quinta-feira, 20 de agosto de 2009

343 Por muito tempo...etc.



343
“Por muito tempo...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre em Jetavana, relativa à garça que vivia na casa do rei de Kosala. Ela levava mensagens, dizem, para o rei, e tinha dois filhotes. O rei enviou este pássaro com uma carta a um outro rei. Quando ela foi embora, garotos da família real esmagaram com as mãos os filhotes da pássara. A pássara voltou e sentindo a falta dos filhotes perguntou quem os matou. Disseram, “Tal e tal.” Naquele tempo havia um tigre feroz e selvagem amarrado em fortes cadeias no palácio. Quando estes garotos foram ver o tigre, a garça foi junto, pensando, “Do mesmo jeito que meus filhotes foram mortos por estes garotos, farei com eles,” e pegou-os e atirou-os lá embaixo aos pés do tigre. E com um rosnado esmagou-os ruidosamente. A pássara disse, “Agora está satisfeito o desejo do meu coração,” e voando aos ares foi direto aos Himālaias.” Escutando o que aconteceu eles começaram uma discussão no Salão da Verdade e Gautama contou uma lenda do passado.
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Certa vez o Bodhisatva reinava em Benares com justiça e eqüidade. Uma certa garça em sua casa levava mensagens para ele. E segue como antes. Mas o ponto diferente aqui é que neste caso a pássara, tendo deixado o tigre matar os garotos, pensou, “Não posso mais permanecer aqui. Sairei mas apesar de estar indo embora não irei sem falar com o rei, e logo que tiver falado sairei.” E então ela aproximou-se e saudou o rei, e estando um pouco afastada disse, “Meu senhor, foi por sua omissão que os garotos mataram os meus filhotes, e sob a influência da paixão vingei-me causando a morte deles. Não posso mais viver aqui.” E falou o primeiro verso:

Por muito tempo tive esta casa por minha
Honra grande realmente recebi,
Devido a um ato teu
Sou agora obrigada a sair.

O rei escutando isto falou a segunda estrofe:

Deve-se retaliar,
Pagando o erro com errado,
Então sua raiva abata ;
Assim, boa garça, fique por favor!

Escutando isto a pássara falou a terceira estrofe:

Erro com errado nunca podem
Como sempre foi, serem feitos um:
Nada, Ó rei, manter-me-á aqui,
Vejam! Estou indo.

O rei escutando, falou a quarta estrofe:

Devem ser sábios, não tolos,
Erro e errado podem
Viver em paz e harmonia :
Assim, boa garça, fique por favor!

A pássara disse, “As coisas como estão não posso permanecer, meu senhor,” e saudando o rei voou para dentro dos ares direto ao Himālaias.
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O Mestre, sua lição terminada, assim identificou o Jataka : “A garça é a mesma garça de antes mas o rei de Benares era eu mesmo.”

[ N. do tr.: Este Jataka aparece no Mahabharata com um diálogo maior entre os dois : Santi parva, seção CXXXIX. Como acontece com o papagaio na árvore seca, o rato no fim da fila, Pingala, e outros. Portanto há união íntima entre os textos canônicos do Buddhismo e do Hinduísmo. E das duas religiões também. Talvez também como entre Hebreus, Cristãos e Muçulmanos. Como bem mostra A. Coomaraswamy em seu livro 'Hinduísmo e Buddhismo'. ]

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