quinta-feira, 1 de outubro de 2009
364 Osadha e Amara ( cont.)
Pintura de Ajanta : Mah'Osadha e os outros quatro
364
Osadha & Amara (cont.)
O jātaka 546 como é uma história grande e importante toma várias contas para quando chegar no final, posto que é a penúltima conta, já estar meio contada. Seguem os números das contas todas: 110, 111, 112, 170, 192, 350, 364, 387, 402, 452, 471, 500, 508, 515, 517, 528 e o próprio 546. O que se relata aqui acontece antes do que acontece no Jataka 350.
Um dia Senaka disse aos outros três que vieram vê-lo, “Amigos, não somos páreo para este filho de homem comum Mahosadha ; e agora ele pegou para si uma esposa ainda mais inteligente que ele mesmo. Podemos achar um jeito de estragar a relação dele com o rei ?” “Que sabemos nós, senhor professor – tu deves decidir.” “Bem, não se preocupem, há um jeito. Furtarei uma jóia da coroa real ; você, Pukkusa, furtará o colar dourado ; você, Kavinda, furtará o roupão de lã ; você, Devinda, os chinelos dourados.” Todos os quatros deram um jeito de furtar estas coisas. Então Senaka disse, “Devemos agora colocar estas coisas dentro da casa do sujeito sem que ele saiba.” Assim Senaka colocou a jóia num pote de tâmaras e enviou por uma empregada, dizendo, “Se qualquer outra pessoa quiser o pote recuse ; entregue-o apenas ao povo da casa de Mah'Osadha.” Ela pegou, foi para a casa do sábio e andou para cá e para lá gritando, “Quem quer tâmaras ?” Mas a senhora Amarā parada na porta viu isto : notou que a garota não indo a nenhum outro lugar, devia haver algo por trás ; fazendo então um sinal a seus empregados que se aproximassem, chamou ela mesma a garota, “Venha aqui, menina, comprarei as tâmaras.” Quando ela veio, a dona de casa chamou por seus empregados, mas nenhum veio, de modo que enviou a garota para buscá-los. Enquanto ela estava ausente, Amara colocou a mão na cumbuca e encontrou a joia. Quando a garota voltou , Amara perguntou a ela, “Empregada de quem tu és, menina ?” “Empregada de pandit Senaka.” Perguntou o nome dela e de sua mãe e disse, “Bem, me dê um pouco de tâmaras.” “Se queres, patroa, pegue o pote todo – não quero pagamento.” “Podes ir então,” disse Amara, e despachou-a. Depois escreveu numa folha, “Em tal dia de tal mês o professor Senaka enviou uma joia da coroa real como presente pelas mãos de tal e tal garota.” Pukkusa mandou o colar dourado escondido em uma caixa de flores de jasmin ; Kavinda mandou o roupão em um cesto de vegetais ; Devinda as sandálias douradas em um feixe de palha. Ela recebeu tudo e colocou os nomes de tudo em uma folha, que ela separou, falando ao Grande Ser sobre. Estes quatro homens foram ao palácio e falaram, “Por quê, meu senhor ! não estais com a coroa de jóias ?” “Sim, vou buscá-la,” disse o rei. Mas não encontraram as jóias e as outras coisas. Os quatro então disseram, “Meu senhor, teus ornamentos estão na casa de Mah'Osadha e ele os está usando : aquele filho de um homem qualquer é teu inimigo !” Caluniavam-no deste modo. Os simpatizantes dele, saíram e falaram a Mah'Osadha; e ele disse, “Irei ao rei e descobrirei.” Ele esperou pelo rei que estava irado e que disse, “Não o conheço ! Que quer ele aqui ?” Não concederia audiência. Quando o sábio entendeu que o rei estava irado, voltou para casa. O rei mandou prendê-lo ; o quê, sabendo pelos simpatizantes, indicou a Amara que era tempo de partir. Ele então escapou para fora da cidade disfarçado pela vila do Sul onde passa a exercer o ofício de oleiro numa olaria. A cidade enchia-se com as novidades da fuga dele. Senaka e os outros três escutando que ele se fora, todos sem que os outros soubessem, mandaram cartas para a senhora Amarā, neste sentido : “Não se preocupe : não somos sábios ?” Ela pegou as quatro cartas e respondeu cada uma que ele deveria vir a tal hora. Quando eles vieram, ela fez com que eles fossem raspados com navalhas e os atirou nos mangues e os machucou, e amarando-os em corda de esteira, os enviou ao rei. Levando-os e às quatro coisas preciosas juntas, foi para o paço real e lá saudando-o disse : “Meu senhor, o sábio Mah'Osadha não é ladrão ; aqui estão os ladrões. Senaka roubou a jóia, Pukkusa roubou o colar dourado, Devinda roubou os chinelos dourados : em tal dia em tal mês pelas mãos de tal e tal empregada estes quatro mandaram presentes. Olhe esta folha. Pegue o quê é seu e expulse os ladrões.” Cobrindo de insulto estas quatro pessoas, ela voltou para casa. Mas o rei estava perplexo sobre o aasunto e desde que o Bodhisatva partira e que não havia mais gente sábia ele nada disse mas mandou-os banharem-se e ir para casa.
A deidade que morava no parassol real [aquele branco] não mais escutando a voz das falas do Bodhisatva cogitava qual seria a causa, e quando descobriu, decidiu que ele seria trazido de volta. Assim à noite ela apareceu através de um buraco no círculo do parassol, e perguntou ao rei quatro charadas, os versos começando “ele me bate com mãos e pés.” O rei não pode responder, e disse isso, mas ofereceu-se perguntar aos sábios, pedindo um dia de prazo. No dia seguinte ele enviou uma mensagem convocando-os mas eles responderam, “Estamos envergonhados de nos mostrarmos na rua, pelados como estamos”. Então ele enviou para eles quatro cogulas / capuzes para vestir nas cabeças. ( Esta é a origem desta veste, assim dizem.) Então eles vieram, e sentaram onde foram convidados a fazê-lo, e o rei disse, “Senaka, noite passada a deidade que habita no meu parassol fez-me quatro perguntas, que não pude responder mas que disse iria perguntar aos meus sábios. Por favor, resolva-as para mim.” E recitou a primeira estrofe:
Ele bate com mãos e pés, e dá tapa na cara; ainda assim, Ó rei, ele é querido, e cresce mais querido ainda que um marido. Senaka gaguejou qualquer coisa primeiro, “Bate como, bate em quem,” e não pode achar nem pé nem cabeça da charada ; os outros eram todos débeis. O rei ficou aflito. E quando à noite a deusa perguntou se tinha encontrado a resposta do enigma, ele disse, “Perguntei aos meus quatro sábios mas nem eles sabem.” Ela respondeu, “O que eles sabem? Salvo o sábio Mahosadha ninguém pode resolvê-lo. Se você não mandar buscá-lo e pegá-lo para resolver estes enigmas, clivarei sua cabeça com esta lâmina de fogo.” Depois de assim assustá-lo ela continuou: “Ó rei, quando queres fogo não sopre um vaga-lume, e quando queres leite não ordenhes um chifre.” Então ela repetiu a Questão do Vaga-lume [o conteúdo desta conta mesmo]:
“Quando a luz extingue-se, aquele que sai em busca de fogo, pensa que um vaga-lume é fogo, se o vê à noite? Se esfarela em cima palha, é uma má idéia, ele não fará queimá-la. Assim também um bruto não ganha benefício por meios errados, se ele ordenha uma vaca pelo chifre, de onde não flui leite. Por muitos meios as pessoas obtém benefícios, punindo inimigos, ou sendo gentil com amigos. Ganhando chefes de exércitos, e com conselho de amigos, os senhores/as da terra, a possuem e o que nela há.”
“Eles não são como você, soprando um vaga-lume, crente que é fogo: és como alguém que sopra um vaga-lume enquanto há fogo à mão, como alguém que derruba com a mão balança e pesos, como alguém que quer leite e ordenha chifre, quando perguntas questões profundas a Senaka e semelhantes. O que eles sabem? Como vaga-lumes eles são, como um grande fogo é Mahosadha refulgente de sabedoria. Se não descobrires o enigma, és um homem morto.” Tendo assim aterrorizado o rei, ela desapareceu.
( cont. no Jataka 452 ).
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