terça-feira, 18 de novembro de 2008

227 Buddha espírito d'árvore


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227
Bom jogo...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto morava em Jetavana sobre um dos Irmãos.

Naquele tempo há um quilômetro de Jetavana havia uma cidade de mercadores que distribuía grande quantidade de arroz com bilhete mas onde também comidas especiais eram servidas. Lá havia um grosseirão que infernizava os jovens e noviços que chegavam para a distribuição - “Quem vai comer comida sólida? E líquida? E misturada?” E envergonhava àqueles que não sabiam responder e temiam a ele tanto que àquela vila não iam mais.

Um dia um irmão sabendo da distribuição por tickets fez a pergunta, “Há comida distribuída em tal-e-tal vila, senhor ?” “Sim, amigo,” foi a resposta, “mas há um grosseirão lá fazendo perguntas ; se não as respondes, ele abusa e xinga você. Ele é uma peste tal que ninguém se aproxima do lugar.” “Senhor,” disse òutro, “ordene-me para este lugar e o humilharei e o tornarei modesto e assim o influenciarei para que quando ver-nos após isto, incline-se a correr.”

Os irmãos concordaram e deram a ordem necessária. O sujeito anda até a vila e no portão dela coloca o hábito. O grosseirão o espreita – corre até ele como um carneiro louco, falando “Responda-me uma questão padre !” “Leigo, deixe-me primeiro entrar na vila para pegar meu caldo e então voltarei com ele para a sala de estar [no portão].”

Quando ele volta com seu alimento, o homem repete a pergunta. O irmão responde, “Deixe-me terminar meu caldo, limpar o lugar e ir buscar meu bilhete de vale-arroz.” Então ele pegou o arroz ; e colocando sua tigela nas mãos deste mesmo homem, ele disse, “Venha, agora responderei sua pergunta.” Então ele o leva para fora da vila, dobra seu hábito, coloca-o nos ombros e tomando a tigela do outro, permaneceu esperando que começasse. O homem disse, “Padre, responda-me uma pergunta.” “Muito bem, assim o farei,” disse o irmão ; e com um soco o derrubou no chão, feriu seus olhos, bateu nele, jogou poeira na cara e saiu fora com estas palavras de despedida para amedronda-lo, “Se novamente você fizer qualquer pergunta a um Irmão que venha nesta vila, eu saberei sobre isto !”

Após o quê ele passou a fugir à mera visão de um Irmão.

Logo logo tudo isto torna-se sabido na Irmandade. Um dia estavam falando sobre o assunto no Salão da Verdade : “Amigo, escutei que Irmão Tal-e-tal jogou sujeira na cara do grosseirão e o largou !” O Mestre entrou e quis saber sobre o quê falavam, lá sentados. Eles disseram. Disse ele, “Irmãos esta não é a primeira vez que este irmão joga sujeira neste homem mas ele fez justo o mesmo antes.” E então contou a eles um conto do mundo antigo.

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Certa vez, os cidadãos de Anga e Magadha que viajavam de uma terra para a outra, tinham o costume de parar numa casa nos mangues entre os dois reinos e lá bebiam bebida forte e comiam carnes de peixes e cedo de manhã atrelavam seus carros e partiam. No momento que chegaram, um besouro de esterco, levado pelo odor do estrume, veio para o lugar em que bebiam e viu um tanto da bebida derramada no chão e, sedento, bebeu dela e retornou para seu monte de estrume intoxicado. Quando ele subiu em cima o tanto de estrume úmido cedeu um pouco. “O mundo não pode surportar meu peso !” ele berrou.

 Naquele instante mesmo um Elefante enlouquecido chegou no lugar e cheirando o estrume retornou desgostado. O Besouro viu isto. “Aquela criatura lá,” ele pensou, “está com medo de mim e veja como foge ! - Devo lutar com ele !” e assim desafiou-o com a primeira estrofe:-

Bom jogo! pois ambos somos heróis: vamos tentar lutar :
Volte, volte, amigo Elefante! Por quê temes e foges ?
Deixe Magadha e Anga verem como é grande nossa bravura!

O Elefante ouviu e escutou a voz ; ele voltou para o Besouro bêbado e disse a segunda estrofe, a guisa de censura:-

Non pede, longinquave manu, non dentibus utar:
Stercore, cui stercus cura, perisse decet.

[N. do Tr.: 'utar' pode ser traduzido como 'qualquer um', 'utra', 'utrae'. 'Decet' é convir, ser conveniente. ]

E assim jogando um grande pedaço de estrume em cima dele e umedecendo tudo, matou-o lá e então (then and there) ; e galopou para a floresta, trombetando.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka :- “Naqueles dias, o grosseirão era o besouro do estrume, o Irmão em questão era o elefante e eu era o espírirto d'árvore que viu tudo daquele capão de árvores.”









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