quarta-feira, 26 de agosto de 2009

347 Anuruddha Sakra



347
“Por quê posado nos ares...etc.” - Um dia, diz-se, os Irmãos sentados no Salão da Verdade, conversavam. “Senhores,” um teria dito, “o Mestre, sempre amigo da multidão das pessoas, abandonou agradável moradia e viveu apenas para o bem do mundo. Ele atingiu sabedoria suprema e de próprio proceder, tomou tigela e hábito, e saiu numa jornada de trinta quilômetros ou mais. Para os Cinco Anciãos (os cinco que acompanharam Buddha quando ele começou sua vida ascética: Aññakondañña, Bhaddiya, Vappa, Assaji, Mahā Nāma) ele girou a Roda da Lei; no quinto dia dos idos do mês recitou as Escrituras Anattalakkhana, e outorgou santidade a eles todos; foi até Uruvela (lá pregou aos adoradores do Jataveda, o fogo do lar) e aos ascetas de tranças no cabelo mostrou três mil e quinhentos milagres, e os persuadiu a juntarem-se à Ordem; em Gayāsisa (agora Brahmāyoni, uma montanha perto de Gayā) recitou o Discurso sobre o Fogo, e outorgou santidade a milhares destes ascetas; para Mahā Kasyapa, quando locomoveu-se cinco quilômetros para encontrar com ele, depois de três discursos ele deu as mais altas Ordens; sozinho apenas, depois do almoço, começou uma jornada de setenta quilômetros, e então estabeleceu Pukkusa no Fruto do Terceiro Caminho (um jovem muito nobre); para encontrar Mahā Kappina ele locomoveu-se três mil quilômetros e outorgou santidade a ele; só, à tarde, saiu numa jornada de quarenta quilômetros e estabeleceu em santidade o cruel e terrível Angulimāla; quarenta quilômetros também atravessou para estabelecer Alavaka (este era um demônio-árvore, que clamava sacrifício de uma vítima por dia. O próprio filho do rei estava para ser comido, quando Buddha o salvou) no Fruto do Primeiro Caminho, e salvar o príncipe; no Céu dos Trinta e Três habitou três meses e ensinou a compreensão integral da Lei a oitocentos milhões de deidades; foi ao mundo de Brahma, e destruiu a falsa doutrina de Baka Brahma ( cf. Jātaka anterior e o 405 ) e outorgou santidade a dez mil Brahmas; todo ano saía em peregrinação em três distritos, e às pessoas capazes de receber, ele dava os Refúgios, as Virtudes, e os frutos das diferentes etapas; ele até agia em benefício das cobras, dos pássaros e semelhantes, de muitos modos.” Com tais palavras eles louvavam a bondade e o valor da vida de Dasabala pelo bem do mundo. O Mestre entrou e perguntou o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. “Não é surpresa, Irmãos,” disse ele. “Eu que agora em minha sabedoria perfeita vivo para o bem do mundo, posto que no passado, em dias apaixonados, vivi para o bem do mundo.” Assim falando ele contou uma história do passado. (Esta circunstância inicial é do Jataka 469).
___________________

Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatava veio à vida como o filho da rainha principal. E quando estava com idade, foi instruído em todas as artes e com a morte de seu pai foi estabelecido no reino e governou com retidão.
Naqueles dias as pessoas eram devotas à veneração dos deuses e faziam ofertas religiosas a eles através da matança de muitos bodes, carneiros e semelhantes. O Bodhisatva proclamou pela batida do tambor, “Nenhuma criatura viva será morta.” Os Yakshas ficaram irados contra o Bodhisatva por perderem suas ofertas, e fazendo uma assembléia da família de Yakshas nos Himālaias, enviaram um certo Yaksha selvagem para matar o Bodhisatva. Ele tomou uma massa de ferro pesada e ardente, grande como o domo de uma casa, e pensando em dar um golpe mortal, imediatamente após a vigília da meia noite, veio e permaneceu na cabeceira da cama do Bodhisatva. Naquele instante o trono de Sakra (Indra) manifestou sinais de calor. Depois de considerar os fatos, o deus descobriu a causa, e pegando seu trovão na mão, veio e permaneceu acima do Yaksha. O Bodhisatva vendo o Yaksha pensou, “Por que está este sujeito aqui? É para proteger-me, ou deseja me matar?” E enquanto falava com ele, repetiu a primeira estrofe:

Por que pousado nos ares, Ó Yaksha, permaneces
Com esta pesada peça de ferro na mão?
Intentas guardar-me de todo dano,
Ou aqui fostes ho-je enviado para minha destruição?

Bem, o Bodhisatva via apenas o Yaksha. Ele não via Sakra. O Yaksha com medo de Sakra não ousou atingir o Bodhisatva. Ouvindo estas palavras do Bodhisatva o Yaksha disse, “Grande rei, não estou parado aqui para guardá-lo; vim com a intenção de atingí-lo com esta massa de ferro em brasas mas com medo de Sakra não ouso atingí-lo.” E para explicar fala a segunda estrofe:

Como mensageiros de Rakshasas, olhe ! aqui
Apareci para obter tua destruição,
Mas porto a feroz peça em vão
Contra a cabeça que Indra mesmo escuda.

Escutando isto o Bodhisatva repetiu duas estrofes mais:

Se Indra, marido de Sujā, no reino do céu,
Grande rei dos deuses, digna-se defender minha causa,
Com aulidos horrendos que os duendes jogam aos céus
Nenhuma espécie de demônio terá poder de aterrorizar.
Que os espíritos imundos dos demônios tagarelem como queiram,
Não são páreos para tão implacável briga.

Assim Sakra botou o Yaksha para correr. E exortando o Grande Ser, disse, “Grande rei, não tema. Daqui em diante protegerei-o. Não tema.” E assim dizendo retornou direto para sua própria morada.”
________________

O Mestre aqui terminou sua lição e identificou o Jataka : “Naqueles dias Anuruddha era Sakra, e eu mesmo era o rei de Benares.”

[ Novamente vemos uma unidade Buddhismo / Hinduísmo.]



Nenhum comentário: