quinta-feira, 6 de agosto de 2009

333 Então te conheci...etc.


333
“Então te conheci...etc.” - Esta é uma história que o Mestre contou enquanto em Jetavana sobre um certo fazendeiro. A história introdutória foi contada toda inteira antes ( Jataka 223 e 320). Desta vez o marido e a esposa estão voltando para casa, após uma cobrança, e no curso da viagem alguns caçadores deram-lhes um lagarto assado, oferecendo para que ambos comessem. O marido mandou a esposa buscar água e comeu o lagarto todo, e quando ela voltou, ele disse, “Minha querida, o lagarto fugiu.” “Bem, meu senhor,” ela disse, “o que pode-se fazer com um lagarto assado que foge ?” Ela bebeu um pouco d’água e depois em Jetavana quando sentada na presença do Mestre, foi perguntada por ele como segue: “Irmã leiga, este homem é amoroso, amante e útil ?” Ela respondeu, “Sou amorosa e amante dele, mas ele não me ama.” O Mestre disse, “Admitamos isto. Não se entristeça. Quando ele relembrar tuas virtudes, te dará poder supremo.” E ao pedido deles, relatou uma história antiga.
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Esta história antiga é justo como a anterior já relata, mas neste caso, quando o marido ea esposa estavam a caminho de casa, alguns caçadores viram como eles estavam cansados e deram um lagarto assado e pediram que dividissem entre os dois. A senhora real amarrou-o com uma trepadeira usada de corda e seguiu seu caminho, levando-o nas mãos. Chegaram em um lago e deixando a auto-estrada, sentaram aos pés de uma árvore Bo. O príncipe disse, “Vá querida e pegue água no lago com uma folha de lótus e depois comeremos esta carne.” Ela pendura o lagarto num galho e vai pegar água. O companheiro dela come o lagarto todo e depois senta com cara virada, segurando um pedaço do rabo, da cauda, em suas mãos. Quando ela volta com àgua, ele diz, “Minha querida, o lagarto desceu do galho e escapou por um cupinzeiro. Corri e o segurei pela ponta da cauda. O lagarto a quebrou em duas e deixou em minhas mãos a parte que segurei, desaparecendo no buraco.”
“Bem, meu senhor,” ela respondeu, “como podemos lidar com lagarto assado que foge ? Venha, vamos.”
E assim, bebendo água, continuaram a jornada para Benares. O príncipe quando chegou ao trono deu a ela o rank de rainha titular mas nenhuma honra ou respeito prestou a ela. O Bodhisatva, desejoso de angariar honras para ela, diante da presença do rei, a questionou, “Senhora, como pode acontecer de não recebermos nada das tuas mãos ? Por quê nos neglige ?”
“Caro senhor,” ela disse, “Nada recebo do rei. Como então daria um presente para ti ? Por quê o rei me daria algo agora ? Quando estávamos viajando pela floresta, ele comeu todo o lagarto assado sozinho.”
“Senhora,” ele disse, “o rei não agiria desta forma. Não fale dele assim.”
Então a senhora disse a ele, “Senhor, não está claro para ti mas está claro o bastante para o rei e para mim,” e falou a primeira estrofe :-

Então te conheci pela primeira vez,
Quando na profunda floresta, Ó rei,
Lagarto assado rompe suas cordas
E foge do galho da árvore Bo.
Apesar de perceber por baixo da roupa de eremita
Espada e cota de malha, à vista.

Assim falou a rainha, tornando conhecido a ofensa do rei no meio dos seus cortesãos. O Bodhisatva, a escutando disse, “Senhora, se desde aquela hora teu marido parou de te amar, por quê continuas vivendo aqui, tornando tudo desagradável para ambos ?” e ele repetiu duas estrofes :-

Àlguém que te honra, honre devidamente
Com retribuição plena de bom serviço prestado:
Sem gentileza conceder a povo mesquinho,
Nem àqueles que parecem evitar tua presença.

Abandone o tratante que te abandonou,
E não ame aquele que não te ama,
Como um pássaro que abandona uma árvore seca,
E lar busca em algum bosque distante.

O rei, enquanto o Bodhisatva ainda falava, relembrou das virtudes dela e disse, “Minha querida, desde então não vejo tuas virtudes mas através das palavras deste sábio homem, as vejo agora. Perdoe minha ofensa. Este reino inteiro meu, te dou.” E daí falou a quarta estrofe :-

Tanta quanta em seu poder pode haver,
Gratidão deve mostrar o rei :
Todo meu reino te dou,
Dons, para quem quiseres, concedas.

Com estas palavras o rei conferiu poder supremo a rainha e pensando, “Foi por causa deste homem que relembrei ds virtudes dela,” também deu grande poder ao sábio.
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O Mestre, tendo levado a lição ao fim, identificou o Jataka :- Na conclusão das Verdades, ambos marido e esposa atingiram a fruição do Primeiro Caminho :- “O marido e a esposa da presente história eram os mesmos na história antiga. Mas eu mesmo era o sábio ministro.”
Jatakas // 223 e 320.




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