quarta-feira, 15 de outubro de 2008

210 Buddha Pica-pau


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         ( Veluvana, o bosque de bambu, Índia ) 


210
Ó amigo...etc.” - Isto foi contado pelo Mestre durante sua estadia em Veluvana sobre as tentativas de Devadatra em imitá-lo. Quando ele escutou sobre estas tentativas de imitá-lo, o Mestre disse, “Esta não é a primeira vez que Devadatra destrói a si-mesmo me imitando : a mesma coisa aconteceu antes.” Então ele contou esta história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva entrou na existência como Pica-pau. Numa mata de árvores acácias vivia e seu nome era Khadiravaniya, o Pássaro da Mata de Acácia. Ele tinha um camarada chamado Kandagalaka, ou Comedor de raiz, que conseguia comida em uma mata cheia de frutos.

Um dia o amigo foi visitar Khadiravaniya. “Um amigo chega !” pensou Khadiravaniya ; e o levou para dentro da mata de acácia e bicou o tronco das árvores até que os insectos saíssem, os quais deu a seu amigo. Cada um comeu o que lhe era dado, o amigo bicava e comia como se fosse pão de mel. Enquanto comia, soberba surgiu em seu coração. “Este pássaro é um pica-pau,” ele pensou, “e eu também o sou. Que necessidade tenho de ser por ele alimentado ? Pegarei minha própria comida na madeira de acácia !” De modo que disse a Khadiravaniyya, Amigo, não se preocupe, - pegarei minha própria comida na madeira da acácia.”

Disse o outro então, “Você pertence a uma tribo de pássaros que encontra sua comida em uma floresta de árvores de algodão sem cerne e em árvores que ficam carregadas de frutos ; mas a acácia está cheia de cerne e é dura. Prego, não faça isto !”

O quê !” disse Kandagalaka - “não sou um pica-pau ?” E ele nem escutou mas bicou um tronco de acácia. Em um momento o bico dele estalou e seus olhos pareceram saltar da cabeça que parecia por sua vez dividir. Então sendo incapaz de segurar-se àrvore, caiu no chão, repetindo o primeiro verso:-

Ó amigo, que árvore é esta, dura e de folhas frescas
Que com um único golpe me quebrou o bico ?

Tendo escutado isto, Khadiravaniya recitou a segunda estrofe:-

Este pássaro era bom com árvores ocas
E macias ; mas uma vez tentando,
Por alguma ventura doentia, furar árvores duras ;
Quebrou seu crânio e morreu.

Assim falou Khadiravaniya ; e adicionou, “Ó Kandagalaka, àrvore em que quebras o crânio é dura e forte !”

Mas o outro morria, lá e então.

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Quando o Mestre terminou seu discurso, ele identificou o Jataka:- “Devadatra era Kandagalaka e Khadiravaniya era eu mesmo.”





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