segunda-feira, 16 de março de 2009

259 Buddha mestre Tiritavaccha




259
“Quando completamente só...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto vivia em Jetavana, sobre o presente de mil roupas, em como o reverendo Ananda recebeu quinhentos hábitos das mulheres da casa do rei de Kosala e quinhentos do rei mesmo. As circunstâncias estão descritas abaixo no Jataka número 157.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de um brahmin em Kasi. No dia do seu batismo chamaram-no Mestre Tiritavaccha. No tempo devido cresceu e estudou em Takkasila ( Taxila ). Casou e se estabeleceu ; a morte dos pais contudo, o afligiu tanto que se tornou um asceta e viveu em uma casa na floresta, alimentando-se de raízes e frutas da floresta.

Enquanto vivia lá, levantou-se um tumulto nas fronteiras de Benares. O rei foi para lá mas levou a pior na briga ; temendo por sua vida, ele montou um elefante e fugiu encoberto pela floresta. De manhã, Tiritavaccha saiu para catar frutos selvagens e enquanto isto o rei chegou na cabana dele.

“Uma cabana de eremita !” disse ele ; desceu do elefante , cansado do vento e do sol e sedento também ; procurou por um pote d'água, mas não encontrou nenhum. No fim de um caminho coberto ele vê um poço mas não encontra nem corda nem balde para trazer àgua. Sua sede era demasiada para aguentar ; ele tira os arreios que passavam por baixo da barriga do elefante, amarra-o na borda e desce para baixo do poço. Mas era curto o arreio ; então amarrou-o na ponta da sua roupa e desceu novamente. Ainda assim não conseguia alcançar àgua. Podia apenas tocá-la com a ponta dos seus pés : ele estava com muita sede ! “S'eu não puder aplacar minha sede,” pensou ele, “a morte mesma será doce !” Então para baixo se soltou e bebeu o quanto quis ; contudo não podia subir novamente de modo que permaneceu em pé lá no poço. E o elefante, tão bem treinado era, permaneceu de pé também, esperando pelo rei.

De tardinha, o Bodhisatva retornou,carregado de selvagens frutos e viu o elefante. “Suponho,” pensou ele, “que o rei veio ; mas não vejo nada a não ser o elefante armado. O que fazer ?” E ele se aproximou do elefante, que estava de pé e esperou por ele. Ele foi até a borda do poço e viu o rei no fundo. “Nada tema, Ó rei !” ele gritou ; então colocou uma escada e ajudou o rei a sair ; secou o corpo do rei e o ungiu com óleo ; após o que deu a ele frutos para comer e soltou a armadura do elefante. Dois ou três dias o rei descansou lá ; então foi embora, depois de fazer o Bodhisatva prometer visitá-lo.

As forças reais estavam acampadas junto da cidade ; e quando ao rei se percebeu que vinha, juntaram-se ao redor dele.

Após um mês e meio, o Bodhisatva foi a Benares e estabeleceu-se no parque. Dia seguinte ele veio ao palácio pedir comida. O rei havia aberto uma grande janela e estava olhando o jardim ; e então vendo o Bodhisatva e reconhecendo-o, desceu e saudou-o ; levou-o até um estrado e o sentou no trono debaixo do parassol branco ; deu sua própria comida para ele comer e comeu também. Depois levou-o ao jardim e fez com que um caminho coberto e uma moradia fossem feitos para ele , aparelhadas com todos os requisitos de um asceta ; então deixando um jardineiro encarregado dele, deu adeus e partiu. Após isto, o Bodhisatva fazia sua refeição na casa do rei : grande era o respeito e a honra prestada a ele.

Mas os cortesãos não conseguiam suportar isto. “Se um soldado,” disseram eles, “recebesse tal honraria, como ele se comportaria ?” Eles dirigiram-se ao vice-rei : “Meu senhor, nosso rei está elevando muito um asceta ! O que terá ele visto neste homem ? Fale com ele a respeito disto.” O vice-rei consentiu e eles foram juntos para diante do rei. E o vice-rei saudou o rei e falou a primeira estrofe :

Não há inteligência nele que possa se ver;
Não é nobre, nem amigo teu ;
Porque este eremita com três pedaços de pau
Tiritavaccha, tem comida tão boa ?

[ n. do tr.: os três pedaços de pau são para suportar a tigela]

O rei escutou. Então disse, dirigindo-se a seu filho,
“Meu filho, lembras como certa vez fui para os mangues e que fui vencido na guerra e não voltei por uns dias ?”
“Lembro,” disse ele.
“Este homem salvou minha vida,” disse o rei ; e contou a ele tudo que acontecera. “Bem, meu filho, agora que este meu salvador está comigo, não posso retribuir a ele pelo que ele fez, nem mesmo se desse a ele meu reino.” e recitou as duas estrofes seguintes :-

Quando totalmente só, na cinzenta floresta seca,
Ele, e mais ninguém, se pôs a me ajudar ;
No meu sofrimento ofereceu-me uma boa mão ;
De meio-morto, me levantou e me colocou de pé.

Retornei, com a ajuda dele apenas
Para fora das mandíbulas da morte de volta ao mundo das pessoas.
É justo recompensar tal gentileza ;
Dar uma oferta rica, sem restringir a parte dele.

Assim falou o rei, como se fizesse a lua elevar-se alta no céu ; e enquanto a virtude do Bodhisatva era declarada, do mesmo modo eram as do rei em todo lugar ; e seus recebimentos aumentaram e as honras dadas a ele. Após isto nem o vice-rei nem os cortesãos nem ninguém mais ousou dizer nada contra ele ao rei. O rei permaneceu no conselho do Bodhisatva ; e fez ofertas e obras boas e no fim foi preencher as hostes celestes. E o Bodhisatva, tendo cultivado as Perfeições e as Consecuções, tornou-se destinado ao mundo de Brahma.
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Então o Mestre adicionou, “Homens sábios do passado deram ajuda também;” e tendo assim concluído seu discurso, ele identificou o Jataka como segue : “Ananda era o rei e eu mesmo era o eremita.”

[ n. do tr.: a imagem do rei descendo o poço atrás da água da vida, nas mandíbulas da morte a própria vida buscada é larga. A imagem desta vida nas mandíbulas da morte, como na boca de leão ou nas aldravas de porta, aquela boca de dragão com a argola no meio : a argola sendo a saída no alto do poço, se estamos assim nas mandíbulas mesmas da terra e no fundo. Logo aparece a escada. Que pode ser do papai Noel na Chaminé mas que é me parece a de Jacó. Kala Mukha, T'ien ti são aqueles dragões chineses que como o Capricórnio marcariam o solstício de Capricórnio. Esta porta do sol, Janua Caeli. Cf o artigo do grande Swamy

      https://vidasdebuddha.blogspot.com.br/2015/11/janua-caeli-svayamatrnna-ananda.html ]







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