quarta-feira, 22 de abril de 2009

277 Buddha Pombo (outro)



277
“Aqui nas montanhas...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no Bosque de Bambu, sobre uma tentativa de assassinato. As circunstâncias se explicam a si mesmas.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva tornou-se um Pombo com um grande bando de pombos que vivia na floresta numa gruta nas montanhas. Lá havia um asceta, homem virtuoso, que construíra para si uma cabana próxima à fronteira da vila, não distante do lugar onde os pombos estavam e lá numa caverna nas montanhas ele vivia. A ele o Bodhisatva visitava de tempos em tempos e escutava dele coisas valiosas de se ouvir.

Após lá viver um longo tempo, o asceta foi embora ; e lá chegou um asceta shamam e lá vivia. O Bodhisatva, acompanhado do seu bando de pombos, visitava-o e o saudava respeitosamente ; passavam o dia pulando de cá p'ra lá no domicílio do eremita e ciscando comida na frente da caverna e retornavam para casa à tarde. Lá o asceta shamam viveu por mais de cinqüenta anos.

Um dia os aldeões deram a ele um pouco de carne de pombo que haviam cozinhado. Ele gostou do sabor e perguntou o quê era. “Pombo,” eles disseram. Pensou ele, “Aqui vem bandos de pombos para meu eremitério ; devo matar alguns deles para comer.”

Então conseguiu arroz e ghee, leite e cominho e pimenta e aprontou tudo ; em um canto do seu manto, escondeu um porrete e sentou na porta da cabana, caverna, olhando, esperando, os pombos chegarem.

O Bodhisatva veio, com seu bando e espiou que coisa má este asceta shamam planejava. “Aquele asceta mau lá sentado está com falsas intenções ! Talvez tenha se alimentado com alguns de nossa espécie ; vou desmascará-lo !”

Então pousou a sotavento, na direção do vento e sentiu o cheiro dele. “Sim,” ele disse, “o sujeito quer nos matar e nos comer ; não devemos nos aproximar dele ;” e voou embora com seu bando. Vendo que se mantinham a distância, o eremita pensou, “Falarei palavras melíflua, farei amizade e então o matarei e comerei !” e pronunciou as duas primeiras estrofes :-

Aqui nas montanhas, por cinqüenta e um anos,
Ó ave de penas ! os pássaros me visitam
Nada suspeitando, sem temores,
Em segurança doce !

Estes filhos dos ovos agora vejo
Voam suspeitosos para outra montanha.
Esqueceram a velha estima ?
Os mesmos pássaros são ainda ?

O Bodhisatva então deu uma parada e repetiu a terceira :-

Não somos tolos e te conhecemos;
Somos os mesmos e você também :
Planejas contra nossa vida,
Assim, herético, este temor sentimos.

“Eles me descobriram !” pensou o falso asceta. Atirou seu porrete no pássaro mas errou o alvo. “Sai fora !” disse ele - “Te perdi !”

“ Nos perdeste,” disse o Bodhisatva, “mas não perderás os quatro ínferos ! Se permaneceres aqui, chamarei os aldeões e os farei te pegarem como ladrão. Sai fora, rápido !” Deste jeito ele ameaçava o homem e voou para longe. O eremita não pode viver lá mais.
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O Professor tendo terminado este discurso, identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era o asceta ; o primeira asceta, o asceta bom, era Sariputra ; e o chefe dos Pombos era eu mesmo.”







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