sábado, 22 de agosto de 2009

344 Buddha Sakra


344
“Aquela que comeu tua manga...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, relativa a um ancião que guardava uma mangueira. Quando já velho, dizem, tornou-se um asceta e construiu cabana de folhas num pomar de mangas nas cercanias de Jetavana e não apenas ele comia das mangas maduras que caíam das mangueiras mas dava também para os parentes. Quando ele saiu para colher ofertas, alguns ladrões bateram nas mangueiras, comendo alguns frutos e levando outros. Neste momento quatro filhas de um rico mercador, depois de banharem-se no rio Aciravati, passeando ao redor, acabaram no pomar de mangas. E quando o velho tendo retornado, as encontra lá , acusou-as de terem comido as mangas.
“Senhor,” eles disseram, “acabamos de chegar; nós não comemos as mangas.”
“Então jurem,” ele disse.
“Juraremos, Senhor,” elas disseram, e juraram. O velho tendo envergonhado-as, fazendo-as jurarem, deixou-as ir.
Os Irmãos, escutando o quê acontecera, levantaram uma discussão no Salão da Verdade, sobre como um velho fez com que as filhas do mercador jurassem, posto que entraram no jardim das mangueiras onde ele mesmo vivia e após envergonhá-las fazendo que jurassem, as deixou ir. Quando o Mestre veio e perguntou qual o tema que lá sentados em concílio discutiam, escutando qual era, disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas anteriormente também este velho homem, quando guardava as mangas, fez certas filhas de um rico mercador jurarem, e após envergonhá-las, as deixou ir.” E assim falando contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva tornou-se Sakra. Naqueles dias um asceta ladrão construiu um eremitério de folhas num pomar de mangueiras numa praia de rio junto a Benares, e guardando as mangueiras, comia dos frutos maduros que caía e também dava aos parentes e morava lá ganhando a vida com várias práticas falsas.
Neste momento Sakra, rei dos céus, pensou, “Quem, imagino, neste mundo das pessoas ajuda os pais, presta honras aos mais velhos da sua família, faz ofertas, permanece na lei moral, e jejua? Quem tendo adotado a vida religiosa, continuamente dedica-se as tarefas próprias de padres e quem destes é culpado de errar?” E vendo o mundo espia este fraco asceta que guarda mangas, e disse, “Este falso asceta, abandonando suas tarefas de padre, tais como o processo pelo qual o ênstase religioso pode ser induzido e semelhantes, fica vigiando um pomar de mangas. Assustarei-o sonoramente.” E quando ele foi para a cidade para as ofertas, Sakra com seu poder sobrenatural bateu nas mangueiras e fez que ladrões a pilhassem. Naquele momento quatro filhas de um mercador de Benares entraram no pomar, e o falso asceta vendo-as parou-as e disse, “Vocês comeram minhas mangas.”
Elas disseram, “Senhor, acabamos de chegar. Não comemos as mangas.”
“Então jurem,” ele disse.
“Neste caso poderemos ir?” elas perguntaram. “Certamente, vocês poderão.”
“Muito bem, Senhor,” elas disseram, e a mais velha delas jurou, pronunciando a primeira estrofe :-

Aquela que comeu suas mangas,
Terá como esposo um grosseirão,
Ele a iludirá com cabelos grisalhos
E cachos como em pinças enroscados

O asceta disse, “Vem você para este lado,” e fez a segunda filha do mercador jurar, e ela repetiu a segunda estrofe :-

Que a moça que roubou tua árvore
Suspire por um marido em vão,
Passando assim a juventude
Até beirar os trinta.

E depois foi para o lado e a terceira pronunciou a terceira estrofe :-

Aquela que comeu suas maduras mangas
Pesado caminho trilhará só
E no local de encontro atrasada
Chorará, tendo partido o amado.

E a quarta donzela a quarta estrofe :-

Aquela que pilhou tua árvore
Belamente vestida, com coroa na cabeça,
E orvalhada com óleo de sândalo
Ainda buscará uma cama imaculada.

O asceta disse, “Este juramento solene que fizeram, diz que outros comeram as mangas. Podem ir.” E assim dizendo elas foram. Sakra então apresentou-se numa forma horrorosa, e expulsou o falso asceta do lugar.”
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O Mestre, tendo terminado sua lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo o falso asceta era o velho homem que guardava as mangas. As quatro filhas do mercador mantiveram o mesmo lugar antes como agora. Mas eu mesmo era Sakra.”



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