingala, tendo ido a um lugar marcado, foi negada a companhia do seu amado por causa de um acidente. Naquele momento de grande miséria, ela teve sucesso em adquirir tranquilidade d'alma.

Pingala disse, 'Ai, vivi por muitos anos, durante os quais dominada pelo frenesi, ao lado daquele Querido Si mesmo em quem nada há, a não ser tranquilidade. Morte está na minha porta. Antes disso, contudo, não me aproximei da Essência da Pureza. Cobrirei esta casa de uma coluna e nove portas (por meio do verdadeiro Conhecimento) [n. do tr.: A casa referida é o corpo. A coluna única em que se suporta é a coluna vertebral e as nove portas são olhos, ouvidos, narinas,etc.]. Que mulher existe que perceba aquela Alma Suprema como seu senhor querido, mesmo quando ele está próximo ? [n. do tr.: O sentido é que as mulheres sempre consideram seus amantes humanos como queridos sem perceberem o Ser Supremo enquanto tal, apesar Dele estar sempre com elas.] Agora estou acordada. Elevei-me do sono da ignorância. Não sou mais influenciada pelo desejo. Amantes humanos, que são na realidade, formas infernais corporificadas, não mais me enganarão se aproximando luxuriosamente. Mal produz bem através do destino ou dos atos de uma vida passada. Elevada (do sono da ignorância), atirei fora todo desejo por objetos mundanos. Adquiri completo controle sobre meus sentidos. Alguém livre do desejo e da esperança dorme em paz. Liberdade de toda esperança e desejo é felicidade.' Tendo rechaçado desejo e esperança, Pingala dorme feliz.”

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