quarta-feira, 26 de novembro de 2008

228 Buddha Sakra





228
       Três fortes...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um brahmin chamado Kamanita. As circunstâncias serão apresentadas no Jataka 467 Kama-jataka.

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[ O rei de Benares tinha dois filhos ]. E destes dois filhos o mais velho foi para Benares e tornou-se rei ; o mais jovem era o vice-rei. O quê era rei, estava entregue aos desejos de riquezas, à luxúria da carne e à ganância de ganhos.

Naquele tempo, o Bodhisatva era Sakra, rei dos deuses. E enquanto vigiava, espreitava, a Índia e observava que seu rei estava entregue a tais luxúrias, disse para si mesmo, “Vou disciplinar este rei e torná-lo humilde.” Então tomando o semblante de um brahmin jovem, foi até o rei e olhou para ele.

O quê quer este jovem companheiro ?” perguntou o rei.

Ele disse, “Grande rei, conheço três vilas, prósperas, férteis, que têm elefantes, cavalos, carroças, e infantaria em plenitude, cheia de ornamentos em ouro fino. Elas podem ser tomadas com um exército bem pequeno. Venho aqui oferecendo-me para tomá-las para ti !”

Quando partiremos, jovem ?” perguntou o rei.

A-manhã, Senhor.”

Então deixe-me agora ; a-manhã cedo partiremos.”

Boa, meu rei : apresse-se em preparar o exército !” E assim falando Sakra foi de volta para seu próprio lugar.

Dia seguinte o rei fez com que se batesse o tambor e um exército fosse aprontado ; e tendo reunido seus cortesãos, assim dirigiu-se a eles:-
Ontem um jovem brahmin veio e disse que conquistaria para mim três cidades – Uttarapañcala, Indapatra e Kekaka. Para onde agora seguiremos juntos com este homem e conquistaremos estas cidades. Chamem-no, rapidamente !”

Que lugar o senhor designou a ele que residisse ?”

Não designei lugar nenhum para ele residir,” disse o rei.

Mas destes a ele com quê pagar o alojamento ?”

Não, nem mesmo isto.”

Então como o encontraremos ?”

Procurem-no nas ruas da cidade,” disse o rei.

Eles procuraram mas não o encontraram. E chegaram diante do rei e disseram, “Ó rei, não o encontramos.”

Grande tristeza abateu-se sobre o rei. “Que glória que foi arrancada de mim !” ele gemia ; seu coração ficou quente, seu sangue entrou em desordem, disenteria o atacou, os médicos não podiam curá-lo.

Após o espaço de três ou quatro dias, Sakra meditava e tornou-se cônscio da doença dele. 

Ele disse, “Vou curá-lo” : e com semblante de brahmin foi e permaneceu na porta do rei. Fez com que fosse dito ao rei, “Um médico brahmin veio para curá-lo.”

Ao escutar isto, o rei respondeu, “Todos os grandes médicos da corte foram incapazes de me curar. Dê a ele uma gratificação e deixe-o ir.”

Sakra escutou e respondeu: “Não quero nem dinheiro para alojamento, nem pegarei gratificação por medicamento. Vou curá-lo : deixem o rei me ver !”

Então deixe-o entrar,” disse o rei, ao receber este recado. Então Sakra entrou e desejando vitória ao rei, sentou em um dos lados.

Você irá me curar ?” perguntou o rei.

Ele respondeu, “Isso mesmo, meu senhor.”

Cure-me então !” disse o rei.

Muito bom, Senhor. Diga-me os sintomas de sua doença e como ela surgiu,- o quê comeste ou bebeste, para fazê-la surgir, ou o quê escutaste ou viste.”

Caro amigo, minha doença surgiu com algo que escutei.”

Então òutro perguntou, “O quê foi que escutaste?”

Caro Senhor, veio um brahmin jovem oferecendo-me vencer e conquistar três cidades : e não dei a ele nem residência nem com quê pagar alojamento. Ele deve ter ficado zangado comigo e saiu fora procurando outro rei. Então quando pensei na grande glória que me tinha escapado, esta doença surgiu em mim ; cure, se puderes, isto que surgiu em mim devido à cobiça.” E para tornar o assunto claro, ele pronunciou a primeira estrofe:-

Três fortes, todos construídos alto em um monte,
Quero tomar, cujos nomes aqui repito:
Pañcala, Kuru, Kekaka:
E há ainda uma coisa a mais que quero -
Cure-me, Ó brahmin, eu escravo da ganância!

Então Sakra disse, “Ó rei, com medicamentos feitos com raízes, não podes ser curado, mas deves ser curado com medicamento de sabedoria:” e falou o segundo verso como segue:

Há aqueles que curam mordida de cobra preta;
O sábio pode curar feridas que demônios fazem.
O escravo da ganância nenhum médico pode sanar;
Que cura há para a alma relapsa ?

Assim falou o grande Ser para explicar sua intenção e adicionou ainda além disto : “Ó rei, o quê seria se conquistasses estas três cidades, então enquanto reinavas nestas quatro cidades, poderias vestir quatro roupas ao mesmo tempo, comer em quatro pratos dourados, deitar em quatro camas de estado ? Ó rei, não se deve ser dominado pelo desejo. Desejo é a raiz de todo mal ; quando desejo aumenta, aquele que o acalenta é jogado nos oito grandes ínferos e nos dezesseis ínferos menores e em todo tipo de miséria.” Assim o grande Ser aterrorizava o rei com medo do inferno e da desgraça e discursou para ele. E o rei, escutando este discurso, ficou livre do seu ataque cardíaco e em um momento ficou curado de sua doença. E Sakra após dar a ele instruções e estabelecê-lo na virtude, saiu para o mundo dos deuses. E o rei a partir daí fez ofertas e obras boas e passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka:- “O Irmão que é escravo dos seus desejos, era naquele tempo o rei; e eu mesmo era Sakra.”

[ n.do tr.: os nomes das três cidades referem-se a guerra reportada no 'Mahabharatha' de Vyasa ].












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