sexta-feira, 7 de agosto de 2009

334 O touro através das inundações...etc.


334
“O touro através das inundações...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre quando em Jetavana relativa a um conselho dado ao rei. A história introdutória será encontrada no Jataka 521. Mas nesta versão dela o Mestre disse, “Reis antigos, Senhor, escutando as palavras do sábio, legislaram com justiça e atingiram o mundo celestial.” E ao pedido do rei ele contou uma história dos tempos antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu numa família brahmin. E quando tornou-se adulto, treinado em todas as artes, adotando a vida ascética desenvolveu todas as Faculdades e Consecuções, e tomou como domicílio um lugar agradável nos Himalaias, vivendo de raízes e frutos. Neste momento da sua vida o rei, ansioso em descobrir seus próprios defeitos, saiu inquirindo, vendo se havia alguém que lhe indicaria suas faltas. E não encontrando ninguém que lhe censurasse, nem dentro nem fora, nem na cidade, nem fora dela, vagou pelo campo disfarçado, pensando, “Como será na roça?” E não achando lá ninguém que o censurasse e encontrando as pessoas apenas falando dos seus méritos, ele pensou, “Como será nos Himalaias?” E entrou na floresta e vagou até achar o eremitério do Bodhisatva, onde após saudá-lo, e de modo amigável falarem sentou do seu lado. Naquele momento o Bodhisatva comia figos maduros que trouxe da mata. Eles eram suculentos e doces, como açúcar. Ele dirigiu-se ao rei e disse, “Sua Excelência, por favor coma este figo maduro e beba um pouco d’água.”
O rei o fez, e perguntou ao Bodhisatva, “Por quê, Senhor Reverendo, está este figo tão excessivamente doce?”
“Sua Excelência,” ele respondeu, “o rei exerce a lei com justiça e eqüidade. Daí estar tão doce.”
“Em um reino de rei injusto, ele perde sua doçura, Senhor?”
“Sim, Sua Excelência, em tempo de reis injustos, óleos, mel, melado, e produtos semelhantes, assim como, raízes e frutos, perdem sua doçura e sabor, e não apenas estes mas todo o reino torna-se mal e sem sabor; mas quando os legisladores são justos, estas coisas tornam-se doces e cheias de sabor e todo o reino cobre-se de seus tons e sabores.”
O rei disse, “Deve ser assim, Senhor Reverendo,” e sem deixá-lo saber que era o rei, saudou o Bodhisatva e retornou à Benares. E pensando em testar as palavras do asceta, ele legislou injustamente, dizendo para si mesmo, “Agora, saberei tudo sobre esta matéria,” e depois de um período curto de tempo ele saiu e foi falar com o Bodhisatva, respeitosamente sentando ao seu lado. O Bodhisatva usando exatamente as mesmas palavras, ofereceu a ele figo maduro, que soube-se amargo ao paladar. Achando o figo amargo, cuspiu-o fora, dizendo, “Está amargo, Senhor.”
Disse o Bodhisatva, “Sua Excelência, o rei deve ser injusto, pois quando legisladores são injustos, tudo, começando com os frutos selvagens no mato, perdem toda sua doçura e sabor.” E daí recitou estas estrofes:-

O touro através das inundações um curso errático tomará,
A manada de gado toda dispersa-se ao seu estímulo :
Então, se um líder, trilhas tortuosas segue,
Para fins errados guiará a multidão simples,
E todo o reino ruirá, num tempo de licensiosidade.

Mas se o touro a um curso direto obedece,
A manada de gado reta, segue às suas costas.
Então deve seu chefe ser leal aos retos caminhos,
O povo comum evitará a injustiça,
E por todo o reino seguir-se-á a santa paz.

O rei após escutar a exposição da Verdade pelo Bodhisatva, deixou-o saber que ele era o rei e disse, “Santo Senhor, anteriormente foi devido a mim apenas que os figos estavam doces e depois amargos, mas agora eu os farei doces novamente.” Então saudou o Bodhisatva e retornou para casa, e regendo retamente restaurou tudo à condição original.
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O Mestre tendo terminado sua lição, identificou o Jataka ; “Naquele tempo Ananda era o rei e eu mesmo era o asceta.”

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