segunda-feira, 6 de julho de 2009

322 Buddha Leão


322
“No lugar onde...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre quando morava em Jetavana sobre alguns heréticos. Este heréticos, dizem, em vários lugares perto de Jetavana faziam camas em espinhos sofrendo a quíntupla forma de penitência no fogo e praticando falso ascetismo de diferentes tipos. Bem, um número de Irmãos, depois da ronda por ofertas em Savatthi, no caminho de volta à Jetavana viram estes heréticos na execução de suas pretensas austeridades, e vieram e perguntaram ao Mestre, “Há, Senhor, alguma virtude nestes padres heterodoxos de assumirem tais práticas?” O Mestre disse, “Não há virtude, Irmãos, nem qualquer mérito especial. Quando elas são examinadas ou testadas, são como um caminho no estêrco ou como o barulho que a lebre escutou.” “Nós não sabemos, Senhor, que barulho foi este. Conte-nos, Reverendo Senhor.” Assim ao pedido deles ele contou uma lenda do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva veio à vida como um jovem leão. E quando crescido vivia na floresta. Neste tempo havia perto do Oceano Ocidental uma gruta de palmeiras com árvores vilva . Uma certa lebre vivia debaixo dos brotos de palmeira aos pés da árvore vilva. Um dia esta lebre depois de alimentar-se deitou para descansar debaixo da jovem palmeira. E um pensamento agarrou-se nela: “Se esta terra fosse destruída, que seria de mim?” E neste momento mesmo uma fruta vilva madura caiu numa folha de palmeira. Ao som dela, a lebre pensou: “Esta terra sólida está em colapso,” e começou a fugir, sem nem mesmo olhar para trás. Outra lebre a viu fugindo como se com medo da morte, e perguntou a causa do fugir em pânico. “Por favor não me pergunte,” ele disse. A outra lebre gritou e continuou perguntando e correndo atrás da primeira. Então a lebre parou um momento e sem olhar para trás disse, “A terra está rachando aqui.” E assim a outra lebre seguiu a primeira. E assim como a primeira outra lebre viu a corrida, e junta-se, até que cem mil lebres todas passam a fugir. Foram vistas por um cervo, um javali, um alce, um búfalo, um gnu, um rhinoceros, um tigre, um leão e um elefante. E quando perguntaram o que significava aquilo e a eles foi dito que a terra rachava, eles também passam a tomar parte na correria. Assim por graus extendia-se esta hoste dos animais em hum quilômetro e meio.
Quando o Bodhisatva viu a fuga precipitada dos animais, e escutou que a causa era que a terra estava chegando ao fim, ele pensou: “A terra não está acabando em lugar nenhum. Certamente isto é um som com ruído, mal entendido por eles. E se eu não fizer um grande esforço, eles todos morrerão. Salvarei a vida deles.” Assim com a velocidade de um leão chegou diante deles ao pé de uma montanha e rugiu como um leão três vezes. Ficaram aterrorizados com o rugido do leão, pararam a fuga e se amontoaram.O leão foi para o meio deles e perguntou por quê fugiam.
“A terra está em colapso,” responderam.
“Quem a viu em colapso ?” ele disse.
“Os elefantes sabem sobre isto,” responderam.
Ele perguntou aos elefantes. “Nós não sabemos,” disseram, “os leões sabem.”
Mas os leões disseram, “Não sabemos, os tigres sabem.” Os tigres disseram, “Os rinocerontes sabem.” Os rinocerontes disseram, “Os gnus sabem.” Os gnus disseram, “Os búfalos.” Os búfalos, “Os alces.” Os alces, “Os javalis.” Os javalis, “Os cervos.” Os cervos disseram, “Nós não sabemos, as lebres sabem.” Quando as lebres foram questionadas, indicaram uma lebre específica e disseram, “Esta nos disse.”
Então o Bodhisatva perguntou, “É vero, Senhor, que a terra colapsa ?”
“Sim, Senhor, eu vi,” disse a lebre.
“Onde,” ele perguntou, “moravas quando viste isto ?”
“Próximo ao oceano, Senhor, em um bosque de palmeiras misturado com árvores vilva. Pois enquanto descansava debaixo da sombra de um broto palmeira aos pés d'árvore vilva, pensei, 'Se a terra abrir-se, para onde irei ?' E naquele momento mesmo escutei o som da terra se abrindo e fugi.”
Pensou o leão : “Um fruto de vilva maduro evidentemente caiu em uma folha de palmeira e fez um 'estrondo', e esta lebre pulou concluindo que a terra se acabava e fugiu. Descobrirei a verdade exata sobre isto.” Então reuniu a horda de animais e disse, “Levarei a lebre e descobriremos precisamente se a terra esta solapando ou não, no lugar por ele indicado. Permaneçam aqui até qu'eu retorne.” Colocando então a lebre em suas costas, saiu correndo à velocidade de um leão, deixando ela no chão no bosque de palmeiras, disse, “Vamos, mostre-me o lugar que dizes.”
“Não ouso, meu senhor,” disse a lebre.
“Vamos, nada tema,” disse o leão.
A lebre, não se aventurando aproximar d'árvore vilva, ficou de longe e gritou, “Lá, Senhor, é o lugar do som terrível,” e assim falando, repetiu a primeira estrofe :-

No lugar qu’eu morava
Soou um estrondo terrível ;
O que foi não posso dizer,
Nem sua causa entender.

Após escutar o quê a lebre disse, o leão foi até o pé d'árvore vilva e viu o lugar em que a lebre descansara debaixo da sombra da palmeira e a fruta madura vilva que caíra, na folha da palmeira e cuidadosamente certificando-se que a terra não abrira, colocou a lebre em suas costas e na velocidade de um leão logo estava de volta à horda de animais.
Contou então toda a história e disse, “Nada temam.” E tendo assim tranquilizado a horda de bestas, todos partiram. Verdadeiramente, se não fosse o Buda naquele dia, todos os bichos teriam se jogado no mar e perecido. Devido ao Bodhisatva que todos não morreram.

Alarmada com o som do fruta que cai
Uma lebre certa vez correu,
Seguiram-na logo todos os bichos
Movidos pelo susto da lebre.

Não procuraram ver a cena,
Mas emprestaram ouvidos livremente
A vã fofoca, e claramente foram
Agitados pelo tolo temor.

Aqueles que o calmo prazer da Sabedoria
E da Virtude a elevação atingem
Apesar de atraído pelo mal exemplo
Tal temor pânico desdenham.

Estas três estrofes foram inspiradas pela Perfeita Sabedoria.
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O Mestre, tendo terminado sua lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo eu mesmo era o leão.”

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