sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

254 Sariputra Corcel






254
Grama e resto de mingau...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre o Ancião Sariputra.

Certa vez aconteceu do Buddha passar a estação das chuvas em Savatthi e depois sair em peregrinação de coleta de ofertas. Na sua volta, os habitantes determinaram-se a dar boas-vindas ; e fizeram seus presentes para o Buddha e seus seguidores. Postaram o clérigo acostumado a soar a chamada para a reza, para distribuir os Irmãos entre os que chegavam, de acordo com o número dos que desejavam ajudar.

Havia uma pobre velha mulher, que preparara uma porção. Os Irmãos foram designados, alguns a este doador, outros àquele. Àurora, a pobre mulher veio até o clérigo e disse, “Indiquem-me um Irmão !” Ele respondeu, “Já distribui todos eles ; mas Ancião Sariputra ainda está no mosteiro e você pode dar sua porção a ele.” Com isto ela ficou deliciada e esperou debaixo do portão de Jetavana até que o Ancião saísse. Ela o saudou, pegou a tigela dele da mão e levando-o para a casa dela, ofereceu-o um assento.

Muitas famílias piedosas escutaram um rumor que uma velha mulher havia levado Sariputra para sentar na porta dela. Entre os que escutaram isto, estava o rei Pasenadi de Kosala. Ele imediatamente enviou a ela comidas de todos os tipos, junto com vestimentas e uma bolsa de mil dinheiros, com o pedido, “Que aquela que entretêm o padre, coloque esta roupa, gaste este dinheiro e assim entretenha o Ancião.” Do mesmo jeito que fez o rei, também fez Anatha-pindika, o jovem Anatha-pindika, a irmã leiga Visākhā (uma grande senhora), - todos enviaram o mesmo : outras famílias enviaram cem, duzentos e assim por diante, o quanto seus meios permitiam. Então em um único dia a velha mulher conseguiu a quantia de cem mil dinheiros.

Nosso Ancião bebeu o caldo que ela deu a ele, comeu a comida que ela ofereceu e o arroz que ela cozinhou ; então ele agradeceu a ela e a edificou tanto que ela se converteu. Depois ele voltou para o mosteiro.

No Salão da Verdade, os irmãos discutiram a bondade do Ancião. “Amigo, o Capitão da Fé resgatou uma velha dona de casa da pobreza. Ele foi o esteio dela. A comida que ela ofereceu, ele não desdenhou em comer.”

O Mestre entrou e perguntou o quê eles estavam conversando ali sentados. Eles disseram a ele. E ele replicou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Sariputra foi o refúgio desta velha mulher ; nem a primeira vez que ele não desdenhou de comer a comida que ela ofereceu. Ele fez o mesmo antes.” E ele contou um conto do mundo antigo.

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Aconteceu certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), que o Bodhisatva nasceu numa família de mercadores da província do Norte. Quinhentas pessoas deste país, comerciantes de cavalos, tinham o costume de levar cavalos para Benares e lá vendê-los. 

Bem, um certo comerciante tomou a estrada para Benares com quinhentos cavalos para vender. Na estrada, não distante de Benares, há uma vila, onde anteriormente vivera um rico mercador. Uma vasta residência antes ele tinha ; mas sua família foi gradualmente deixando de existir no mundo e sobrou somente uma velha mulher, que vivia na casa da família. O comerciante fez sua hospedagem pagando um certo valor, nesta casa e mantinha seus cavalos bem ao lado.

Naquele mesmo dia, abençoado com a sorte, uma égua puro-sangue dele deu a cria. Ele demorou-se dois ou três dias e então tomando seus cavalos consigo, partiu para visitar o rei. Neste momento a velha mulher pediu a ele o pagamento pela estadia na casa.

Tudo certo, mãe, te pagarei,” disse ele.

Quando você me pagar, meu filho,” ela disse então, “tendo me dado este potro, deduza o valor dele do pagamento.” O comerciante fez como ela pediu e seguiu seu caminho. A mulher amava o potro como um filho ; e ela o alimentava com arroz tostado ensopado em caldo de comidas e grama.

Algum tempo depois, o Bodhisatva, no seu caminho com quinhentos cavalos, hospedou-se nesta casa. Mas os cavalos sentiram o cheiro deste potro puro-sangue, que alimentava-se de arroz vermelho temperado e nenhum deles entrou no lugar. Então disse o Bodhisatva para a dama,
Parece que há algum cavalo no lugar, mãe ?”
Oh, meu filho, o único cavalo que há é um jovem potro que mantenho com carinho como se fosse meu filho !”
Onde está ele, mãe ?”
Saiu para pastar.”
Quando ele volta ?”
Oh, ele logo voltará.”

O Bodhisatva manteve os cavalos fora e sentou para esperar até que o potro voltasse ; e logo ele retornou da sua caminhada. Quando ele colocou os olhos no potro fino com sua barriga cheia de arroz temperado, o Bodhisatva notou suas marcas e pensou, “Este é um puro-sangue sem preço ; devo comprá-lo da velha mulher.”

Neste tempo o potro já entrara na casa e em seu próprio estábulo. Neste momento todos os cavalos foram capazes de entrar também.

Lá residiu o Bodhisatva por uns dias e tratava de seus cavalos. Então quando preparava-se para partir, “Mãe,” disse ele para a velha mulher, “deixe-me comprar este teu potro.”

O quê estais dizendo! Não se deve vender o próprio filho adotivo !”
O quê você dá de comer a ele, mãe ?”
Arroz cozido, mingau de arroz e arroz tostado ; caldo de comidas, grama e caldo de arroz para beber.”
Bem, mãe, se eu ficar com ele, o alimentarei com as comidas as mais finas ; quando ele se levantar, terá uma coberta colocada por cobertura ; e darei a ele um tapete para ficar em cima.”
Farias tudo isto, meu filho ? Então leve esta minha criança e vá, e que ele possa ser feliz !”

E o Bodhisatva pagou um preço separado por cada uma das quatro patas do potro, pelo rabo e pela cabeça dele ; seis bolsas de mil dinheiros cada ele deixou, uma para cada parte ; e vestiu a dama em roupa nova e ornou-a com ornamentos e colocou-a em frente ao potro. E o potro abriu seus olhos e olhou para sua mãe e derramou lágrimas. Ela bateu nas costas dele e disse, “Recebi a recompensa pelo que fiz por ti : vá, meu filho !” e assim ele partiu.

Dia seguinte o Bodhisatva pensou que testaria o potro, se ele conhecia seu próprio valor ou não. Então após preparar comida comum, fez com que se jogasse fora o mingau de arroz vermelho [arroz integral] , e deu a ele numa caçamba. Mas esta ele não engolia ; e recusou a tocar qualquer comida. Então o Bodhisatva para testá-lo, pronunciou o primeiro verso:-

Grama e resto de mingau achavas bom
Em tempos anteriores : por quê não comes tua comida ?

Ao escutar isto, o Potro respondeu com os dois outros versos seguintes:-

Quando alguém não conhece o próprio sangue e raça,
Restos de arroz é bom o suficiente e serve à necessidade.

Mas eu sou chefe dos corcéis, como tu sabes ;
Portanto de ti não aceitarei este alimento.

Então respondeu o Bodhisatva, “Fiz isto para testá-lo ; não fique com raiva “ ; e cozinhou comidas finas e deu a ele. Quando chegaram no jardim da corte do rei, colocou os quinhentos cavalos de um lado e do outro uma manta toda bordada e enfeitada, debaixo da qual deitou um tapete, com um dossel, pálio, por cima de tudo ; e aí alojou o potro.

O rei veio ver os cavalos e perguntou por quê este cavalo estava separado.
Ó rei,” foi a resposta, “se este cavalo não for mantido separado, ele faria com que todos se perdessem.”
É ele um belo cavalo ?” o rei perguntou.
Sim, Ó rei.”
Então deixe-me vê-lo marchar.”

O proprietário arreou o cavalo e montou. Então clareou o jardim da corte de pessoas e cavalgou com o cavalo por ele. Todo o lugar apareceu cercado com cavalos em linhas, sem intervalo !!

O Bodhisatva disse, “Veja a velocidade do meu cavalo, Ó rei !” e soltou o freio dele. 

Nenhuma pessoa conseguia vê-lo então !! Então ele amarrou uma folha vermelha nas costas do cavalo ; e eles viam apenas a folha ! Depois cavalgou com ele por cima da superfície de um lago em um certo jardim da cidade. Por cima ele foi e nem mesmo as pontas dos seus cascos se molharam. Novamente, ele galopou por cima de folhas de lótus, sem nem mesmo empurrar uma que fosse delas para dentro d'água.

Quando seu mestre tinha já assim apresentado as andaduras magníficas do seu corcel, ele desmontou, bateu palmas e deixou uma das palmas virada para cima. O cavalo subiu em cima dela e permaneceu na palma da mão do seu mestre, com suas quatro patas fechadas juntas. E o Bodhisatva disse, “Ó poderoso rei ! Nem mesmo todo o círculo do oceano seria espaço suficiente para este cavalo apresentar toda sua habilidade.” O rei ficou tão agraciado que deu a ele a metade do seu reino : o cavalo ele instalou como seu cavalo de estado, aspergindo-o com água cerimonial. Caro e precioso era para o rei e grande honra foi feita a ele ; e seu lugar de moradia foi feito como a câmara em que o rei morava, toda embelezada : o chão aspergido com todos os quatro tipos de perfumes, as paredes com guirlandas de flores penduradas ; em cima no teto um coberta de pano reluzindo com estrelas douradas ; ao redor tudo como um amável pavilhão. Uma lâmpada de óleo de essência queimava sempre ; e no lugar de dormir foi colocado um jarro dourado. Sua comida era sempre própria de um rei. E após ter chegado lá o senhorio de toda a Índia veio para as mãos deste rei. E o rei fez obras boas e ofertas de acordo com os conselhos do Bodhisatva e tornou-se destinado ao paraíso.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka : (bem, na conclusão das Verdades muitos entraram no Primeiro Caminho, ou no Segundo, ou no Terceiro) : “Naquele tempo a velha mulher era a mesma, Sariputra era o puro-sangue, Ananda era o rei e o comerciante de cavalos era eu mesmo.”











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