terça-feira, 31 de março de 2009
264 Ancião Bhaddaji
264
“Foi rei Panāda...etc.” - Esta história o Mestre contou quando residindo na margem do Ganges sobre o poder milagroso do Ancião Bhaddaji.
Certa ocasião quando o Mestre passava a estação das chuvas em Savatthi, ele pensou em mostrar gentileza a um jovem nobre chamado Bhaddji. Então com todos os Irmãos que estavam com ele, foi para a cidade de Bhaddiya e permaneceu três meses no Bosque Jatiya, esperando até que o jovem estivesse maduro e perfeito em seu conhecimento. Bem, o jovem Bhaddaji era uma pessoa grandiosa, filho único de um rico mercador em Bhaddiya, com uma fortuna de oitocentos milhões. Tinha três casas para as três estações e em cada uma ficava quatro meses ; e após este período em uma delas, costumava migrar com os amigos e parentes para outra em grande pompa. Nestas ocasiões toda a cidade ficava alvoroçada para ver a magnificência do jovem ; e entre estas casas costumava erigir assentos em círculos atrás de círculos e fileiras atrás de fileiras.
Quando o Mestre ficou lá três meses, ele informou o povo da cidade que tinha intenção de partir.
Suplicando a ele que ficasse até de manhã, o povo da cidade no dia seguinte coletou ofertas magníficas para o Buddha e seus Irmãos atendentes ; e levantaram um pavilhão no meio da cidade, decorando-o e dispondo lugares ; então anunciaram que a hora chegara. O Mestre com sua companhia foram e sentaram-se. Todos ofertaram generosamente a eles. Após o término da refeição, o Mestre em voz melíflua retribuiu agradecendo-os.
Neste momento, o jovem Bhaddaji passava de uma de suas residências para outra. Mas naquele dia nenhum' alma foi ver o esplendor dele ; só seu próprio povo estava ao redor. Então ele perguntou o quê acontecia. Normalmente a cidade toda fica alvoroçada para vê-lo passar de uma casa para outra ; círculos e círculos e fileiras e fileiras os assentos foram eretos ; mas justo agora ninguém a não ser seu séquito ! Qual seria a razão ?
A resposta foi, “Meu senhor, o Supremo Buddha está morando aqui próximo da cidade há três meses, e hoje ele parte. Ele acabou justo agora a refeição e está fazendo um discurso. Toda a cidade escuta as palavras dele “.
“Oh, muito bom, vamos escutá-lo também,” disse o jovem. Então, brilhante de ornamentos, com sua multidão de seguidores ao redor, ele foi e permaneceu na beira da multidão ; enquanto escutava o discurso, ele jogou fora todos os pecados e atingiu alta fruição e santidade.
O Mestre, dirigindo-se ao mercador de Bhaddiya, disse, “Senhor, seu filho, com todo seu esplendor, enquanto escutava meu discurso tornou-se um santo ; ainda este dia mesmo ele deve ou abraçar a vida religiosa ou entrar no Nirvana.”
“Senhor,” ele respondeu, “Não desejo que meu filho entre no Nirvana. Admita-o na ordem religiosa ; isto feito, venha com ele à minha casa a-manhã.”
O Abençoado aceitou este convite ; ele levou o jovem nobre ao mosteiro, admitiu-o na irmandade e depois nas ordens menores e maiores. Por uma semana os pais do jovem mostraram generosa hospitalidade para com ele.
Após permanecer mais estes sete dias, o Mestre seguiu em coleta de oferta, levando o jovem com ele e chegaram na cidade chamada Koti. Os cidadãos de Koti fizeram ofertas ricas para o Buddha e seus seguidores. No final desta refeição, o Mestre passou a expressar sua gratidão. Enquanto isto estava sendo feito, o jovem nobre saiu da cidade e numa praia de atracação do Ganges sentou debaixo de uma árvore , e mergulhou em transe, pensando que se levantaria assim que o Mestre chegasse.
Quando os Anciãos de idade mais avançada se aproximaram, ele não se levantou mas levantou-se assim que o Mestre chegou. O povo não converso ficou irado por ele ter se comportado como se fosse um Irmão antigo , não se levantando quando viu os Irmãos mais velhos se aproximarem.
Os cidadãos construíram balsas. Isto feito, o Mestre perguntou onde estava Bhaddaji. “Lá está ele, Senhor.” “Venha Bhaddaji, suba a bordo da minha balsa.” O Ancião subiu e o seguiu na balsa dele. Quando estavam no meio do rio, o Mestre perguntou a ele.
“Bhaddaji, onde está o palácio em que você viveu quando o Grande Panada reinava ?” “Aqui debaixo d'água,” foi a resposta. Os inconversos disseram um para outro, “Ancião Bhaddaji está mostrando que é santo !” Então o Mestre pediu a ele que dispersasse a dúvida dos estudantes seguidores.
Num momento, o Ancião, com uma inclinação para o Mestre, movido por seu misterioso poder, tomou o pico ( a viga central ) todo do palácio em seu dedo e o levantou no ar carregando o palácio consigo ( ele preenchia um espaço de vinte e cinco léguas ) ; fez então um buraco nele e mostrou-se para os presentes habitantes do palácio debaixo, e sacudiu para fora a construção acima d'água primeira uma légua, depois duas e três. Então aqueles que tinha sido seu povo na existência anterior, que agora tornaram-se peixes e tartarugas, cobras d'água e sapos, porque amavam o palácio muito, e vieram a viver no mesmo lugar , contorceram-se para fora dele quando se levantava e tombaram e tombaram novamente n'água. Quando o Mestre viu isto, ele disse, “Bhaddaji, seu povo está com problemas.” Com estas palavras do seu Mestre, o Ancião soltou o palácio e ele afundou no mesmo lugar em que estava antes.
O Mestre passou para o outro lado do Ganges. Prepararam então um lugar para ele sentar justo na margem do rio. No assento preparado para o Buddha, ele sentou, como o sol recém chegado derramando seus raios. Então os Irmãos perguntaram a ele quando foi que Ancião Bhaddaji viveu naquele palácio. O Mestre respondeu, “Nos dias do rei Grande Panada,” e prosseguiu contando a eles um conto do mundo antigo.
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Certa vez, um certo Suruci foi rei de Mithila, que é uma cidade no reino de Videha. Ele tinha um filho, chamado Suruci também, e este do mesmo modo tinha um filho, o Grande Panada. Eles obtiveram a posse daquela mansão. Eles a obtiveram por um ato feito em existências anteriores. Um pai e um filho fizeram um cabana de folhas com cana-da-índia e ramos de figueira, como moradia para Paccekabuddha. [ é o Jataka 489 onde explica que o palácio foi prêmio porque fizeram as casa de palha para os Buddhas]
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O resto da história será contada no Jataka 489.
O Mestre, tendo terminado de contar esta história, em sua perfeita sabedoria pronunciou estas estrofes seguintes:-
Era rei Panada que tinha este palácio,
alto mil tiros de arco, e largo dezesseis mil
Alto mil tiros de arco, vestido de bandeiras;
Mil andares, todos de esmeraldas verde.
Dezesseis mil pessoas em música de um lado e de outro
Em sete companhias dançando junto:
Como Bhaddaji disse, aconteceu:
Eu, Sakka, era seu servo, à disposição.
Naquele momento o povo inconverso resolveu suas dúvidas.
Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka:- “Bhaddaji era o Grande Panada e eu era Sakra.”
Jataka 489
https://vidasdebuddha.blogspot.com.br/2015/06/489-buddha-e-visakha.html
segunda-feira, 30 de março de 2009
263 A cabana no Ganges
263
“Não pelos mares...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana também sobre um Irmão relapso. O Mestre fez com que o trouxessem para o Salão da Verdade e perguntou se era vero que caíra. Sim, disse ele, era. “Mulheres,” disse o Mestre, “em dias idos fizeram mesmo as almas crentes pecar.” Então contou uma história.
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Certa vez Brahmadatra, o rei de Benares ( Varanasi ), estava sem filhos. Ele disse a sua rainha, “Façamos oração por um filho.” Eles ofereceram preces. Após muito tempo, o Bodhisatva desceu do mundo de Brahma e foi concebido por sua rainha. Assim que ele nasceu, foi banhado e dado a uma babá para que mamasse. Logo que apanhou o seio, berrou. Foi dado a outra ; contudo enquanto uma mulher o segurasse, não se aquietava. Então foi entregue a um empregado masculino [ um babu ] ; e assim que o homem o segurou ele se aquietou. Após isto os homens passaram a cuidar dele. Na hora de mamar ou sugavam o leite para ele ou davam o seio por traz de uma cortina. Mesmo quando cresceu, não podiam mostrar mulher para ele. O rei providenciou que se fizesse um lugar separado para ficar e um quarto separado para meditação, tudo para ele mesmo.
Quando o rapaz completou dezesseis anos, o rei pensou consigo mesmo. “Outro filho eu não tenho, e este não se diverte com prazeres. Ele nem mesmo deseja reinar. Qual o bem de um tal filho ?”
Havia uma certa garota dançarina, inteligente no cantar, no dançar e em música, jovem, capaz de ganhar ascendência sobre qualquer homem com que cruzasse. Ela se aproximou do rei e perguntou a ele sobre o que pensava ; o rei disse a ela o que pensava.
“Deixa estar, meu senhor,” disse ela : “vou seduzi-lo, farei com que ele me ame.”
“Bem, se conseguires seduzir meu filho que nunca teve qualquer negócio com mulher nenhuma, ele será rei e você será a rainha dele !”
“Deixe ele comigo, meu senhor,” disse ela ; “e não fique ansioso.” Então ela veio para o pessoal da guarda e disse, “Aurora do dia irei ao lugar de descanso do príncipe e do lado de fora do quarto em que ele medita separado, vou cantar. Se ele ficar irado, vocês devem me dizer e então irei embora ; mas se ele escutar, me elogiem.” Isto eles concordaram em fazer.
Assim de manhã ela se posicionou naquele lugar e cantou com voz melodiosa, de modo que a letra era tão doce quanto a melodia e a melodia quanto a letra. O príncipe ficou escutando. Dia seguinte, ele ordenou que ela permanecesse perto e cantasse. E no outro dia que ela ficasse dentro do quarto e no seguinte diante dele mesmo ; e assim aos poucos o desejo surgiu dentro dele ; ele seguiu os caminhos do mundo e conheceu alegria do amor. “Não deixarei que outro tenha esta mulher,” ele decidiu ; e pegando a espada, saiu atacando furiosamente pelas ruas, caçando as pessoas. O rei fez com que o capturassem e o baniu da cidade junto com a garota.
Juntos viajaram para a floresta, descendo o Ganges. Lá, com o rio de um lado e o mar do outro, construíram um cabana e viveram. Ela sentava-se dentro de casa e cozinhava as raízes e bulbos ; o Bodhisatva trazia frutos selvagens da floresta.
Um dia, quando ele estava fora buscando frutos, um eremita de uma ilha no mar, que fazia sua ronda para conseguir comida, viu fumaça enquanto passava através dos ares e pousou do lado desta cabana.
“Sente-se até que esteja cozido,” disse a mulher ; então seus charmes femininos seduziram a alma dele e fez com que caísse do transe místico, causando uma impureza em sua pureza. E ele, como um corvo com asa quebrada, incapaz de deixá-la, ficou sentado lá o dia inteiro até que viu o Bodhisatva chegando e então correu rapidamente em direção ao mar. “Este deve ser um inimigo,” ele pensou e pegando a espada partiu para caçá-lo. Mas o asceta, fazendo como se fosse elevar-se nos ares, caiu no mar. Então o Bodhisatva pensou,
“Este homem aí sem dúvida é um asceta que chegou aqui através dos ares ; e agora que seu transe está quebrado, cai no mar. Devo ir e ajudá-lo.” E permanecendo na margem pronunciou estes versos:-
Não pelo mar mas com seu poder mágico,
Viajastes para cá mais cedo ;
Agora pela má companhia das mulheres
Afundas no meio do mar.
Cheias de sedução, toda enganos,
Tentam ao coração mais puro até sua queda.
Caem e afundam : homens devem fugir para longe
De mulheres, quando sabem de que tipo são.
A quem servem por desejo ou ouro,
Queimam como fogo no combustível.
[ A Glosa acrescenta as seguintes linhas:
Alucinação, tristeza, e doença,
Miragem, sofrimento (e sólidos laços são estes),
Armadilha de morte, profundamente assenta na mente -
Quem acredita nestas é o pior de sua espécie. ]
Quando o asceta escutou estas palavras que o Bodhisatva falou, ele ficou de pé no meio do mar e reassumindo seu transe interrompido, elevou-se nos ares e seguiu caminho para sua residência.
Pensou o Bodhisatva, “Aquele asceta lá, com tanto peso, vai pelos ares como um tufo de algodão. Por que eu como ele não devo cultivar o transe e ir pelos ares ?” Assim ele retornou para sua cabana e levou a mulher para entre as pessoas novamente ; então disse a ela que partiria e ele mesmo foi para a floresta, onde construiu uma cabana em um lugar agradável e tornou-se um asceta ; preparou-se para o transe místico, cultivou as Faculdades e as Consecuções e tornou-se destinado ao mundo de Brahma.
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Quando este discurso estava terminado, o Mestre declarou as Verdades : (agora na conclusão das Verdades o Irmão relapso tornou-se estabelecido no Fruto do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo,” disse ele, “eu mesmo era o jovem que nunca tinha tido nada a ver com mulheres.” Cf. Jataka 507.
segunda-feira, 23 de março de 2009
262 Buddha rei de Benares com Filha
262
“Mão macia...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um Irmão relapso. Eles o trouxeram para o Salão da Verdade e o Mestre perguntou a ele se realmente era relapso. Òutro respondeu que sim, era. Então disse o Mestre, “Ó Irmãos ! É impossível impedir as mulheres de buscarem seus desejos. Em dias idos, mesmo homens sábios não puderam guardar suas próprias filhas ; enquanto elas seguravam as mãos de seus pais, sem seus pais saberem, elas fugiam errando com um amante” ; e ele contou a eles um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando rei Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de sua Rainha. Crescendo, ele foi educado em Takkasila ( Taxila ) e com a morte do pai ele se tornou rei em seu lugar e reinou retamente.
Moravam com ele uma filha e um sobrinho, ambos juntos na sua casa. Um dia sentado com a corte disse,
“Quando eu morrer meu sobrinho será rei, e minha filha será a rainha dele.”
Após isto, quando eles estavam crescidos, ele estava sentado novamente no meio da sua corte ; e disse a eles,
“Trarei para casa a filha de um outro homem para meu sobrinho e minha própria filha casarei em outra família real. Deste modo terei muitas relações.” Os cortesãos concordaram. Então o rei designou ao sobrinho uma casa fora do palácio e proibiu sua entrada nele.
Mas os dois estavam já apaixonados um pelo outro. Pensou o jovem, “Como vou retirar a filha do rei de dentro de casa ? - Ah, já sei.” Deu um presente para a ama.
“Que devo fazer em troca disto, mestre ?” ela perguntou.
“Bem, mãe, quero aproveitar uma chance para trazer a princesa para o lado de fora.”
“Vou discutir o assunto com a princesa,” disse ela, “e depois falo contigo.”
“Muito bem, senhora,” ele respondeu.
Ela foi até a princesa. “Deixe-me tirar os piolhos da sua cabeça,” disse ela.
Sentou a princesa num banco baixo e ela mesma sentada em um mais alto, colocou a cabeça da princesa em seu colo e catando os piolhos coçava a cabeça da princesa. A princesa entendeu. Ela pensou, “Ela faz cafuné em mim com as unhas do príncipe meu primo, não com as dela própria. - Mãe,” ela perguntou, “você esteve com o príncipe ?”
“Sim, minha filha.”
“E o que ele disse ?”
“Ele perguntou como poderia achar um jeito de colocar você do lado de fora.”
“Se ele é sábio, compreenderá,” disse a princesa ; e recitou a primeira estrofe, mandando que a velha mulher aprendesse de cor e a repetisse ao príncipe:-
Mão macia, um elefante bem treinado,
E uma nuvem negra de chuva, lhe dará o que queres.
A mulher decorou e retornou ao príncipe.
“Bem, senhora, o que a princesa disse ?” ele perguntou.
“Nada, apenas te enviou esta estrofe,” ela respondeu ; e a repetiu. O príncipe apreendeu e a dispensou.
O príncipe entendeu exatamente o que queria dizer. Encontrou um garoto pagem belo e de mão macia e o preparou. Subornou um tratador de elefante de estado e tendo treinado o elefante para ficar impassivo, contratou o tempo dele. Então, num dia de jejum de escura lua nova, justo após a vigília do meio da noite, chuva caiu de uma nuvem grossa e escura. “Este é o dia que a princesa quis falar,” ele pensou ; montou no elefante e colocou o rapaz de mãos macias também nas costas dele e partiu.
Atrás do palácio ele amarrou o elefante num grande muro de um jardim aberto e permaneceu diante de uma janela se molhando.
Bem, o rei vigiava sua filha e não a deixava descansar em nenhum lugar a não ser numa cama pequena, na presença dele. Ela pensou consigo mesma, “Ho-je o príncipe virá !” e deitou sem dormir.
“Pai,” disse ela, “quero tomar banho.”
“Vamos, minha filha,” disse o rei. Segurando as mãos dela, ele a levou até a janela [porta da varanda ?] ; a levantou e a colocou em cima de um ornamento de lótus que havia fora, segurando-a por uma mão. Enquanto ela se banhava [na chuva ?], ela deu a outra mão para o príncipe. Ele soltou as jóias do braço dela e colocou no braço do menino pagem ; então levantou o garoto e o colocou em cima na lótus do lado da princesa. Ela pegou a mão dele e a pôs no do seu pai, que a pegou e largou a mão da filha. Então ela soltou os ornamentos do seu outro braço e os prendeu no outro braço do pagem, que ela pôs também no do pai e fugiu com o príncipe. O rei pensou que o pagem era sua própria filha ; e quando o banho estava terminado, ele o colocou para dormir na câmara real, fechou a porta e pôs seu selo nela ; estabelecendo um guarda, ele se retirou para seu próprio aposento, e deitou para dormir.
Quando a luz do dia veio, ele abriu a porta e lá estava o garoto. “O que é isto ?” ele gritou. O pagem contou como ela fugira com o príncipe. O rei ficou deprimido. “Nem mesmo se alguém segue segurando as mãos,” pensou o rei, “pode-se guardar uma mulher. Assim mulher é impossível de guardar ;” e ele pronunciou estas outras duas estrofes:-
Apesar de falar macio, como rios difíceis de preencher
Insaciáveis, nada pode satisfazer suas vontades:
Para baixo, para baixo elas afundam: deve o homem fugir
De mulheres, quando sabe de que tipo são.
A quem servem por ouro ou por desejo,
Elas o queimam como combustível no fogo / jetaveda.
Assim falando, o grande Ser adicionou, “Devo amparar meu sobrinho ;” então com grande honra deu sua filha a este homem mesmo e o fez vice-rei. E o sobrinho com a morte do tio tornou-se rei ele-mesmo.
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Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka :- na conclusão das Verdades, o Irmão relapso foi estabelecido no Fruto do Primeiro Caminho :- “Naqueles dias, eu era o rei.”
Os seguintes versos são dados pela Glosa:
Onde mulheres reinam, o que vê perde sua vista,
O forte fica fraco, o poderoso não tem poder.
Onde mulheres reinam, virtude e sabedoria fogem :
Imprudentes os prisioneiros jazem encarcerados.
Como ladrões de estrada, tudo elas roubam
De suas pobres vítimas, que descuidadas vem -
Reflexão, virtude, verdade e razão
Auto-sacrifício e bondade – tudo.
Como fogo queima combustível, de cada pessoa descuidada
Queimam fama, glória, aprendizado, inteligência e poder.
261 Buddha Garoto
261
“Cortar, cortar e cortar novamente...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre alguns Irmãos que faziam ofertas de guirlandas debaixo da árvore de Ananda. As circunstâncias serão dadas no Jataka 479. Esta era chamada árvore de Ananda porque Ananda a plantou. Toda Índia escutou como o Ancião plantou esta árvore junto ao portão de Jetavana.
Alguns Irmãos que viviam no campo pensaram em fazer ofertas diante da árvore de Ananda.
Viajaram até Jetavana, cumpriram suas obrigações para com o Mestre e dia seguinte percorreram seu caminho para Savatthi, para a Rua do Lótus ; mas não conseguiram nem uma guirlanda. Então contaram a Ananda, como gostariam de fazer uma oferta diante da árvore mas nenhuma guirlanda acharam em toda a Rua do Lótus. O Ancião prometeu que buscaria algumas ; de modo que partiu para a Rua do Lótus e retornou com vários punhados de lótus azuis, que deu a eles. Com estas fizeram suas ofertas para árvore.
Quando os Irmãos ouviram falar disto, começaram a conversar sobre os méritos do Ancião no Salão da Verdade : “Amigo, alguns irmãos do campo, de pouco mérito, não conseguiram um único buquê no Bazaar do Lótus ; mas o Ancião foi e apanhou alguns para eles.” O Mestre entrou e perguntou o que conversavam lá sentados ; e eles disseram a ele. Ele falou, “Irmãos, esta não é a primeira vez que uma língua inteligente ganha guirlandas por falar com inteligência ; aconteceu o mesmo antes.” e ele contou a eles um conto do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era filho de um rico mercador. Na vila havia um tanque em que florescia o lótus. Um homem que havia perdido seu nariz tomava conta do tanque.
Aconteceu um dia que proclamaram feriado em Benares ; e os três filhos deste rico mercador pensaram em colocar grinaldas e sair festejando. “Vamos bajular o velho companheiro sem nariz e então pedir algumas flores para ele.” Então na hora em que ele estava acostumado a colher as flores de lótus, para o tanque eles foram e esperaram. E um deles falou a primeira estrofe:-
Cortar, cortar e cortar de novo
Cabelo e costeletas crescem em profusão;
E seu nariz crescerá como estes.
Por favor, dê-me apenas uma lótus !
Mas o homem estava zangado e não deu nenhuma. Então o segundo disse a segunda estrofe:-
No outono sementes são semeadas
Antes que germinem plenamente ;
Possa seu nariz germinar igualmente.
Por favor, dê-me apenas uma lótus !
Novamente o homem continuava zangado e não deu nenhuma lótus. Então o terceiro deles repetiu a terceira estrofe :-
Tolos balbuciantes! Pensam
Que podem obter lótus assim.
Digam eles sim , digam não,
Narizes cortados não mais crescerão.
Veja, peço honestamente:
Para mim, senhor, dê-me uma lótus !
Escutando isto o guardador do lago disse, “Os outros dois mentiram mas você falou a verdade. Você merece algumas lótus.” Então deu a ele um grande buquê de lótus e voltou para seu lago.
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Quando o Mestre terminou este discurso, ele identificou o Jataka: “O garoto que conseguiu o lótus era eu mesmo.”
terça-feira, 17 de março de 2009
260 Buddha rei Refinado
260
“Ó rei, o mensageiro do Estômago...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre um Irmão que era adicto da cobiça. As circunstâncias são as mesmas dos Jatakas 42, 274 e 395. Aqui novamente o Mestre falou ao Irmão, “Você foi ganancioso antes, Irmão, como és agora ; e em dias idos por sua cobiça quase tiveste sua cabeça clivada com uma espada.” Então contou uma história do mundo antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como seu filho. Ele cresceu e terminou sua educação em Takkasila ( Taxila ). Com a morte do pai, ele herdou o reino e era muito refinado ao comer ; de acordo com isto ganhou o nome de Rei Refinado. Havia tanta extravagância no seu comer que em um único prato ele gastava cem mil dinheiros. Quando ele comia, não o fazia a portas fechadas ; mas como desejava conferir mérito para muitas pessoas mostrando a elas o rico aparato de suas refeições, ele fazia um pavilhão adornado de jóias ser levantado na porta e na hora da refeição, este era decorado e lá então ele sentava num estrado real feito de ouro, debaixo de um parassol branco com as princesas todas ao redor e comia a comida de cem sabores delicados de um prato que custava cem mil peças de dinheiro.
Bem, um certo homem ganancioso viu os modos de comer do rei e desejou provar, experimentar. Incapaz de dominar seu anelo, seu desejo, cingiu alto, apertado, sua cintura, e correu para o rei, gritando alto - “Mensagem ! Mensagem ! Ó rei ” - com as mãos levantadas. ( Naquele tempo e naquela nação, se uma pessoa falava alto “Mensagem !” ninguém o pararia ; e daí pois que a multidão se dividiu e o deixou passar.)
O homem correu rapidamente e pegando um pouco de arroz do prato do rei colocou na boca. O espadachim logo levantou a espada para clivar a cabeça do sujeito. Mas o rei o impediu. “Não bata,” disse ele ; - depois para o homem, “nada tema, coma !” Ele lavou as mãos e sentou. Após a refeição, o rei fez com que fosse oferecida sua própria água de beber e suas castanhas para o homem e depois disse -
“Agora meu senhor, tens notícias, disseste. Quais são estas notícias ?”
“Ó rei, sou mensageiro da Luxúria e do Estômago. Disse Luxúria para mim, Vá ! E enviou-me aqui como seu mensageiro;” e com estas palavras ele falou as primeiras duas estrofes :-
Ó rei, vês o mensageiro do Estômago :
Senhor de carros, não enerve-se !
Pelo bem do Estômago as pessoas vão bem longe,
Mesmo pedir favor a inimigos.
Ó rei, vês o mensageiro do Estômago ;
Senhor de carros não enerve-se !
O Estômago mantém sob seu potente oscilar
Todas as pessoas, dia e noite, na terra.
Quando isto o rei escutou, ele disse, “É verdade ; Mensageiros do estômago são estes ; levados pela luxúria eles vão para cá e para lá e a a luxúria os faz ir. Como perfeitamente este homem colocou isto !” ele ficou agraciado com ele e pronunciou a terceira estrofe :-
Brahmin, dou-te mil cabeças de gado
Para ti ; mais o touro de complemento.
Um mensageiro deve a outro ofertar ;
Pois mensageiros do Estômago são todos que vivem.
Assim disse o rei ; e continuou, “Escutei algo que não escutara antes, ou pensado sobre, dito por este grande homem.” E tão agradecido ficou que prestou honras a ele.
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Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka :- na conclusão das Verdades o Irmão ganancioso alcançou o Fruto do Terceiro Caminho e muitos outros entraram nos outros Caminhos :- “O homem ganancioso é o mesmo em ambas as histórias e eu era o Rei Refinado.”
segunda-feira, 16 de março de 2009
259 Buddha mestre Tiritavaccha
259
“Quando completamente só...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto vivia em Jetavana, sobre o presente de mil roupas, em como o reverendo Ananda recebeu quinhentos hábitos das mulheres da casa do rei de Kosala e quinhentos do rei mesmo. As circunstâncias estão descritas abaixo no Jataka número 157.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de um brahmin em Kasi. No dia do seu batismo chamaram-no Mestre Tiritavaccha. No tempo devido cresceu e estudou em Takkasila ( Taxila ). Casou e se estabeleceu ; a morte dos pais contudo, o afligiu tanto que se tornou um asceta e viveu em uma casa na floresta, alimentando-se de raízes e frutas da floresta.
Enquanto vivia lá, levantou-se um tumulto nas fronteiras de Benares. O rei foi para lá mas levou a pior na briga ; temendo por sua vida, ele montou um elefante e fugiu encoberto pela floresta. De manhã, Tiritavaccha saiu para catar frutos selvagens e enquanto isto o rei chegou na cabana dele.
“Uma cabana de eremita !” disse ele ; desceu do elefante , cansado do vento e do sol e sedento também ; procurou por um pote d'água, mas não encontrou nenhum. No fim de um caminho coberto ele vê um poço mas não encontra nem corda nem balde para trazer àgua. Sua sede era demasiada para aguentar ; ele tira os arreios que passavam por baixo da barriga do elefante, amarra-o na borda e desce para baixo do poço. Mas era curto o arreio ; então amarrou-o na ponta da sua roupa e desceu novamente. Ainda assim não conseguia alcançar àgua. Podia apenas tocá-la com a ponta dos seus pés : ele estava com muita sede ! “S'eu não puder aplacar minha sede,” pensou ele, “a morte mesma será doce !” Então para baixo se soltou e bebeu o quanto quis ; contudo não podia subir novamente de modo que permaneceu em pé lá no poço. E o elefante, tão bem treinado era, permaneceu de pé também, esperando pelo rei.
De tardinha, o Bodhisatva retornou,carregado de selvagens frutos e viu o elefante. “Suponho,” pensou ele, “que o rei veio ; mas não vejo nada a não ser o elefante armado. O que fazer ?” E ele se aproximou do elefante, que estava de pé e esperou por ele. Ele foi até a borda do poço e viu o rei no fundo. “Nada tema, Ó rei !” ele gritou ; então colocou uma escada e ajudou o rei a sair ; secou o corpo do rei e o ungiu com óleo ; após o que deu a ele frutos para comer e soltou a armadura do elefante. Dois ou três dias o rei descansou lá ; então foi embora, depois de fazer o Bodhisatva prometer visitá-lo.
As forças reais estavam acampadas junto da cidade ; e quando ao rei se percebeu que vinha, juntaram-se ao redor dele.
Após um mês e meio, o Bodhisatva foi a Benares e estabeleceu-se no parque. Dia seguinte ele veio ao palácio pedir comida. O rei havia aberto uma grande janela e estava olhando o jardim ; e então vendo o Bodhisatva e reconhecendo-o, desceu e saudou-o ; levou-o até um estrado e o sentou no trono debaixo do parassol branco ; deu sua própria comida para ele comer e comeu também. Depois levou-o ao jardim e fez com que um caminho coberto e uma moradia fossem feitos para ele , aparelhadas com todos os requisitos de um asceta ; então deixando um jardineiro encarregado dele, deu adeus e partiu. Após isto, o Bodhisatva fazia sua refeição na casa do rei : grande era o respeito e a honra prestada a ele.
Mas os cortesãos não conseguiam suportar isto. “Se um soldado,” disseram eles, “recebesse tal honraria, como ele se comportaria ?” Eles dirigiram-se ao vice-rei : “Meu senhor, nosso rei está elevando muito um asceta ! O que terá ele visto neste homem ? Fale com ele a respeito disto.” O vice-rei consentiu e eles foram juntos para diante do rei. E o vice-rei saudou o rei e falou a primeira estrofe :
Não há inteligência nele que possa se ver;
Não é nobre, nem amigo teu ;
Porque este eremita com três pedaços de pau
Tiritavaccha, tem comida tão boa ?
[ n. do tr.: os três pedaços de pau são para suportar a tigela]
O rei escutou. Então disse, dirigindo-se a seu filho,
“Meu filho, lembras como certa vez fui para os mangues e que fui vencido na guerra e não voltei por uns dias ?”
“Lembro,” disse ele.
“Este homem salvou minha vida,” disse o rei ; e contou a ele tudo que acontecera. “Bem, meu filho, agora que este meu salvador está comigo, não posso retribuir a ele pelo que ele fez, nem mesmo se desse a ele meu reino.” e recitou as duas estrofes seguintes :-
Quando totalmente só, na cinzenta floresta seca,
Ele, e mais ninguém, se pôs a me ajudar ;
No meu sofrimento ofereceu-me uma boa mão ;
De meio-morto, me levantou e me colocou de pé.
Retornei, com a ajuda dele apenas
Para fora das mandíbulas da morte de volta ao mundo das pessoas.
É justo recompensar tal gentileza ;
Dar uma oferta rica, sem restringir a parte dele.
Assim falou o rei, como se fizesse a lua elevar-se alta no céu ; e enquanto a virtude do Bodhisatva era declarada, do mesmo modo eram as do rei em todo lugar ; e seus recebimentos aumentaram e as honras dadas a ele. Após isto nem o vice-rei nem os cortesãos nem ninguém mais ousou dizer nada contra ele ao rei. O rei permaneceu no conselho do Bodhisatva ; e fez ofertas e obras boas e no fim foi preencher as hostes celestes. E o Bodhisatva, tendo cultivado as Perfeições e as Consecuções, tornou-se destinado ao mundo de Brahma.
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Então o Mestre adicionou, “Homens sábios do passado deram ajuda também;” e tendo assim concluído seu discurso, ele identificou o Jataka como segue : “Ananda era o rei e eu mesmo era o eremita.”
[ n. do tr.: a imagem do rei descendo o poço atrás da água da vida, nas mandíbulas da morte a própria vida buscada é larga. A imagem desta vida nas mandíbulas da morte, como na boca de leão ou nas aldravas de porta, aquela boca de dragão com a argola no meio : a argola sendo a saída no alto do poço, se estamos assim nas mandíbulas mesmas da terra e no fundo. Logo aparece a escada. Que pode ser do papai Noel na Chaminé mas que é me parece a de Jacó. Kala Mukha, T'ien ti são aqueles dragões chineses que como o Capricórnio marcariam o solstício de Capricórnio. Esta porta do sol, Janua Caeli. Cf o artigo do grande Swamy
https://vidasdebuddha.blogspot.com.br/2015/11/janua-caeli-svayamatrnna-ananda.html ]
sexta-feira, 13 de março de 2009
258 Buddha rei Mandhata
258
“Onde quer que sol e lua...etc.” - Esta história o Mestre contou durante uma estadia em Jetavana, sobre um irmão relapso.
Nos é dito que este irmão, atravessando Savatthi em coleta de oferta, viu uma mulher vestida finamente e caiu de amor por ela. Então a Irmandade o levou ao Salão da Verdade e informou o Mestre que ele era um relapso. O Mestre perguntou se era verdade; e obteve a resposta, de que, sim, era.
“Irmão,” disse o Mestre, “quando satisfarás esta luxúria, mesmo se fores dono de casa ? Tal luxúria é tão profunda quanto o oceano, nada pode satisfazê-la. Em dias idos houve monarcas supremos que auxiliados por séquito de pessoas governou os quatro grandes continentes cercados por duas mil ilhas, legislando mesmo no céu dos quatro grandes reis, mesmo quando eles eram reis dos deuses no Céu dos Trinta e Três, mesmo na residência dos Trinta e Seis Sakras, - mesmos estes falharam em satisfazer sua luxúria e morreram antes disto ; então quando você será capaz de satisfazê-la ?” E contou um conto do mundo antigo.
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Muito tempo atrás, nas idades primeiras do mundo, havia um rei chamado Mahasammata, e ele teve um filho Roja, que teve um filho Vararoja, que teve um filho Kalyana, que teve um filho Varakalyana, e Varakalyana teve um filho chamado Uposatha e Uposatha teve um filho chamado Mandhata.
Mandhata estava dotado das Sete Coisas Preciosas e dos Quatro Poderes Sobrenaturais ; e ele era um grande monarca. Quando cerrava a mão esquerda e depois a tocava com a direita, caía uma chuva dos sete tipos de jóias, que subia até os joelhos, como se uma nuvem de chuva celestial houvesse surgido no céu ; tão maravilhoso indivíduo ele era. Oitenta e quatro mil anos ele foi príncipe, o mesmo número de anos ele participou na legislação do reino e número igual de anos legislou como rei supremo ; sua vida durou por idades incontáveis.
Um dia, ele não pode satisfazer um desejo qualquer, e então mostrou sinais de descontentamento.
“Por que estais para baixo, meu senhor?” os cortesãos perguntaram a ele.
“Quando o poder de meu mérito é desconsiderado, o que é este reino ? Qual lugar parece valer desejar ?”
“O Céu, meu senhor.”
Então fazendo rolar a Roda do Império, com seu séquito foi para o céu dos quatro grande reis. Os quatro reis, com uma grande aglomeração de deuses, vieram para encontrar com ele formalmente, carregando flores e perfumes celestiais ; e escoltando-o para dentro do céu deles, deixaram-no legislá-lo. Lá reinou com pompa e um longo tempo se passou. Mas nem lá ele pode satisfazer seus anseios ; e assim começou a parecer doente posto que descontente.
“Por que, poderoso rei,” disseram os quatro monarcas, “estais insatisfeito ?” E o rei respondeu,
“Que lugar é mais amável que este céu ?”
Eles responderam, “Meu senhor, somos como empregados. O Céu dos Trinta e três é mais amável que este !”
Mandhata colocou a Roda do Império a rolar e com sua corte ao seu redor, virou sua face para o Céu dos Trinta e três. E Sakra, rei dos Deuses, carregando flores e perfumes celestiais, no meio de uma grande aglomeração de deuses, veio para encontrá-lo formalmente e tomando conta dele, mostrou o caminho que devia seguir. Naquela hora quando o rei andava entre aglomeração dos deuses, seu filho mais velho tomou a Roda do Império e descendo para os caminhos das pessoas, foi para sua própria cidade. Sakra levou Mandhata para o Céu dos Trinta e três e deu a ele metade do seu reino após o que os dois legislaram juntos. O tempo passou até que Sakra viveu sessenta vezes trinta milhões e cem mil anos e então nasceu na terra novamente ; outro Sakra cresceu e ele também reinou, viveu sua vida e nasceu na terra. Deste modo trinta e seis Sakras seguiram um após outro. Até que Mandhata reinou com sua multidão de cortesãos ao redor. O tempo passando, a força do desejo e da paixão nele, cresceram cada vez mais forte. “O que é metade de um reino para mim ?” disse ele em seu coração ; “Matarei Sakra e reinarei sozinho !” Contudo matar Sakra ele não poderia. Este desejo e cobiça dele, foi a raiz do seu infortúnio. O poder de sua vida começou a minguar, velhice o pegou ; mas um corpo humano não desintegra no céu [ n. do tr.: Este rei é nomeado como uma das quatro pessoas que atingiram com seus corpos terrenos a glória da cidade dos deuses]. Portanto do céu ele caiu e desceu em um parque. O jardineiro fez saber sua chegada à família real ; eles vieram e indicaram um local de descanso no parque ; lá deitou o rei prostrado e cansado. Os cortesãos perguntaram a ele,
“Meu senhor que palavra guardaremos de ti ?”
“Guardem de mim” respondeu ele, “esta mensagem para o povo : Mandhata, rei dos reis, tendo legislado soberano sobre os quatro quartos do globo, com todas as duas mil ilhas ao seu redor, por um longo tempo tendo reinado o povo dos quatro grandes reis , tendo sido rei do Céu durante uma vida de trinta e seis Sakras, agora descanso morto.” Com estas palavras ele expira e foi tratado de acordo com seus méritos.
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Esta história terminada, o Mestre tornou-se perfeitamente iluminado e falou as seguintes estrofes:-
Onde quer que o sol e a lua corram seu curso
Todos são criados de Mandhata, cada um :
Onde quer que os quartos da terra vejam a luz do dia
Lá o rei Mandhata teve imperial domínio.
Nem mesmo uma chuva de moedas caindo do céu
Em nada pode encontrar satisfação.
Dor é desejar, e o pesar, desassossego :
Quem isto sabe, é sábio, está abençoado.
Onde há anelo, lá, os prazeres tomam suas asas,
Mesmo o desejo estando nas coisas celestes.
Discípulos do Buddha tentam
Aniquilar todo desejo eternamente.
Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Quatro Verdades e identificou o Jataka : - na conclusão das Verdades o Irmão relapso e muitos outros atingiram o Fruto do Primeiro Caminho:- “Naquele tempo, eu era o grande rei Mandhata.”
quarta-feira, 11 de março de 2009
257 Buddha rei Face espelhada
257
“Não é construtor inteligente...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em descansava em Jetavana, sobre o louvor a sabedoria. No Salão da Verdade os Irmãos sentavam-se, louvando a sabedoria do Buddha : “O Abençoado tem grande e larga sabedoria, sagaz e rápida, sabedoria aguda e penetrante. Ele supera este mundo e o mundo dos deuses em sabedoria.”
O Mestre entrando, pergunta sobre o quê conversavam, lá sentados. Eles disseram a ele. Ele respondeu, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Abençoado foi sábio ; ele foi o mesmo antes.” E contou um conto do mundo antigo.
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Certa vez, Irmãos, quando Janasandha reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva veio à vida como filho de sua rainha principal. Sua face era resplendente, com um cacho de cabelo de beleza auspiciosa, como um espelho dourado bem polido. No dia do seu batismo o chamaram de Adasa-mukha, Príncipe Face espelhada.
Durante sete anos seu pai fez com que fosse ensinado a ele os Três Vedas e todos os deveres deste mundo ; e depois ele morreu, quando o garoto tinha sete anos de idade. Os cortesãos realizaram as exéquias do rei com grande pompa e fizeram as ofertas para os mortos ; e no sétimo dia reuniram-se na corte do palácio e conversavam. O príncipe era muito jovem, eles pensavam e não podia ser feito rei.
Antes de o tornar rei, eles iriam testá-lo. Assim prepararam uma corte de justiça e colocaram um divã. Depois vieram até o príncipe e disseram a ele, “Você deve vir, meu senhor, até a corte de justiça.” O príncipe concordou com isto ; e em grande companhia foi até lá e sentou no estrado.
Bem, naquela hora quando o rei sentou para julgar, os cortesãos vestiram um macaco com roupas de um homem hábil no conhecimento que diz quais são os bons lugares para se construir. Eles o fizeram andar como bípede e o trouxeram até a sala de julgamento.
“Meu senhor,” eles disseram, “no tempo do rei seu pai este homem era quem adivinhava por mágica quais os lugares desejáveis e ele bem conhecia sua arte. Debaixo da terra numa profundidade de sete côvados ele pode ver uma falta. Com a ajuda dele foi escolhido um lugar para a casa real ; que o rei o nomeie e dê a ele um posto.”
O príncipe olhou para ele da cabeça aos pés. “Este não é um homem mas um macaco,” ele pensou ; “e macacos podem destruir o que outros fizeram mas por si mesmos não podem nem fazer nada nem realizar tais coisas.” E então falou a primeira estrofe para a corte :-
Não é um construtor inteligente mas um macaco com face enrugada;
Ele pode destruir o que outros fazem ; este é o caminho da raça dele.
“Deve ser isto, meu senhor!” disseram os cortesãos e o levaram embora. Mas depois de um dia ou dois, vestiram esta mesma criatura em grandes roupas e o trouxeram novamente para a sala de julgamento. “No tempo do rei teu pai, meu senhor, este era um juiz que fazia justiça. A ele deves pedir ajuda na adjudicação da justiça.”
O príncipe olhou para ele. E pensou, “Um homem com razão e pensamento não é tão cabeludo quanto este aí. Este macaco sem juízo não pode dispensar justiça ;” e falou a segunda estrofe :-
Não há juízo nesta criatura cabeluda ; ele não inspira nenhuma confiança ;
Ele nada sabe, como meu pai ensinava : o animal não tem nenhum senso !
“Deve ser isto, meu senhor !” disseram os cortesãos e o deixaram sair. Ainda uma vez eles vestiram o mesmo macaco e o trouxeram à sala de julgamento. “Senhor,” eles disseram, “no tempo do rei seu pai este homem cumpria suas obrigações com pai e mãe e prestava respeito aos anciãos na sua família. Deves mantê-lo contigo.”
Novamente o príncipe olhou para ele e pensou - “Macacos são de mente volúvel ; tal coisa eles não podem fazer.” E então repetiu a terceira estrofe :-
Uma coisa Dasaratha me ensinou : nenhuma ajuda tal criatura daria
A pai ou mãe, ou irmã ou irmão ou a qualquer um que o chame amigo !
[Glosa: Dasaratha é outro nome para o pai dele]
“Deve ser isto, meu senhor !” responderam eles e o levaram novamente. E diziam entre si, “Este é um príncipe sábio ; ele será capaz de legislar” ; e fizeram o Bodhisatva rei ; e por toda a cidade através da batida do tambor proclamaram, dizendo, “Está proclamado o rei Face espelhada !”
A partir de então o Bodhisatva reinou retamente ; e sua sabedoria foi divulgada por toda a Índia. Para apresentar o conteúdo desta sua sabedoria, estes quatorze problemas foram trazidos para ele resolver :-
Um boi, um rapaz, um cavalo, um cavaleiro-cesta,
Um escudeiro, uma prostituta, uma jovem dama,
Uma serpente, um cervo, uma perdiz e um espírito,
Outra serpente, ascetas, um jovem sacerdote eu nomeio.
Isto aconteceu como agora explicaremos. Quando o Bodhisatva foi consagrado rei, um certo empregado do rei Janasandha, chamado Gamani-canda, pensou consigo mesmo : “Este reino será glorioso se governado com ajuda daqueles que são da idade do rei. Agora estou velho e não posso assistir um jovem príncipe : então ganharei a vida na agricultura no campo.” Assim ele partiu da cidade e foi morar a três léguas de distância numa certa vila. Contudo ele não tinha boi para arar a terra. Então, após as chuvas caírem, ele pediu em empréstimo dois bois para um amigo ; durante todo o dia ele arou com eles, depois lhes deu capim para comer e foi a casa do proprietário para devolvê-los. No momento aconteceu que o proprietário estava sentado fazendo refeição junto com sua esposa ; e os bois entraram na propriedade, mas não na casa. Quando entravam, o dono levantava seu prato e a esposa abaixava o dela. Vendo que não o convidavam para partilhar a refeição, Gamani-canda partiu sem formalmente transmitir os bois. Durante a noite, ladrões entraram no curral dos animais e os roubaram.
Cedo de manhã, o proprietário destes bois entrou no curral mas não havia gado nenhum lá ; ele percebeu que haviam sido roubados por ladrões. “Farei Gamani pagar por isto !” ele pensou e foi até Gamani.
“Digo, me devolva meus bois !” ele gritava.
“Não estão em teu curral ?”
“Devolva-os agora para mim !”
“Não, já devolvi.”
“Aqui está o oficial do rei : vamos !”
Bem, este Povo tem o costume de apanhar um pedaço de pedra ou de argila e dizer - “aqui está o oficial do rei ; vamos!” Se qualquer pessoa recusar ir, ela é punida. Assim, quando Gamani escutou a palavra “oficial”, seguiu adiante.
Deste modo foram juntos para a corte do rei. No caminho, chegaram numa vila onde morava um amigo de Gamani. Disse ele para o outro,
“Digo, estou com muita fome. Espere aqui até que eu vá e consiga algo para comer.” e ele entrou na casa de seu amigo.
Mas o amigo não estava em casa. A esposa disse,
“Senhor, nada há preparado. Espere apenas um momento ; cozinharei em um momento e colocarei diante de ti.”
Ela subiu uma escada até a despensa de grãos e na pressa, caiu no chão. E como ela estava grávida de sete meses, houve um aborto.
Naquele momento o marido chegou e viu o que aconteceu. “Tu bateste em minha mulher,” ele gritava, “e trouxeste o parto na hora errada ! Aqui tem um oficial do rei para você – vamos !” e o levou para fora. Após o que eles seguiram, os dois, com Gamani entre eles.
Enquanto iam, havia um cavalo no portão da vila ; e o cavalariço não conseguia pará-lo mas seguia junto correndo com ele. Ele gritou para Gamani -
“Tio Candagamani, bata no cavalo com alguma coisa e faça-o voltar !” Gamani apanhou uma pedra e atirou no cavalo. A pedra bateu na pata dele e a quebrou como um caule de mamona. O homem então gritou,
“Oh, quebraste a pata do meu cavalo ! Aqui tem um oficial do rei para você!” e o segurou.
Gamani era então prisioneiro de três homens. Enquanto o levavam, ele pensou : “Este povo vai me denunciar ao rei ; não posso pagar pelos bois ; muito menos por ter causado um aborto ; e depois onde conseguirei o preço de um cavalo ? Eu estaria melhor morto.” Deste modo, enquanto seguiam , ele viu um bosque junto da estrada e nele um monte com um precipício ao lado. Na sombra dele haviam dois cesteiros (artesãos da palha), pai e filho, trançando uma esteira. Disse Gamani,
“Digo, quero me retirar por um momento : esperem aqui, enquanto vou ali do lado” ; e com estas palavras ele subiu no monte e atirou-se para baixo do precipício [ n. do tr.: podemos imaginar que Gamani estava desesperadamente triste]. Ele caiu nas costas do ancião cesteiro e o matou naquele lugar. Gamani se levantou e permaneceu de pé.
“Ah, bandido! Mataste meu pai !” gritou o jovem cesteiro ; “aqui está um oficial do rei !” Ele segurou Gamani pelas mãos e saíram do mato.
“O que é isto ?” perguntaram os outros.
“O bandido matou meu pai !”
Então assim seguiram, os quatro, com Gamani no meio.
Eles chegaram no portão de outra cidade. O prefeito estava lá, e saudou Gamani : “Tio Canda, onde vais ?”
“Ver o rei,” disse Gamani.
“Oh, realmente, ver o rei. Queria mandar um recado a ele ; você levaria ?”
“Sim, posso fazer isto.”
“Bem, eu era normalmente belo, rico, honrado e com saúde ; mas agora estou miserável e tenho icterícia (cegueira, catarata). Pergunte ao rei por que isto. Ele é um sábio homem, assim dizem ; ele te dirá e você me trará a resposta da mensagem .” Com isto o outro concordou.
Em uma outra cidade uma mulher de amor chamou por ele - “Onde vais, Tio Canda?”
“Ver o rei,” ele disse.
“Dizem que o rei é homem sábio ; leve para ele uma mensagem minha,” disse a mulher. “Antes eu costumava fazer grandes ganhos; agora não ganho nem o valor de uma castanha e ninguém me corteja. Pergunte ao rei por que isto acontece e depois me diga.”
Um pouco adiante havia uma serpente vivendo em um cupinzeiro próximo da estrada. Ela viu Gamani e chamou,
“Onde vais, Canda ?” “Ver o rei.”
“O rei é sábio ; leve a ele uma mensagem minha. Quando vou sair para conseguir comida, deixo este cupinzeiro fraca e faminta e ainda assim preencho toda a entrada do buraco com meu corpo e saio com dificuldade me arrastando. Mas quando volto, me sentindo satisfeita e gorda, ainda assim passo rapidamente pelo buraco sem tocar nos lados. Por que disto ? Pergunte ao rei e traga-me a resposta.”
E em seguida um cervo o viu e disse - “Não consigo comer grama a não ser debaixo desta árvore. Pergunte ao rei a razão.” E ainda um perdiz disse, “Quando sento aos pés deste cupinzeiro e canto minha nota, faço-o com belamente ; mas em nenhum outro lugar. Pergunte ao rei por que.” E também um espírito d'árvore o viu e disse,
“Onde vais, Canda ?”
“Ao rei.”
“O rei é um sábio homem, dizem. Em dias anteriores, alta honra me era dada ; e agora não recebo nem um feixe de galhos. Pergunte ao rei qual a razão disto.”
E depois novamente foi visto por um rei-serpente, que falou com ele assim : “É dito que o rei é um sábio homem : então pergunte a ele isto. Até agora a água deste lago foi clara como cristal. Por que agora tornou-se turva com espuma por cima dela ?”
Mais adiante, não distante de uma vila, certos ascetas que moravam em um parque o viram e disseram, do mesmo modo, “Dizem que o rei é sábio. Antes havia neste parque frutos doces em plenitude, agora eles crescem sem gosto e secos. Pergunte a ele qual a razão disto.” E ainda mais adiante, ele foi abordado por alguns estudantes brahmins que estavam num salão do portão de uma cidade. Eles disseram a ele,
“Onde estais indo, Canda, eh ?”
“Ao rei,” disse Canda.
“Então leve uma mensagem nossa. Até agora, qualquer passagem (das Escrituras) que aprendêssemos era clara e brilhante ; agora contudo ela não permanece conosco, não é entendida e tudo é apenas escuridão, - é como água em um jarro furado. Pergunte ao rei qual a razão disto.”
Gamani-canda chegou diante do rei com suas quatorze questões. Quando o rei o viu, reconheceu-o. “Este é o empregado de meu pai que costumava me embalar em seus braços. Onde ele tem vivido todo este tempo ?” E “Canda,” disse ele, “onde você tem vivido todo este tempo ? Não te vemos há um longo tempo ; o que te trás aqui ?”
“Oh, meu senhor, quando meu senhor o rei anterior foi para o céu, parti para o campo e passei a viver d'agricultura. Então este homem resolveu me processar por causa de seu gado e me trouxe até aqui.”
“Se não te tivessem trazido aqui, você nunca viria ; contudo estou contente que de qualquer modo te trouxeram. Agora posso te ver. Onde está este homem ?”
“Aqui, meu senhor.”
“É você que processa nosso amigo Canda ?”
“Sim, meu senhor.”
“Por quê?”
“Ele se recusa a me devolver meu par de bois !”
“É isto mesmo, Canda ?”
“Escute minha história também, meu senhor !” disse Canda ; e contou tudo a ele. Quando escutou a história, o rei abordou o proprietário dos bois. “Você viu os bois,” disse ele, “entrando no curral ?”
“Não, meu senhor,” o homem respondeu.
“Pois, homem, nunca escutaste meu nome ? Me chamam rei Face-espelhada. Fale honestamente.”
“Eu os vi, meu senhor !” disse ele.
“Agora, Canda,” disse o rei, “você falhou em devolver os bois e portanto és devedor deles. Mas este homem, dizendo que não os viu, mentiu direto. Portanto você com suas próprias mãos arrancará os olhos dele fora e você deverá pagar a ele vinte e quatro peças de dinheiro como preço dos bois.” Então levaram o proprietário dos bois para fora.
“Se perco meus olhos, de que me adiantaria o dinheiro ?” pensou ele. E caiu aos pés de Gamani e implorou a ele - “Ó mestre Canda, guarde as vinte e quatro peças de dinheiro e tome estas também !” e deu a ele outras peças e saiu correndo.
O segundo homem disse, “Meu senhor, este sujeito bateu na minha esposa e fez ela abortar.” “É vero isto, Canda ?” perguntou o rei. Canda pediu que fosse escutado e contou toda a história.
“Você realmente bateu nela e causou o aborto ?” perguntou o rei.
“Não, meu senhor ! Não fiz tal coisa.”
“Agora, você pode” - ao outro - “você pode sanar o aborto que ele causou ?”
“Não, meu senhor, não posso.”
“Bem, o que queres fazer ?”
“Devo ter um filho, meu senhor.”
“Bem, então, Canda – você leva a esposa deste homem para sua casa ; e quando um filho nascer para você, entregue-o ao marido.”
Então este homem também caiu aos pés de Canda, gritando, “Não acabe com minha casa, mestre !” atirou no chão algum dinheiro e saiu fora.
O terceiro homem acusou Canda de ter quebrado a pata do cavalo dele. Canda como antes contou o que acontecera. Então o rei perguntou ao proprietário,
“Você realmente pediu a Canda que acertasse o cavalo e o fizesse voltar ?”
“Não, meu senhor, não pedi.” mas sendo pressionado, ele admitiu que disse dissera.
“Este homem,” disse o rei, “mentiu direto, dizendo que não te pediu para fazer o cavalo voltar. Você pode tirar a língua dele ; e depois pague a ele mil dinheiros pelo preço do cavalo, o qual te darei.” Mas o sujeito até mesmo deu a ele outra soma de dinheiro e partiu.
Então o filho do cesteiro disse,
“Este sujeito é um assassino e matou meu pai !”
“É isto mesmo, Canda ?” perguntou o rei. “Escute-me, meu senhor,” disse Canda e contou a ele tudo sobre o assunto.
“Bem, o que você quer ?” perguntou o rei.
“Meu senhor, devo ter meu pai.”
“Canda,” disse o rei, “este homem deve ter um pai. Mas você não pode trazê-lo de volta dos mortos. Então leve a mãe dele para sua casa e seja um pai para ele.”
“Oh, mestre !” gritou o homem, “não destrua a casa do meu falecido pai !” Ele deu a Gamani uma soma de dinheiro e saiu fora correndo.
Assim Gamani ganhou seus processos e em grande alegria ele disse ao rei,
“Meu senhor, tenho várias perguntas para ti feitas por várias pessoas ; posso fazê-las ?”
“Faça-as,” disse o rei.
Então Gamani contou-as na ordem reversa, começando pelos jovens brahmins. O rei respondeu-as por vez. À primeira questão, ele respondeu : “No lugar em que eles vivem costumava haver um galo cantador que conhecia o tempo. Quando escutavam seu cantar, costumavam se levantar e repetir seus textos, até que o sol se eleva-se e assim eles não esqueciam o que aprendiam. Contudo agora há um galo que canta fora de hora ; ele canta na noite morta ou no largo dia. Quando canta na profundeza da noite, eles se levantam, mas eles estão muito sonados para repetir o texto. Quando ele canta em dia solto, eles se levantam mas não têm chance de repetir seus textos. Daí porque o que aprendem, logo esquecem.”
À segunda questão, ele respondeu : “Anteriormente estes homens costumavam cumprir todos os deveres de ascetas e eles induziam o transe místico. Agora eles negligenciam os deveres ascéticos e fazem o que não deviam fazer ; os frutos que crescem no parque eles dão aos ajudantes ; vivem de modo pecaminoso, trocando ofertas [ n. do tr.: Alguns ficam em casa enquanto outros coletam por todos, para evitar problemas]. Por isto estes frutos não crescem doces. Se eles novamente em um só sentimento fizerem seus deveres como ascetas, os frutos crescerão doces para eles. Estes eremitas não conhecem a sabedoria dos reis ; diga a eles para viverem vida ascética.”
Ele escutou a terceira questão e respondeu, “Aqueles chefes serpentes polemizam um com o outro e daí porque àgua tornou-se turva. Se forem amigos como antes, àgua ficará clara novamente.” Após escutar a quarta, “ O espírito d'árvore,” disse ele, “costumava anteriormente proteger as pessoas que passavam pela floresta e portanto ela recebia muitas ofertas. Agora ela não dá a eles nenhuma proteção e portanto não recebe nenhuma oferta. Se ela protegê-los como antes, receberá ofertas escolhidas como antes. Ela não sabe que existem reis no mundo. Diga a ela, então, para guardar as pessoas que entram dentro da floresta.” E escutando a quinta, “Debaixo do cupinzeiro onde a perdiz sente-se capaz de cantar sua nota agradável, há um pote de barro com tesouro dentro ; cave e apanhe.” À sexta ele respondeu, “Na árvore debaixo da qual o cervo sente que pode comer grama, está uma grande colmeia com mel. Ele anseia pela grama na qual este mel cai e por isto não consegue comer nenhuma outra. Você pegue os favos de mel, mande o melhor dele para mim e coma o resto você mesmo.” Depois escutando a sétima, “Debaixo do cupinzeiro da serpente descansa um grande tesouro em pote de barro e lá ela vive guardando-o. Então quando ela sai, devido à cobiça por este tesouro seu corpo gruda ; mas depois que ela se alimenta, seu desejo pelo tesouro previne seu corpo de grudar, e ela passa fácil e rapidamente. Cave o tesouro e guarde-o.” Então respondeu à oitava questão, “Entre as cidades onde mora o marido da jovem mulher e os pais dela vive um amor dela em certa casa. Ela lembra dele e seu desejo é por ele ; daí ela não consegue ficar na casa do marido mas diz que irá e verá seus pais e no caminho ela fica uns dias com seu amado. Quando ela já ficou em casa uns dias , novamente lembra-se dele e dizendo que retornará para o marido, vai novamente para o amante. Vá, diga a ela que existem reis na terra ; diga, que ela deve morar com seu esposo, e se ela não for, que se cuide, o rei a fará ser presa e morrerá.” Ele escutou a nona e disse “A mulher anteriormente costumava ganhar um dinheiro das mãos de um e não ia com outro até que tivesse acabado com ele [ n. do tr.: Literalmente, “até que ela o tivesse feito gozar o valor do dinheiro dado”, ajirapetva.] , e daí porque ela costumava receber muito. Agora ela mudos seus modos e sem deixar o primeiro ela vai com outro, de modo que nada recebe, e ninguém a procura. Se ela guardar seu velho costume , será como antes. Diga a ela que deve fazer isto.” Escutando a décima, ele respondeu, “Aquele prefeito usava aplicar justiça indiferentemente, de modo que as pessoas ficavam agradecidas e felizes com ele ; e na alegria delas davam a ele muitos presentes. Isto que o fez belo, rico e honrado. Agora ele gosta de se corromper e seu julgamento não é justo ; então se tornou miserável e doente. Se ele novamente julgar com retidão, será novamente como era antes. Ele não sabe que existem reis na terra. Diga a ele que deve ser justo no julgamento.”
E Gamani-canda deu todos estes recados, como foram ditos a ele. E o rei tendo resolvido todas estas questões com sua sabedoria, como Buddha onisciente, deu ricos presentes para Gamani-canda ; e a cidade em que Canda morava, deu para ele, como um presente para um brahmin e o deixou ir. Canda saiu da cidade e contou a resposta do rei aos jovens brahmins, e aos ascetas, a serpente e ao espírito d'árvore ; tirou o tesouro do lugar em que a perdiz sentava, e da árvore debaixo da qual o cervo comia, pegou os favos de mel e enviou o mel para o rei ; quebrou o cupinzeiro em que a serpente vivia e tirou o tesouro de lá ; e a jovem mulher e a mulher do amor e ao prefeito ele disse como o rei dissera a ele. Então ele voltou para sua própria cidade e morou lá enquanto viveu e depois passou sendo tratado de acordo com seus méritos. E rei face espelhada também fez ofertas e obras de caridade e finalmente após sua morte foi encher as hostes do céu.
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Quando o Mestre terminou este discurso, para mostrar que não agora apenas o abençoado é sábio mas sábio fora antes, ele declarou as verdades e identificou o Jataka : (e na conclusão das Verdades muitas pessoas entraram no Primeiro Caminho, ou no Segundo ou no Terceiro ou no Quarto :) “Naquele tempo Ananda era Gamani-Canda ; e o rei Face-espelhada era eu mesmo.”
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