quarta-feira, 12 de agosto de 2009

337 Buddha Asceta



337
“Ai ! Não te oferecemos...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um certo Irmão. Ele veio, é dito, do campo para Jetavana e após largar o manto e a tigela, saudou o Mestre e perguntou aos noviços, falando, “Senhores, quem cuida dos Irmãos desconhecidos que chegam em Savatthi ?” “O Tesoureiro Anatha pindika,” eles disseram, “ e a grande e santa irmã leiga Visākhā cuidam da ordem e estão no lugar de pai e mãe dela.” “Muito bom,” ele disse, e dia seguinte bem cedo, antes que um único irmão tivesse entrado na casa, ele veio até a porta de Anatha pindika. Pelo fato de ter chegado em hora inoportuna não havia ninguém para recebê-lo. Sem nada conseguir aí ele saiu e foi para a porta da casa de Visākhā. Lá também por ter chegado muito cedo, nada conseguiu. Após vagar por aqui e lá, voltou e descobrindo que terminara todo o mingau de arroz, partiu. Novamente vaga para lá e para cá e voltando, encontra o arroz já terminado, volta para o mosteiro e diz, “Os irmãos aqui falam destas duas famílias como crentes fiéis mas ambas realmente são sem fé e descrentes.” E assim ficou xingando estas famílias. Então um dia começou uma discussão no Salão da Verdade, como um certo irmão veio do campo e até a porta de certos proprietários muito cedo e falhando em conseguir ofertas prosseguiu xingando estas famílias. Quando o Mestre veio e perguntou qual era o tópico que os Irmãos ali sentados conversavam, escutando qual era, chamou o Irmão e questionou-o se era verdade. Quando o Irmão disse, “Sim, sua Reverência, é verdade,” o Mestre perguntou, “Por quê estais irado, Irmão ? Antigamente, antes de Buddhas surgirem no mundo, mesmo ascetas quando visitavam uma residência e não recebiam ofertas, não ficavam irados.” E com isto ele contou uma história dos dias antigos.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin, e quando na idade estudou todas as artes em Takkasilā ( Taxila ), e depois adotou a vida religiosa de um asceta. Após um longo tempo morando nos Himālaias, foi a Benares buscando sal e vinagre, e habitando num jardim, no dia seguinte entrou na cidade em coleta de ofertas. Lá havia na época um mercador em Benares, crente leal. O Bodhisatva perguntou onde era a casa do crente, e ouvindo sobre a família do mercador, foi para a porta da sua casa. Naquele momento o mercador fora prestar respeito ao rei, e nenhum dos seus empregados, o viu. Assim ele deu meia volta e foi embora.
Mas, quando o mercador esta voltando do palácio , o viu, e saudando-o, tomou sua tigela e o levou para sua casa. Lá ofereceu-o um lugar e confortou-o com a lavagem e unção dos pés, e com arroz, bolos e outras comidas, e no curso da refeição perguntou-lhe sobre as coisas e depois de acabar de comer, saudou-o e sentando do lado com respeito, disse, “Senhor Reverendo, estrangeiros que venham a nossa porta, sejam mendicantes ou clérigos santos ou brahmins, nunca foram embora sem receber sinais de honra e respeito, mas ho-je devido a não teres sido visto pelos empregados, foste embora sem ter recebido um assento, ou água para beber, e sem ter seu pé lavado, ou arroz e mingau comido. Isto foi falta nossa. Deves perdoar-nos nisto.” E com estas palavras pronunciou a primeira estrofe:

Ai! Não te oferecemos assento,
Nem água trouxemos, nem nada para comer:
Aqui confessamos nosso pecado,
E humilde perdão, Senhor Santo, rogamos.

O Bodhisatva ouvindo isto falou a segunda estrofe:

Nada tenho a condenar,
Nenhuma raiva sinto,
O pensamento que uma vez tive
Furta-se através da minha mente,
“Hábitos das pessoas aqui
São como ninharias estranhas.”

O mercador escutando respondeu em mais dois versos:

O costume em nossa família – é assim
Recebido por nós há longos anos atrás –
É fornecer ao estrangeiro, assento,
Suprimentos na necessidade, água para seus pés
E todo hóspede como parente querido tratar.

E o Bodhisatva depois de ficar lá alguns dias e ensinar o dharma (dever) ao mercador de Benares, voltou direto para os Himālaias, onde desenvolveu as Faculdades e as Consecuções.
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O Mestre, tendo terminado sua lição, revelou as Verdades e identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades o Irmão atingiu a fruição do Primeiro caminho :- “Naquele tempo Ānanda era o mercador de Benares e eu mesmo era o asceta.”

[ N. do tr.: Markandeya disse, ‘Havia, ó Bharata, um asceta virtuoso de nome Kausika e dotado dos bens do ascetismo e devoto aos estudos dos Vedas, era um Brahmana superior e este melhor dos Brahmanas estudava todos os Vedas com os Upanishads e um dia estava recitando os Vedas ao pé de uma árvore e naquele momento sentou no topo da árvore uma siriema e aconteceu desta siriema sujar o corpo do Brahmana e vendo a siriema o brahmana ficou muito irado e pensou em fazer mal à siriema e enquanto o Brahmana olhava com ira a siriema e pensava também em fazer-lhe mal, ela caiu no chão e vendo a siriema caída assim da árvore e morta insensível, o Brahmana foi movido de remorso e o regenerado começou a lamentar-se da morte da siriema dizendo, ‘Ai, fiz mal levado pela ira e pelo mal!’ “ Mahābharatha, Vana parva, seção CCV.
Este Kausika acaba entrando numa vila e é atendido por uma bela mulher. Esta, enquanto o atendia, é obrigado a pedí-lo que esperasse posto que o marido chegara. Kausika fica com raiva, ira-se, com a mulher porque esperou muito! E ela diz para ele que não é siriema não! Que, primeiro, o marido! Kausika novamente se arrepende e espanta-se dela saber sobre a siriema. Ela manda ele procurar o caçador de pássaros em Mithila. Quando ele chega fica mais espantado ainda: o caçador o esperava e mais, também sabia da siriema. A passagem toda refere-se a como com todo estudo o brahmin ainda estava sujeito as emoções. Markandeya é um Santo Rishi. ]


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