quinta-feira, 9 de julho de 2009

rei Usinara, o pombo no colo e o gavião

Mahabharata
Vana Parva seção CXXXI – ( rishi Lomasa fala a Yudhisthira das fontes do Himalaia) -

Ó Príncipe, veja os santos rios Jala e Upajala, dos dois lados do Yamuna. Realizando sacrifício aqui, rei Usinara ultrapassou em grandeza Indra mesmo. E, Ó descendente de Bharata, desejoso de testar o mérito de Usinara e também em dar-lhe dons, Indra e agni manifestaram-se neste chão sacrifical. E Indra assumindo a forma de gavião e Agni a de um pombo, apresentaram-se ao rei. E o pombo temendo o gavião, caiu no colo do rei, buscando sua proteção.
O gavião disse, “Todos os reis da terra te apresentam como pio legislador. Por que, Ó príncipe, paraste para perpretares um ato não sancionado pela ordem ? Estou dolorosamente aflito de fome. Não retires de mim aquilo que me foi apontado pela Deidade como minha comida,- sob a impressão que deste modo serves ao interesse da virtude, quando na realidade, a abandonas (comentendo tu mesmo tal ato)”.
Com isto o rei disse, “Ó melhor do povo de pena, aflito com medo de ti, e desejoso de escapar das tuas mãos, este pássaro, todo pressa, veio a mim pedindo para viver. Quando este pombo de tal modo busca minha proteção, por quê não vês que o maior mérito é justo não entregá-lo a ti ? E está tremendo de medo, agitado, e tenta conseguir de mim sua vida. É portanto com certeza condenável abandoná-lo. Aquele que mata um Brahmana, aquele que mata uma vaca – a mãe comum de todos os mundos [ a sagrada vaca ] - e aquele que abandona alguém que busca sua proteção são igualmente pecadores.”
Por isto mesmo o gavião respondeu, “Ó senhor da terra, é do alimento que todos os seres derivam suas vidas e da comida também que se nutrem e sustêm. Uma pessoa pode viver muito mesmo após abandonar o quê lhe é mais caro mas não pode fazer isto, depois de abster-se de alimento. Sendo privada de comida, minha vida, Ó legislador de pessoas, certamente deixará este corpo e irá para regiões desconhecidas de tais problemas. Mas com minha morte, Ó pio rei, minha esposa e filhos certamente perecerão e protegendo este único pombo, Ó príncipe, deixas de proteger muitas vidas. A virtude que fica no caminho de outra virtude, certamente não é virtude alguma, mas na realidade é injustiça, erro. Mas Ó rei, cuja proeza consiste na verdade, a virtude merece este nome quando não está em conflito. Após instituir uma comparação entre virtudes opostas, e pesar seus méritos comparativamente, uma pessoa, Ó grande príncipe, deve esposar aquela que nada se opõe. Tu, portanto, Ó rei, assente uma balança entre as virtudes, adotando aquela que prepondera.”
Com isto o rei disse, “Ó melhor dos pássaros, como falas palavras carregadas de bem, suspeito que tu és Suparna, o rei dos pássaros. Não tenho a menor hesitação em declarar que tu és totalmente ciente dos caminhos da virtude. Já que falas maravilhas sobre virtude, penso que nada existe relacionado a ela ue desconheça. Como podes considerar abandonar alguém que busca ajuda, como virtude ? Teus esforços em questão, Ó viajante dos céus, estão em busca de comida Podes, contudo, apaziguar tua fome com outro tipo de alimento, mesmo maior. Posso voluntariamente conseguir para ti qualquer outro tipo de comida mais gostosa até, boi, porco, veado, búfalo.”
O gavião disse, “Ó grande rei, não desejo comer carne de porco, boi ou de outras bestas. Que que eu tenho a ver com outros tipos de comida ? Portanto, Ó touro entre os Kshatriyas, me dê este pombo, que o Céu ordenou hoje ser meu alimento. Ó legislador da terra, gaviões comer pombos é providência eterna. Ó príncipe, para te amparares não abrace uma bananeira da terra, sem saber da falta de força dela.”
O rei respondeu, “Viajante dos céus, estou disposto a te presentear com esta rica província da minha raça, ou qualquer outra coisa que te seja desejável. Com a única exceção deste pombo, que aprovimou-se de mim ansioso por proteção, contente te darei qualquer coisa que queiras. Deixe-me saber que devo fazer para livrar este pássaro. Ele contudo não te entregarei de jeito nenhum.”
O gavião disse, “Ó grande legislador de gente, se concebeste afeição pelo pombo, então corte uma porção da tua própria carne e a pese na balança, comparando com o pombo. E quando encontrares equilíbrio (no peso) com o pombo, então tu me a dês e ficarei satisfeito.”
O rei respondeu, “Este pedido teu, Ó gavião, considero um favor para mim, e portanto, te darei mesmo minha própria carne, após pesá-la na balança.”
Lomasa continuou. Dizendo isto, Ó poderoso filho de Kunti [mãe de Karna, Yudhisthira, Bhima, Arjuna, Nakula, Sahadeva, os 6, 5, irmãos Pandavas, filhos de Pandu, é dos deuses do Céu, personagens do Mahabharata] , o altamente virtuoso rei cortou fora uma porção da própria carne e a colocou na balança, comparando com o pombo. Mas quando descobriu que o pombo excedia sua carne em peso, ele cortou mais uma porção da sua carne, e somou à primeira. Quando porção atrás de porção foram repetidamente adicionadas ao peso em comparação com o pombo, e não havia mais carne deixada no corpo, ele subiu no prato da balança ele mesmo, já completamente destituído de carne.
O gavião então disse, “Sou Indra, Ó virtuoso rei, e este pombo é Agni, o transportador da manteiga clara sacrifical. Viemos a teu chão sacrifical, desejosos de testar teu mérito. Já que cortaste tua própria carne do corpo, tua glória será resplendente e ultrapassará a de todos os outros no mundo. Enquanto as pessoas falarem de ti, Ó rei, durará tua glória e habitarás as regiões santas.” Falando isto ao rei, Indra ascendeu aos céus. E o virtuoso rei Usinara, após preencher céu e terra com o mérito de seus atos pios, ascendeu ao céu em forma radiante. Contemple,Ó rei, a residência daquele monarca de coração nobre. Aqui, Ó rei, são vistos sábios santos e deuses juntos com Brahmanas de virtude e alma elevada.

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