segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

245 Tempo tudo consome...etc.


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   ( Imagem d'árvore da jujuba, goma arábica, que na realidade é goma indiana )

245
Tempo tudo consome...etc.” - Esta é uma história contada pelo Mestre enquanto ele estava próximo a Ukkattha no Parque Subhagavana que se conecta com o Capítulo sobre a Sucessão das Causas.

Naquele tempo, é dito, quinhentos brahmins que dominavam os três Vedas, tendo abraçado a salvação, estudavam os Três Pitakas. Estes aprendidos, eles ficaram intoxicados de orgulho, pensando consigo mesmo - “O Supremo Buddha sabe apenas os Três Pitakas e nós o sabemos também. Então, qual é a diferença conosco ?” Eles interrompem suas visitas ao Buddha e seguem com séquito próprio.

Um dia o Mestre, quando estes homens estavam sentados diante dele, repetia o Capítulo sobre a Sucessão das Causas e o adornava com os Oito Estágios do Conhecimento. Eles não entenderam nem uma palavra. Veio o pensamento à mente deles - “Até agora acreditávamos que, comparando conosco, ninguém era tão inteligente e disto não entendemos nada. Ninguém é tão inteligente quanto os Buddhas : Ó, a excelência dos Buddhas !” Após isto tornaram-se mais humildes, tão mansos quanto serpentes com suas presas extraídas.

Quanto o Mestre já tinha permanecido tanto quanto queria em Ukkattha, ele partiu para Vesāli ; e no santuário de Gautama ele repetiu o Capítulo sobre Gautama. Houve um estrondo de mil mundos ! Escutando isto, estes Irmãos tornaram-se santos.

Contudo, após o Mestre terminar a fala do Capítulo sobre a Sucessão das Causas, durante sua visita a Ukkattha os Irmãos discutiram o acontecimento todo no Salão da Verdade. “Como é grande o poder dos Buddhas, amigo ! Pois, estes brahmins mendicantes, que estavam acostumados a estar bêbados de orgulho, tornaram-se humildes com a lição sobre a Sucessão das Causas !” O Mestre entrou e perguntou sobre o quê conversavam. Eles disseram. Ele falou, “Irmãos, esta não é a primeira vez que torno estes homens mais humildes, eles que estavam acostumados a manter suas cabeças altas de orgulho ; fiz o mesmo antes.” E então ele contou a eles um conto(a) de tempos antigos.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como um brahmin ; que quando cresceu e a dominou os Três Vedas, tornou-se um professor de larga fama e instruía quinhentos pupilos nos versos sacros. Estes quinhentos, tendo dado suas melhores energias para o trabalho e aperfeiçoado seu entendimento, disseram consigo mesmos, “Nós sabemos tanto quanto nosso professor : não há diferença.”

Assoberbados e teimosos, deixaram de vir para diante (da face) do professor deles e de fazer sua ronda de dever.

Um dia, eles viram o mestre deles sentado debaixo de uma árvore jujuba ; e desejando zombar dele, batiam com os dedos na árvore. “Uma árvore sem valor !” eles disseram.

O Bodhisatva observou que zombavam dele. “Meus pupilos,” ele disse, “vou fazer uma pergunta para vocês.”

Ficaram deliciados. “Fale”, eles disseram, “nós responderemos.”

O professor deles fez a questão repetindo a primeira estrofe :-

Tempo a tudo devora, até ao próprio tempo.
Quem devorará o quê a tudo devora ? - digam !

[N. do Tr.: Kalaghaso, 'o quê consome o tempo,' é aquele que, destruindo a sede por existência, vive assim como para não nascer novamente (explicação da Glosa).]

Os jovens escutaram o problema ; mas nenhum entre eles pôde respondê-lo. Então o Bodhisatva disse, “Não pensem que esta questão está nos Três Vedas. Vocês imaginam que sabem tudo que eu sei e daí agem como a árvore jujuba [N. do Tr.: O fruto da jujuba é frequentemente contrastado com o côco, como sendo apenas exteriormente agradável]. Vocês não sabem que sei um bocado que é desconhecido de vocês. Deixem-me agora : dou a vocês sete dias – pensem sobre esta questão por este tempo.”

Assim o saudaram e partiram, cada um para sua própria casa. Nelas por uma semana ponderaram, e ainda assim não deram conta do problema. No sétimo dia, foram ao professor e o saudaram, sentando.
Bem, vocês de fala auspiciosa, resolveram o problema ?”
Não, não resolvemos,” eles disseram.
Novamente o Bodhisatva falou censurando, pronunciando a segunda estrofe :-

Crescem cabeças em pescoços e cabelos nas cabeças crescerão :
Quantas cabeças têm ouvidos, gostaria de saber ?

Tolos, vocês são,” ele continuou, censurando os jovens : “vocês tem ouvidos com furos neles e não sabedoria;” e ele resolveu a questão. Eles escutaram. “Ah,” eles disseram, “grandes são nossos Professores !” e pediram perdão a ele e diminuindo oorgulho, permaneceram junto ao Bodhisatva.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo estes Irmãos eram os quinhentos pupilos ; e eu mesmo era o professor.”

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