segunda-feira, 18 de junho de 2012

446 Buddha Menino


446
Não há bulbos aqui...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre um leigo que amparava o pai.

Este homem, aprendemos, re-nasceu em uma família que passava necessidade. Após a morte da mãe, ele costumava levantar cedo de manhã e preparar os gravetos escovas de dentes e àgua para lavar a boca ; depois trabalhando por salário ou arando o campo, costumava procurar mingau de arroz e então alimentar seu pai de modo adequado a seu estado de vida. Disse seu pai a ele, “Meu filho, o que quer que deva ser feito dentro e fora de casa você faz sozinho. Deixe-me encontrar para você uma esposa e ela fará o trabalho de casa para você.” - “Pai,” disse ele, “se mulheres entrarem em casa elas não trarão paz a tua nem à minha mente. Por favor não sonhe com tal coisa ! Enquanto viveres te ampararei ; e quando faleceres, saberei o que fazer.”

Mas o pai chamou uma garota, muito contra a vontade de seu filho ; e ela cuidava do marido e do pai ; mas ela era uma criatura baixa. Bem, seu marido estava satisfeito com ela por cuidar do seu pai ; e o que quer que pudesse encontrar para agradá-la, ele trazia e dava para ela ; e ela mostrava para o sogro. Até que em determinado momento a mulher pensou, “O que quer que meu marido consegue, ele me dá e não passa nada para seu pai. Está claro que ele não liga o mínimo para ele. Devo encontrar um jeito de colocar em desacordo o velho com meu marido e assim colocá-lo para fora de casa.” Então a partir daí começou a esquentar ou esfriar muito àgua para ele e à comida salgava muito ou nada e o arroz ela servia ou muito duro ou papa ; e através deste tipo de coisa fez tudo para provocá-lo. Então, quando ele ficou irado, ela ralhou : “Quem pode cuidar de uma criatura velha desta !” disse ela e incitou a discórdia. E por todo o chão ela cuspia e provocava seu marido - “olha lá !” ela dizia, “o quê teu pai está fazendo ! Estou constantemente pedindo a ele para não fazer isto e ele só fica com raiva. Ou teu pai deixa esta casa ou eu !” O marido então respondeu, “Senhora, és jovem e podes viver onde quiseres ; mas meu pai é um senhor de idade. Se você não gosta dele podes deixar a casa.” Isto a amedrontou. Ela se jogou aos pés do velho e pediu perdão a ele, prometendo não fazer mais aquilo ; e passou a cuidar dele como antes.

O valoroso laico estava tão preocupado com as tagarelices dela que se omitiu de visitar o Mestre e escutar Seu discurso ; mas quando ela voltou a si, ele foi. O Mestre perguntou por quê ele não tinha ido escutar a pregação nestes sete ou oito dias. O homem relatou o quê aconteceu. “Desta vez,” disse o Mestre, “você recusou escutá-la e colocar teu pai para fora ; mas em tempos passados você fez o quê ela mandou ; você o levou para um cemitério e cavou para ele uma cova. Naquela hora quando você estava prestes a matá-lo, eu tinha sete anos de idade e falando sobre a bondade dos pais, evitei o parricídio. Naquele vez você me escutou e cuidaste de teu pai enquanto ele viveu e te tornaste destinado ao paraíso. Te avisei então e te aconselhei a não abandoná-lo quando chegasse em outra vida ; por causa disto você agora recusou fazer o quê a mulher te pediu e teu pai não foi assassinado.” Assim falando, com o pedido do leigo, ele contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), havia em uma família de uma certa vila de Kasi um único filho chamado Vasitthaka. Este homem amparava seus pais e após a morte da mãe, cuidava do pai como descrito na introdução. Mas havia uma diferença. Quando a mulher disse, “Olha lá ! O quê teu pai está fazendo ! Estou constantemente pedindo a ele para não fazer isto, e ele só faz se irritar !” ela continuou, “Meu senhor, teu pai é feroz e violento, pois está sempre arranjando briga. Um velho decrépito como este, atormentado pela doença, está fadado a morrer logo ; não posso viver na mesma casa que ele. Ele falecerá por si só antes que passem muitos dias ; bem, leve-o a um cemitério, cave uma cova, jogue ele lá dentro e quebre a cabeça dele com a pá ; e quando estiver morto, ponha terra em cima e o deixe lá.” Por fim, à força desta repetição em seus ouvidos, ele disse, “Esposa, matar uma pessoa é assunto sério : como posso fazer isto ?” “Te direi um jeito,” cotejou ela. - “Diga então.” - “Bem, meu senhor, ao crepúsculo do dia, vá até o lugar em que teu pai dorme ; diga a ele bem alto, para que todos possam ouvir, que um devedor dele está em uma certa vila, que você foi até lá mas que ele não pagou e que se ele morrer o sujeito nunca pagaria nada ; e diga que vocês dois vão dirigir até lá juntos de manhã. Então no momento indicado, levante-se, coloque os animais no carro e o leve ao cemitério. Quando chegar lá, enterre-o numa cova, faça barulho como se tivesse sido roubado, machuque-se, lave a cabeça e retorne.” “Está bem, seguirei este plano,” disse Vasitthaka. Ele concordou com a proposta dela e aprontou o carro para a jornada.

Bem, o pai de família tinha um filho, garoto de sete anos mas sábio e inteligente. O garoto ouviu por acaso o quê sua mãe disse, “Minha mãe,” pensou ele, “é uma mulher ruim e está tentando persuadir papai a matar o vovô. Impedirei meu pai de cometer este assassinato.”
Ele correu rapidamente e deitou ao lado do avô. Vasitthaka, no tempo que a esposa sugeriu, preparou o carro. “Venha, pai, vamos saldar aquela dívida !” disse ele, e colocou seu pai no carro. Mas o menino entrou primeiro de todos. Vasitthaka não pode impedi-lo,e então o levou também ao cemitério com eles. Então, deixando seu pai e o filho juntos num lugar separado, com o carro, ele desceu, pegou a pá e a cesta, e em um lugar escondido deles começou a cavar um buraco quadrado. O menino desceu, o seguiu, e como se ignorasse o que acontecia, começou uma conversa repetindo a primeira estrofe :

Não há bulbos aqui, nem se encontram plantas para cozinhar
Nem erva dos gatos, nem qualquer outra vegetação para comer.
Então pai, por quê este buraco, sem necessidade alguma,
Penetrando no campo da Morte no meio da mata solitária ?

Então seu pai respondeu repetindo a segunda estrofe :

Teu avô, filho, está muito velho e fraco,
Oprimido pela dor de muitas doenças :
Vou enterrá-lo em uma cova ho-je ;
Com tal modo vida não posso deixá-lo ficar.

Escutando isto, o garoto respondeu repetindo meia estrofe:

Tu estás errado em desejar isto,
E tal ato, é gesto cruel.

Com estas palavras, ele pegou a pá das mãos de seu pai e a uma distância não muito grande começou a cavar outra cova.
Seu pai se aproximando perguntou por quê cavava aquele buraco ; ao que ele respondeu terminando a terceira estrofe :

Eu também, quando tu estiveres idoso, meu pai,
Te tratarei como tratas teu pai ;
Seguindo o costume da família
Fundo em um buraco também te enterrarei.

Com isto o pai respondeu falando a quarta estrofe :

Que palavras ásperas para um garoto dizer,
E censurar o pai deste modo !
E pensar que meu próprio filho ralha comigo,
E a seu amigo mais verdadeiro seja indelicado !

Quando o pai falou assim, o sábio menino recitou três estrofes, uma a guisa de resposta e as duas outras como hino santo :

Não sou áspero meu pai nem indelicado,
Não, te vejo com mente amigável :
Mas isto que fazes, este ato de pecado, teu filho
Não terá forças para desfazer, uma vez feito.

Quem quer que, Vasittha, machuque com intenção doente
Sua mãe ou seu pai, inocentes,
Ele, quando o corpo é dissolvido, estará
No ínfero pela próxima vida indubitavelmente.

Quem quer que com bebida e carne, Vasittha,
Sua mãe e seu pai alimente, também
Ele, quando o corpo for dissolvido, irá
Para o céu em sua próxima vida, indubitavelmente.

O pai, após escutar seu filho assim discursar, repetiu a oitava estrofe :

Vejo, que não és nenhum ingrato sem coração, filho,
Mas gentil comigo, Ó meu filho ;
Foi em obediência as palavras de tua mãe
Que pensei em fazer este gesto horrível, abominável.

Disse o rapaz quando escutou isto, “Pai, mulheres, quando um erro é cometido e elas não são censuradas, novamente cometem pecado. Deves dobrar minha mãe, para que ela nunca mais novamente faça um tal ato como este.” E ele repetiu a nona estrofe :

Esta esposa tua, dama de má condição,
Minha mãe, ela que me deu à luz – esta mesma,
Vamos expelir para longe de nossa residência,
Para que não obre dano em ti também.

Escutando estas palavras do sábio menino, satisfeito ficou Vasitthaka, e disse, “Vamos meu filho !” e sentou no carro com o pai e o filho.

Bem, a mulher também, esta pecadora, estava feliz no coração ; pois, pensava ela, aquele desgraçado estava fora da casa agora. Ela emplastou o lugar com estrume seco e cozinhou um pouco de mingau de arroz. Mas enquanto sentada vigiava a estrada pela qual eles voltariam, espreitou eles vindo. “Lá está ele, de volta com o velho desgraçado !” pensou ela, com muita raiva. “UUU, inútil !” gritou ela, “trazendo de volta o desgraçado que levaste contigo !” Vasitthaka não disse nenhuma palavra mas desatrelou o carro. Depois disse, “Miserável, o quê você falou ?” Ele bateu nela e a expulsou porta afora, mandando que ela nunca mais manchasse a porta dele novamente. Depois deu banho no pai e no filho e ele mesmo também se banhou e os três comeram mingau de arroz. A mulher má morou por alguns dia em outra casa.

Então o filho disse ao pai : “Pai, com tudo isto minha mãe ainda não entendeu. Bem, vamos tentar avexá-la. Você espalhe que em tal e tal vila vive uma sobrinha sua, que te ajudará com teu pai e teu filho ; e assim você irá e buscará ela. Então pegue flores e perfumes e entre no carro e dirija pelo campo o dia todo, retornando de noitinha.” E assim ele fez. As mulheres na vizinhança da família contaram à esposa ; -”Você ouviu,” disseram eles, “que teu marido foi pegar outra esposa em tal lugar ?” “Ah, então estou acabada !” cotejou ela, “e não sobrou nenhum lugar para mim !” Mas ela iria perguntar ao filho ; rapidamente ela veio até ele e caiu aos seus pés, chorando - “A não ser você não tenho nenhum outro refúgio ! De agora em diante cuidarei de teu pai e teu avô como cuidaria de um belo santuário ! Deixe-me voltar para casa !” “Sim mãe,” respondeu o garoto, “se você não fizer novamente o quê fizeste, deixarei ; alegre-se !” e quando o pai chegou falou a décima estrofe :

Aquela esposa tua, dama de má condição,
Minha mãe, que me deu a luz – aquela mesma -
Como uma aliá domesticada, em total controle,
Deixe-a retornar, aquela alma pecadora.

Assim falou ele para seu pai e então foi e chamou sua mãe. Ela, estando reconciliada com seu marido e seu sogro, daí em diante ficou comportada e dotada de retidão e cuidava do marido e do sogro e do filho ; estes dois, rigidamente seguindo os conselhos do filho, fizeram ofertas e obras boas e tornaram-se destinados a se juntar às hostes celestes.
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O Mestre, tendo terminado este discurso, declarou as Verdades : ( na conclusão das Verdades, o filho dedicado foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho : ) então identificou o Jataka :- “Naquele tempo, pai, filho e nora eram os mesmos que os de agora e o sábio menino era eu mesmo.”




     

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