segunda-feira, 10 de novembro de 2008

223 Buddha Conselheiro


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223
Honra por honra...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um fazendeiro.
Tradição diz que certa vez um fazendeiro que era cidadão de Sāvatthi fez negócio com um fazendeiro do campo. Levando a esposa consigo, ele foi visitar este homem, seu devedor ; mas o devedor afirmou que não podia pagar. Òutro, com raiva, voltou para casa sem fazer o desjejum. Na estrada, algumas pessoas encontraram com ele ; e vendo como estavam famintos, deram a ele comida, pedindo que dividisse com a esposa.

Quando ele pegou a comida, ficou com inveja da parte da esposa. Então dirigindo-se a ela, disse, “Esposa, este é um antro de ladrões reconhecido, então é melhor você seguir em frente.” Tendo assim se livrado dela, ele comeu toda a comida e depois mostrando a ela o pote vazio, falou - “Olhe aqui, mulher ! Me deram um pote vazio !” Ela adivinhou que ele comeu tudo sozinho e ficou muito chateada.

Quando ambos passavam pelo mosteiro de Jetavana, decidiram entrar no parque e tomar um gole d'água. Lá estava sentado o Mestre, esperando com o propósito de vê-los, como um caçador na trilha, sentado debaixo da sombra da sua cela perfumada. Ele os saudou com gentileza, dizendo, “Irmã Leiga, o seu marido é gentil e amigo ?” “Eu o amo, senhor,” ela respondeu, “mas ele não me ama ; ficando só, noutro dia, neste dia mesmo foi dado a ele um pote de comida no caminho ; e não me deu nem um pedaço mas comeu tudo sozinho.” “Irmã Leiga, assim tem sido sempre – você amiga e gentil e ele sem amor ; mas quando com àjuda do sábio ele aprender o teu valor, ele te dará toda a honra.” Então, ao pedido dela, ele contou um conto(a) do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era o filho de um da corte do rei. Amadurecendo em idade, torna-se conselheiro nas coisas temporais e espirituais. Aconteceu do rei estar temendo pelo filho, temendo que o ferissem ; e o mandou embora. Levando a esposa, o filho partiu da cidade e chegou na cidade de Kāsi, onde passaram a morar. Logo logo morrendo o pai, o filho escutando isto, partiu de volta para Benares ; “lá receberei o reino que é meu por direito de nascença,” disse ele. No caminho alguém deu a ele um pouco de caldo de legumes, dizendo, “Coma e dê para sua esposa também.” Mas ele não deu nada para ela e comeu o caldo todo sozinho. Ela pensou - “Este realmente é um homem cruel !” e ela ficou cheia de tristeza.

Quando ele chegou em Benares e recebeu seu reino, ele fez dela rainha ; mas pensando - “Um pouco é suficiente para ela,” ele não mostra mais nenhuma consideração ou honraria, nem mesmo pergunta como ela se sente.

Esta rainha,” pensou o Bodhisatva, “serve bem ao rei e o ama ; mas o rei não gasta nem um pensamento com ela. Farei ele mostrar a ela honra e respeito.”

Ele então vai até a rainha e a saúda e fica em um dos lados. “Que queres, caro senhor ?” ela pergunta.

Senhora,” ele pergunta, “como podemos serví-la ? Não queres doar aos Padres anciãos um pedaço de roupa ou um prato de arroz ?”

Caro senhor, nunca recebo nada eu mesmo ; o quê daria para vocês ? Quando recebo, também não ofereço ? Mas atualmente o rei não me dá nada : estando só, tendo dado algo em troca, enquanto andava na estrada ele recebeu uma tigela de arroz [c/ caldo de legumes] e não me deu nem um pedaço – ele comeu tudo sozinho.”

Bom, madame, serias capaz de dizer isto na presença do rei ?”

Sim,” ela respondeu.

Muito bem então. Ho-je, quando eu estiver diante do rei, quando eu fizer minha pergunta, você dê a mesma resposta : neste mesmo dia farei conhecida a sua bondade.” Então o Bodhisatva entrou para diante da presença do rei. E ela também foi e ficou na presença do rei.

Então disse o Bodhisatva, “Madame, és muito cruel. Não deves dar aos Padres um pedaço de roupa ou um prato de comida ?” E ela respondeu, “Bom senhor, eu mesma não recebo nada do rei : o quê poderia dar para vocês ?”

Não és a rainha ?” cotejou ele.

Bom senhor,” disse ela, “de que vale o lugar de rainha quando nenhum respeito é prestado ? O quê o rei me dará agora ? Quando ele recebeu um prato de arroz na estrada, não me deu nada mas comeu tudo sozinho.” E o Bodhisatva perguntou a ele, “aconteceu isto, Ó rei ?” E o rei assentiu. Quando o Bodhisatva viu que o rei assentiu, “Então senhora,” adicionou ele, “por quê morar aqui com o rei depois dele ter se tornado rude ? No mundo, união sem amor é dor. Enquanto moras aqui, união sem amor com o rei trará sofrimento para você. Este povo honra aquele que o honra e quando alguém não é honrado – logo que vê isto, deve ir para outro lugar ; são muitos os quê vivem no mundo.”

E ele repetiu estas estrofes seguintes:-

Honra por honra, àmor, amor é devido :
Faça o bem a quem o faz a ti :
Observância cria observância ; porém é simples
Ninguém precisa ajudar àquele que não ajudará em seguida.

Retorno negligido por negligência, não permaneça
Para confortar aquele cujo amor passou.
O mundo é largo ; e quando os pássaros percebem
Que as árvores perderam seu fruto - voam para longe.

Escutando isto, o rei deu toda as honras para a rainha ; e a partir daquele momento ele moraram juntos em amizade e harmonia.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jataka :- na conclusão das Verdades o marido e a esposa entraram no Fruto do Primeiro Caminho :- “O marido e a esposa era os mesmos em ambos os casos e o sábio conselheiro era eu mesmo.” Cf. Jatakas 320 e 333.






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