segunda-feira, 10 de março de 2008

71 Buddha Professor em Taxila



71Aprendas tu deste...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre o Ancião chamado Tissa filho do Escudeiro. Tradição diz que um dia trinta jovens nobres de Sāvatthi, amigos entre si, tomaram perfumes e flores e hábitos, e partiram em larga comitiva para Jetavana, para ouvir o Mestre pregar. Chegados em Jetavana, sentaram um pouco pelos vários recintos – no recinto de árvores Pau-ferro, no recinto de Salgueiros, e assim por diante,- até que à tardinha o Mestre passou do seu quarto perfumado de doces fragrâncias para o Salão da Verdade e sentou-se na linda cadeira-Buddha. Então, com seus seguidores, estes homens entraram na Salão da Verdade, fizeram ofertas de perfumes e flores, inclinaram-se até os pés dele – estes pés abençoados gloriosos como flores de lótus abertas, que traziam impressos na sola a Roda ! - e sentaram-se, escutando a Verdade. Então veio à mente deles, “Tomemos votos, já que entendemos a Verdade pregada pelo Mestre.” Conformemente, quando o Abençoado deixou o Salão, eles aproximaram-se dele e com a obediência devida pediram para serem admitidos à Irmandade. Ganhando o favor de seus professores e diretores foram plenamente recebidos na Irmandade, e depois de cinco anos de residência com professores e diretores, tempo em que aprenderam de cor(ação) as duas Sumas, o quê é próprio e impróprio, aprenderam os três modos de expressar gratidão e costuraram e tingiram hábitos. Nesta fase, desejosos de abraçar a vida ascética, obtiveram consentimento dos professores e diretores, e aproximaram-se do Mestre. Inclinando-se diante dele sentaram-se, dizendo, “Senhor, estamos confusos com a roda da existência, desanimados com o nascer, decair, adoecer e morrer; dê-nos um tema, em que pensando possamos livrar-nos dos elementos que causam a existência. O Mestre revirou na cabeça os trinta e oito temas de meditação, dentre estes selecionou um adequado, que expôs a eles. E então, após tomarem o tema com o Mestre, eles inclinaram-se e com uma despedida cerimoniosa passaram da presença dele para suas celas, e depois de encararem professores e diretores saíram com tigela e hábito para abraçarem a vida ascética.

Bem, entre eles havia um Irmão chamado Ancião Tissa filho do Escudeiro, homem fraco e irresoluto, indeciso, escravo dos prazeres do paladar. Pensou ele consigo mesmo, “Nunca serei capaz de viver na floresta, esforçar-me com esforço estrênuo, vigoroso, e subsistir com comida de oferta. Qual o bem da minha ida? Voltarei.” E então ele desistiu, e após acompanhar estes Irmãos um pouco no caminho, deu a volta. Quanto aos outros Irmãos, chegaram no curso da sua peregrinação em coleta através de Kosala, a uma certa vila na fronteira, do lado da qual em um lugar florestal passaram a estação das Chuvas, e em esforço e empenho durante três meses conseguiram o germe do Discernimento e ganharam Arahat(idade), o quê fez a terra gritar de alegria. No final da estação das Chuvas, após celebrar o festival Pavāranā, eles saíram então para anunciar ao Mestre as consecuções que ganharam , e, chegando no curso devido à Jetavana, deixaram as tigelas e hábitos, prestaram visita aos professores e diretores, e, ansiosos para verem o Abençoado , foram até ele e com obediência devida sentaram-se. O Mestre saudou-os gentilmente e eles anunciaram ao Abençoado as consecuções que ganharam , recebendo dele louvor. Escutando o Mestre falar em louvor deles, o Ancião Tissa filho do Escudeiro encheu-se de desejo de viver a vida de recluso ele também. Da mesma maneira, aqueles outros Irmãos pediram e receberam a permissão do Mestre para retornarem a residir naquele mesmo lugar na floresta. E com devida obediência eles foram pra suas celas.

Bem, Ancião Tissa filho do Escudeiro naquela noite mesma, inflado no desejo ardente de iniciar suas austeridades de uma vez, e enquanto praticando com zelo e ardor excessivo os métodos do recluso e dormindo em postura ereta ao lado de sua cama de tábua, logo após a vigília do meio da noite, virou e caiu, quebrando o fêmur ; e com as duras dores que seguiram, como os Irmãos tiveram que cuidar dele, foram impedidos de ir.

Assim, quando eles apareceram na hora para ver o Buddha, ele perguntou a eles, se não tinham pedido no dia anterior a licença para partir naquele dia.
Sim, senhor, pedimos; mas nosso amigo Ancião Tissa filho do Escudeiro, enquanto ensaiava os métodos de um recluso com muito vigor mas fora de hora, caiu e quebrou a coxa; daí porque nossa partida foi frustrada.” “Esta não é a primeira vez, Irmãos,” disse o Mestre, “que o erro deste homem levou-o a empenhar-se com zelo fora de hora, e daí atrasado a partida de vocês ; ele fez atrasar a partida no passado também.” E, em seguida, com o pedido deles, ele contou esta história do passado.

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Certa vez em Takkasilā ( Taxila ) no reino de Gandhāra o Bodhisatva era um professor famoso com 500 jovens brahmins de pupilos. Um dia estes pupilos saíram para a floresta para catar lenha para o mestre, e ocuparam-se em catar lenha. Entre eles havia um companheiro preguiçoso que aproximou-se de uma grande árvore da floresta, que ele imaginava estar seca e podre. Então com indulgência ele pensou que poderia tirar uma soneca primeiro, e ao fim subir na árvore quebrar uns galhos e levar para casa. Conformemente, ele esticou seu manto e dormiu em cima, roncando alto. Todos os outros jovens brahmins estavam já no caminho de casa quando, com suas lenhas amarradas em feixe, encontraram o dorminhoco. Chutando-o nas costas até acordar, deixaram-no e seguiram caminho. Ele se espreguiçou e se coçou por um tempo. Então, ainda meio sonolento, começou a subir na árvore. Mas um ramo que estava arrancando quebrou repentinamente; e enquanto saltava atingiu-o em um olho. Colocando uma das mãos no olho machucado, juntou lenha verde com a outra. Descendo então, amarrou seu feixe, e após correr para casa com ela, atirou a lenha verde no topo dos outros feixes.

Naquele dia mesmo aconteceu de uma família do campo convidar o mestre para visitá-la de manhã, de modo que podiam dar uma festa brahmin. E deste modo o mestre reuniu os pupilos, e, falando a eles da jornada que fariam à cidade de manhã, disse-lhes para não jejuar. “Façam um pouco de mingau de arroz de manhã cedo,” ele disse; “e comam-no antes de sair. Lá será dada comida a vocês e uma porção para mim. Trazeis para casa com vocês.”

Então acordaram cedo de manhã e levantaram uma empregada para ela fazer o café da manhã deles. E ela saiu para pegar lenha para o fogo. A lenha verde estava no topo da pilha, e ela com esta acendeu seu fogo. E ela soprava e soprava, mas não conseguia acender o fogo, e por fim o sol já nascera. “Já é dia claro agora,” eles disseram, “está tarde para partir.” E foram para o mestre.

O quê, ainda não foram, meus filhos?” disse ele. “Não, senhor ; não fomos.” “Por quê, prego?” “Porque tal preguiçoso, quando estávamos catando lenha, deitou para dormir debaixo de uma árvore na floresta ; e para disfarçar o tempo perdido, ele subiu na árvore com tal pressa que machucou o olho e acabou trazendo um lote de lenha verde, que jogou no topo da pilha de lenha nossa. Então, quando a empregada que ia cozinhar nosso mingau de arroz, foi até a pilha, pegou a lenha dele, pensando claro que estaria seca ; e não conseguiu acender fogo nenhum antes de nascer o sol. E foi isto que impediu nossa partida.”

Escutando o quê o jovem brahmin fez, o mestre exclamou que o quê fez um tolo, causou todo o dano, e repetiu esta estrofe:-

Aprendas tu deste que arrancou lenha verde,
Que tarefas adiadas produzem lágrimas no fim.

Tal foi o comentário do Bodhisatva sobre a matéria a seus pupilos ; e no fim de uma vida em caridade e outras boas obras ele passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Disse o Mestre, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que este homem frustrou a partida de vocês ; ele fez o mesmo no passado também.” Sua lição terminada, ele mostrou a conexão e identificou o Jātaka dizendo, “O Irmão que quebrou a coxa era o jovem brahmin daqueles dias que machucou o olho; os seguidores do Buddha eram o resto dos jovens brahmins; e eu mesmo era o brahmin mestre deles.”