sábado, 15 de agosto de 2009

340 Buddha Mercador Visaya



                                          Taxila, Paquistão.

340
“Estais velho, Visaya...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre quando em Jetavana sobre Anāthapindika.” O incidente que ocasionou a história já foi contado inteiro no Jātaka 40 quando a fada da casa de Sudata converte-se. Nesta ocasião o Mestre direcionando-se a Anatha pindika disse, “Sábios antigos, caro irmão leigo, faziam ofertas, rejeitando o conselho de Sakra, rei dos céus, quando permaneceu pousado nos ares tentando impedí-los, dizendo, 'Não faça ofertas.' “ E ao pedido dele o Mestre contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era um grande mercador, chamado Visaya, que era muito rico. E dotado das Cinco Virtudes, era generoso e gostava de fazer ofertas. Tinha uma casa de ofertas construída em cada um dos quatro portões da cidade [segundo a velha arquitetura tradicional, apontados aos Quatro Cantos da Rosa dos Ventos], uma no centro da cidade e outra na porta de sua própria casa. Nestes seis pontos estabeleceu-se em ofertas, e a cada dia seissentas mil
pessoas iam lá a pedir, e a comida do Bodhisatva e a dos mendicantes era exatamente a mesma.
E como ele assim sacudiu todo o povo da Índia com dons e ofertas, a residência de Sakra treme com a extraordinária eficácia de sua caridade e o mármore trono amarelo do rei do céu mostrou sinais de calor. Sakra exclamando, “Quem, imagino, me fará sair de meu assento no céu?” E olhando ao redor viu o grande mercador e pensou, “Este Visaya faz ofertas e espalhando presentes por todo lado está agitando a Índia. Por meio destas ofertas, parece-me, me destronará e ele tornar-se-á Sakra. Eu destruirei seus bens e o farei pobre e assim fazer com que ele não possa mais ofertar.” Então Sakka fez o óleo, mel, melado e coisas assim e também os grãos todos desaparecer e os escravos e trabalhadores. Os que estavam sem ofertas vieram e disseram, “Senhor, a casa de ofertas desapareceu. Não encontramos nenhuma daquelas que construíste. “Leve dinheiro então,” ele disse. “Não pare as ofertas.” E chamando sua esposa, solicitou-a que não parasse com a caridade. Ela procurou por toda a casa, e não encontrando nenhuma moeda, ela disse, “Senhor, a não ser as roupas de vestir nada vejo. A casa toda ‘tá vazia.” Abrindo os tesouros das sete jóias nada encontraram, e a não ser o mercador e sua esposa , ninguém mais era visto, nem escravos, nem empregados. O Bodhisatva novamente dirigindo-se a mulher disse, “Minha querida, não podemos parar com a caridade. Busque na casa toda até encontrar algo.”
Naquele momento um foiceiro passando largou na varanda da porta da casa uma foice, uma vara e uma corda para amarrar palha, largou e foi embora. A esposa do mercador achou tudo e disse, “Meu senhor, isto é tudo que vejo,” e trouxe e deu tudo para ele. Disse o Bodhisatva, “Minha querida, todos estes anos nunca foicei palha , mas ho-je vou foiçar palha e e pegá-la e vendê-la e assim fazer ofertas.” Então temendo ter de parar de fazer caridade, ele tomou a foice e a vara e a corda, e saindo da cidade chegou num lugar com muita palha, e foiçando, amarrou-a em duas cargas, dizendo, “Uma deve ser nossa e a outra, oferta.” E segurando a palha na vara levou-a e vendeu-a no portão da cidade, e recebendo duas pequenas moedas deu metade do dinheiro aos mendicantes. Então haviam muitos mendicantes, e estes querendo também acabaram por levar a outra metade, a outra moeda, e passou o dia em jejum com sua esposa. Deste jeito seis dias passaram, e no sétimo dia, enquanto ele foiçava a palha, como era naturalmente delicado e jejuava por sete dias, logo que o calor do sol bateu em sua cabeça, seus olhos giraram , e ele desmaiou e caiu, espalhando a palha. Sakra estava por ali, observando o que Visaya fazia. E naquele instante o deus veio, e pousado no ar pronunciou a primeira estrofe:

Estais velho, Visaya, de fazer ofertas
E a caridade deves a perda de teus bens.
De agora em diante mostre auto controle, evite dar,
E entre alegrias duráveis viverás para sempre.

O Bodhisatva escutando estas palavras perguntou, “Quem és tu?” “Sou Sakra,” ele disse. O Bodhisatva respondeu, “O próprio Sakra, ofertando e tomando as obrigações morais, e jejuando e preenchendo os sete votos atinge o ofício de Sakra [Indra]. Mas agora proíbes o ofertar, aquilo que ocasionou tua própria grandeza. Verdadeiramente és culpado de um ato inútil.” E assim dizendo, falou três estrofes:

Não é certo, dizem as pessoas, que um ato vergonhoso
Manche a honra de um nobre nome.
Ó tu que possuis mil olhos
Poupe-nos disto mesmo no triste stress.
Não deixe nossos bens serem gastos de modo infiel
Para nosso próprio prazer e grandeza,
Mas como antes nossos estoques abençoe em crescimento.
Por aquela mesma estrada, que uma carroça antes passou
Uma segunda pode também ir. Assim daremos
Enquanto tivermos meios para viver,
Sem na pior reprimir pensamento generoso.

Sakra incapaz de pará-lo no seu objetivo perguntou por que ofertava. “Desejo,” ele disse, “não Sakkidade, nem Brahmidez mas buscando omnisciência, oferto.” Sakra em sinal do prazer em escutar tais palavras deu-lhe um tapa nas costas com suas mãos. Naquele mesmo instante, o Bodhisatva gozou do seu favor, todo seu ser preenchendo-se de alegria. Pelo poder sobrenatural de Sakra todos seus bens são-lhe restaurados. “Grande mercador,” disse Sakra, “de agora em diante todo dia ofertes comida para um milhão e duzentas mil pessoas.” E gerando em sua casa bens sem fins, Sakra despede-se dele e volta direto para sua própria residência.
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O Mestre tendo terminado sua lição, assim identificou o Jataka : ”Naquele tempo a mãe de Rahula era a esposa do mercador e eu mesmo era Visaya.”

[ N. do tr.: Nesta economia primeira não há troca financeira, idade dourada em que o povo alimenta-se gratuitamente. A mesma teimosia em mercantilizar a economia acontece no outro extremo do cabo de guerra com aqueles que insistem em dar, ofertar, no caso aqui seria o Estado enquanto do povo, pelo povo e para o povo. Há uma economia-política não moderna, existe mais no Oriente, ela é tradicional. Esta economia política primitiva / primeira funciona com o conceito religioso de dom / contra dom. Existem desde sempre as terras comuns que salvam o Povo da sanha, cobiça mercantil, a maior doença atual sendo o 1% sintoma claro, que quer transformar tudo em mercadoria, e a Terra mesma enquanto Mãe, oferta seus produtos como em dom ao Povo : cai a chuva de graça sem nada cobrar e enche todos os reservatórios, nada custa, brilha e aquece o Sol também de graça gerando tudo com seu calor e brilho, o vento, ar, sopra e roda todas as turbinas eóleas, sem pedir nada em troca, de graça, a terra faz tudo crescer e a tudo dá vida, nada cobra, ou melhor, cobra a gratuidade mesma, o dom/contradom : a roda dos elementos é a verdadeira economia, a roda da economia natural. A vida é de graça. Toda refeição é dom de Deus. O dinheiro destruiu a economia ( a indústria financeira fez com que o trabalho apenas gere, produza, crie, um terço, sim, a terça parte, do dinheiro que circula, existe, roda na roda financeira, ficção financeira, a existência enquanto bolha ), o dragão financeiro que extorque os Povos, a grande prostituta mercado que quer mercantilizar tudo e a besta máquina que destruiu o rio Doce : ex voto = de promessa, promessa = voto : foram destruídos, junto com a cidadania laica, quando condenaram a presidenta inocenta : o mercado destruindo a Promessa, o dragão financeiro destruindo a Promessa : a luta contra o mal ]. 

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