segunda-feira, 27 de outubro de 2008

218 Buddha Juiz


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218
Bem planejado, realmente...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana sobre um comerciante desonesto.

Haviam dois comerciantes em Sāvatthi, um piedoso e outro tratante. Estes dois uniram-se em parceria e carregaram quinhentos vagões de mercadorias, fazendo jornada de leste a oeste à comércio ; e retornando a Sāvatthi com grandes lucros.

O piedoso comerciante diz ao parceiro para dividirem para dividirem o capital. O tratante pensa consigo mesmo, “Este companheiro está levando vida dura por tanto tempo dormindo e comendo mal. Agora que está em casa novamente, vai comer todo tipo de petisco e morrer empanturrado. Devo então guardar o capital todo para mim.” O quê ele disse, foi, “Nem as estrelas nem o dia é favorável ; a-manhã ou depois vemos isto;” e assim ficou adiando. Contudo o comerciante pio pressionou e a divisão foi feita. Depois foi com essências e guirlandas visitar o Mestre ; e após mesura respeitável, sentou em um lado. O Mestre pergunta quando ele retornara. “Apenas quinze dias atrás, Senhor,” disse ele. 

“Então por quê atrasaste em prestar visita ao Buddha ?” O comerciante explicou. Então o Mestre disse, “Não foi apenas agora que seu parceiro foi tratante ; ele foi justo o mesmo antes;” e ao pedido dele contou-o um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio ao mundo como filho de alguém da corte do rei. Quando cresceu foi feito Juiz de Justiça.

Naquele tempo, dois comerciantes, um da cidade outro da vila, fizeram amizade. O da cidade depositou com o da vila quinhentas relhas de arado. O outro vendeu estas e guardou o capital e no lugar em que elas estavam espalhou cocô de camundongo. Passa um tempo o da cidade veio e pergunta pela sua relha de arado [ n. do tr.: Aqui é usado o singular phālam, e também nos versos. É possivel que possa ser um coletivo mas mais provável que volte atrás, ouça, versões mais antigas, onde apenas fala-se de uma ]. “Os camundongos comeram eles todos [ n. do tr.: Coisas roídas por camundongos dão azar. ... O sujeito pode ter jogado fora porque os camundongos roeram – devemos fazer referência também ao velho ditado grego e latino : 'onde camundongos comem ferro' significando 'lugar nenhum' , cf, Sêneca, Apoc., cap.7 ] !” disse o tratante e apontou o cocô de camundongo para ele.

Bem, muito bem, então 'tá,” respondeu o outro : “que se pode fazer com coisas que camundongos comem ?”

Então no horário do banho ele pegou o filho do comerciante tratante e o colocou na casa de um amigo, em um quarto escondido, mandando que não o deixassem sair para ir em lugar nenhum. E tendo se lavado foi à casa de seu amigo.

Onde está meu filho ?” pergunta o tratante.

Querido amigo,” ele respondeu, “Levei ele comigo e o deixei na praia do rio ; e quando desci n'água, apareceu um gavião e pegou seu filho com suas garras estendidas e voou para os ares. Bati n'água, gritei, briguei – mas não consegui impedi-lo de ir.”

Mentiras !” gritou o tratante. “Nenhum gavião pode carregar um menino !”

Deixe estar, querido amigo : se acontecem coisas impossíveis, que posso fazer? Seu filho foi levado por um gavião, como eu disse.”

O outro xingou ele. “Ah, farsante ! Assassino ! Agora vou até o juiz, vou te arrastar para diante dele !” E ele partiu. O citadino disse, “Como queiras,” e foi à corte de justiça. O tratante dirigiu-se ao Bodhisatva assim :

Meu senhor, este sujeito levou meu filho para tomar banho, e quando pergunto onde ele está, responde que um gavião o carregou, o levou embora. Julgue minha causa!”

Diga a verdade,” disse o Bodhisatva, pedindo ao outro.

Realmente meu senhor,” ele respondeu, “levei-o comigo e um falcão levou o garoto embora.”

Mas onde no mundo existem gaviões que carregam meninos ?”

Meu senhor,” ele respondeu, “Tenho uma pergunta para te fazer. Se gaviões não podem levar meninos pelos ares, podem camundongos comerem relhas de arado ?”

O quê você quer dizer com isto?”

Meu senhor, depositei na casa deste homem quinhentas relhas de arado. Este homem diz que camundongos a devoraram e me mostrou o cocô deles. Meu senhor, se camundongos comem relhas de arado, então gaviões carregam meninos : mas se camundongos não fazem isto, então também gaviões não levariam meninos. Este homem diz que camundongos comeram minhas relhas de arado. Dê sentença se elas estão comidas ou não. Julgue minha causa !”

Ele deve estar querendo dizer,” pensou o Bodhisatva, “que briga com o enganador com as armas mesmas dele. - Bem planejado !” disse ele e então pronunciou estes dois versos:-

Bem planejado mesmo ! O sem freio freado,
O enganador enganado - belo golpe!
Se camundongo come relha de arado, gaviões podem voar
Levando meninos pelos ares !

Um farsante des-farsado, pago na mesma moeda!
Devolva o arado, e após isto
Talvez o homem que perdeu o arado
Possa devolver de volta teu filho !

Assim aquele que perdera o filho o recebeu de volta e o outro recebeu a relha de arado que perdera ; e depois ambos passaram sendo tratados de acordo com seus méritos.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka:- “O tratante em ambos os casos era o mesmo e também o homem inteligente ; eu mesmo era o Senhor Juiz de Justiça.”







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