sábado, 11 de outubro de 2008

208 Buddha Macaco


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208
Jambo, jaca...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre as tentativas de Devadatra em matá-lo ( n. do tr.: estas tentativas de Devadatra e como frustraram-se estão em Kullavagga, VII, 3, trans. em S. B. E. , Vinaya Texts, III, 243 f. ). Quando o Mestre escutou sobre estas tentativas, disse, “Esta não é a primeira vez que Devadatra tenta me matar ; ele fez o mesmo antes e ainda assim nem conseguiu me amendrontar.” Então ele contou esta história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) , o Bodhisatva veio à vida no sopé do Himalaia como um Macaco. Ele cresceu forte e robusto, de estatura grande, próspero, vivia numa curva do rio Ganges em um refúgio de floresta.

Bem, naqueles dias havia um Crocodilo vivendo no Ganges. A companheira do Crocodilo viu a grande estatura do macaco e concebeu desejo de comer o coração dele. E assim disse a seu marido : “Senhor, desejo comer o coração do grande rei dos macacos !”

Boa esposa,” disse o Crocodilo, “Vivo n'água e ele vive em terra firme : como podemos pegá-lo ?”
Por bem ou por mal,” ela respondeu, “pegá-lo, nós vamos. S'eu não pegá-lo, morrerei.”

'Tá certo,” respondeu o Crocodilo, agradando ela, “não se preocupe. Tenho um plano ; darei a você o coração dele para comer.”

Então quando o Bodhisatva estava sentado nas margens do Ganges, após tomar um gole d'água, o Crocodilo aproximou-se e disse :

Senhor Macaco, por quê vives de frutas velhas neste antigo lugar ? D'outro lado do Ganges são intermináveis as mangueiras e as árvores labuja (Artocarpus Lacucha), cujos frutos são doces como mel ! Não é melhor atravessar e ter todos os tipos de frutas selvagens para comer ?”

Senhor Crocodilo,” respondeu o Macaco, “profundo e largo é o Ganges : como atravessaria ?”

Se você fosse, te colocaria nas minhas costas e te atravessaria.”

O Macaco acreditou nele e concordou. “Venha aqui então,” disse o outro, “suba você nas minhas costas !” e subiu o macaco. Mas quando o Crocodilo já tinha nadado um pouco do caminho, ele afoga o macaco n'água.

Bom amigo, estais me deixando afundar !” gritou o Macaco. “Por quê isto?”

Disse o Crocodilo, “Pensas que te atravesso apenas de boa-vontade ? Nem um pouco dela! Minha esposa deseja teu coração e quero dá-lo para ela comer !”

Amigo,” disse o Macaco, “foi legal você dizer isto para mim. Pois, se nosso coração estivesse dentro da gente quando pulássemos nos topos das árvores ele quebraria aos pedaços !”

Bem, então onde guardas o coração ?” perguntou o outro.

O Bodhisatva apontou uma figueira, com cachos de frutos maduros, não distantes. “Veja,” disse ele, “lá estão nossos corações pendurados na figueira.”

Se me mostrares teu coração,” disse o Crocodilo, “então não te matarei.”

Leve-me até àrvore, então te apontarei pendurado nela.”

O Crocodilo levou ele ao lugar. O Macaco pulou fora das costas dele e subindo na figueira, sentou-se. “Ó tolo Crocodilo !” disse ele, “pensaste que existem criaturas que guardam seus corações nos topos das árvores ! És um tolo e te enganei ! Guarde tuas frutas para ti mesmo. Teu corpo é grande mas não tens senso.” E para explicar esta ideia, pronuncia as seguintes estrofes:-

Jambo, jaca e manga bastante d'outro lado d'água eu vejo ;
Basta deles, não os quero ; meu figo me é suficiente !

Grande é teu corpo, é vero, mas como é pequeno teu entendimento !
Agora siga teu caminho, Senhor Crocodilo pois já tive o bastante de ti.

O Crocodilo, sentindo-se triste e infeliz como se tivesse perdido mil dinheiros, voltou lamentando-se para o lugar em que vivia.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka :- “Naqueles dias Devadatra era o Crocodilo, a senhora Ciñca era a companheira dele e eu era o Macaco.” 

Cf. Jataka 57.

[ n. do tr. ( sr. W. H. D. Rouse, Cambridge, final do séc XIX ): A seguinte variante, da Rússia (município de Moscou) pode ser interessante. Me foi contada pelo sr. I. Nestor Schnurmann que escutou de uma babá (ao redor de 1860).- Certa vez, o Rei dos Peixes desejava sabedoria. Seus conselheiros disseram a ele que um vez que comesse coração de raposa, tornar-se-ia sábio. Deste modo enviou deputados que eram os magnatas dos mares, baleias e outros. “Nosso rei quer seu conselho em assuntos de estado.” A raposa orgulhosa, foi. Uma baleia levava ela nas costas. No caminho as ondas batiam nela ; por fim, ela pergunta o quê realmente querem. Eles dizem que o quê o rei realmente quer é comer o coração dela, pelo qual espera tornar-se inteligente. Ela disse, “Por quê não me disseram antes ? Com alegria sacrificaria minha vida por tal valoroso objetivo. Contudo nós as raposas deixamos sempre os corações em casa. Leve-me de volta e eu te entregarei. De outro modo estou certo que teu rei ficará furioso.” Então eles levaram ela de volta. Logo que ela chegou na praia, pulou em terra, e gritou, “Ah, vocês tolos ! Alguma vez já escutaram existir animal que não carregue o coração dentro de si ?” e fugiu. Os peixes retornaram sem nada. ]




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