quarta-feira, 23 de abril de 2008

94 Buddha e Sunakkhatta


94
Agora escorchado...etc.- Esta história o Mestre contou em Pātikārāma perto de Vesāli,sobre Sunakkhatta.

Naquele tempo Sunakkhatta sendo adepto do Mestre, estava viajando pelo país como Irmão com hábito e tigela, quando foi pervertido para os adeptos de Kora, o Kshatria. Assim retornando para o Buda Bendito seus hábitos e tigela e se reconvertendo para a vida leiga por razão de Kora, o Kshatria, quando este renasceu como filho do Asura Kālakañjaka. E ele foi pelos três muros de Vesāli difamando o Mestre afirmando que não havia nada sobrehumano no sábio Gautama, que não se distinguia das outras pessoas por pregar uma fé salvadora; que o sábio Gautama simplesmente elaborou um sistema resultante de seu próprio pensar e estudo individual; e que o ideal de consecução que prega sua doutrina, não leva a destruição do sofrer naqueles que o seguem (n. do tr.: Isto é uma citação do Majjhima Nikāya I, 68 ).

Bem o reverendo Sāriputra estava na sua ronda de ofertas quando escutou as blasfêmias de Sunakkhatta; no retorno de sua coleta relatou isto ao Abençoado. Disse o Mestre, “Sunakkhatta é uma pessoa de cabeça quente, Sāriputra, e fala palavras vãs. A irascibilidade dele o leva a falar assim e a negar a graça salvadora da minha doutrina. Inconscientemente, esta tola pessoa está me elogiando; digo inconscientemente pois ele não tem conhecimento nenhum da minha eficácia. Em mim, Sāriputra, mora os Seis Conhecimentos, e neles sou mais que humano; os Dez Poderes estão em mim, e as Quatro Bases da Confiança. Conheço os limites dos quatro tipos de existência terrena e os cinco estados de re-nascer possíveis após a morte terrena. Isto também é uma qualidade sobrehumana em mim; e quem quer que negue isto deve se retratar de suas palavras, mudar sua crença e renunciar sua heresia ou será lançado sem cerimônias nos ínferos.”

 Tendo assim glorificado a natureza e o poder sobrenatural que nele existiam, o Mestre continuou dizendo, “Sunakkhatta, escutei, Sāriputra, gosta da auto-mortificação desviante do ascetismo de Kora, o Kshatriya; e daí que ele não pode gostar de mim. Noventa e um aeons atrás ( n. do tr.: 91 x 25.920 anos que seria uma era, um éon, um grande-ano, um grau da precessão dos equinócios ) vivi a mais alta vida em suas quatro formas [ n. do tr.: os ashramas : estudioso, dono de casa, religioso, recluso – podemos relacionar respectivamente com as quatro castas a sudra sendo a primeira posto que é quando serve-se literalmente a um professor e aprende-se uma profissão, aqui nos Jātakas em Takkasilā / Taxila  ; a segunda quando se exerce esta profissão, a terceira quando se aposenta e a quarta a pós-aposentadoria cf. Santi Parva segunda parte seção CCXLII e segs, diálogo de Vyasa e Suka, pai e filho : “Os quatro modos de vida constituem uma escada ou lance de‘graus.” Mahabharata ], examinando aquele falso ascetismo para descobrir se a verdade habitava nele. Fui asceta, o chefe dos ascetas; magro e surrado eu fui, mais que todos; morava separado, e inigualável minha paixão por solidão.” Então, com o pedido do Ancião, ele contou esta história do passado.

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Certa vez, noventa e um aeons atrás, o Bodhisatva decidiu a examinar por dentro o falso ascetismo. Então tornou-se um recluso, de acordo com os Ascetas Nus (Ājivikas), - sem roupas e cobertos de cinzas, em ascetismo e solitude, fugia como cervo diante da face das pessoas ; sua comida era peixe pequeno, estrume de vaca e outros restos; e para que sua vigília não fosse perturbada, residia num terrível bosque na jângal. No inverno com neve, ele saía à noite da proteção do bosque para ar aberto, retornando, àurora, ao bosque de novo; e, molhava-se com a neve levada pela noite, e de dia encharcava-se com a garoa dos ramos dos bosque. Assim dia e noite do mesmo modo ele aguentava a extremidade do frio. No verão, morava de dia a ar aberto, e de noite na floresta – escorchado pelo sol brilhante de dia, e sem bafejos de brisas refrescantes à noite, corria suor dele. E lá apresentou-se a sua mente esta estrofe, que era nova e nunca fora pronunciada antes:-


Agora escorchado, depois congelado, só em florestas solitárias
Sem fogo do lado, mas aceso por dentro
Nus, os eremitas lutam pela Verdade.

Mas quando após uma vida em rigores deste ascetismo, a visão do inferno levantou-se diante do Bodhisatva enquanto jazia morrendo, ele entendeu o nada de todas aquelas suas austeridades, e naquele supremo momento saiu das suas ilusões, segurou firme a verdade real, e renasceu no Céu dos Devas.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “Eu era o asceta nu daqueles dias.”





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