quarta-feira, 22 de outubro de 2008

214 Buddha Capelão


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214
Aquele que bebe...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre sabedoria perfeita.

Em uma ocasião, os Irmãos reuniram-se no Salão da Verdade, e conversavam sobre a sabedoria de Buddha.”Amigo, a sabedoria suprema de de Buddha é grande e larga, cortante, rápida e afiada, penetrante, e cheia de recurso.” O Mestre chega e pergunta sobre o quê conversavam enquanto sentados lá. Eles disseram. “Não apenas agora,” disse ele, “é o Buddha sábio e cheio de recurso ; ele era o mesmo em dias de outrora (antanho).” E então ele contou a eles uma história.

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio ao mundo como filho do capelão da corte. Quando cresceu, estudou em Takkasilā ( Taxila ) ; e com a morte do pai, recebeu ofício de capelão e era o conselheiro do rei nas coisas humanas e divinas ( temporais e espirituais ).

Um tempo depois o rei abriu seus ouvidos as fraquezas da carne e com raiva ordenou que o Bodhisatva não se apresentasse mais diante dele e o mandou embora de Benares. Então ele pegou sua esposa com ele e sua família e passou a morar numa certa cidade de Kāsi.

 Depois o rei lembrou da bondade dele e disse consigo mesmo: não convém que eu mande mensageiro buscar meu professor. Comporei um verso de poesia e o escreverei numa folha ; farei com que se cozinhe carne de corvo ; e após eu ter amarrado a carta e a carne num pano branco, o selarei com o selo real e enviarei a ele. S'ele for sábio quando tiver lido a carta e visto que é carne de corvo, ele virá ; se não, então ele não virá.” E assim escreveu na folha esta estrofe:-

Aquele que bebe quando os rios enchem ;
Aquele que o milho cobre de vista ;
Aquele que pressente viajante na estrada -
Ó sábio, coma! Meu enigma leia com acerto.

[ n. do tr.: A Glosa diz aqui : “Chamam Kākapeyya de rios [kāka é corvo] quando um corvo parado na margem pode esticar seu pescoço e beber.” - Kākaguyha é um milho alto o suficiente para esconder um corvo. - No dicionário de Vacaspati, vol.2, p. 1846, col. 1, é dito “Quando um corvo grasna Khare Khare, um viajante está vindo.” A glosa diz aqui : “Se alguém deseja saber se um amigo ausente está chegando de volta, diz – Grasne, corvo, se tal-e-tal estiver vindo ! E se o corvo grasnar, sabem que a pessoa está chegando.” - Estes versos falam em enigma destes três provérbios e crenças. ]

Este verso o rei escreveu numa folha e enviou ao Bodhisatva. Ele leu a carta e pensando - “O rei deseja me ver” - repetiu o segundo verso: -

O rei não esqueceu de me enviar corvo :
Gansos, garças e pavões – outros pássaros existem :
Se ele oferece este, o resto ele também ofertará, eu sei ;
Se não enviasse nenhum seria bem pior.

Então ele mandou com que aprontassem seu veículo e foi e cuidou do rei. E o rei, agraciado, o estabeleceu no lugar de capelão real novamente.
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Este discurso terminado, o Mestre identificou o Jataka :- “Ānanda era o rei naqueles dias e eu era o capelão dele.” cf. Jataka 202 supra.



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