sábado, 18 de outubro de 2008

212 Buddha Acrobata


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212
Quente acima...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre um que morria de saudade da esposa que deixou. O Irmão em questão foi questionado pelo Mestre se ele realmente estava perdido de paixão. Sim, ele disse, ele estava. “Por quem ?” foi a pergunta seguinte. “Por minha esposa que deixei.” “Irmão,” o Mestre disse, “esta mesma mulher em dias idos foi má e te fez comer os restos de comida do amante.” Então ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como alguém numa família de acrobatas pobres, que viviam de ofertas dadas. Assim cresceu, necessitado e esquálido, e vivendo de pedinte.

Havia naquele tempo, em uma certa cidade de Kāsi, um brahmin cuja esposa era má e fraca, e errava. E aconteceu do marido viajar um dia por causa de um assunto qualquer e o amante dela vigiando e vendo que era sua hora, saiu para visitar a casa. Depois que ela o recebeu, ele disse, “Vou comer algo antes de ir.” Então ela prepara a comida e serve arroz quente com temperos e curry e dá a ele, pedindo-o que coma : ela mesma fica na porta, vigiando para ver se o brahmin chega. E enquanto o amante comia, o Bodhisatva espera de pé [como mendicante à rua] por um pedaço.

Naquele momento o brahmin vira o rosto para sua casa. E sua esposa viu ele aproximando-se e corre para dentro - “Levante-se, meu homem está vindo !” e faz seu amante descer para a despensa. O marido entra ; ela dá a ele um assento e água para lavar as mãos ; e por cima do arroz frio que foi deixado pelo outro, ela derrama um tanto de arroz quente e coloca diante dele. Ele coloca a mão no arroz e sente que está quente acima e frio abaixo. “Isto deve ser resto da comida de alguém,” ele pensou ; e então perguntou à mulher sobre isto nas palavras da primeira estrofe:-

Quente acima e frio abaixo, dessemelhantes, me parecem :
Te perguntaria pela causa ; venha, minha senhora, responda-me !

Várias vezes ele pergunta mas ela temendo que seus atos fossem descobertos, ficou quieta. Então um pensamento ocorre à mente de nosso acrobata. “O homem lá embaixo na despensa deve ser um amante e este é o dono de casa : a esposa nada diz, temendo que seus atos sejam manifestos. Vou esclarecer o assunto todo e mostrar ao brahmin que um homem está escondido na despensa dele !” E conta a ele toda a história : como quando saiu de casa, um outro veio e errou ; como ele comera o arroz primeiro e a esposa ficara na porta vigiando a estrada ; e como o outro homem escondera-se na despensa. E assim falando, ele repetiu a segunda estrofe:-

Sou um acrobata, Senhor : vim aqui com intuito de pedinte ;
Aquele que procuras está escondido na despensa, para onde foi !

Pelo nó do coque no topo da cabeça, ele [o acrobata] o arrasta para fora da despensa e diz para ele para tomar cuidado de não fazer isto de novo ; e então vai embora. O brahmin censura e bate em ambos e dá tal lição que nem pensaram em repetir o mesmo novamente. Depois ele passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka:- à conclusão das Verdades o Irmão apaixonado alcançou o Fruto do Primeiro Caminho:- “Sua esposa era a esposa do brahmin ; você, Irmão apaixonado, era o brahmin mesmo ; e eu era o acrobata.”




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