segunda-feira, 14 de abril de 2008

89 Buddha e o ladrão


89
Como é plausível...etc.”- Esta história foi contada pelo Mestre enquanto em Jetavana sobre um ladrão. Os detalhes de seu roubo serão relatados no Uddāla jātaka, Jātaka 487.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares (Varanasi ), vivia bem do lado em uma certa vila pequena, um tratante astuto de um asceta, da classe dos que usam tranças longas. O escudeiro do lugar fez um eremitério ser construído para ele morar na floresta, e usava fornecer excelente comida em sua própria casa. Tomando o tratante de cabelos em tranças por modelo de virtude e, vivendo como ele vivia com medo dos ladrões, o escudeiro trouxe cem peças de ouro para o eremitério e lá as enterrou, pedindo ao asceta que as guardasse. “Sem necessidade de dizer tanto, senhor, para uma pessoa que renunciou ao mundo; nós eremitas nunca cobiçamos os bens de outras pessoas.” “Está bem, senhor,” disse o escudeiro, que partiu com inteira confiança nas declarações do outro. O asceta tratante pensou então consigo mesmo, “Há o suficiente aqui para manter uma pessoa por toda sua vida.” Deixando primeiro que alguns dias passassem, ele removeu o ouro e o enterrou no lado do caminho, retornando a viver como antes em seu eremitério. Dia seguinte, após uma refeição de arroz na casa do escudeiro, o asceta disse, “Já faz bastante tempo, senhor, desde que comecei a ser amparado por ti; e viver muito tempo em um lugar e como viver no mundo,- o quê é proibido por ascetas professos. Daí preciso necessariamente partir.” E apesar do escudeiro o pressioná-lo para ficar, nada pode vencer sua determinação.

Bem, então, se tem que ser assim, siga seu caminho, senhor,” disse o escudeiro; e escoltou o asceta até os arredores antes de deixá-lo. Depois de seguir um pouco o caminho o asceta pensou que seria bom engambelar o escudeiro; assim, colocando uma palha nas tranças do cabelo, retornou. “O quê o traz de volta ?” perguntou o escudeiro. “Uma palha de seu telhado, senhor, grudou no meu cabelo; e como nós eremitas não tomamos nada que não nos é concedido, trouxe-a de volta para ti.” “Jogue-a fora, senhor, e siga seu caminho,” disse o escudeiro, que pensou consigo mesmo “Pois, ele não toma nem mesmo uma palha que não lhe pertence. Que natureza sensível !” Altamente agraciado com o asceta, o escudeiro deu-lhe adeus.

Bem naqueles dias aconteceu do Bodhisatva, que estava no seu caminho para um distrito da fronteira com propósitos comerciais, tinha parado durante a noite naquela vila. Escutando o quê o asceta falou, suspeita levantou-se em sua mente que o asceta tratante devia ter roubado o escudeiro de algo; e perguntou a este último se tinha depositado qualquer coisa aos cuidados do asceta.

Sim, - cem moedas de ouro.”
Bem, vá e veja se está tudo a salvo.”

Seguiu o escudeiro para o eremitério, e procurando, descobriu que o dinheiro tinha ido. Correndo de volta para o Bodhisatva, ele gritou, “Não está lá.” “O ladrão não é outro do que o asceta tratante de tranças longas,” disse o Bodhisatva; “persigamos e prendamos a ele.”

 Assim correram em quente perseguição. Quando pegaram o tratante chutaram e socaram ele, até descobrirem aonde havia escondido o dinheiro. Quando procurava o ouro, o Bodhisatva, olhando para ele, zombando falou ao asceta, “Então cem moedas de ouro não pesam na sua consciência tanto quanto aquela palha !” E o censurou com esta estrofe:-

Como é plausível a história que contou o tratante !
Como é cuidadoso com a palha ! Como é descuidado com o ouro !

Depois que o Bodhisatva censurou o sujeito deste jeito, disse ainda, - “E agora, tome cuidado, hipócrita, para não aplicar de novo tal golpe.” Quando sua vida terminou, o Bodhisatva passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Sua lição terminada, o Mestre disse, “Assim vocês vêem, Irmãos, que este Irmão era tão ladrão no passado quanto ho-je.” E ele identificou o Jātaka dizendo, “Este Irmão ladrão era o asceta ladrão daqueles dias, e eu o sábio e bom homem.”










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