quinta-feira, 2 de outubro de 2008

203 Os Buddhas anteriores


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       ( Os sete Buddhas representados nas suas árvores na trave de cima, nas outras traves abaixo os animais todos sapientes da buddhidade, Sañchi, Índia )


203
Amo a serpente Virupakkha...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto vivendo em Jetavana sobre um certo Irmão.

Enquanto estava sentado, nos é dito, na porta da sua sala de estar, quebrando gravetos, uma serpente pula de uma lenha podre, e morde seu dedo do pé; ele morre no lugar. Todo o mosteiro sabe do que aconteceu como morreu de morte súbita. No Salão da Verdade passaram a falar disto ; falando como Irmão Tal e tal estava sentado na porta, quebrando gravetos, quando uma cobra mordeu ele, e ele morreu imediatamente da picada.

O Mestre entra e quer saber sobre o que conversavam enquanto lá juntos falavam. Eles contaram a ele. Disse ele, “Irmãos, se nosso irmão tivesse praticado gentileza para com as quatro raças de serpentes, aquela cobra não o teria mordido : anacoretas sábios em dias idos, antes do Buddha nascer, tendo gentileza para com estas quatro raças reais de serpentes, foram libertos do temor que brotava destas serpentes.” Então ele contou um conto do mundo antigo. ( n. do tr.: este Jataka aparece em Kullavagga V, 6. Os tipos de cobras mencionados não puderam ser identificados. Encantos de cobras são extremamente comuns em Sânscrito ; existem muitos no Atharva Veda.)

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como um jovem brahmin de Kāsi. Quando se tornou adulto abrandou as paixões e tomou para si a vida ascética ; ele desenvolveu as Faculdades e as Consecuções Sobrenaturais ; construiu um eremitério numa curva do Ganges próximo ao sopé dos Himalaias, e lá habitou, cercado por um bando de ascetas, perdido no rapto da meditação.

Naquele tempo haviam muitos tipos de serpentes nas margens do Ganges, que causavam dano aos eremitas, e muitos deles pereciam com picada de cobra. Os ascetas contaram o problema ao Bodhisatva, que reuniu todos os ascetas num encontro com ele, e assim se dirigiu a eles : “Se mostrares boa-vontade para as quatro raças reais de serpentes, nenhuma cobra picará vocês. Portanto de agora em diante mostrem boa-vontade para as quatro raças reais.” Então ele adicionou estes versos:-

Amo a serpente Virūpakkha
Amo a serpente Erāpatha
Amo a serpente Chabbyāputra
Amo a Kanhāgotamas.

Após assim nomear as quatro famílias reais das serpentes, adicionou: “Se puderes cultivar boa-vontade para com estas, nenhuma criatura serpente te picará ou te fará dano.” Então repetiu o segundo verso:-

Criaturas todas debaixo do sol,
Duas patas, quatro patas, com mais, ou nenhuma -
Amo-as todas, cada uma !

Tendo declarado a natureza do amor dentro dele, ele pronunciou outro verso a guisa de reza:-

Criaturas todas, duas ou quatro patas,
Você com nenhuma, e você com mais,
Não me machuquem, eu imploro !

Então novamente em termos gerais repetiu mais um verso:-

Vocês criaturas todas que nascem,
Respiram e se movem na terra,
Felicidades para vocês, para todos e cada um,
Livrai-vos do mal.

Assim ele estabeleceu como se devia mostrar amor e boa-vontade para todas as criaturas sem distinção ; lembrou a seus ouvintes as virtudes dos Três Tesouros, dizendo - “Infinito é o Buddha, infinito é o Dever, infinita é a Ordem.” Ele disse, “Lembrem-se da qualidade dos Três Tesouros ;” e assim mostrou a eles o infinito dos Três Tesouros e desejando mostrá-los que todos os seres são finitos, adicionou, “Mensuráveis e finitos são os seres rastejantes, serpentes, escorpiões, lacraias, centopéias, aranhas, lagartos, camundongos.” Então continuou, “Como paixões e luxúrias, nestas criaturas estão as qualidades que as fazem finitas e limitadas, assim sejamos protegidos dia e noite contra estas coisas finitas pelo poder dos Três Tesouros que são infinito : portanto lembrem-se do valor dos Três Tesouros.” Então ele recitou esta estrofe:-

Agora estou guardado a salvo e cercado ao redor ;
Agora que todas as criaturas me deixem no meu chão.
Toda honra ao Abençoado, presto,
E aos sete Buddhas que já passaram.

[ n. do tr.: lista dos Manushi Buddhas, com a árvore de cada um nomeada antes , o nome do Buddha vindo depois do da árvore: 1. Shirisha (Acacia sirisa) de Krakuchhanda; 2. Udumbara (Ficus glomerata) de Kanakamuni; 3. Nyagrodha (Ficus Indica) de Kashyapa; 4. Pipal (Ficus religiosa) de Shakyamuni (Gautama); 5. Shala (Shorea robusta) de Vishvabhu ; 6. Mangueira (Pundarika) de Shikhin ; 7. Patali (Bignonia snaveoleus) de Vipashyin. ]

E indicando a eles que lembrassem dos Sete Buddhas aos quais prestassem honra, o Bodhisatva compôs este encanto guardião e o entregou ao seu bando de sábios. Daí em diante os sábios carregaram na mente àdvertência do Bodhisatva e nutriram amor e boa-vontade e lembraram as virtudes do Buddha. Quando fizeram isto, todo tipo de cobra saíram deles. E o Bodhisatva cultivou as Excelências e atingiu o céu de Brahma.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka:- “Os seguidores do Buddha eram os seguidores do sábio ; e o Professor deles era eu mesmo.”





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