quarta-feira, 8 de julho de 2009

323 Buddha Asceta


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323
Tal é a qualidade...etc.” - Esta história foi contada pelo Mestre enquanto residia no santuário de Aggalava próximo de Alavi, relativa as regulações a serem observadas na construção de celas.
A história introdutória já foi estabelecida no Jataka 253 e nesta ocasião o Mestre disse, “É vero Irmãos que vocês vivem aqui porque foram inoportunos em pedir e coletar ofertas ?” E quando responderam “Sim,” ele os reprovou e disse, “Sábios antigos, quando apresentaram suas escolhas ao rei, apesar de ansiarem em pedir um único par de sandálias, temendo fazer violência a sua natureza sensível e escrupulosa, não se aventuraram a dizer palavra na presença do povo, contudo falaram privadamente.” E assim contou a eles uma lenda do mundo antigo.

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Certa vez no reino de Kampillaka, quando um rei Pañcāla reinava numa cidade em Pañcāla do Norte, o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin, em uma certa cidade mercantil. E quando cresceu adquiriu os conhecimentos das artes em Takkasilā (Taxila). Após o quê tomando as ordens como asceta e morando no Himalaia, viveu por um longo tempo catando – alimentando-se de frutas e raízes. E vagando pelas zonas humanas procurando sal e vinagre, chegou numa cidade em Pañcāla do Norte e protegeu-se no jardim do rei. No dia seguinte entrando na cidade para colher ofertas, aproxima-se do portão do palácio. Ao rei agradou tanto sua postura e comportamento, que o sentou no sofá e o alimentou com comida de rei. E o ligou por uma solene promessa, designando sua morada no jardim.
Ele vivia constantemente na casa do rei e no final da estação chuvosa, estando ansioso para retornar ao Himalaia, pensou, “S’eu for fazer esta viagem, vou precisar de um par de sandálias (de sola simples) e um parassol de folhas. Vou pedir ao rei.” Um dia ele veio ao jardim e encontrando o rei sentado lá, o saudou e resolveu que lhe pediria a sandália e o parassol. Mas seu segundo pensamento foi: “Uma pessoa que pede algo a outra, dizendo,’Dê-me isto e isto’, deve estar apta a chorar. E a outra pessoa também quando recusa, dizendo,’ Não tenho isto,’ por sua vez também chora.” E para que as pessoas não vissem ele ou o rei chorando, pensou, “Ambos choraremos em algum lugar secreto.” Assim ele disse: “Grande Rei, estou ansioso em falar contigo em particular.” Os empregados ouvindo isto, saíram. Pensou o Bodhisatva, “Se o rei recusar meu pedido, terá terminado nossa amizade. Então não pedirei nada a ele.” Naquele dia, não aventurando-se a mencionar o assunto, ele disse, “Deixa Grande Rei, depois vemos isto.” Noutro dia o rei chegando no jardim, fazendo como antes, não pode fazer seu pedido. E assim 12 anos se passaram.
Então o rei pensou, “Este padre disse, ‘Quero falar em particular,’ e quando os cortesãos saíram, não teve coragem de falar. E enquanto anela isto, doze anos passaram-se. Após viver uma vida religiosa tão longa,suspeito, que esteja sentindo falta do mundo. Está sedento de prazeres e anela a soberania. Mas sendo incapaz de falar a palavra ‘reino’, ele se mantém em silêncio. Hoje contudo lhe oferecerei o que desejar, do reino para baixo.” E assim foi ao jardim e sentou-se e falou com ele. O Bodhisatva pede para falar em particular, e quando os empregados saem, não consegue pronunciar uma palavra. O rei disse: ‘Por 12 anos você me pede para falar em particular, e quando tem a oportunidade não é capaz de pronunciar uma palavra. Ofereço-te tudo, começando pelo reino. Não tenha medo, peça o que lhe agrada.”
Grande Rei,” ele disse, “me dará o que quero ?”
Sim, Senhor Reverendo, darei.”
Grande Rei, quando eu for na minha viagem vou precisar de um par de sandálias e um parassol de folhas.”
Você não foi capaz, Senhor, por durante 12 anos, de me pedir uma bagatela desta ?”
Foi isto, Grande Rei.”
Por que agiu assim ?”
Grande Rei, a pessoa que diz ‘Dê-me isto e isto’, lança lágrimas, e a pessoa que recusa e diz ‘Não tenho’, por sua vez também chora. Se, quando pedisse, o senhor recusasse, temia que o povo nos visse vertendo lágrimas. Daí o pedido de falar privadamente.” Então repetiu as três estrofes :-

Tal é qualidade do pedir, Ó Rei,
Trazer um rico dom ou uma recusa.

Quem pede, senhor de Pañcāla, resigna-se a chorar,
Aqueles que recusam aptos estão a chorar também.

Para que as pessoas não nos vejam vertendo lágrimas vãs,
Meu pedido secretamente sussuro no teu ouvido.

O rei encantado com a marca de respeito por parte do Bodhisatva, garantiu os dons e falou a quarta estrofe:

Brahmin, ofereço-te mil cabeças de gado
Gado vermelho, acrescentando o líder da manada ;
Ouvindo agora suas generosas palavras,
Também sou movido a gestos generosos.

Mas o Bodhisatva disse: “Senhor, não desejo prazeres materiais. Dê-me só o que pedi.” E ele tomou o par de sandálias e o parassol de folhas, exortando o rei a zelar pela religião, manter a lei moral e observar os dias de jejum. E apesar do rei pedir para que ficasse, ele saiu para os Himalaias, onde desenvolveu as Faculdades e Consecuções, e foi destinado a nascer no mundo de Brahma.

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O Mestre tendo terminado sua lição, identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o rei e eu mesmo o asceta.”

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