segunda-feira, 6 de outubro de 2008

204 Buddha Corvo


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204
Ó, viste...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto morava em Jetavana sobre imitar o Buddha.
Quando os Anciãos foram com seus seguidores visitar Devadatra, o Mestre perguntou a Sāriputra o quê Devadatra fez quando os viu. A resposta foi que ele imitou o Buddha. O Mestre adicionou, “Não apenas agora Devadatra me imitou e daí acaba arruinado. Ele fez justo o mesmo antes.” Então, com o pedido do Ancião, ele contou um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva tornou-se um corvo de mangue e morava em um certo lago. Seu nome era Vīraka, o Forte.

Acontece uma fome em Kāsi. As pessoas não podiam dispor de comida para os corvos, nem fazer ofertas aos duendes e serpentes. Um a um os corvos deixam a terra atacada pela fome e se dirigem para as florestas.

Um certo corvo chamado Savitthaka, que vivia em Benares, levando consigo sua esposa corvo fêmea, foi para o lugar onde Viraka vivia, fazendo residência no mesmo lago.

Um dia, este corvo buscava comida no lago. Ele viu como Viraka entrava dentro d'água e pegava peixe para comer ; e depois que saía das águas ficava secando as penas. “Sob as asas daquele corvo,” ele pensou, “apanharei uma abundância de peixe. Me tornarei empregado dele.” E assim aproximou-se.

Qual é, senhor ?” perguntou Viraka.

Quero ser seu empregado, meu senhor !” foi a resposta.

Viraka concorda e a partir daquele momento o outro o ajuda. E a partir daquele momento, Viraka usava comer um tanto de peixe para se manter vivo e dava o resto para Savitthaka assim que os pegava ; e quando Savitthaka já tinha comido o suficiente para se manter vivo, ele dava o que sobrava para sua esposa.

Após um tempo, orgulho surge em seu coração. “Este corvo,” disse ele, “é negro e eu também sou : nos olhos no bico nas patas, também, não há diferença entre nós. Não quero o peixe dele ; pegarei o meu próprio !” Então diz para Viraka que para o futuro ele pretende ir debaixo d'água e pegar peixe ele mesmo. Então Viraka disse, “Bom amigo, você não pertence à tribo dos corvos que nascem para ir debaixo d'água e pegar peixe. Não se destrua!”

Mas apesar da tentativa de dissuadi-lo, Savitthaka não levou a sério o conselho. Desceu para dentro d'água ; mas não soube achar o caminho por entre os caniços e sair fora de novo – lá ficou, emaranhado nos caniços, com apenas a ponta do bico saindo fora d'água. Assim, incapaz de respirar, ele morreu debaixo d'água.

A companheira dele notou que ele não retornou e foi até Viraka perguntar se sabia dele. “Meu senhor,” ela perguntou, “não vejo Savitthaka : onde está ele ?” E enquanto perguntava isto, ela repetiu a primeira estrofe:-

Ó, viste Savitthaka, Ó Viraka, viste
Meu companheiro de pescoço brilhante como de pavão ?

Quando Viraka escutou isto, respondeu, “Sim, sei para onde ele foi,” e recitou a segunda estrofe:-

Ele não nasceu para mergulhar debaixo d'água
Mas o que ele não pode fazer, precisa tentar ;
Assim o pobre pássaro encontrou uma tumba n'água,
Embaraçado aos caniços, e morrendo lá.

Quando a 'corva' escutou isto, chorando, retornou para Benares.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka:- “Devadatra então encarnara-se como Savitthaka e eu mesmo como Viraka.”





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