terça-feira, 21 de julho de 2009

( 524 Buddha Samkhapala Naga )




    ( Clique na imagem para vê-la ampliada, o Naga com a crista de nagas conversando com o asceta, em forma de cobra presa pelos humanos, resgatado por Alara e suas vacas, caminhando com Alara ao reino dos Nagas : história em quadrinhos de Ajanta, Índia ; reprodução de Monika Zin )

( 524 Samkhapala Jataka
“De bela presença...etc.” - Esta é uma história contada pelo Mestre enquanto residia em Jetavana com relação aos deveres dos dias santos. Bem, nesta ocasião o Mestre expressando aprovação a certo povo leigo que guardava dias santos, disse, “Sábios antigos, desistindo da grande glória do mundo Naga, guardavam dias santos,” e ao pedido deles, relatou uma história do passado.
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Certa vez um rei de Magadha legislava em Rajagaha. Neste tempo o Bodhisatva nasceu como filho da consorte principal deste rei e deram a ele o nome de Duyyodhana. Atingindo idade, adquiriu as artes liberais em Takkasila ( Taxila ) e voltou para casa para ver o pai. E seu pai o instalou como rei e adotou a vida religiosa fixando residência no parque. Três vezes ao dia o Bodhisatva vinha visitar seu pai que deste modo recebia grande honra e riquezas. Devido a este impedimento falhava em realizar mesmo os ritos preparatórios que levam a meditação mística e pensou, “Recebo grande honra e riquezas : enquanto viver aqui, será impossível para mim destruir esta luxúria minha. Sem dizer uma palavra sequer a meu filho, partirei para outro lugar.” Então sem falar com nenhuma criatura, ele deixou o parque e passou para além das fronteiras do reino de Magadha, construindo para si uma cabana de folhas no reino e Mahimsaka, próximo ao Monte Candaka, em uma curva do rio Kannapenna, onde ele nasce saindo do Lago Samkhapala. Lá fixou residência e realizando os ritos preparatórios, desenvolveu a faculdade da meditação mística e subsistia daquilo que conseguia catar. Um rei dos Nagas, de nome Samkhapala, saindo do rio Kannapenna em numerosa companhia de cobras, de tempos em tempos ia visitar o asceta e ele instruiu o rei Naga na Lei. Bem, o filho estava ansioso em ver seu pai e ignorando para onde ele fora, partiu a pé buscando-o e descobrindo que se encontrava em tal e tal lugar, para lá foi com um largo séquito para vê-lo. Estacionando a uma pequena distância, acompanhado de uns poucos cortesãos, partiu em direção ao eremitério. Neste momento Samkhapala com um largo séquito também, estava sentado escutando a Lei mas vendo o rei se aproximando, levantou-se e com uma saudação ao sábio, partiu. O rei saudou seu pai e após as cortesias usuais trocadas, perguntou, “Reverendo senhor, que rei é aquele que veio te ver ?” “Querido filho, ele é Samkhapala, o rei Naga.” O filho por causa da grande magnificência do rei Naga,concebeu desejo pelo mundo Naga. Ficando lá uns poucos dias, forneceu ao pai um suprimento constante de alimento e depois retornou para sua própria cidade. Lá fez erigir casas de ofertas nos quatro portões da cidade, e por suas ofertas fez agitar toda a Índia e aspirando ao mundo Naga, sempre manteve a lei moral e observava os dias santos e ao final de sua vida ele re-nasceu no mundo Naga como rei Samkhapala. No curso do tempo ele ficou enjoado desta magnificência e a partir de um dia, desejando nascer humano novamente passou a guardar dias santos mas residindo no mundo Naga, sua observância deles não tinha muito sucesso e deteriorava moralmente. A partir de um outro dia ele deixou o mundo Naga e não distante do rio Kannapenna, enrolou-se ao redor de um cupinzeiro entre a auto-estrada e um desvio, lá resolveu guardar o dia santo e manter em si a lei moral. E dizendo, “Que aqueles que querem minha pele ou querem minha pele e minha carne, deixe-os, digo, tomar tudo,” e assim sacrificando a si-mesmo a guisa de caridade, jazia no topo de um cupinzeiro e parando lá no décimo quarto e décimo quinto dia do meio do mês, no primeiro dia da outra quinzena, retornava ao mundo Naga. Então um dia quando lá estava deitado, tendo tomado para si a obrigação da lei moral, um grupo de dezesseis, 16, 2 x 8, pessoas, que viviam em uma vila vizinha, querendo comer carne, vagavam pela floresta com armas nas mãos e quando retornavam sem nada ter encontrado, viram-no deitado no cupinzeiro pensaram, “Ho-je não pegamos nem um lagarto pequeno, então mataremos e comeremos este rei-serpente,” mas temendo por causa do tamanho grande dele, que mesmo que o apanhassem, ele escaparia deles, pensaram que o furariam com estacas justo com lá estava enrolado e após assim o tornarem incapaz, realizar a captura. Então apanhando estacas nas mãos, aproximaram-se dele. E o Bodhisatva fez seu corpo ficar grande como uma canoa escavada em tronco e tinha aparência muito bonita, como uma grinalda de jasmim deitada ao chão, com os olhos semelhantes a fruta do arbusto guñjá e a cabeça como uma flor jayasumana (Pentapetes Phoenicea) e ao som dos passos destas dezesseis pessoas, retirando sua cabeça de dentro de seus rolos e abrindo os olhos ferozes, contemplo-os vindo com estacas nas mãos e pensou, “Ho-je meu desejo se realizará enquanto estou deitado aqui, serei firme em minha resolução e me entregarei a eles como um sacrifício e quando me atingirem com suas zagaias e me cobrirem com feridas, não abrirei meus olhos para olhá-los com raiva.” E concebendo esta firme resolução com temor de quebrar a lei moral, cobriu a cabeça para dentro da crista e ficou deitado. Então chegaram nele e o apanharam pela cauda e o arrastaram pelo chão. Novamente o segurando, feriram-no em oito lugares diferentes com estacas afiadas e inserindo varets de bambu preto, espinhos e o resto, em suas feridas abertas, assim prosseguiram em seu caminho, carregando-o com eles por meio de cordas nos oito diversos lugares. [ n. do tr.: aqui podemos imaginar aquela cobra de papelão / pano das festas chinesas em que justamente dois grupos de oito pessoas carregam. Festa de uma grande paixão então, paixão de Buddha mesmo ]. O Grande Ser desde o momento em que foi ferido pelas estacas nem mesmo abriu seus olhos nem olhou as pessoas com raiva mas enquanto era carregado por meio das oito estacas, sua cabeça caiu e bateu no chão. Vendo que sua cabeça caía, deitam-no na auto-estrada e furam suas narinas com uma estaca mais fina que mantinham sobre a cabeça e inserem uma corda e após amarrá-la na extremidade levantam sua cabeça e continuam seu caminho. Neste momento um proprietário chamado Alara, que morava na cidade de Mithila no reino de Videha, sentado numa carruagem confortável passava viajando com quinhentos vagões / carretos e vendo estas pessoas lascivas na estrada com o Bodhisatva, ofereceu a cada um dos dezesseis além de uma vaca, macheia de moedas, vestes interiores e exteriores e ornamentos para as esposas vestirem, e deste modo conseguiu deles que o libertassem. O Bodhisatva retornou ao palácio Naga e sem nenhuma demora, saiu com um grande séquito, aproximando-se de Alara e após cantar louvores sobre o palácio Naga levou-o com ele e retornou para lá. Então concedeu a ele grande honra junto com trezentas donzelas Naga e o satisfez com delícias celestes. Alara morou um ano todo no palácio Naga no gozo de prazeres celestiais e então ao rei Naga dizendo, “Meu amigo, desejo me tornar asceta,” e tomando para si todos os requisitos para a vida ascética, ele deixou a residência dos Nagas e foi para o Himalaia e tomando ordens morou lá por um longo tempo. Um dia saiu em peregrinação e veio até Benares onde se fixou no parque do rei. Dia seguinte entrou na cidade em coleta de ofertas e encaminhou-se para a porta da casa do rei. O rei de Benares vendo-o ficou tão encantado com seu porte que o chamou a sua presença, sentou-o num lugar especial designado para ele e o serviu com variadas comidas finas. Sentad então num lugar mais baixo o rei o saudou e conversando com ele pronunciou a primeira estrofe :- (que são os versos canônicos do Jataka 524 onde Alara lembra bem a casa do rei Naga.) )






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