sexta-feira, 7 de novembro de 2008

222 Buddha Macaco


-->




222
Lembro-me...etc.” - Esta história foi contada enquanto no Bosque de Bambu, sobre Devadatra.

Um dia os Irmãos ficaram conversando no Salão da Verdade : “Amigo, este homem Devadatra é cruel, duro e tirânico, cheio de artifícios perniciosos contra o Supremo Buddha. Atirou uma rocha, e mesmo usou d' ajuda de Nalagiri (o elefante furioso) ; não existe nele piedade e compaixão pelo Tathāgata.”

O Mestre entra e pergunta sobre o quê falavam enquanto estavam lá sentados. Eles dizem. Então ele fala, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que Devadatra fui duro, cruel e sem misericórdia. Ele foi do mesmo jeito antes.” E contou a eles um conto do mundo antigo.

__________________


Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva tornou-se um Macaco chamado Nandiya ou Divertido ( Palhaço, Folgazão ) ; e morava na região do Himalaia ; e seu irmão mais moço levava o nome de Divertidinho. Os dois comandavam um bando de oitenta mil macacos e cuidavam da mãe cega em casa.

Deixavam a mãe na toca dela nos arbustos e saíam pelas árvores procurando frutas doces de todos os tipos na selva, as quais enviavam para ela em casa. Os mensageiros não entregaram as frutas e atormentada de fome, ela torna-se apenas pele e osso. Disse o Bodhisatva a ela, Mãe, enviamos para você uma profusão de frutas doces : então por quê estais tão magra ?”

Meu filho, não recebi nada !”

O Bodhisatva ponderou. “Enquanto cuido da horda, minha mãe morre ! Deixarei a horda e vou cuidar apenas da minha mãe.” Então chamando seu irmão, “Irmão,” diz ele, “cuida da horda e eu cuidarei de nossa mãe.”

Não, Irmão,” ele respondeu, “que interesse tenho eu em legislar uma horda ? Eu também cuidarei apenas de nossa mãe !” Então os dois sendo con-cordes e deixando a horda, desceram sua mãe do Himalaia e passam a morar em uma árvore banian na fronteira, aonde cuidavam dela.

Bem, um certo Brahmin que vivia em Takkasila ( Taxila ), recebeu sua educação de um famoso professor e após pedir licença a ele, disse que partiria. Este professor tinha o poder de adivinhar a partir dos sinais do corpo das pessoas ; e assim percebia que seu pupilo era duro, cruel e violento. “Meu filho,” disse ele, “és duro, cruel e violento. Tais pessoas não prosperam em todas as estações igualmente ; elas alcançam dor terrível e destruição medonha. Não seja duro, nem faça algo que depois se arrependa.” Com este conselho, o deixou ir.

O jovem tomou licença do professor e seguiu seu caminho para Benares. Lá casou e estabeleceu-se ; e sendo incapaz de ganhar sustento através de qualquer das artes outras, decidiu-se a viver pelo arco e flecha. Então passa a trabalhar como caçador ; e deixa Benares para ganhar seu sustento. Morando em vila na fronteira, vagava pela mata, cingido com o arco e aljava e vivia vendendo carne de todo tipo de bicho que matava.

Um dia, quando voltava para casa, após nada conseguir pegar na floresta, observa uma árvore banian que elevava-se na beira de uma clareira. “Talvez,” ele pensou, “possa haver alguma coisa aqui.” E virou o rosto para a árvore banian. Bem, os dois irmãos tinham justamente alimentado sua mãe com frutos e sentavam-se atrás dela na árvore, quando viram vir o homem. “Mesmo que ele veja nossa mãe,” disseram, “o quê ele fará ?” e esconderam-se nos galhos. Então este homem cruel, quando já havia subido na árvore e visto a macaca mãe fraca e idosa, e cega, pensou consigo mesmo, “Por quê eu voltaria de mãos vazias ? Matarei esta macaca !” e levantou o arco para acertá-la. Isto o Bodhisatva viu, e disse a seu irmão, “Divertidinho, meu caro, este homem quer matar nossa mãe ! 

Salvarei a vida dela. Quando eu estiver morto, você tome conta dela.” Assim falando, desceu saindo da árvore, e gritou, Ó homem, não mate minha mãe! Ela é cega e fraca pela idade. Salvarei a vida dela ; não a mate mas ao invés mate a mim !” e quando o outro aceitou, ele sentou em um lugar ao alcance do tiro de arco. O caçador sem piedade atinge o Bodhisatva ; quando ele já estava caído, o homem prepara seu arco para acertar a macaca mãe. Divertidinho viu isto, e pensou consigo, “Aquele caçador lá quer matar minha mãe. Mesmo que ela viva apenas um dia, ela terá recebido o dom da vida ; darei minha vida pela dela.” Concordemente, desce ele saindo da árvore e diz, Ó homem, não mate minha mãe ! Trocarei minha vida pela dela. Mate-me – leve nós dois, irmãos, e poupe a vida de nossa mãe !” O caçador consente e Divertidinho agacha-se embaixo ao alcance de um tiro de arco. O caçador acerta ele também e o mata - “Farei por minhas crianças em casa,” ele pensa – e atinge a mãe em seguida ; pendura os três em uma vara de transportar e vira o rosto para sua morada. Naquele momento um relâmpago cai na casa deste homem ruim e queima sua esposa e seus dois filhos dentro da casa : nada sobrou a não ser o telhado e um bambu em pé.

Uma pessoa encontra com ele na entrada da vila e conta a ele sobre isto. Tristeza apodera-se dele pelas perdas da esposa e filhos : solta no lugar a vara com sua caça e o arco , tira as roupas e nu vai para casa, chorando com as mãos esticadas. Então o bambu em pé quebra, e cai na cabeça dele e esmaga ela. A terra abre-se escancaradamente e chamas levantam-se do ínfero. Enquanto era tragado pela terra, pensou sobre o conselho de seu mestre : “Então era este o ensinamento que o Brahmin Pārāsariya me dera !” e lamentando pronunciou estas estrofes:

Lembro-me das palavras do meu professor : então era isto que queria dizer!
Cuide de não fazer nada que depois possa arrepender-se.

O que quer que uma pessoa faça, o mesmo encontrará para si mesma
A pessoa boa, bondade ; a má, a maldade que projetou ;
E assim nossos atos são todos sementes e produzem frutos em espécie.

Assim lamentando-se, ele desce para dentro da terra e vai viver nas profundezas dos ínferos.
__________________

Quando o Mestre terminou seu discurso, pelo qual mostrou como em outros tempos, como então agora, Devadatra foi duro, cruel, e sem misericórdia, ele identificou o Jataka nestas palavras : “Naqueles dias Devadatra era o caçador, Sāriputra era o famoso professor, Ānanda era Divertidinho, a nobre Senhora Gotami era a mãe e eu era o macaco Divertido.”








Nenhum comentário: