quinta-feira, 10 de abril de 2008

87 Buddha Brahmin


87
Aquele que renuncia...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto no bosque de Bambu sobre um brahmin hábil em prognósticos a partir de peças de roupas. Tradição diz que em Rājagaha morava um brahmin supersticioso e que guardava falsas visões, não acreditando na Três Gemas. Este brahmin era muito rico e com posses abundantes; e uma camundonga roeu um traje das suas roupas, que estava guardado num baú. Um dia após banhar-se, ele pediu este traje, e então foi comunicado do dano que a camundonga fizera.

 “Se estas roupas ficarem aqui paradas em casa,” pensou ele consigo mesmo, “elas trarão má sorte ; uma coisa com tal mau agouro é certa de trazer maldição. Está fora de questão dá-la a qualquer dos meus filhos ou empregados ; pois quem quer que a vista trará azar ao redor. Devo jogá-la fora em um cemitério ; mas como? Não posso dá-la aos empregados ; pois eles podem cobiçá-la e guardá-la, o quê seria a ruína da minha casa. Meu filho deve levá-la.”

 Assim ele chamou seu filho e contando a ele toda a história, pediu que levasse pendurado por um pau, sem tocar as roupas com as mãos e as jogasse fora no cemitério. O filho depois devia se lavar todo e voltar. Bem naquela manhã, àurora, o Mestre olhava ao redor para ver que pessoa podia ser levada à verdade, e tornou-se cônscio que aquele pai e filho estavam predestinados a atingirem a salvação. Dirigiu-se então como um caçador em seu caminho para a caça, para o cemitério, e sentou-se na entrada, emitindo raios das seis cores que marcam um Buddhha. Logo chega ao lugar o jovem brahmin, cuidadosamente carregando as roupas como seu pai exigiu dele, na ponta de uma vara de madeira,- justo como se carregasse um ninho de cobra.

O quê estais fazendo, jovem brahmin?” perguntou o Mestre. Meu bom Gautama,” foi a resposta, “este traje de roupas, tendo sido roído por camundongas, é como má sorte personificada, e tão mortal quanto se estivesse embebido em veneno; daí, meu pai, temendo que algum empregado cobiçasse e retivesse as roupas, me enviou aqui com elas. Prometi que as jogaria fora e me lavaria depois; esta incumbência que me trouxe aqui.”

 “Jogue a roupa fora então,” disse o Mestre; e o jovem brahmin fez isto. “Elas vão me servir certinho,” disse o Mestre, enquanto pegava as roupas carregadas de fado diante dos olhos mesmos do jovem brahmin, desconsiderando os avisos deste último e as súplicas repetidas para não fazê-lo; e foi em direção ao bosque de Bambu.

O jovem brahmin corre a toda velocidade para casa para contar ao pai como o Sábio Gautama declarou que as roupas cabiam nele certinho, e persistiu, a despeito dos avisos em contrário, pegando e levando as roupas com ele para o bosque de Bambu. “Aquelas roupas,” pensou o brahmin consigo mesmo, “estão enfeitiçadas e amaldiçoadas. Mesmo o sábio Gautama não pode vesti-las sem que destruição caia sobre ele; e isto me trará má reputação. Darei ao Sábio abundância de outras roupas e farei com que ele jogue a veste fora.” Então com um largo número de vestes partiu em companhia de seu filho para o bosque de Bambu.

 Quando ele chegou no Mestre permaneceu respeitosamente em um dos lados e assim falou, - “É verdade, como escutei, que tu, meu bom Gautama, pegaste o traje de roupas no cemitério ?” “É verdade, brahmin.” “Meu bom Gautama, aquela roupa está amaldiçoada ; se fizeres uso dela, elas te destruirão. Se precisas de roupas, toma estas e jogue aquelas fora.”

 “Brahmin,” respondeu o Mestre, “em profissão aberta renunciei ao mundo, e estou contente com os trapos que descansam nos acostamentos de estradas ou em banheiros públicos, ou jogados fora no lixão ou em cemitérios. Enquanto você guarda superstições em dias idos como no presente tempo também.” Assim falando, com o pedido do brahmin, ele contou esta história do passado.

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Certa vez reinava na cidade de Rājagaha, no reino de Magadha, um reto Rei de Magadha. Naqueles dias o Bodhisatva veio à vida novamente como um brahmin do Nor-Oeste. 

Crescendo ele renuncia ao mundo pela vida de eremita, ganha os Conhecimentos e as Consecuções e vai morar nos Himālaias. Naquela ocasião, retornando dos Himālaias, e tomando residência no jardim do Rei, ele foi no segundo dia para a cidade em coleta de ofertas. Vendo-o, o Rei o chama para o palácio e lá provido de assento e comida, - exige dele a promessa de que vai morar no jardim. Então o Bodhisatva usava receber comida no palácio e morar no jardim.

Bem naqueles dias morava naquela cidade um brahmin conhecido como Áugure de roupas. E ele tinha em um baú um traje de roupas que fora roído por camundongas, e tudo acontece como na história anterior. E quando o filho estava no seu caminho para o cemitério o Bodhisatva chega lá primeiro e toma assento no portão; e, pegando a roupa que o jovem brahmin jogou fora, ele retorna para seu jardim. Quando o filho conta isto para o velho brahmin, este último exclama, “Será a morte do asceta do Rei ” ; e suplicou ao Bodhisatva que jogasse aquele traje fora, para que não morresse. Mas o asceta respondeu, “Bons o suficiente para nós são os trapos atirados nos cemitérios. Não cremos em superstições sobre sorte, que não são aprovadas por Buddhas, Pacceka Buddhas, ou Bodhisatvas ; e portanto nenhuma pessoa sábia deve ser crente em sorte.” Escutando a verdade assim exposta, o brahmin abandona seus erros e refugia-se no Bodhisatva. E o Bodhisatva, preservando seu Insight inquebrável, ganhou re-nascer depois no Reino de Brahma.

Tendo contado esta história, o Mestre, como Buddha, ensinou a Verdade ao brahmin nesta estrofe:-

Aquele que renuncia augúrios, sonhos e sinais,
Esta pessoa, dos erros da superstição, livre
Triunfará sobre as Depravações amontoadas
E sobre os Apegos até o fim dos tempos.

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Assim o Mestre então pregou sua doutrina ao brahmin na forma desta estrofe, e continuou pregando as Quatro Verdades, no final das quais aquele brahmin com seu filho, atingiu o Primeiro Caminho. O Mestre identificou o Jātaka dizendo, “O pai e o filho de ho-je foram o pai e o filho daqueles dias, e eu mesmo o asceta.”










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