terça-feira, 15 de abril de 2008

90 Anatha-pindika e um correspondente


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A pessoa ingrata...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana, sobre Anātha-pindika [ Alimentador do Povo, título dado a Sudattha ].

Na fronteira, assim conta a história, vivia um mercador, que era correspondente e amigo de Anātha-pindika mas eles nunca haviam se encontrado. Até que chegou um dia que este mercador carregou quinhentas carroças com a produção local e deu ordens aos homens encarregados de irem ao grande mercador Anātha-pindika e barganhar os produtos, nas lojas do correspondente, pelo valor deles e trazer os artigos recebidos em troca. Assim vieram a Sāvatthi, e encontraram Anāttha-pindika. Primeiro presenteando-o eles contaram seu negócio. “Vocês são bem-vindos,” disse o grande homem, e ordenou-lhes que lá se alojassem e até deu-lhes dinheiro para as necessidades. Após rapidamente perguntar sobre a saúde do mestre deles, barganhou as mercadorias para eles e deu-lhes produtos em troca . Então eles voltaram para seu próprio distrito, e relataram o que aconteceu.

Logo depois, Anāttha-pindika do mesmo modo despachou quinhentas carroças com mercadorias para o mesmo distrito em que eles moravam; e este pessoal, quando chegou lá, foi, de presente na mão, até o mercador da fronteira. “De onde vocês vêm?” perguntou ele. “De Sāvatthi,” eles responderam; “de seu correspondente, Anāttha-pindika.” “Ninguém pode se chamar Anāttha-pindika” [o título], disse ele com escárnio; e pegando o presente mandou-lhes embora, sem dar nem alojamento nem gentileza. Eles então barganharam eles mesmos seus produtos e trouxeram artigos para trocar em Sāvatthi, com a estória da recepção que tiveram.

Bem, o que acontece, é que este mercador da fronteira, despacha outra caravana de quinhentas carroças para Sāvatthi; e seu pessoal veio com presente nas mãos até Anāttha-pindika. Mas, logo que o pessoal de Anāttha-pindika os viu, disseram, “Oh, cuidaremos, senhor, que sejam propriamente alojados, alimentados e supridos de dinheiro para as necessidades.” E levando os estrangeiros até um determinado lugar disse-lhes para desatrelarem lá as carroças, num lugar adequado, adicionando que arroz e gentilezas viriam da casa de Anāttha-pindika. Ao redor da meia-noite, tendo juntado um bando de servos e escravos, pilharam toda a caravana, pegaram todas as roupas que os homens trouxeram, soltaram o gado, tiraram as rodas do carro, deixando só a carcaça. Sem nem mesmo uma camisa entre eles, os estrangeiros aterrorizados fugiram e tentaram alcançar suas casas na fronteira. Então o pessoal do Anāttha-pindika, contou para ele toda a história. “Esta história muito boa será meu presente para o Mestre ho-je”, ele disse; e saindo foi e a contou ao Mestre.

Esta não é a primeira vez, senhor,” disse o Mestre, “que este mercador da fronteira mostra esta disposição; ele foi justo o mesmo em dias idos.” Então, com o pedido de Anātha-pindika, ele contou o seguinte história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era um mercador muito rico nesta cidade. E ele tinha também um mercador correspondente na fronteira a quem nunca havia visto e tudo acontece como na história acima.

Escutando do seu pessoal o quê eles haviam feito, disse,
Este problema é resultado da ingratidão mostrada à gentileza que lhes foi prestada.” E continuou instruindo o povo aglomerado com esta estrofe:-

A pessoa ingrata à um gesto gentil
Não encontrará ajuda quando precisar.

Deste jeito ensinou o Bodhisatva a verdade nesta estrofe. Após a vida em caridade e obras boas, passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre identificou o Jātaka dizendo, “O mercador da fronteira de ho-je era o mercador da fronteira de dias idos; e eu era o mercador de Benares.”
Jātaka // 363.





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