terça-feira, 18 de agosto de 2009

341 Buddha Pássaro




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A história deste Jataka será contada inteira no Jataka 536.
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Certa vez em Benares houve um rei chamado Kandari que era muito bonito; e seus conselheiros traziam-lhe todo dia milhares de caixas de perfumes, e faziam a casa ficar limpa e arrumada e com madeiras perfumadas acendiam o fogo e cozinhavam. Bem, sua esposa era àmável mulher chamada Kinnarā, e seu capelão Pañcālacanda era sábio e cheio de visão [era o pássaro Kunāla que em uma vida passada, jātaka, conta esta história a um pássaro amigo, conta histórias de pássaro para pássaro, de mulheres, histórias de mulheres que ‘vão onde o vento as leva’ ]. E na parede perto do palácio do rei crescia um jambo cujos ramos penduravam-se nas paredes, e à sombra dele morava um estropiado deformado nojento. Bem, um dia a rainha Kinnarā olhando pela janela viu o estropiado e caiu de paixão por ele. E a noite, após gozar dos favores do rei com seus encantos, depois que ele dormiu, ela levantou-se silenciosamente e colocando comida gostosa nuns potes dourados e amarrando na cintura, ela teria descido pela janela através de uma corda de panos, e subindo no jambeiro desceu por um galho e deu a comida gostosa para o estropiado deformado nojento, e teve seu prazer com ele, e depois de subir para o palácio do mesmo jeito que desceu e perfumar-se, deitou ao lado do rei. Deste jeito ela prevaricava constantemente com o estropiado deformado nojento e o rei não sabia de nada. Um dia após uma procissão solene ao redor da cidade, o rei entrando em seu palácio viu o estropiado, um sujeito lamentável, deitado debaixo do jambeiro, e disse ao capelão, “Apenas olhe para este espectro de gente.” “Sim, senhor?” “É possível meu amigo que alguma mulher movida pela luxúria chegaria perto desta nojenta criatura?” Ouvindo o que ele disse, o estropiado deformado envaidecendo-se de orgulho, pensou, “O que este rei disse? Parece que ele não sabe que sua rainha vem me visitar.” E esticando as mãos dobradas em direção ao jambeiro gritou, “Ó meu senhor, tu guardião desta árvore, a não ser você ninguém sabe sobre isto.” O capelão notando a ação pensou, “De verdade a esposa principal do rei, com ajuda desta árvore, vem e prevarica com ele.” E então disse ao rei, “Senhor, à noite, como é o contacto com a rainha?” “Nada noto de mais,” ele disse, “mas no meio da noitre o corpo dela fica frio.” “Bem, senhor, a não ser que seja outra mulher, sua rainha Kinnarā prevarica com ele.” “O que é isto que dizes, meu amigo ? Por que uma mulher tão encantadora teria prazer com esta criatura desagradável ?” “Bem, então senhor, ponha à prova.”
“Certo,” disse o rei e depois do jantar deitou com ela, para testá-la.E no momento de praxe, fingiu dormir, e ela agiu como antes. O rei seguindo seus passos ficou à sombra da árvore. O estropiado estava com raiva da rainha e disse, “Estais atrasada,” e deu um soco na orelha dela. E ela disse, “Não fiques com raiva, meu senhor; esperava o rei dormir,” e assim falando agia como se esposa da casa dele. Porém quando acertou-a, o brinco, que era a imagem de uma cabeça de leão, caindo da orelha foi parar aos pés do rei. O rei pensou, “Justo isto será do que preciso,” e levou com ele. E depois de prevaricar com seu amante ela retornou como antes e deitou do lado do rei. O rei a rejeita e no dia seguinte dá ordens dizendo , ”Que a rainha Kinnarā venha com todos os ornamentos que lhe dei.” Ela disse, “Meu brinco de leão está com o joalheiro,” e recusou-se a ir. Quando foi chamada uma segunda vez, foi só com um brinco. O rei perguntou, “Onde está seu brinco?” “Com o joalheiro.” Chamou o joalheiro e disse, “Por que não deixas a rainha usar o brinco?” “Não estou com ele, senhor.” O rei com raiva disse, “Você fraca e vil mulher, seu joalheiro deve ser uma pessoa como eu,” e assim dizendo atirou nela o brinco e dize ao capelão, “Amigo, falaste a verdade; vá e corte a cabeça dela.” Então ele manteve ela em um quarto do palácio e veio e falou ao rei, “Senhor, não fiques irado com a rainha Kinnarā : com todas as mulheres é justo a mesma coisa. Se estais ansioso em saber como imorais são as mulheres lhe mostrarei sua fraqueza e ilusão. Vamos, disfarcemo-nos e vamos ao campo.” O rei logo concordou e deixando o reino com a mãe, foi viajar com o capelão. Em dois quilômetros de viagem no campo, sentados na auto-estrada, um nobre proprietário, que dava uma festa de casamento para seu filho, colocou a noiva em uma carruagem fechada e ela era acompanhada de uma escolta grande. Vendo isto o capelão falou, “Se você quiser podes fazer esta garota prevaricar contigo.” “O que dizes meu amigo? Com esta escolta, a coisa seria impossível.” “Bem, então veja isto.” E ele armou uma tenda não longe da estrada e colocou o rei dentro, sentando do lado da estrada, chorando. Então o nobre, vendo, perguntou, “Por que choras amigo?” “Minha esposa,” ele disse, “está com criança e viajava para levá-la para casa, e ainda no caminho ela sentiu as dores e está em trabalho de parto dentro da tenda e não tem nenhuma mulher com ela e eu não posso ir lá. Não sei o que acontecerá.” “Ela deve ter uma mulher com ela: não chore, há numerosas mulheres aqui; uma delas irá com ela.” Bem então deixe a noiva ir; seria um feliz presságio para a garota.” Ele pensou, “O que ele diz é verdade: seria auspicioso para minha nora. Ela seria abençoada com inúmeros filhos e filhas,” e levou ela para lá. [Lembremos que o rei era muito bonito] Passando para dentro da tenda ela cai apaixonada à primeira vista pelo rei e prevarica com ele e o rei dá a ela o seu anel-selo. Então quando estava tudo consumado ela saiu da tenda e perguntaram a ela, “Qual o sexo?” “Um menino dourado?” Assim o nobre foi embora com a nora. O capelão veio ao rei e disse, “Viu, senhor, mesmo uma jovem noiva é fraca. Quanto mais não seriam as outras mulheres ? Por favor, senhor, deste algo a ela?” “Sim, dei meu anel-selo.” “Não deixarei ela mantê-lo.” E ele saiu correndo atrás e chegou na carruagem, e quando eles disseram, “O que significa isto?” ele disse, “Esta garota levou embora um anel que minha esposa brahmin deixou no seu travesseiro: devolva o anel senhora.” Ao devolvê-lo ela arranhou a mão do brahmin, dizendo, “Leve-o farsante.” Assim o brahmin em variedade de modos mostrou que muitas outras mulheres são culpadas de má-conduta e disse, “Até qui está bom, vamos a outro lugar, Senhor.” E o rei atravessou toda a Índia, e eles disserram, “Com todas as mulheres será o mesmo. O que elas são para nós? Voltemos.” E então voltaram direto para Benares. O capelão disse, “É assim, Senhor, com todas as mulheres; tão delicadas por natureza.” Perdoe rainha Kinnarā.” E com o pedido do capelão ele a perdoou mas a tirou do palácio. E depois que a tirou escolheu outra rainha, e retirou também o estropiado deformado nojento e ordenou que o jambeiro fosse cortado.” Versos canônicos:

É contado este tanto na história de Kandari e Kinnarā:
Todas as mulheres falham em encontrar prazer na própria casa.
Assim uma esposa deixa seu senhor, apesar de belo e forte
E irá com qualquer outro homem, até deformado nojento, errar.

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536 é o jātaka dos pássaros falando mal das pássaras. O jātaka 327 da história de Kākāti também é contada nele. E outras. Gautama conta estas histórias no alto do Himālaia a quinhentos Irmãos, duzentos e cinquenta de Kailavatsu e duzentos e cinquenta de Koliya, cidades que brigavam por causa de água e que ele pacificou: os quinhentos foram voando, levados por Buddha, que puxou, carregou, arrastou, a todos, até lá em cima. As mulheres deles estavam reclamando de os maridos estarem longe, no mosteiro. Elas queriam eles de volta. E eles queriam voltar mas chegando voando nos Himālaias, impressionados, desistem.