segunda-feira, 8 de setembro de 2008

185 Buddha Professor


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185
Barrenta, enlameada...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana sobre um jovem brahmin.

Um jovem brahmin, como eles dizem, pertencente a Savatthi, aprendeu os Três Vedas e usava ensinar textos sacros a um número de jovens brahmins e kshatriyas. Com o tempo estabelece-se, homem casado. Seus pensamentos agora atarefados com as riquezas e os ornamentos, empregados e empregadas, terras e posses, gados e búfalos, filhos e filhas, ele torna-se sujeito à paixão, ao erro e à loucura. Seu entendimento é obscurecido de modo que ele esquece como repetir suas fórmulas na ordem devida e com este de vez em quando, os encantos não chegam claros a sua mente. Este homem um dia procura uma quantidade de flores e doces essências e leva-os ao Mestre no Parque em Jetavana. Após sua saudação, ele senta em um dos lados. O Mestre conversa prazerosamente com ele. “Bem, jovem Senhor, és um professor dos versos sacros. Sabe-os todos de cor(ação) ?” “Bem, Senhor, eu usava saber eles todos direto mas desde que me casei, a mente minha escureceu, e não mais os sei.” “Ah, jovem Senhor,” disse o Mestre, “justo o mesmo aconteceu antes ; no começo sua mente estava clara e sabias todos os seus versos com perfeição mas depois que sua mente foi obscurecida pelas paixões e luxúrias, não pôdes mais vê-las claramente.” Então ao pedido dele o Mestre contou a seguinte história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu na família de um brahmin magnifico. Quando cresceu, estudou com um professor famoso de Takkasila ( Taxila ), onde aprendeu todos os encantos mágicos. Após retornarem a Benares ele ensina estes encantos a um grande número de jovens brahmins e kshatriyas.

Entre estes jovens havia um jovem brahmin que aprendera os Três Vedas de cor(ação) ; tornou-se mestre no ritual ( n. do tr.: ou pode querer significar professor de aluno), e podia repetir o conjunto dos textos sacros sem tropeçar em nenhuma linha. Logo se casa e se estabelece. Aí, os cuidados da vida doméstica, emnuvece, obnubila, a mente dele e não mais consegue repetir os versos sacros.

Um dia seu professor prestou visita a ele. “Bem, jovem Senhor,” ele perguntou, “sabes todos seus versos de cor(ação) ?” “Desde que estou à testa de casa,” foi a resposta, “minha mente emnuveceu, obnubilou, e não posso repeti-los.” “Meu filho,” disse seu professor, “quando a mente está em nuvens, não importa quão perfeitamente as escrituras foram aprendidas, elas não permanecerão claras. Mas quando a mente está serena não há então esquecimento.” E daí repetiu os dois versos seguintes :-

Barrenta, enlameada água não mostrará
Peixe, concha, areia ou cascalho que jaz abaixo :
Do mesmo jeito com o entendimento embaçado :
O bem nem seu, nem do próximo, nele se vê.

Águas claras, quietas, sempre mostram
Tudo, seja peixe ou concha que jaz abaixo ;
Do mesmo jeito com entendimento desanuviado :
O bem tanto seu quanto do próximo mostra-se claramente nele.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele declarou as Verdades e identificou o Jatakas : - na conclusão das Verdades o jovem brahmin entrou na Fruição do Primeiro Caminho : -“ Naqueles dias, este jovem era o jovem brahmin ' eu o professor dele.”




184 Buddha Conselheiro


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                              ( Veluvana, Índia )

184
Graças ao cavalariço...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto no Parque, Jardim de Veluvana, sobre manter má companhia. As circunstâncias já foram contadas no Jataka  26. Novamente, como sempre antes, o Mestre disse : “Em dias idos este Irmão manteve má companhia justo como faz agora.” Então ele contou uma história antiga.

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Certa vez havia um rei chamado Sama, o Negro, reinando em Benares ( Varanasi ). Naqueles dias o Bodhisatva era uma pessoa de uma família da corte e ele cresceu tornando-se conselheiro do rei nas coisas temporais e espirituais. Bem, o rei tem um cavalo de estado chamado Pandava e seu tratador chamava-se Giridanta, um homem manco. O cavalo acostumado a olhá-lo enquanto mancava indo à frente, marcou a parada ; e sabendo ser ele seu treinador, imitava-o e claudicava também.

Alguém conta ao rei como claudica o cavalo. O rei chama veterinários. Eles examinam o cavalo mas o encontram muito bem ; e conformemente fizeram o relatório. O rei então manda chamar o Bodhisatva. “Vá,amigo,” disse ele, “e descubra do que se trata.” Ele logo descobre que o cavalo manca porque segue um tratador que claudica. Ele conta ao rei o quê era. “É um caso de má companhia,” disse ele e continuou repetindo a primeira estrofe :-

Graças ao cavalariço, pobre Pandava, está em lamentável estado :
Não se apresenta mais do jeito antigo pois necessariamente deve imitar.

Bem, e agora, meu amigo,” disse o rei, “o quê faremos ?” “Arranje um cavalariço bom,” respondeu o Bodhisatva, “e o cavalo ficará tão bom quanto sempre foi.” E falou a segunda estrofe:-

Apenas encontre um cavalariço adequado e próprio, em quem possas confiar,
Para o arrear e exercitar, o cavalo logo se emendará ;
O estado lamentável dele será corrigido ; ele imita seu amigo.

O rei fez isto. O cavalo ficou bom como antes. O rei mostra agradecimento ao Bodhisatva, ficando agraciado de ver como ele sabia mesmo os caminhos dos bichos.

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O Mestre quando este discurso terminou, identificou o Jataka : - “Devadatra era Giridanta naqueles dias ; o Irmão que mantinha má companhia era o cavalo ; o sábio conselheiro era eu mesmo.”




sexta-feira, 5 de setembro de 2008

183 Buddha e os pagens


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( Pintura de teto de Ajanta, vihara buddhista construída por Arhat Acharya, Índia )

183
Um gole miserável...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre quinhentas pessoas que comiam resto de comida.

Em Savatthi, aprendemos, haviam quinhentas pessoas que largaram a pedra de tropeço da vida mundana a seus filhos e filhas e passaram a viver unidos escutando a pregação do Mestre. Destes, alguns estavam no Primeiro Caminho, alguns no Segundo, alguns no Terceiro : mas nenhum ainda abraçara a salvação. Aqueles que convidaram o Mestre convidaram a estes também. Mas estes tinham quinhentos pagens a servi-los, para trazer escova de dentes, água de lavar a boca, guirlandas de flores ; estes rapazes usavam comer os restos de comida deles. Após sua refeição e descanso costumavam correr até o Aciravati e às margens do rio brigavam como verdadeiros Mallians (tribo de lutadores profissionais), gritando todo tempo. Mas os quinhentos irmãos leigos eram quietos, faziam muito pouco barulho, curtindo, cortejando, solitude, soledad.

Aconteceu do Mestre escutar os pagens gritando. “Que barulho é este Ananda ?” ele perguntou. “Os pagens que comem os restos da comida,” foi a resposta. O Mestre disse : “Ananda, esta não é a única vez que estes pagens alimentam-se de restos de comida e fazem um grande barulho com isto ; eles usavam fazer o mesmo em dias idos ; e então também estes irmãos leigos eram tão quietos quanto são agora.” Assim falando, ao pedido dele, o Mestre contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como o filho de um dos seus cortesãos e tornou-se conselheiro do rei em todas as coisas temporais e espirituais. Veio a mensagem ao rei de uma revolta na fronteira. O rei ordena que sejam aprontados quinhentos cavalos de batalha e um exército completo em suas quatro partes ( elefantes, cavalaria, carros e infantaria ). Com estes partiu e acalmou o levante, após o quê voltou a Benares.

Quando chega em casa, dá uma ordem, “Como os cavalos estão cansados, que eles tomem um pouco de suco como alimento, mosto de uva para beber.” Os corcéis beberam este suco delicioso e então se retiraram aos estábulos e ficaram quietos cada qual em sua baia.

Mas havia uma massa de restos, com quase todo o sumo espremido dele. Os guardadores perguntaram ao rei o quê fazer com aquilo. “Misture tudo com água,” foi a ordem, “coe numa toalha e dê aos burros que carregam a forragem dos cavalos.” Este resto de bebida os burros beberam. Enlouquecendo-os, galopam pelo jardim zurrando alto.

De uma janela aberta o rei viu o Bodhisatva e o chamou. “Olha lá ! Como estão doidos os burros só com aqueles restos ! Como zurram e saltam ! Mas os puro-sangues que beberam a bebida forte, não fazem um barulho ; estão inteiramente quietos e nem se mexem. Qual o significado disto ?” e falou a primeira estrofe :-

Um gole miserável deste, com o de bom já bebido,
Levam estes jumentos em bêbada debandada :
Os corcéis que beberam o mosto
Stand silent, não pulam nem saltam por aí.
E o Bodhisatva explicou o assunto na segunda estrofe :-
O rústico, camponês, apesar de apenas testar e provar
Logo fica bêbado e brincalhão :
O gentil mantém a cabeça concentrada
Mesmo que beba até secar a bebida mais forte.

Quando o rei escutou a resposta do Bodhisatva, fez com que retirassem os burros do jardim. Então, conformando-se aos conselhos do Bodhisatva, ele fez ofertas e obras boas até que passou sendo tratado de acordo com seus méritos.

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Quando este discurso estava terminado, o Mestre identificou o Jataka como segue :- “Naquele tempo os pagens eram os quinhentos jumentos, estes irmãos leigos eram os quinhentos puro-sangues, Ananda era o rei e o sábio conselheiro era eu mesmo.”




quinta-feira, 4 de setembro de 2008

182 Nanda Elefante


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                    Escultura de Mamalapuram / MahaBalipuram, Índia

182
Ó Elefante, tu um herói...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre Ancião Nanda.

O Mestre, no seu primeiro retorno a cidade de Kapila, recebeu na Comunidade, Príncipe Nanda, seu irmão mais novo e voltaram para Savatthi e ficaram lá. Agora Padre Nanda, lembrava como deixou sua casa e depois tomou a Tigela, na companhia do Mestre, e como Janapadakalyani olhava da janela, com seu cabelo meio escovado e dizendo -”Por quê, Príncipe Nanda sai com o Mestre ? - Volte logo, caro senhor !” - lembrando isto, eu dizia, ficou desanimado abatido e deprimido, amarelando e amarelando, e as veias saltaram para fora da pele.

Quando o Mestre se deu conta disto, pensou, “E se eu colocasse Nanda em santidade !” Seguiu para a cela de Nanda e sentou no assento que lhe era oferecido. “Bem, Nanda,” ele perguntou, “estás contente com nossos ensinamentos ?” “Senhor,” respondeu Nanda, “estou apaixonado por Janapadakalyani e não estou contente.” “Já estiveste em peregrinação no Himalaia, Nanda ?” “Não Senhor, não ainda.” “Então iremos.” “Mas, Senhor, não tenho poder taumatúrgico ; como irei ?” “Vou te levar Nanda.” Assim falando, o Mestre o levou pela mão e assim foram pelos ares.

No caminho passaram por cima de um campo queimado, terra gasta. Lá, no topo de uma árvore carbonizada, com rabo e nariz chamuscados, cabelos escorchados, vestindo cinzas, nada além da pele, toda coberta de sangue, sentada estava uma macaca. “Vês aquela macaca, Nanda ?” o Mestre perguntou. “Sim, Senhor.” “Olhe bem para ela,” disse ele. Depois ele apontou, estendendo-se por sessenta léguas, os planaltos de Manosilā, os sete grande lagos, Anotatta e o resto, os cinco grandes rios, todo o altiplano dos Himalaias com as magníficas montanhas chamadas Dourada, Prateada, de Gemas e centenas de outros lugares amáveis. Depois perguntou, “Nanda, alguma vez já viste a morada dos Trinta e Três Arcanjos ?” “Não, Senhor, nunca,” foi a resposta. “Vamos, Nanda,” disse ele, “e te mostrarei a morada dos Trinta e Três.” Com isto o levou até o Trono Amarelo ( o trono de Sakra / Indra ) e o fez lá sentar. Sakra, rei dos deuses em céus duplos, veio com sua hoste de deuses, saudando e sentando em um lado. Suas ajudantes que somavam vinte e cinco milhões e quinhentas ninfas com pés de pombas, vieram e saudaram, e sentaram de um lado. O Mestre fez Nanda olhar para estas quinhentas ninfas novamente e bastante, com desejo mesmo delas. “Nanda,” falou ele, “vês estas ninfas com pés de pombas ?” “Sim, Senhor.” “Bem, quem é mais bela - elas ou Janapadakalyani ?” “Oh, Senhor ! Como a macaca infeliz está para Janapadakalyani, proporcionalmente ela está para estas !” “Bem, Nanda, o quê farás ?” “Como é possível, Senhor, ganhar estas ninfas ?” “Vivendo como asceta, Senhor,” disse o Mestre, “pode-se ganhar estas ninfas.” O rapaz falou, “Se o Abençoado empenha sua palavra de que vida ascética faz ganhar estas ninfas, vida ascética eu vou levar.” “Concordo, Nanda, empenho minha palavra.” “Bem, Senhor,” disse ele, “não façamos deste negócio algo longo. Vamos e eu me tornarei um asceta.”

O Mestre o trouxe de volta à Jetavana. O Ancião começa a seguir vida ascética. O Mestre conta a Sariputra, o capitão da Fé, como seu irmão mais novo o fez empenhar a palavra no meio dos deuses celestes no céu dos Trinta e Três sobre as ninfas. Do mesmo jeito contou a história para Ancião Maha Moggallana, ao ancião Maha Kassapa, ao Ancião Anurudha, ao Ancião Ananda, o Tesoureiro da Fé, ao todo oitenta grandes discípulos; e então, um após outro, contou aos outros Irmãos. O Capitão da Fé, Ancião Sariputra, perguntou ao Ancião Nanda, “É vero, como escutei, amigo, que fizeste o Buddha empenhar a palavra de que tu ganharias ninfas dos deuses no céu dos Trinta e Três, passando a vida como asceta ? Então,” ele continuou, “não está tua vida santa toda dedicada ao mulherio e as luxúrias ? Se vives casto apenas por causa das mulheres, qual a diferença entre você e um trabalhador que trabalha por salário ?” Esta fala temperou todo o fogo dele e o fez sentir vergonha de si mesmo. Do mesmo modo todos os oitenta discípulos chefes, e todo o resto dos Irmãos, fizeram este valoroso padre se envergonhar. “Tenho estado errado,” pensou ele ; com toda vergonha e remorso, ele tomou coragem e passa a trabalhar para desenvolver seu insight espiritual. Logo atinge santidade. Veio ao Mestre e disse, “Senhor, eu liberto o Abençoado da sua promessa.” O Mestre falou, “Se atingiste santidade, Nanda, estou portanto livre da minha promessa.”

Quando os Irmãos escutaram isto, começaram a conversar sobre no Salão da Verdade. “Como é dócil aquele Ancião Nanda lá, com certeza ! Pois, amigo, uma palavra de conselho despertou seu senso de vergonha ; e logo começou a viver como asceta e agora é Santo !” O Mestre entrou, e perguntou sobre o que falavam. Disseram a ele. “Irmãos,” ele falou, “Nanda foi dócil antes justo como é dócil agora;” e contou a eles uma história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como um filho de treinador de elefantes. Quando cresceu, foi ensinado a ele com cuidado tudo o que pertence ao treinamento de elefantes. Ele estava ao serviço de um rei que era um inimigo do rei de Benares. Ele treinou o elefante de estado do rei até a perfeição.

O rei decide capturar Benares. Subindo no seu elefante de estado, conduziu uma grande hoste contra Benares e levantou cerco a ela. Então enviou carta ao rei da cidade: “Lute, ou se renda !” O rei escolheu lutar. Muros e portões, torres e ameias, a tudo guarneceu com grande hoste e desafiou o inimigo.

O rei hostil armado no seu elefante de estado, e vestido com armadura, pegou um chicote pesado na mão e direcionou seu animal para as guardas da cidade ; “Agora,” ele disse, “cairei como uma tempestade nesta cidade e matarei meu inimigo, e seus domínios cairão em minhas mãos !” Mas ao avistar os defensores, que jogavam lama fervendo e pedras de suas catapultas, e todos os tipos de mísseis, o elefante assustou-se para além do seu controle e não se aproximava do lugar. Com isto veio correndo o treinador, gritando, “Filho, um herói como você sente-se em casa no campo de batalha ! Em tal lugar é desgraça virar as costas !” E para encorajar o elefante, falou estes dois versos :

Ó elefante, um herói como tu, cuja casa está no campo (de batalha) :
Lá estão os portões diante de ti agora : por quê viras e foges ?

Apressa-te ! Quebre a barra de ferro e coloque abaixo os pilares !
Choque-se contra as portas, fixe-se na guerra e entres na cidade !

O Elefante escutou ; uma palavra de conselho era o suficiente para recolher-se. Serpenteando a tromba ao redor dos coruchéus dos pilares, os arrancou como se fossem moita de cogumelos : bateu-se contra os portões, quebrou as barras e forçando caminho entrou na cidade e a ganhou para seu rei.

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Quando o Mestre terminou este discurso, identificou o Jataka:- “Naqueles dias Nanda era o elefante, Ananda era o rei e o treinador era eu mesmo.”




terça-feira, 2 de setembro de 2008

181 Buddha Príncipe Sem-par


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                                                      Taxila, Paquistão. 


181
Príncipe Sem-par, hábil no ofício de arqueiro...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, sobre a Grande Renúncia. O Mestre falou, “Não apenas ho-je , Irmãos, que o Tathagata fez a Grande Renúncia : em dias outros ele também renunciou ao parassol branco da realeza, fazendo o mesmo.” E ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva foi concebido como filho da Rainha. Ela deu a luz em segurança ; e no dia do batismo deram a ele o nome de Asadisa-Kumara, Príncipe Sem-par. Quando já andava, a Rainha concebeu outro que também era um ser sábio. Este ela também deu à luz em segurança e no dia do batismo chamaram o bebê de Brahmadatra-Kumara ou Príncipe Enviado do céu.

Quando Príncipe Sem-par estava com dezesseis, ele foi para Takkasila ( Taxila ) educar-se. Lá aos pés de um professor famoso aprendeu os Três Vedas e as Dezoito Consecuções ; na ciência do arco era sem-par ; e voltou então para Benares.

Quando o rei estava em seu leito fúnebre ele ordena que Príncipe Sem-par seja rei em seu lugar e Príncipe Brahmadatra herdeiro legítimo. Então ele morreu ; após o quê a realeza foi oferecida a Sem-par, que recusou, dizendo que não tinha interesse nela. Então consagraram Brahmadatra rei com uma aspersão. Sem-par não se interessava por glória e nada queria.

Enquanto o irmão mais jovem reinava, Sem-par vivia em todo o estado real. Os escravos vieram e o caluniaram para seu irmão ; “Príncipe Sem-par quer ser rei !” eles disseram. Brahmadatra acreditou neles e deixou-se enganar ; enviou alguns homens para aprisionar Sem-par.

Um dos ajudantes do Príncipe Sem-par, conta a ele o que se passa. Ele cresce em ira contra seu irmão e sai para outro país. Quando lá chega, envia mensagem ao rei dizendo que um arqueiro chega e espera por ele. “Qual o ordenado que ele pede?” inquire o rei. “Cem mil por ano.” “Bom,” disse o rei ; “deixe-o entrar.”

Sem-par entra à presença do rei e fica esperando. “É você o arqueiro ?” pergunta o rei. “Sim, Senhor.” “Muito bem, tomarei você a meu serviço.” Após o quê Sem-par ficou à serviço deste rei. Mas os velhos arqueiros ficaram incomodados com o salário que foi dado a ele ; “Muito,” resmungaram.

Um dia aconteceu do rei sair para o parque. Lá, debaixo da mangueira, onde uma tela foi levantada junto a um certo assento cerimonial de pedra, ele reclinou em magnífica cama. Aconteceu de levantar os olhos e direto ver no topo d'árvore um cacho de manga. “É muito alto para subir,” ele pensou ; chamando os arqueiros então, perguntou a eles se poderiam cortar o cacho lá no alto com uma flecha e trazê-lo para ele. “Oh,” eles disseram, “isto não é muito para nós fazermos. Mas sua majestade já viu o suficiente de nossa habilidade. O novo arqueiro é mais bem pago que nós, e talvez devas pedir a ele que traga o fruto para baixo. “

O rei chama então Sem-par e pergunta a ele se poderia fazê-lo. “Ah, sim, sua Majestade, se eu puder escolher minha posição.” “Que posição você quer ?” “O lugar em que está sua cama.” O rei fez a cama ser removida e deu o lugar.

Sem-par não tinha arco na mão ; ele usava carregá-lo debaixo da roupa ; por isto precisava da tela. O rei ordena que a tela seja trazida e colocada para ele, e nosso arqueiro entrou. Ele se despiu da roupa branca com que se cobria todo e colocou um roupa vermelha que colava na pele ; então amarrou o cinto colocando uma roupa vermelha na cintura. De um saco retirou uma espada em peças, que armou e colocou no seu lado esquerdo. Depois colocou uma cota de malha dourada, amarrou aljava às costas e pegou seu grande arco cortado, feito de várias peças, que ele armou, fixou uma corda, vermelha como coral ; colocou um turbante na sua cabeça ; rodando a flecha com as unhas, abriu a cortina, tela, e saiu, parecendo com um príncipe serpente justo emergindo de um leito de rio. Ele foi para o lugar de tiro, colocando a flecha no arco e fez esta pergunta ao rei. “Sua Majestade,” disse ele, “devo trazer a fruta para baixo com um tiro de baixo, ou caindo de cima a flecha sobre ele ?”

Meu filho,” disse o rei, “já vi várias vezes um alvo cair com um tiro de baixo mas nunca com um caindo de cima. E melhor se você fizer a flecha cair em cima dele.”

Sua Majestade,” disse o arqueiro, “esta flecha voará alto. Até o céu dos Quatro Grandes Reis ela voará e então retornará em si mesma. Você por favor tenha paciência até que ela retorne.”

 O rei prometeu. Então o arqueiro disse novamente, “Sua Majestade, esta flecha  na subida cortará o caule exactamente no meio ; e quando voltar para baixo, não desviará nem um fio de cabelo para nenhum dos lados mas atingirá o mesmo lugar com exatidão e trará para baixo o cacho com ela.” Assim ele lançou a flecha rapidamente. Enquanto a flecha subia cortou o galho do cacho de manga exactamente no centro. No momento que o arqueiro soube que sua flecha alcançara o lugar chamado dos Quatro Grandes Reis, ele soltou outra flecha com mais velocidade que a primeira. Esta atingiu a pena da primeira flecha e a fez girar ; e ela mesma segue tão longe quanto o céu dos Trinta e Três Arcanjos. Lá as deidades a catam e a guardam.

O som da flecha caindo enquanto clivava o ar era como o som de um trovão. “Que barulho é este ?” perguntava toda pessoa. “Isto é a flecha caindo,” respondeu nosso arqueiro. Os circundantes ficaram todos aterrorizados até a morte, temendo que a flecha caísse em cima deles ; mas Sem-par confortou-os. “Nada temam,” disse ele, “cuidarei para que não caia em terra.” Para baixo vinha a flecha, sem desviar nem um fio de cabelo para nenhum dos lados mas corta com exatidão o galho do cacho de manga. O arqueiro pega a flecha com uma das mãos e a fruta com a outra, de modo que não atingiram o solo. “Nós nunca vimos tal coisa antes !” gritaram os espectadores, com esta maravilha. Como louvaram o grande homem ! Como riram e bateram palmas e dedos, milhares de lenços agitados no ar ! Em sua alegria e delícia os cortesãos deram presentes a Sem-par que amontoaram em dez milhões de dinheiros. E o rei também concedeu presentes e honras a ele como chuva copiosa.

Enquanto o Bodhisatva recebia tal glória e honra às mãos deste rei, sete reis, que souberam que não estava Príncipe Sem-par em Benares, suscitaram uma liga ao redor da cidade e convocaram o rei para ou brigar ou se render. O rei temeu em perder a vida. “Onde está meu irmão ?” ele perguntou. “Ele está a serviço de um rei vizinho,” foi a resposta. “Se meu caro irmão não vier,” ele disse, “sou um homem morto. Vá, caiam aos pés dele em meu nome, apaziguem-no e tragam-lo aqui !” Seus mensageiros foram e fizeram a viagem. Sem-par tomou licença de seu patrão e retornou a Benares. Ele confortou seu irmão e disse para nada temer ; enrolou então uma mensagem em uma flecha dizendo assim : “Eu, Príncipe Sem-par, retornei. Pretendo matá-los todos com uma flecha só que atirarei em vós. Que aqueles que se importam com a vida, escapem.” Esta flecha ele atirou de tal modo que caiu no meio de uma tigela de ouro da qual comiam os sete reis juntos. Quando leram o que estava escrito, todos fugiram, meio mortos de medo.

Assim nosso Príncipe colocou para fugir sete reis, sem derramar nem mesmo o sangue que uma pequena mosquita pode sugar ; então, olhando para seu irmão mais jovem, ele renuncia suas luxúrias e abandona o mundo, cultivando as Faculdades e Consecuções e no fim da vida foi para o céu de Brahma.

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E deste jeito,” disse o Mestre, “Príncipe Sem-par derrotou os sete reis e ganhou a batalha ; após o quê tomou vida religiosa.” Então tornando-se perfeitamente iluminado ele fala estes dois versos :

Príncipe Sem-par, hábil no ofício de arqueiro, chefe forte ele era ;
Rápido como o relâmpago solta sua flecha, ruína de guerreiros grandes.

Entre seus inimigos, que estrago ele fez ! Ainda assim não feriu um'alma ;
Ele salvou seu irmão ; e ganhou a graça do auto-controle.

Quando o Mestre termina este discurso, identifica o Jataka: “Ananda era então o irmão mais jovem e eu mesmo o mais velho.”



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

180 Buddha Asceta



   ( Pintura de Ajanta vihara buddhista construída por Arhat Acharya, Índia )

180
É difícil fazer como as pessoas boas fazem...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto em Jetavana, sobre ofertas dadas juntos. Dois amigos em Savatthi, jovens de boa posição, fizeram uma coleta, provendo todos os requisitos necessários ao Buddha e seus seguidores. Os dois convidaram a todos, providenciando ofertas durante sete dias, e no sétimo já tinham ofertados todos os requisitos. O mais velho destes saudou o Mestre e disse, sentando ao lado dele, “Senhor, entre os doadores alguns dão bastante e outros apenas um pouco ; mas que o conjunto produza fruto em abundância para todos igualmente.” Então fez a oferta. A resposta do Mestre foi : “Em dar estas coisas ao Buddha e seus seguidores, vocês, meus amigos leigos, fazem um grande gesto. Em dias idos, sábios do mesmo jeito ofertaram bondosamente e assim ofereceram presentes.” E com o pedido deles, ele contou uma história.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin de Kāsi. Quando cresceu, educou-se inteiramente em Takkasila ( Taxila ) ; após o quê renunciou ao mundo e tomou vida religiosa e com um bando de discípulos foi viver no Himalaia. Lá ele viveu bastante tempo.

Uma vez em necessidade de buscar sal e temperos, saiu em peregrinação pelo campo no curso da qual chega em Benares. Lá se estabelece no jardim do rei ; e na manhã seguinte ele e sua companhia saem em coleta de oferta numa vila do lado de fora dos portões. O povo todo ficou feliz em dar ofertas a eles. Eles se reuniram e fizeram uma coleção da coleta ; e forneceram muito para o bando de anchoritas. Após àpresentação, o representante ofereceu seu presente com as mesmas palavras que as de cima. O Bodhisatva respondeu, “Amigo, onde há fé, nenhum presente é pequeno.” E ele retorna agradecido nos versos seguintes:

É difícil fazer como as pessoas boas fazem, dar como elas podem dar,
Pessoas más dificilmente podem imitar a vida que pessoas boas vivem.

E assim, quando bem e mal, vão, passando para fora da terra,
O mal nasce no ínfero abaixo, no céu nasce o bem.

Este foi seu agradecimento. Ele ainda permaneceu no lugar por quatro meses das chuvas e então retornou para o Himalaia ; onde praticou todos os modos de meditação santa e sem uma única interrupção continuou nela até unir-se às hostes celestes.

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Quando este discurso chegou ao fim o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo,” disse ele, “a companhia de Buddha era o corpo de ascetas e eu mesmo era seu líder.”





179 Buddha outcast






179
Que migalha...etc.” - Esta história o Mestre contou quando estava em Jetavana, sobre os vinte e um caminhos ilegais de ganhar sustento.

Houve época que havia muitos Irmãos que usavam ganhar a vida como médicos, ou entregadores, fazendo errâncias à pé, trocando oferta por oferta ( n. do tr.: a ofensa em questão é partilhar oferta de um dia, recebendo semelhante dia seguinte, poupando o trabalho de coleta de ofertas diariamente.) , e fazendo coisas assim, os vinte e um chamados desregrados. Quando o Mestre descobriu que eles ganhavam sustento deste jeito, disse, “Agora existem um grande número de Irmãos que ganham sustento nos modos desregrados. Estes que ganham seu sustento assim não escaparão de nascer duendes ou espíritos sem corpo ; se tornarão bestas de tração ; nascerão nos ínferos ; para benefício e benção deles, é necessário um discurso que torne a moral limpa e livre.” Convocou então a Comunidade para uma reunião e falou, “Irmãos, não precisais ganhar o necessário através dos vinte e um métodos desregrados Comida ganha sem regra é como um pedaço de ferro em brasa, como veneno mortal. Estes métodos desregrados são condenados e censurados pelos discípulos de todos os Buddhas e Pacceka-Buddhas. Pois aqueles que comem comida ganha de modo desregrado não há riso e não há alegria. Comida ganha desse jeito, na minha religião, é como os restos de alguém da mais baixa casta. Participar dele, para um discípulo da Religião do Bem, é como participar dos restos do mais vil dos humanos.” E com estas palavras, ele contou uma história do mundo antigo.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como o filho de um homem da casta mais baixa. Quando ele cresceu, tomou a estrada com um propósito qualquer, tomando como provisão um pouco de arroz numa bolsa de palha.

Naquele tempo havia em Benares um jovem, chamado Satadhamma. Era filho de um magnífico, um brahmin do Norte. Ele também estava na estrada por um propósito qualquer mas nem arroz nem bolsa de palha ele tinha. Os dois se encontraram na auto-estrada. Disse o jovem brahmin para o outro, “Qual a sua casta ?” Ele respondeu, “A mais baixa. E qual é a sua ?” “Ah, eu sou um brahmin do Norte.” “Está certo, viajemos juntos;” e juntos viajaram. Veio a hora do almoço. O Bodhisatva sentou onde havia gostosa água, lavou suas mãos, e abriu sua bolsa de palha. “Você vai querer ?” disse ele. “Ni, ni,” disse o outro, “não quero nada, seu outcast.” “'Tá certo,” disse o Bodhisatva. Zelando para não desperdiçar, colocou o quanto queria numa folha separando do resto, fechou a bolsa de palha e comeu. Depois tomou um gole d'água, lavou seus pés e mãos limpando-se das raspas de arroz e comida.  “Continuemos, jovem Senhor,” falou ele, e recomeçaram novamente a jornada.

Andaram o dia todo ; e à tardinha ambos banharam-se numa água limpa. Quando saíram, o Bodhisatva sentou em um bom lugar, desembrulhou o pouco de comida e começou a comer. Desta vez ele não ofereceu ao outro um pouco. O jovem nobre estava cansado de ter andado o dia inteiro, e faminto até o fundo de sua alma ; lá ficou, olhando, e pensando, “Se ele me oferecer um pouco, eu pego.” mas o outro continuou comendo sem falar nada. “Este casta baixa,” pensou o jovem, “come cada pedaço sem nada falar. Bem, pedirei um pedaço ; posso ir atrás dos restos, que estão sujos, e comer as sobras.” E assim ele fez ; comeu as sobras.

 Logo que enguliu, pensou - “Eis que desgracei minhas origens, meu clã, minha família ! Pois, comi restos deixados por um miserável da mais baixa casta !” Agudo foi seu remorso ; ele vomita a comida e sangue vem com ela. “Ai, que ato repulsivo, eu cometi,” ele chorava, “tudo por causa de uma migalha !” e continuou nas palavras da estrofe primeira :

Que migalha! As sobras ! Dadas até sem a vontade dele !
E eu sou um brahmin bem nascido ! E o tanto ainda me fez ficar doente !

Assim o jovem nobre se lamentava ; adicionando, “Por quê fiz tal coisa infame apenas para sobreviver ?” E mergulhou para dentro da floresta, nunca mais deixando olho nenhum olhar para ele e lá morreu infeliz.

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Quando esta história estava terminada, o Mestre repetiu, “Justo como o jovem brahmin, Irmãos, após comer os restos de um casta baixa, descobre que nem riso nem alegria eram para ele, porque comeu comida imprópria ; do mesmo modo aquele que tendo abraçado esta salvação, ganha sustento de modos desregrados, quando come comida e suporta sua vida de um jeito que é desaprovado e censurado pelo Buddha, descobrirá que não há alegria nem riso para si-mesmo.” Então, tornando-se perfeitamente iluminado, falou a segunda estrofe:-

Aquele que vive de modo infame, que não conta se peca,
Como o brahmin da história, não tem alegria nenhuma no que ganha.

Quando seu discurso estava concluído, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jataka: - à conclusão das Verdades muitos Irmãos entraram nos Caminhos e nos Frutos destes : falando, “Naquele tempo da história eu era o outcast.”