sexta-feira, 17 de outubro de 2008

211 Buddha e ancião Udayi


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211
Durante um ano, sem parar...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto morava em Jetavana sobre Ancião Lāludayi, ou Udayi, o Simplório.

Este homem, escutamos, era incapaz de soltar um único som na presença de duas ou três pessoas. Era tão nervoso que dizia uma coisa quando queria dizer outra. Aconteceu dos Irmãos estarem falando disso enquanto sentavam juntos no Salão da Verdade. O Mestre entrou e perguntou o quê conversavam ali sentados. Eles disseram. Ele respondeu, “Irmãos, esta não é a primeira vez que Laludayi é assim tão nervoso. Ele foi justo o mesmo antes.” E contou um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa certa família brahmin no reino de Kāsi. Quando cresceu, foi estudar em Takkasilā ( Taxila ). Retornando ele encontrou sua família pobre ; e despediu-se de seus pais e saiu para Benares, dizendo consigo mesmo, “Vou levantar novamente minha família caída !”

Em Benares ele tornou-se ajudante do rei ; era muito querido do rei e virou o favorito.

Bem, o pai dele vivia arando a terra mas tinha apenas um par de bois ; e um deles morreu.

Ele veio para diante do Bodhisatva e disse a ele, “Filho, um dos meus bois morreu e o arado não pode seguir. Peça ao rei para te dar um boi !”

Não, Pai,” ele respondeu, “acabei agora de ver o rei ; não devo pedir bois a ele : você pede a ele.”

Meu filho,” disse o pai, “você não sabe como sou envergonhado. Se estiverem presentes duas ou três pessoas, não consigo pronunciar nenhuma palavra. S'eu for pedir ao rei por um boi, vou acabar oferecendo a ele este único que tenho !”

Pai,” disse o Bodhisatva, “o quê tem que ser, tem que ser. Não posso pedir ao rei ; mas vou treiná-lo para fazê-lo.” Então levou seu pai a um cemitério onde haviam moitas de capim alto ; amarrando feixes deles, espalhando-os aqui e lá e nomeando-os, apontou-os para seu pai : “Este é o Rei, este o Vice-rei, este o Capitão-chefe. Agora, Pai, quando chegares diante do rei, deves dizer primeiro – 'Vida longa ao rei!' e então repetir este verso, pedindo um boi;” e este é o verso que ele ensinou-o:-

Tenho dois bois no meu arado, com os quais trabalhava,
Mas um é morto! Ó poderoso príncipe, por favor dê-me outro!

Durante o tempo de um ano todo o homem aprendeu este verso ; e então disse a seu filho - “Querido Somadatra [assim se chamava o Bodhisatva], aprendi as linhas ! Agora posso dizê-las diante de qualquer pessoa ! Leve-me ao rei.”

Assim o Bodhisatva, providenciando presentes adequados, levou seu pai até a presença real. “Vida longa ao rei!” gritou o brahmin, oferecendo seu presente.

Quem é este homem, Somadatra ?” o rei perguntou.
Grande rei, este é meu pai,” ele respondeu.
Por quê ele veio aqui ?” perguntou o rei. Então o brahmin repetiu este verso, pedindo o boi:-

Tenho dois bois no meu arado, com os quais trabalhava
Mas um é morto! Ó poderoso príncipe, por favor tome o outro!

O rei percebeu que havia alguma coisa errada. “Somadatra,” disse ele, sorrindo, “você tem muitos bois em casa, suponho ?”

Se houver, grande rei, é presente teu !”

Com esta resposta o rei ficou agraciado. Ele deu ao homem, como oferta brahmin, dezesseis bois, com arreios finos e uma cidade para viver e o estabeleceu com grande honra. O brahmin subiu em um carro atrelado em cavalos Sindh, puro branco, e foi para sua casa em grande pompa.

O Bodhisatva, enquanto estava sentado ao lado de seu pai na carruagem, disse, “Pai, te ensinei durante um ano todo e ainda assim chegado o momento, destes o boi ao rei !” e pronunciou a primeira estrofe:-

Durante um ano, sem parar, em constante diligência
Lá onde os doces capins crescem em feixes, cotidianamente praticamos:
Quando aproximou-se dos cortesãos, imediatamente trocou os sentidos ;
Praticar verdadeiramente nada adianta em pessoa de pouco senso.

Quando escutou isto, o brahmin pronunciou a segunda estrofe:-

Aquele que pede, querido Somadatra, tem duas chances :-
Pode ganhar mais, ou não ganhar nada: quando se pede é sempre assim.

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Quando o Mestre com esta história mostrou como Udayi, o Simplório foi envergonhado antes justo como era agora, ele identificou o Jataka:- “Laludayi era o pai de Somadatra e eu mesmo era Somadatra.”






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