terça-feira, 7 de abril de 2009

267 Buddha Elefante




267
“Criatura de garras douradas...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre uma certa mulher.

Nos é dito que um certo fazendeiro de Savatthi, com sua esposa, estava numa jornada pelo campo com o propósito de recolher dívidas, quando caiu entre ladrões. Bem , a esposa era muito bonita e charmosa. O chefe ladrão foi tão tomado por ela que propôs matar o marido para pegá-la. Mas a mulher era boa e virtuosa, uma esposa devota. Ela cai aos pés do ladrão, gritando, “Meu senhor, se matares meu esposo por amor a mim me envenenarei, ou impeço a minha respiração, e me mato também ! Contigo eu não vou. Não mate meu esposo, desnecessariamente !” Deste jeito ela suplicava por ele.

Ambos voltaram a salvo para Savatthi. Então ocorreu a eles enquanto passavam pelo mosteiro em Jetavana, que deviam visitar e saudar o Mestre. Então para a cela perfumada se dirigiram e após saudação sentaram em um dos lados. O Mestre perguntou a eles onde estiveram. “Recolhíamos dívidas,” eles responderam. “A viagem de vocês transcorreu sem acidentes ?” perguntou ele em seguida. “Fomos capturados por ladrões no caminho,” disse o marido, “e o chefe queria me matar ; mas minha esposa aqui suplicou que me soltassem e devo a ela minha vida.” Então o Mestre disse, “Você não é o único, leigo, cuja vida ela salvou. Em dias idos ela salvou as vidas de outros sábios.” e então com o pedido dele o Mestre contou um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), havia um grande lago no Himalaia, em que habitava um grande Caranguejo dourado. O Caranguejo era bem grande, redondo do tamanho de um pátio, eira ; ele pegava elefantes e matava-os e comia-os ; e com medo dele os elefantes não ousavam descer e pastar no lago.

Bem o Bodhisatva foi concebido pela companheira de um elefante, o líder da horda, que vivia junto deste Lago do Caranguejo. A mãe, de modo a manter-se segura até o parto, buscou outro lugar na montanha e lá pariu um filho ; que no tempo devido cresceu em anos, em sabedoria, era forte e poderoso e prosperava : era como uma montanha púrpura, um colírio.

Ele escolheu outra aliá (elefanta) para sua companheira e resolveu pegar este Caranguejo. Então com sua companheira e sua mãe, ele buscou a horda de elefantes e encontrando seu pai, propôs-se a pegar o Caranguejo.

“Você não será capaz de fazer isto, meu filho,” disse ele.

Mas pediu novamente e insistentemente que o pai lhe desse licença, até que por fim este disse, “Bem, podes tentar.”

Assim o jovem Elefante reuniu todos os elefantes ao lado do Lago do Caranguejo e dirigiu-os a que cercassem o lago. “O Caranguejo pega quando descem, quando pastam ou quando sobem novamente ?” Eles responderam, “Quando as bestas estão retornando, subindo.”

“Bem, então,” disse ele, “vocês todos desçam ao lago e comam o que encontrarem e logo retornem ; seguirei bem atrás de vocês.” E assim eles fizeram. Então o Caranguejo, vendo o Bodhisatva por último, agarrou a pata dele bem apertado com a garra, como um ferreiro que segura um pedaço de ferro com um pesado par de alicates. A companheira do Bodhisatva não o deixou mas permaneceu lá junto dele. O Bodhisatva puxou o Caranguejo mas não conseguiu que ele soltasse. Então o Caranguejo puxou e o arrastou para junto dele. Com isto com medo da morte o Elefante urrou e berrou ; escutando isto, todos os outros elefantes, em terror de morte, fugiram barrindo e cagando.

Mesmo sua companheira não conseguiu ficar mas começou a sair. Então para dizer a ela como fora feito prisioneiro, ele pronunciou a primeira estrofe, na esperança de impedi-la que fugisse :

Criatura de garras douradas com olhos projetados,
Alimentada no lago alto, sem pêlos, vestida de óssea concha,
Ela me pegou ! ouça meus gritos de dor ! -
Companheira ! não me deixe - pois você me ama !

Então a aliá voltou e repetiu a segunda estrofe para conforto dele:

Deixá-lo ? nunca! nunca o deixarei -
Nobre esposo, com seus sessenta anos.
Os quatro cantos da terra mostram
Nunca houve antes ninguém tão querido quanto você.

Assim ela o encorajava ; e falando, “Nobre senhor, agora vou conversar com o Caranguejo um pouco para fazê-lo te soltar,” ela se dirigiu ao Caranguejo na terceira estrofe :

De todos os caranguejos que há no mar,
Esteja no Ganges ou no Nerbudda,
És o melhor e o chefe, eu sei :
Ouça-me - deixe meu esposo ir!

Enquanto ela assim falava, a fantasia do Caranguejo foi atingida com o som de voz feminina e esquecendo todo medo, ele soltou suas garras das patas do Elefante, sem suspeitar de nada que ele faria quando estivesse livre. O Elefante então levantou sua pata e pisou nas costas do Caranguejo ; e imediatamente os olhos deste pularam fora. O Elefante soltou o grito de vitória. Todos os outros elefantes logo correram de volta, puxando o Caranguejo, colocando-o no chão e esmigalhando-o aos pedaços com as patas. Suas duas garras quebradas e separadas do corpo, ficaram a parte. E estando este Lago do Caranguejo próximo ao Ganges, quando havia uma enchente no Ganges, ele ficava cheio de água do Ganges ; quando a cheia cedia, ela corria do lago para o Ganges. Deste modo as duas garras foram levantadas e levadas flutuando pelo Ganges. Uma delas alcançou o mar, a outra foi encontrada pelos dez irmãos reais enquanto brincavam n'água, que a pegaram e fizeram com ela um pequeno tambor chamado Anaka. Os Titãs aquela que alcançou o mar e a transformaram no tambor chamado Alambara. Estes depois tendo sido sobrepujados em batalha por Sakra, fugiram e o deixaram para trás. Sakra então fez com que fosse guardado para seu uso próprio ; e é dele que se diz, “Há trovão como nuvem de Alambara !”
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Quando este discurso estava terminado, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka : na conclusão das Verdades ambos marido e mulher atingiram o Fruto do Primeiro Caminho :- “Naqueles dias, esta irmã leiga era a aliá e eu mesmo era o companheiro dela.”








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