sábado, 8 de março de 2008

70 Buddha Sábio da Pá



70A conquista...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o Ancião chamado Citrahattha – Sāriputra. É dito que ele era jovem de uma boa família de Sāvatthi ; e um dia, no seu caminho para casa vindo de arar, ele passou no mosteiro. Aí ele recebe da tigela de um certo Ancião um pouco de comida boa, rica e doce, que o fez pensar consigo mesmo, - “Dia e noite fico trabalhando com as mãos nas mais diversas tarefas, e nunca provei comida tão gostosa. Devo me tornar Irmão !” Então ele se uniu à Irmandade, mas após seis semanas de zelosa dedicação ao alto pensar, caiu sob domínio das Luxúrias e saiu fora. Seu estômago mostrando-o novamente que era muito, o fez voltar a se juntar à Irmandade, e estudar o Abhidharma ( n. do tr.: o terceiro e o último dos Pitakas, Tri Pitakas ). Desse jeito, seis vezes ele saiu e voltou novamente; mas quando pela sétima vez ele se tornou um Irmão, ele aprendeu todos os sete livros do Abhidharma, e cantando muito a Doutrina dos Irmãos, ganhou Discernimento e atingiu a Arahat(idade).

 Bem, seus amigos entre os Irmãos zombavam dele, dizendo,- “Pode, senhor, as Luxúrias cessarem de brotar dentro de teu coração ?” Senhores,” foi a resposta, “de agora em diante estou além da vida mundana.” Ele tendo assim ganho Arahat(idade), a conversa elevou-se no Salão da Verdade, como segue:- “Senhores, apesar de estar desde sempre destinado a todas as glórias da Arahat(idade), ainda assim seis vezes Citrahattha-Sāriputra renunciou à Irmandade ; verdadeiramente, o estado de inconverso é ruim.”

Retornando ao Salão, o Mestre perguntou sobre que falavam. Tendo escutado, ele disse, “Irmãos, o coração mundano é leve e difícil de curvar ; coisas materiais atraem-no e o seguram ; quando uma vez seguro assim, ele não pode ser liberto num instante. Excelente é a mestria num tal coração ; uma vez manejado, traz alegria e felicidade:-

É bom domar um coração teimoso e delicado,
Levado pela paixão. Uma vez domado, o coração carrega benção.

Foi pela razão desta teimosa qualidade do coração, contudo, que, por causa de uma boa pá que não conseguia ele mesmo jogar fora, que o sábio e bom de dias passados seis vezes reverteu para o mundo, para fora, por pura cobiça ; mas na sétima ocasião ele ganhou Insight e domou sua cupidez.” E assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida novamente como um jardineiro, e cresceu. ‘Sábio da Pá’ era seu nome. Com sua pá limpava um pedaço de terra, plantava, e fazia crescer ervas, curcubitáceas (abóbora, cabaça, etc), legumes, e outros vegetais, com a venda dos quais vivia vida contrita. Pois, a não ser sua pá, nada mais, no mundo tinha ! Resolvendo um dia largar o mundo pela vida religiosa, ele escondeu sua pá e tornou-se recluso. Mas o pensar em sua pá elevou-se em seu coração e a paixão da cobiça o dominou, de modo que por causa de sua cega pá reverteu ao mundo. Isto aconteceu de novo e de novo ; seis vezes ele escondeu a pá e tornou-se recluso,- só para novamente renunciar a seus votos. Mas na sétima vez ele se lembrou como a pá cega causou que errasse repetidas vezes ; e decidiu-se a atirá-la no grande rio antes de se tornar recluso novamente. Então levou a pá para a praia do rio, e, para que não visse onde iria cair, e voltasse para pescá-la fora novamente, ele girou a pá três vezes ao redor da cabeça pelo cabo e a lançou com a força de um elefante no meio da corrente, fechando os olhos bem enquanto isto fazia. Então, alto soou seu grito de exultação, um grito como rugido de leão, - “Conquistei ! Conquistei !”

Bem, justo naquele momento o Rei de Benares, no seu caminho para casa de apaziguar desordem na fronteira, banhara-se naquele mesmo rio, e dirigia em todo esplendor seu elefante, quando escutou o grito de triunfo do Bodhisatva. “Aí esta um homem,” disse o rei, “que está proclamando que conquistou. Cogito quem ele conquistou. Vão, tragam-no aqui.”

Assim o Bodhisatva foi trazido diante do rei, que disse a ele, “Meu bom homem, eu mesmo sou conquistador ; acabei de ganhar uma batalha e vitorioso volto para casa. Me diga a quem conquistaste.” “Senhor,” disse o Bodhisatva, “mil, sim, cem mil, de tais vitórias como a vossa são vãs, se não tens vitória sobre as Luxúrias dentro de ti. Foi conquistando a cobiça dentro de mim que conquistei minhas Luxúrias.” E enquanto falava, olhou o grande rio, e devidamente concentrando toda sua mente na ideia da água, ganhou Insight. Então pela virtude do seu novo poder transcendental agora ganho, elevou-se no ar, e, sentado lá, instruiu o Rei na Verdade com esta estrofe:-

A conquista que por vitórias posteriores
Deve ser sustenta, ou leva depois a derrota,
É vã ! Conquista verdadeira dura eternamente!

No momento mesmo que escutava a Verdade, luz brilhou na escuridão do rei, e as Luxúrias de seu coração foram apagadas ; o coração curvou-se para a renúncia ao mundo ; e lá e então a cobiça pelo poder real , saiu dele. “E para onde vais agora?” disse o rei ao Bodhisatva. “Para os Himālaias, senhor; para lá viver vida de anchorita (anacoreta).” Então, eu também me tornarei um anacoreta,” disse o rei ; e partiu junto com o Bodhisatva. E lá com o rei partiu junto todo o exército, todos os brahmins e donos de casa, e todo o povo comum, - em uma palavra, toda a hoste que lá se reunira.

Novidades chegaram em Benares de que seu rei, ao escutar a Verdade pregada pelo Sábio da Pá, ficou satisfeito de viver vida de anacoreta e seguiu com toda a hoste. “E o quê faremos aqui ?” gritou o povo de Benares. E daí, saíram da cidade, que media vinte quilômetros, todos os habitantes, um séqüito de vinte quilômetros, com quem o Bodhisatva seguiu para os Himālaias.

Então o trono de Sakra, Rei dos Devas, ficou quente debaixo ( n. do tr.: apenas os méritos de uma boa pessoa lutando contra a adversidade podem assim aparecer ao assento-misericordioso do Arcanjo ). Procurando, ele viu que o Sábio da Pá engajara-se na Grande Renúncia. Notando o tamanho do séqüito, Indra passou a pensar em como abrigar todos. E mandou chamar Viśvakarma, o arquiteto dos Devas, e falou assim:- “O Sábio da Pá está engajado na Grande Renúncia, e devemos encontrar abrigo para ele. Vá você aos Himālaias, e lá ao nível do chão modele com poder divino um abrigo de eremita cinqüenta quilômetros de comprimento e vinte de largura.” Será feito, senhor,” disse Viśvakarma. E saiu fora ; e fez o que foi ordenado.

(O que segue é apenas um sumário ; detalhes serão dados no Jātaka 509, que trata também da Grande Renúncia, e une-se a este.) Viśvakarma fez com que surgisse um eremitério nos domínios dos eremitas ; retirou todas as fadas, bestas barulhentas e pássaros ; e fez em cada ponto cardial um caminho largo justo para uma pessoa passar de cada vez. Isto feito retirou-se para seu próprio domicílio. O Sábio da Pá com sua hoste popular veio para os Himālaias e entrou nos domínios que Indra lhe deu  e tomou posse da casa e da mobília que Viśvakarma criou para os eremitas. Primeiro de tudo, ele mesmo renunciou ao mundo, e depois fez o povo renunciá-lo. Depois repartiu a propriedade entre eles. Abandonaram toda soberania, que rivalizava com a de Sakra mesmo ; e todos os trinta quilômetros da propriedade foram preenchidos. Com a realização devida de todos os outros ritos que conduzem ao Insight, o Sábio da Pá desenvolveu a perfeita boa vontade dentro de si, e ensinou o povo como meditar. Por meio do qual todos ganharam as Consecuções, e asseguraram sua entrada depois no Reino de Brahma, enquanto todos os que os ministravam qualificaram-se para entrar depois no Reino dos Devas.

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Assim, Irmãos,” disse o Mestre, “o coração, quando paixão segura ele, é difícil de soltar-se. Quando os atributos da cobiça brotam dentro dele, estes são difíceis de rechaçar, e mesmo pessoas sábias e boas como acima rende-se ignorantes.” Sua lição terminada, ele pregou as Verdades, ao final das quais alguns ganharam o Primeiro, outros o Segundo e alguns o Terceiro Caminho, enquanto outros ainda atingiram Arahat(idade). Depois o Mestre mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “Ānanda era o rei daqueles dias, os seguidores do Buddha eram os seguidores, e eu mesmo o Sábio da Pá.”




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