quarta-feira, 12 de março de 2008

73 Buddha Brahmin



73 Conheciam o mundo...etc.” – Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre tentar matar. Pois, sentada no Salão da Verdade, a Irmandade falava da maldade de Devadatra, dizendo, “Senhores, Devadatra não tem nenhum conhecimento da excelência do Mestre; na realidade tentou matá-lo !” Aí o Mestre entra no Salão e pergunta o quê discutiam. Tendo escutado, disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta matar-me; ele fez justo o mesmo também em dias idos.” E assim falando, contou uma história do passado.

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Certa vez Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) . Teve um filho chamado Príncipe Mau. Feroz e cruel ele era, como uma serpente que acutela 
; não falava com ninguém sem abusar e bater. Como areia no olho era este príncipe para todo o povo dentro e fora do palácio, ou como um ogro devorador,- tão terrível e desumano ele era.

Um daí, desejando divertir-se no rio, seguiu com largo séquito em direção àgua. E veio grande tempestade, e caiu escuridão completa. “Ei aqui !” gritou ele para os empregados ; “leve-me ao meio do rio, lá me banharei, e então tragam-me de volta.” E então eles o levaram ao meio do rio e lá em conselho, disseram, “O quê o rei fará conosco? Matemos este fraco vil aqui e agora! Vá para dentro seu peste!” eles gritaram, enquanto o atiravam n' água. Quando saíram às margens, e foram questionados sobre o príncipe, eles responderam, “Não o vimos; vendo que a tempestade chegava, deve ter saído do rio e ido para casa antes de nós.”

Os cortesãos chegando à presença real, e o rei perguntando onde estava seu filho, eles disseram, “Nós não sabemos, senhor.” ; “uma tempestade chegou, e nós voltamos acreditando que ele voltara na nossa frente.” O rei logo mandou abrir os portões; desceu até o rio e ordenou busca com diligência acima e abaixo ao príncipe perdido. Mas nenhum traço dele foi encontrado. Pois, na escuridão da tempestade, ele foi levado pela corrente, e vindo um tronco atravessado, sobe nele, e assim flutua descendo a correnteza, gritando vigorosamente na agonia de medo de afogar-se.

Bem, houve um rico mercador vivendo em Benares naqueles dias, que morrera, deixando quarenta ‘crores’ [ quatrocentos milhões] enterrados às margens do mesmo rio. E devido ao desejo de riquezas, ele renasceu como um serpente no lugar em que deitava seu caro tesouro. E também no mesmo lugar um outro homem escondeu trinta ‘crores’, e devido ao seu desejo de riquezas renasceu como um rato no mesmo lugar. Àgua irrompeu na morada deles ; e as duas criaturas, escapando pelo caminho em que àgua entrava , seguiram junto com a corrente, quando toparam com o tronco de árvore em que o príncipe estava pendurado. A cobra subiu por uma extremidade e o rato por outra; e assim ambos ficam de pé com o príncipe no tronco.

Também crescia às margens do rio uma Paineira árvore, em que vivia um jovem papagaio ; e esta árvore, sendo desenraizada pelas águas dilatadas, cai no rio. A pesada chuva derruba o papagaio quando este tenta voar, e ele pousa, em sua queda, naquele mesmo tronco de árvore. Então ficamos com estes quatro descendo na correnteza do rio juntos em cima de um’ árvore.

Bem, o Bodhisatva re-nascera brahmin naqueles dias na região Nor-Oeste. Renunciando o mundo por vida eremita ao tornar-se adulto, construiu para si-mesmo um eremitério numa curva do rio ; e lá agora vivia. Enquanto caminhava à meia-noite, escutou os altos gritos do príncipe, e pensou consigo mesmo:- “Este semelhante não deve assim perecer diante de olhos misericordiosos e compassivos de eremita que sou. Vou resgatá-lo das águas, e salvar a vida dele.” E então gritou animadamente, “Não tema! Não tema!” e mergulhando na correnteza, segurou o tronco em uma extremidade, e, sendo forte como um elefante, puxou-o para a margem do rio com um largo puxão, e colocou o príncipe a salvo e seguro na praia. Então dando-se conta da cobra do rato e do papagaio, carregou-os para o eremitério, e lá, acendendo fogo, esquentou os animais primeiro, posto que mais fracos, e depois o príncipe. Isto feito, ele trouxe frutas de vários tipos e colocou-as para seus convidados, servindo primeiro os animais e depois o príncipe. Isto irou o jovem príncipe, que disse consigo mesmo, “Este eremita tratante não presta respeito a meu nascimento real, mas na realidade dá precedência às bestas brutas, antes de mim.” E concebeu raiva contra o Bodhisatva !

Poucos dias depois, quando todos os quatro recuperaram suas forças e àgua baixou, a cobra deu adeus ao eremita com estas palavras, “Padre, prestaste-me um grande serviço. Não sou pobre, pois tenho quarenta ‘crores’ em ouro escondido num certo lugar. Se um dia quiseres dinheiro, todo meu tesouro é seu. Só precisas chegar no lugar e chamar ‘Cobra.’” Depois o rato deu adeus com uma promessa semelhante ao eremita do seu tesouro, pedindo o eremita para vir e chamar ‘Rato’. Depois o papagaio deu adeus, dizendo, “Padre, ouro e prata não tenho ; mas se algum dia quiseres arroz fino, venha aonde moro e chame ‘Papagaio’; e com ajuda de meus parentes te darei muitos carregamentos de arroz.” Por último veio o príncipe. O coração dele enchia-se de vil ingratidão e determinara-se a colocar seu benfeitor à morte, se o Bodhisatva viesse visitá-lo. Mas, escondendo seu intento, ele disse, “Venha, padre, a mim quando eu for rei, e lhe darei os Quatro Requisitos.” Assim falando, partiu, e não muito depois chegou ao trono.

Desejo veio ao Bodhisatva de colocar em teste as promessas, as profissões, deles ; e primeiro de todas foi até a cobra e parado em pé junto ao domicílio dela, chamou ‘Cobra.’ Com o chamado a cobra logo veio e com todo sinal de respeito disse, “Padre, neste lugar há quarenta ‘crores’ em ouro. Cave e pegue tudo.” “’Tá bem,” disse o Bodhisatva; “quando precisar deles, não esquecerei.” Então dando adeus à cobra, foi até aonde o rato vivia, e chamou ‘Rato’. E o rato fez como fez a cobra. Indo em seguida até o papagaio, chamou ‘Papagaio’, e o pássaro logo desceu do topo da árvore e respeitosamente perguntou se era desejo do Bodhisatva que com ajuda de seus parentes juntasse arroz para o Bodhisatva de ao redor dos Himālaias. O Bodhisatva despediu-se do papagaio também com a promessa de que, se necessitasse, não esqueceria a oferta do pássaro. Último de todos, pensando em testar o rei por sua vez, o Bodhisatva veio até o jardim real, e no dia seguinte ao de sua chegada fez seu caminho, cuidadosamente vestido, para dentro da cidade em coleta de oferta. Justo naquele momento, o rei ingrato, sentado em esplendor real no elefante de estado, passava em solene procissão ao redor da cidade seguido de vasto séquito. Vendo de longe o Bodhisatva, pensou consigo mesmo, “Aí está o eremita malandro que veio abrigar-se, e a seu apetite, comigo. Devo ter sua cabeça cortada antes que publique para o mundo o serviço que me prestou.” Com este intento, chamou os empregados, e, ao ser questionado sobre o quê queria, disse, “Me parece que aquele eremita malandro lá aqui está para me importunar. Veja para que o peste não se aproxime de mim, mas pegue-o e amarre-o; açoite-o em cada esquina; e depois levando-o para fora da cidade corte a cabeça dele no lugar de execução, e empale seu corpo numa estaca.”

Obedientes às ordens do rei, os empregados colocaram em cadeias o inocente Grande Ser e açoitaram-no em cada esquina no caminho para o lugar de execução. Mas todos os açoites falharam em mover o Bodhisatva ou em arrancar dele qualquer grito de “Oh, minha mãe e meu pai!” Tudo que fez foi repetir esta Estrofe:-

Conheciam o mundo, os que emolduraram de verdade este provérbio-
'Um tronco retribui melhor salvamento que algumas pessoas'.

Estas linhas ele repetia aonde quer que fosse açoitado, até que por fim um sábio entre os que estavam do lado, pergunta ao eremita que serviço ele prestou ao rei deles. O Bodhisatva então contou toda história, terminando com as palavras, - “Então veio acontecer que resgatando-o da correnteza trouxe sobre mim todo este dano. E quando medito comigo como deixei sem escutar estas palavras de sábio antigo, exclamo como escutastes.”

Cheios de indignação com o relato, os nobres e brahmins e todas as classes em concórdia gritaram, “Este rei ingrato não reconhece nem a bondade deste bom homem que salvou a vida de sua majestade. Como teremos qualquer ganho com este rei ? Prendam o tirano !” E na ira deles correram até o rei por todos os lados e o mataram lá e então, then and there, enquanto dirigia seu elefante, com flechas e lanças e pedras e porretes e qualquer arma que chegasse às mãos. O cadáver puxaram pelos calcanhares até uma fossa e lá jogaram. Então ungiram o Bodhisatva rei e o estabeleceram como legislador deles.

Enquanto regia retamente, um dia o desejo veio a ele de novo de testar a cobra, o rato e o papagaio; e seguido de largo séquito, veio até aonde a cobra morava. Ao chamado de ‘Cobra’, saiu a cobra fora de seu buraco e com todo sinal de respeito disse, “Aqui está, meu senhor, seu tesouro; leve-o.” O rei então entrega os quarenta ‘crores’ em ouro aos empregados, e segue para onde mora o rato, chamando, ‘Rato’. Saiu fora o rato, e saudando o rei, deu os trinta ‘crores’. Colocando este tesouro também nas mãos dos empregados, o rei foi para onde o papagaio morava, e chamou ‘Papagaio’. E da mesma maneira veio o pássaro, e inclinando-se aos pés do rei perguntou se devia coletar arroz para sua majestade. “Não te importunaremos,” disse o rei, “até o arroz ser necessário. Agora vamos.” Assim com os setenta ‘crores’ em ouro, com o rato, a cobra, e o papagaio também, o rei viajou de volta para a cidade. Aí, em um nobre palácio, em um andar, pavimento, do estado ao qual subiu, fez com que armazenassem e guardassem o tesouro ; fez um tubo dourado para a cobra morar, um escrínio, porta-jóias, de cristal para casa do rato, e uma gaiola de ouro para o papagaio. Todo dia também comida era trazida às ordens do rei em vasos dourados para as três criaturas, - milho doce tostado para o papagaio e a cobra, arroz cheiroso para o rato. E o rei abundou em boas obras e caridade. Assim em harmonia e boa-vontade um com o outro, estes quatro viveram suas vidas ; e quando o fim deles chegou, passaram sendo tratados de acordo com seus méritos.

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra tenta matar-me ; ele fez justo o mesmo antes também.” Sua lição terminada, ele mostrou aconexão e identificou o Jātaka dizendo, “Devadatra era o Rei Mau daqueles dias, Sāriputra a cobra, Moggallāna o rato, Ānanda o papagaio, e eu mesmo o Rei reto que ganhou um reino.”