quarta-feira, 29 de agosto de 2012

452 Osadha & Amara (cont.)




   Maha ( Grande ) Osadha ainda criança conversando com os sábios de Mithila na região de Videha, Senaka, Pukkusa, Kavinda e  Devinda em pintura em Ajanta : 'no meio do quadrinho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do quadrinho'. A pintura tem milhares de anos.


452
            Osadha & Amara (cont.)
           Seguem os números das contas todas: 110, 111, 112, 170, 192, 350, 364, 387, 402, 452, 471, 500, 508, 515, 517, 528 e o próprio 546. Aqui continua a história do jataka 364 com o reencontro de Osadha e o rei que aconteceu antes da resolução das questões que a deusa do parassol branco, da abertura no centro do parrasol, propõe e que estão no Jataka 350.

Neste momento o rei, atingido por medo mortal, enviou no dia seguinte quatro dos seus cortesãos, com ordens de cada um montar numa carruagem e se dirigirem aos quatro portões da cidade e onde quer que achassem seu filho, o sábio Mah'Osadha, mostrar a ele todo respeito e rapidamente trazê-lo de volta. Três destes não encontraram o sábio mas o quarto que se dirigira para o portão sul encontrou o Grande Ser na Vila Sul, que, após juntar argila e rodar a roda do seu patrão, sentou todo sujo de barro num monte de palha comendo bolinhos de arroz mergulhados em caldo pouco. Bem, a razão para ele estar fazendo isto : ele pensava que o rei pudesse suspeitar dele querer desejar pegar o trono, o poder soberano, mas se escutasse que estava vivendo do ofício de oleiro esta suspeita seria descartada. Quando ele viu o cortesão, percebeu que o sujeito viera por causa dele ; entendeu que sua prosperidade seria restaurada e que comeria todo tipo de comida fina preparada pela senhora Amarā : largou então o bolinho de arroz que segurava, levantou-se e lavou a boca. Naquele momento o cortesão subiu até ele : este era da facção de Senaka e dirigiu-se rudemente como segue : “Sábio Professor, o quê Senaka disse era informação útil. Tua prosperidade terminada, toda tua sabedoria de nada vale ; e agora aí estás sentado todo sujo de lama num monte de palha, comendo comida como esta !” e ele recitou esta estrofe deste Jataka :

É vero, como dizem, que és de sabedoria profunda ? Então grande prosperidade, habilidade e inteligência não te servem de nada, assim levado à insignificância, enquanto comes sopa como esta ?

Então o Grande Ser disse, “Tolo cego ! Pelo poder de minha sabedoria quando quiser restaurar aquela prosperidade, eu o farei “ ; e recitou um par de estrofes.

Faço a fortuna amadurecer do infortúnio, discrimino o tempo na estação e não, ocultando-me quando com vontade ; eu destranco as portas do lucro ; portanto estou contente com bolinhos de arroz. Quando percebeu o momento do esforço, amadurecendo os ganhos pelos propósitos, produzirei valentemente qual leão e por este poder potente me verás novamente.

Então o cortesão disse: “Sábio senhor, a deidade que vive no parassol fez uma pergunta ao rei e o rei perguntou aos quatro sábios – e nenhum deles conseguiu solucionar ! Por isto o rei me enviou até você.” “Neste caso,” disse o Grande Ser,”não vês o poder da sabedoria ? Em tais épocas prosperidade não é de utilidade alguma mas só alguém que seja sábio.” Assim ele louvou sabedoria. Então o cortesão entregou ao Grande Ser mil peças de dinheiro e um conjunto de roupas fornecidos pelo rei, para que ele se banhasse e se vestisse logo. O oleiro ficou aterrorizado de pensar que Mah' Osadha o sábio era seu empregado mas o Grande ser o consolou, dizendo, “Nada tema, meu mestre, você foi de grande ajuda para mim.” Entregou então a ele mil peças ; e com as manchas de lama ainda subiu na carruagem e foi para a cidade. O cortesão contou ao rei da chegada dele. “Onde encontraste o sábio meu filho ?” “Meu senhor, ele estava ganhando sustento como oleiro na Vila Sul ; mas assim que soube que você o mandou chamar, sem se banhar, ainda com lama de argila no corpo, ele veio.” O rei pensou, “Se ele fosse meu inimigo teria vindo com séquito e pompa ; ele não é meu inimigo.” Então ele deu ordens para levá-lo e dar banho e orná-lo e pedir para ele voltar com a pompa fornecida. Isto foi feito. Ele voltou entrou saudou o rei e permaneceu em um lado. O rei falou gentilmente com ele e para testá-lo disse a estrofe :

Alguns não pecam porque são ricos mas outros não pecam por medo da mancha da culpa. És hábil se tua mente desejar muita riqueza. Por quê não me atacas ?

O Bodhisatva disse :

Sábios não pecam pelo prazer que as riquezas dão.
Homens bons mesmo atingidos pelo infortúnio rebaixados, nem por amizade nem por inimizade renunciam o direito.

Novamente o rei recitou uma estrofe, o misterioso dito de Khattiya ( Dhammapada ) :

Aquele que por qualquer causa, pequena ou grande, levanta-se de um lugar rebaixado, daí em diante andará em retidão.

E o Grande Ser recitou esta estrofe com a ilustração de uma árvore :

De uma árvore que debaixo da sombra as pessoas podem sentar e descansar,
Seria traiçoeiro cortar os galhos. Detesto falsos amigos.

Então continuou : “Senhor, se é traiçoeiro cortar o ramo de uma árvore que alguém usa, que dizer de matar uma pessoa ? Sua majestade deu a meu pai grande riqueza e me fez muitos favores : não seria traiçoeiro em te atacar ? “ Assim falando demonstrando toda sua lealdade, reprovou o rei por sua falta :

Quando uma pessoa apresenta o direito a outro, ou esclarece suas dúvidas, o outro torna-se seu protetor e refúgio ; e um sábio não destruiria esta amizade.

Agora aconselhando o rei ele disse estas duas estrofes ( // jatakas 332 e 351 ).

Detesto o leigo sensual ocioso,
O falso asceta farsante declarado
Um mal rei decidirá um caso sem escutar;
Ira no sábio nunca se justificará.

O príncipe guerreiro dá um veredicto bem pesado,
Vive a fama para sempre de um justo juiz.

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