segunda-feira, 6 de abril de 2009

266 Buddha Cavalo Sindh




266
“Aquele por cujo amor ...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um certo fazendeiro.

Em Savatthi, nos foi dito, uma linda mulher viu este homem, que também era lindo e caiu de paixão.

 A paixão dentro dela, era como fogo queimando através de todo o corpo. Ela perdeu os sensos, do corpo e da mente ; não queria mais comer ; ela jazia apenas, abraçando o estrado da cama.

Os amigos e as aias perguntaram o quê atormentava o coração dela posto que jazia abraçada ao estrado da cama ; eles desejavam saber qual era o problema. Nas primeiras vezes ela nada respondeu ; mas quando continuaram a pressioná-la, ela contou o quê era.

“Não se preocupe,” eles disseram, “nós traremos ele para você;” e foram conversar com o homem.

 No começo ele recusou mas como eles pediam muito, por fim ele consentiu. Conseguiram a promessa dele que viria em certa hora e em certo dia e contaram à mulher.

Ela preparou seu quarto, vestiu-se finamente e sentou na cama esperando até que ele viesse. Ele sentou do lado dela. Então um pensamento surgiu na mente dela. “Se eu aceitar os galanteios dele na primeira vez, me entregando fácil, meu orgulho será humilhado. Deixar ele fazer sua vontade logo no primeiro dia que vem, está fora de cogitação. Farei capricho ho-je e depois deixarei.” Então assim que ele tocou nela e começou a flertar, ela segurou as mãos dele e falou duramente, pedindo-o que fosse embora, já que ela não o queria. Ele recuou irado e saiu fora para casa.

Quando as mulheres descobriram o quê ela fizera e que o homem partira, censuraram-na. “Aí está você,” eles disseram, “apaixonada por alguém e prostrada recusando-se comer ; tivemos grande dificuldade em convencer o homem mas por fim o trouxemos ; e então você não tem nada para dizer a ele !” Ela disse porque fizera isto e elas saíram, avisando-a que deveria ter conversado.

O homem nunca mais nem mesmo olhou para ela novamente. Quando ela entendeu que o havia perdido, ela parou de comer e logo morreu. Quando o homem ouviu falar da morte dela, ele tomou uma quantidade de flores, essências e perfumes e foi para Jetavana, onde saudou o Mestre e sentou em um lado.

O Mestre perguntou a ele, “Como é isto, irmão leigo, que nunca mais te vimos aqui ?” Ele contou toda a história, adicionando que evitara vir até o Buddha todo este tempo por vergonha. Disse o Mestre, “Leigo, nesta ocasião a mulher mandou te chamar por paixão e depois nada tinha a ver contigo e te mandou embora enraivecido ; e justo o mesmo em dias idos, ela apaixonou-se por pessoas sábias, mandou chamá-las e quando elas vieram recusou-se a ter qualquer coisa com elas e assim praguejou contra e expulsou-as direto.” Então com o pedido dele, o Mestre contou um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um cavalo Sindh e o chamavam Rápido-como-Vento ; era o cavalo de cerimônia do rei. Os cavalariços costumavam levá-lo para banhar-se no Ganges. Lá certa mula o viu e se apaixonou. Tremendo de paixão, ela nem comia grama nem bebia água ; mas definhava  e ficou magra até não ser mais que pele e osso. Então um potro dela, vendo-a definhando, disse, “Por quê não comes grama nenhuma, mãe, e não bebes água ; e por quê definhas tremendo deitada aqui ou lá ? Qual é o problema ?” Ela não queria dizer ; mas depois dele ter perguntado várias vezes, ela contou qual era o problema. Então o potro a confortou dizendo, “Mãe, não te atormentes ; eu trarei ele para ti.”

Assim quando Rápido-como-Vento desceu para banhar-se, o potro disse aproximando-se dele,
“Senhor, minha mãe está apaixonada por ti : ela não se alimenta e está definhando até a morte. Dê vida a ela !”

“Bom, meu rapaz, irei,” disse o cavalo. “Quando meu banho está terminado, os cavalariços me deixam solto para exercitar na margem do rio. Tragas tua mãe para este lugar.”

Então o potro buscou a mãe e soltou ela no lugar combinado ; e ele escondeu-se perto.

O cavalariço deixou Rápido-como-Vento sair para uma corrida ; ele viu a mula e foi até ela.

Bem quando o cavalo aproximou-se e começou a cheirá-la, ela pensou consigo mesma, “Se me faço fácil e deixo ele fazer o quê quiser assim que chega, minha honra e orgulho vão terminar. Devo fazer como se não o desejasse.” Então deu um coice na mandíbula inferior dele e galopou para longe.

Quebrou a mandíbula dele e quase o matou. “O quê tenho a ver com ela ?” pensou Rápido-como-Vento ; ele sentiu vergonha e partiu.

Então a mula se arrependeu e prostrou-se triste. E seu filho o potro chegou e fez uma pergunta a ela nas seguintes linhas:

Aquele por cujo amor te tornaste magra e amarela,
Sem comer nem um pouco,
Aquele querido amado vem até você ;
Por quê fugistes ?

Escutando a voz de seu filho, a mula repetiu o segundo verso:

Se no primeiro momento, quando a seu lado
Ele permanece, sem atrasar
Uma mulher entrega-se, humilhada fica em todo seu orgulho:
Por isto, fugi.

Com estas palavras ela explicou a natureza feminina para o filho.
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O Mestre em sua perfeita sabedoria, repetiu a terceira estrofe :

Se ela recusa um pretendente nobre
Que a seu lado ficaria
Como Kundali afligiu-se com Rápido-como-Vento,
Ela se afligirá, por muitos longos dias.

Quando seu discurso estava terminado, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka :- na conclusão das Verdades, este fazendeiro entrou no Fruto do Primeiro Caminho :- “Esta mulher era a mula e eu era Rápido-como-Vento.”






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