segunda-feira, 27 de abril de 2009

279 Buddha bom ladrão



279
“Como o jovem no caminho...etc.”- Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre Panduka e Lohita. Entre os Seis Heréticos, dois – Metiya e Bhummaja – viviam próximos à Rajagaha ; dois, Assaji e Punabbasu, próximos à Kitagiri, e em Jetavana próximo à Savatthi os dois outros, Panduka e Lohita. Eles questionavam as matérias dispostas na doutrina ; quem quer que fossem seus íntimos e amigos, eles encorajavam dizendo, “Não és pior que estes, irmão, em nascimento, linhagem ou caráter ; se desistes de suas opiniões, eles levarão a melhor sobre você,” e dizendo este tipo de coisa eles os preveniam de deixar suas opiniões e assim polemizavam e levantavam querela e contenda. Os Irmãos contaram isto ao Abençoado. O Abençoado reuniu a Irmandade por causa disto e fez uma exposição ; e fazendo com que fossem chamados Panduka e Lohita, dirigiu-se a eles : “É verdade, Irmãos, que vocês realmente questionam certas matérias e previnem as pessoas de desistirem de suas opiniões ?” “Sim,” eles responderam. “Então,” disse ele, “o comportamento de vocês é como aquele do Homem e da Siriema;” e contou a eles um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma certa família na cidade de Kasi. Quando cresceu, ao invés de ganhar a vida arando ou comercializando, ele reuniu quinhentos ladrões e tornou-se chefe deles, e vivia de assaltos na auto-estrada e em residências. ( Bem, os Bodhisatvas, mesmo sendo grande seres, algumas vezes tomam os bens de outros nascendo como pessoas más ; isto dizem vem de uma falha no horóscopo - [ cf. IHS dizendo ao bom ladrão na Crux : "Ainda ho-je (sexta feira mesma portanto) estarás comigo no Pardes.” ] ).
Bem, aconteceu que um fazendeiro emprestara mil dinheiros a alguém e morreu antes de recebê-lo de volta. Algum tempo depois, sua esposa, que jazia em seu leito de morte, dirigiu-se assim ao filho,
“Filho, seu pai emprestou mil dinheiros a um homem e morreu antes de pegá-lo de volta ; eu morrendo também, ele não entregará a ti. Vá, enquanto vivo, faça-o buscá-lo e devolvê-lo a você.”
Assim o filho foi e apanhou o dinheiro.

A mãe morreu ; mas amava tanto seu filho, que ela de repente reapareceu ( n. do tr. : a palavra implica uma criatura não nascida do jeito natural mas tomando forma sem necessidade de progenitores ) como uma chacal fêmea na estrada pela qual ele vinha. Naquele momento, o ladrão chefe com seu bando, descansava na estrada a espera de viajantes para saquear. E quando o filho dela apareceu na entrada da floresta, o Chacal voltava constantemente buscando pará-lo , dizendo, “Meu filho, não entre na floresta ! Há ladrões lá que te matarão e tomarão teu dinheiro !”

Mas o jovem não entendeu o quê ela dizia. “Má sorte !” disse ele, “um chacal tentando me parar no caminho !” ; e a afugentou com pedaços de pau e torrões de terra e para dentro da floresta ele foi.

E uma garça, siriema, voava em direção aos ladrões, gritando - “Aí vai um homem com mil dinheiros nas mãos ! Matem-no e pegue-no !” O jovem não sabia o quê fazia, e então pensou, “Boa sorte ! Aí está um pássaro de bom agouro ! Agora há um bom presságio para mim !” Ele o saudou respeitosamente, gritando, “Solte a voz, solte a voz, meu senhor !”

O Bodhisatva, que conhecia o significado de todos os sons, observou estes dois e pensou : “Aquele chacal lá deve ser a mãe do jovem ; de modo que ela tenta pará-lo e dizer a ele que será morto e roubado ; mas a siriema deve ser algum adversário e daí porque diz 'Mate-o e peguem o dinheiro' e o jovem não sabe o que está acontecendo e afugenta a mãe que deseja o bem dele, enquanto a garça, que deseja seu mal, ele venera, na crença que seja um simpatizante. O jovem é um tolo.”

O jovem continuou e logo logo encontrou os ladrões. O Bodhisatva o pegou e disse, “Onde você mora ?” .
“Em Benares.”
“Onde estavas ?”
“Havia mil dinheiros devidos a mim em uma certa cidade ; e lá é que eu estava.”
“Você o apanhaste ?”
“Sim, apanhei.”
“Quem te enviou ?"
"Meu pai está morto e minha mãe está doente ; ela que me enviou, porque pensa que eu não conseguiria a devolução se ela estiver morta.”
“E você sabe o quê aconteceu com sua mãe agora ?”
“Não, mestre.”
“Ela morreu após você partir ; e ela tanto te amava que ela logo se tornou um chacal e tentava te parar temendo que fosses assassinado. Ela era aquela que afugentaste. Mas a garça era um inimigo, que veio e nos disse para te matar e tirarmos teu dinheiro. És tão tolo que pensastes que tua mãe era um inimigo enquanto ela desejava teu bem e pensaste que a garça era um simpatizante quando desejava teu mal. Ela não te fez bem nenhum mas tua mãe foi muito boa contigo. Guarde teu dinheiro e cai fora !” E o deixou ir.
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Quando o Mestre terminou este discurso, repetiu as seguintes estrofes :-

Como o garoto no caminho
Considerou o chacal da floresta
Como inimigo, seu caminho a interromper,
Enquanto na realidade ela tentava ajudá-lo :
Supondo a falsa garça verdadeira amiga
Mas que planejava sua ruína :

Tal este outro aqui,
Confundiu os amigos ;
Não ganha seus ouvidos
quem bem os aconselham.

Acreditam e louvam outros -
Profetizando terrores horríveis :
Como o garoto de dias antigos
Amava a garça acima no céu.

Quando o Mestre discursou neste tema, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o chefe ladrão era eu mesmo.”







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