sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

253 Ricas bebidas e comidas...etc.


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253
Ricas bebidas e comidas...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia no santuário de Aggalava, próximo a Alavi, sobre regras para construir celas.

Alguns Irmãos que viviam em Alavi colhiam ofertas em todos os cantos, de materiais de construção de casas as quais faziam para si mesmos. Estavam sempre incutindo e exigindo ; “Dê-nos um pedreiro, dê-nos alguém que sirva de servente,” e assim por diante. 

Todos estavam incomodados com estes pedir e solicitar. Tão incomodados estavam que ao avistarem estes Irmãos, assustavam-se e os enxotavam.

Aconteceu do reverendo padre Mahakassapa entrar em Alavi e atravessar o lugar em coleta de ofertas. O povo logo que viu o Ancião, correu como se fosse um daqueles. Após a hora da refeição, tendo retornado de suas rondas, ele juntou os irmãos e assim se dirigiu a eles : “Certa vez Alavi foi um lugar importante de ofertas ; por quê está tão pobre agora ?” Disseram a ele a razão.

Bem, o Abençoado estava naquele tempo residindo no santuário de Aggalava. Até o Bento foi o Ancião e contou a ele tudo sobre o assunto. O Mestre convocou os Irmãos responsáveis pelo acontecimento. “Soube,” disse ele, “que estais construindo casas e que importunam todos para que ajudem. É vero?” Eles disseram que sim. Então o Mestre os censurou adicionando estas palavras: “Mesmo no mundo das serpentes, Irmãos, pleno como é das sete pedras preciosas, pedir assim é desagradável para as serpentes. Quanto mais para as pessoas, de quem é difícil arranjar um dinheiro tanto quanto um acender de isqueiro!” e ele contou um conto do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de um brahmin rico. Quando já tinha idade suficiente para correr por aí, sua mãe deu à luz um outro ser sábio. Ambos os irmãos, quando cresceram, ficaram tão profundamente sentidos com a morte dos pais, que tornaram-se eremitas / anacoretas e moravam em cabanas de folhas que fizeram para si numa curva do rio Ganges. O mais velho habitava mais acima do Ganges e o mais novo mais abaixo do rio.

Um dia, um Rei-Serpente ( seu nome era Manikantha, ou Garganta-de-joia ) deixou seu lugar de residência e tomando a forma de uma pessoa, andava ao longo da margem do rio até que chegou na ermida do irmão mais jovem. Ele saudou o proprietário e sentou em um dos lados. Eles conversavam agradavelmente juntos ; e tão amigos se tornaram, que não conseguiam viver separados. Cada vez mais frequentemente Garganta-de-joia vinha visitar o recluso mais novo e sentava e conversavam ; e quando ele partia, tanto ele amava o homem, que ele deixava a forma e cingia o asceta com as dobras de serpente e assim o abraçava com sua grande crista acima da cabeça dele ; assim ele ficava um pouco até que sua afeição estivesse satisfeita ; então soltava o corpo de seu amigo e despedia-se dele, retornando para sua moradia. Por medo dele, o eremita emagreceu ; tornou-se esquálido, perdeu sua cor, ficando cada vez mais amarelo e as veias saltavam da pele.

Aconteceu um dia dele prestar visita a seu irmão. “O quê, irmão,” disse ele, “te fizeste tão magro ? Como perdeste tua cor ? Por quê estais tão amarelo e tuas veias saltam para fora da pele ?”

O outro contou a ele tudo sobre.

Vamos, me diga,” disse o primeiro, “você gosta que ele venha ou não ?” “Não, não gosto.”
Bem, que ornamento o Rei-Serpente veste quando ele te visita ?”

Uma joia preciosa !”

Muito bem. Quando ele vier novamente, antes que ele tenha tempo de sentar, peça a ele que te dê a joia. Então ele partirá sem te abraçar em suas dobras serpentinas. Dia seguinte permaneça na porta e peça a ele por ela, lá ; e no terceiro dia peça a ele justo quando ele emergir do rio. Ele nunca te visitará novamente.”

O irmão mais jovem prometeu fazer isto e retornou para sua cabana. De manhã, quando a Serpente veio, enquanto ainda estava de pé lá, o eremita gritou, “Me dê sua linda joia !” A Serpente saiu fora correndo sem sentar. No dia seguinte, o eremita ficou na porta e gritou enquanto a Serpente estava vindo - “Não me deste tua linda joia ontem ! Agora ho-je deves me dar !” E a Serpente deslizou para fora sem entrar na cabana. No terceiro dia, o homem gritou justo quando a Serpente emergia d'água - “Este é o terceiro dia que te peço ela : vamos, me dê a joia !” E a Serpente, falando de seu lugar n'água, recusou, nas palavras destas estrofes:-

Plenitude de comida e bebida posso ter com esta joia
Por meio desta joia que anelas :
Pedes muito; a gema não darei ;
Nem novamente enquanto viver te visitarei.

Como rapazes que vigiam com espadas afiadas na mão,
Você me assusta quando pede minha joia,
Pedes muito - a gema não darei,
Nem mais enquanto viver te visitarei.

Com estas palavras, o Rei das Serpentes afundou dentro d'água e foi para seu próprio lugar, nunca mais retornando.

Então o asceta, não vendo mais seu lindo Rei-Serpente novamente, ficou ainda mais magro ; mais esquálido ainda, perdeu sua cor mais que antes e tornou-se mais amarelo com as veias saltando ainda mais grossas da pele !

O irmão mais velho pensou em visitar e ver como seu irmão estava se saindo. Foi até lá e o encontrou ainda mais amarelo do que antes.

Por quê, como aconteceu isto? Pior do que antes !” disse ele.

Seu irmão respondeu, “É porque nunca mais vi o amável Rei das Serpentes !”

Este eremita,” disse o mais velho, escutando a resposta dele, “não pode viver sem o seu Rei-Serpente;” e falou o terceiro verso:-

Não importunes uma pessoa cujo amor prezes,
Pois pedir te faz odioso a seus olhos.
O brahmin pediu a gema da Serpente tão duramente
Que ela desapareceu e nunca mais voltou.

Então ele aconselhou seu irmão a não se atormentar e com este consolo, o deixou e retornou para sua própria ermida. E após isto os dois irmãos cultivaram as Faculdades e as Consecuções e tornaram-se destinados ao céu de Brahma.

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O Mestre adicionou, “Assim, Irmãos, mesmo no mundo das serpentes, onde estão as sete pedras preciosas em abundância, pedir é desagradável para as serpentes : quanto mais para as pessoas!” E após ensinar a eles esta lição, ele identificou o Jataka :- “Naquele tempo, Ananda era o irmão mais jovem e o mais velho era eu mesmo.”


http://www.ancient-buddhist-texts.net/English-Texts/Manimekhalai/index.htm

  Link da história de Manimekhalai em que aparece o mesmo vaso transbordante deste Jataka 


Ananda Coomaraswamy, Yakshas, pg 40 da parte II, MM Publishers, New Delhi, 2001.

Após contar a história de Manimekhalai o autor continua a dissertar sobre o vaso transbordante “… quase toda deidade hindu é dita, em um lugar ou outro, possuir um talismã realizador de desejos, ou uma tigela inexaurível ou joia criadora, ou uma árvore do paraíso que gera todo tipo de tesouro, ou uma vaca realizadora de desejos, ou algum outro tesouro por exemplo a sankha e padma nidhis de Kuvera ; no Mahabharata, o deus do Sol doa a Kunti um prato de cobre de comida inexaurível ; no Jataka 253, um rei serpente possui uma gema preciosa que gera ‘rico e abundante alimento’ à vontade ; Kuvera, no Épico, é dito possuir uma ‘coisa amável’ que ‘doa imortalidade aos mortais fazendo cego enxergar, e restaura a juventude ao que está velho’ ; é guardado em um jarro vigiado por dragões em uma caverna muito difícil de chegar. Temos também o fato geral e muito significante da comida ou bebida dos deuses ( soma, amrta, etc ) sempre ser concebida como contida em ou bebida de um vaso especial, e.g., do copo feito para os deuses por Tvastr. Quando soma é representado na arte, é como um vaso transbordante e precisamente tal vaso repleto ou transbordante ( punnaghata, etc ) é o símbolo mais comum na Índia da abundância e também, como um símbolo das águas no Estilo Planta, é constantemente representado como uma fonte de vegetação.” 

      Daí quando da multiplicação dos pães nos evangelhos de IHS é dito estar a grama verde. Dos cestos da multiplicação brotam pães para cinco mil e para quatro mil pessoas de apenas cinco e quatro pães respectivamente : do cálice das missas todas brota pão para milhões diariamente.  Cinco pães dos sentidos e quatro pães dos elementos ( o equívoco de ouvido, verbo e nome, vista, etc ). 












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