O céu dos Trinta e três, Sakra / Indra no centro com a coroa. Pintura de Ajanta,
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“Quando não
há comida... etc.” - Esta história o Mestre contou,
enquanto residia em Jetavana, sobre um Imão que era devoto de
ofertas.
Este homem, nos é
dito, tendo escutado a pregação da Lei, a partir do
momento que abraçou a Doutrina tornou-se ávido em dar,
devoto de ofertas. Nunca comeu uma tigela cheia sem a dividir com
alguém ; nem mesmo água não bebia sem a ofertar
a outro : tão absorvido que estava em dons, presentes.
Então
começaram a falar das sua boas qualidades no Salão da
Verdade. Entra o Mestre e pergunta o quê conversavam lá
sentados. Eles disseram. Mandando chamar o Irmão, perguntou
a ele, “É vero, o quê escuto, Irmão, que és
devoto de ofertas, ávido em dar ?” Ele respondeu, “ Sim,
Senhor.” Disse o Mestre, “Muito tempo atrás, Irmãos,
este homem era sem fé e descrente ; nem mesmo uma gota de óleo
numa extremidade de folha de grama dava para alguém ; então
eu o humilhei e o converti e o tornei humilde e o ensinei a fruição
em ofertar ; e este coração com prazer em presentear
dele não o deixa nem em outra vida.” Assim falando, ele
contou uma história do passado.
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Certa vez
quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa
família rica ; e chegando na idade ele adquiriu uma
propriedade e com a morte do pai recebeu o ponto comercial dele como
mercador.
Um dia,
enquanto contabilizava sua riqueza, ele pensou, “Minha riqueza está
aqui, isto é certo, mas onde estão aqueles que a
juntaram ? Devo dispersar minha riqueza, e fazer ofertas.” Então
ele construiu uma casa de caridade e enquanto viveu deu muitos
presentes ; e quando seus dias estavam se aproximando do fim,
encarregando seu filho de não descontinuar a prática de
fazer ofertas, nasceu novamente como Sakra no céu dos Trinta e
Três. E o filho deu esmolas como o pai havia dado e
encarregando seu filho do mesmo modo nasceu como Canda, a Lua, entre
os deuses. E o filho deste tornou-se Suriya, o Sol, que deu origem a
outro que se tornou Matali o Auriga e seu filho novamente nasceu como
Pañcasikha, um dos Gandharvas, ou músicos celestiais.
Mas o sexto da linha sucessória era sem fé, de coração
duro, sem amor, avaro ; destruiu a casa de ofertas, a queimou, bateu
nos mendicantes e os mandou cuidarem da vida ; não dava nem
mesmo uma gota de óleo na extremidade de uma folha de grama.
Então
Sakra, rei dos deuses, olhou para trás, para seus atos
passados, cogitando, “Minha tradição de fazer ofertas
continua ou não ?” Ponderando ele percebeu : “ Meu filho
continuou ofertando e ele se tornou Canda ; e o filho dele é
Suriya e o filho deste é Matali e o filho deste nasceu
Pañcasikha ; mas o sexto na linhagem quebrou a tradição.”
Então este pensamento ocorreu a ele ; ele iria humilhar este
homem de pecado, e ensiná-lo a fruição em
ofertar. Ele então chamou Canda, Suriya, Matali, Pañcasikha
e disse, “Senhores, o sexto em nossa linhagem quebrou a tradição
familiar ; queimou a casa de caridade e expulsou os mendicantes ; não
dá nada para ninguém. Então vamos humilhá-lo
!” Então dirigiu-se para Benares com eles.
Naquele
momento o mercador tinha vindo de um encontro com o rei e tendo
retornado, andava para lá e para cá acima da torre do
sétimo portão, olhando para a estrada. Sakra disse aos
outros, “Vocês esperem até eu entrar e então me
sigam um após o outro.” Com estas palavras ele seguiu
adiante e parando diante do rico mercador, disse a ele, “Ei Senhor
! Dê-me algo para comer !” - “Não há nada
para você comer aqui , brahmin ; vá para outro lugar.”
- “Ei, grande Senhor ! Quando brahmins pedem comida não se
deve recusá-los !” - “Em minha casa, brahmin, não
há nem comida feita nem pronta para fazer ; vá embora
!” - “Grande Senhor, repetirei para ti um verso de poesia, -
escute.” Disse ele, “Não quero nenhuma poesia tua ; passa
fora e não fique aí parado.” Mas Sakra, sem escutar
estas palavras, recitou duas estrofes :
Quando comida não
está dentro do pote, o bom conseguirá e não
negará :
E tu estás
cozinhando ! Não seria bom que tu agora não a desse.
Aquele que é
omisso e avaro, sempre se nega a ofertar ;
Mas aquele
que ama a virtude, deve doar, aquele cuja mente é sábia.
Quando o homem escutou
isto, ele respondeu, “Bem, entre e sente ; e terás um
pouco.” Sakra entrou, falando estes versos e sentou.
Em seguida veio Canda e
pediu alimento. “Não há comida alguma para você,”
disse o homem, “Vá embora !” Ele respondeu, “Grande
Senhor, há um brahmin sentado aí dentro ; deve haver
boca livre para um brahmin, suponho, portanto vou entrar também.”
“Não há boca livre alguma para brahmin nenhum !”
disse o homem ; “Sai fora !” Então Canda disse,”Grande
Senhor, por favor escute um verso ou dois,” e repetiu duas
estrofes : ( Glosa : onde quer que um aterrorizado avaro nada dê,
aquela coisa mesma que ele teme acontece já que ele não
dá :) -
Quando medo da
fome e da sede tornam almas avaras aterrorizadas,
Neste mundo e no
próximo estes tolos deverão tudo restituir.
Portanto dê
esmolas, fuja da cobiça, a sujeira da ganância purgue
para fora,
Os gestos de
virtude das pessoas serão suporte certo no próximo
mundo.
Tendo escutado a
estas palavras também, o homem disse, “'Tá bem, entre
e e terás um pouco.” Ele entrou e sentou com Sakra. Após
esperar um pouco, Suriya veio e pediu comida repetindo duas estrofes
:
É
difícil fazer como os homens bons fazem, ofertar como eles
ofertam,
Pessoas ruins
dificilmente podem imitar a vida que homens bons vivem.
Então
quando bem e mal vão deixar a terra,
O mal nasce no
ínfero abaixo, no céu o bom tem nascimento.
O homem rico, não
vendo como sair dali, disse a ele, “Bem, venha e sente com este
brahmin e você terá um naco.” E Mātali,
após esperar um pouco, chegou e pediu comida ; e quando foi
dito a ele que não havia comida, assim que as palavras eram
pronunciadas, repetiu a sétima estrofe :
Alguns dão
tendo pouco, outros não ofertam nada apesar de terem dispensas
cheias :
Os que dão
tendo pouco, se dessem mil, não seria mais.
A ele também o
homem disse, “'Tá bem, entre e sente.” Então após
esperar um pouco, Pañcasikha chegou e pediu alimento. “Não
há nenhum, vá embora,” foi a resposta. Ele disse,
“Já visitei tantos lugares ! Deve haver boca livre para
brahmins aqui, suponho !” E ele passou a dissertar, repetindo a
oitava estrofe :
Mesmo aquele
que vive de migalhas deve ser correto,
Ofertando a
partir de um estoque pequeno, apesar de ter filhos ;
Os
cem mil que o rico doa,
Não
vale um pequeno presente de tal como aquele.
O homem rico
ponderou, escutando a fala de Pañcasikha. Então ele
repetiu a nona estrofe, questionando a explicação do
pequeno valor de tais presentes :
Por quê
um sacrifício rico e generoso
Não
é em preço igual a um presente correto
Como
que mil, que o rico oferece,
Não vale o
dom de um homem pobre ainda que pouco em tamanho ?
Em resposta Pañcasikha
recitou a estrofe conclusiva :
Alguns que
em caminhos ruins vivem
Oprimem e
matam e então dão conforto :
Seus
cruéis presentes ranzinzas são menos
Que
qualquer um dado com retidão.
Assim nem mil
do abastado pode
Igualar a
pouca oferta de tal homem.
[
n. do tr. : cabe lembrar aqui a oferta da viúva no templo de
Jerusalém à qual IHS disse ser a maior de todas apesar
de apenas duas moedinhas de cobre : era tudo que a mulher possuía.
Em plena semana santa. ]
Tendo escutado o
conselho de Pañcasikha, ele respondeu, “'Tá bem,
entre e sente ; ganharás um tico.” E ele também
entrou, e sentou com os outros.
Então o rico
mercador Bilarikosiya, acenando para uma empregada disse a ela, “Dê
àqueles Brahmins lá uma medida de arroz com casca para
cada um.” Ela trouxe o arroz e o apresentando a eles mandando que
o cozinhasse em algum lugar e comessem. “Nunca tocamos em arroz com
casca,” eles disseram. - “Mestre, eles disseram que nunca tocam
em arroz com casca !” - “Bem, então dê a eles arroz
descascado.” Ela levou então arroz descascado e pediu a eles
que o pegassem. Eles disseram, “Nada aceitamos que não
esteja cozido.” - “Senhor, eles não aceitam nada que não
esteja cozido !” - “Então cozinhe para eles a mistura do
gado numa panela e dê a eles isto.” Ela cozinhou em um a
panela uma mistura de ração de vaca e levou para eles.
Todos os cinco pegaram um pouco e colocaram na boca mas grudou na
garganta ; girando os olhos ficaram inconscientes e deitaram como
mortos. A empregada vendo isto pensou que eles faleceram e bastante
temerosa contou ao mercador, dizendo, ”Patrão, os brahmins
não podem engolir comida de vaca e morreram !” Ele pensou,
“Agora vão dizer 'Este lúbrico deu mistura de vaca
para os brahmins delicados, que não conseguiram engolir e
morreram !' Então disse para a empregada, “Vá
rápido, jogue fora a comida das tigelas deles e cozinhe uma
mistura com todo tipo de arroz mais fino.” Ela fez isto. O
mercador reuniu pessoas que passavam na estrada dentro de casa e
quando já tinha um número deles disse, “Dei a estes
brahmins comida da minha mesa mesma e eles foram gananciosos e
pegaram grandes bocados e enquanto engoliam a comida grudou na
garganta e eles morreram. Chamo vocês de testemunhas de que
estou sem culpa.” Diante da multidão assim aglomerada os
brahmins ressuscitaram e disseram encarando a multidão,
“Olhem o engano deste mercador ! Ele nos deu de sua própria
comida, disse ele ! Uma mistura de ração de gado foi
tudo que ele nos deu e depois quando jazíamos como mortos, ele
mandou preparar esta comida aí.” E eles cuspiram a comida
que travou na garganta e a mostraram. Multidão censurou o
mercador, gritando, “Tolo cego ! Você quebrou o costume da
tua família ; queimaste a casa de caridade ; os mendicantes
você pegou pelo pescoço e atirou fora ; e agora quando
estavas dando comida a estes brahmins delicados, tudo que ofereceste
foi uma mistura de ração de vaca ! Quando fores para o
outro mundo, supomos que carregarás a riqueza de tua casa
amarrada no teu pescoço !”
Neste momento,
Sakra perguntou à multidão, “Sabes de quem é
esta riqueza desta casa ?” “Não sabemos,” responderam.
Ele disse, “Vocês ouviram falar de um grande mercador de
Benares, que viveu nesta cidade uma vez e construiu a casa de
caridade e em ofertas ofereceu muito ? “ “Sim,” eles disseram,
“escutamos falar dele.” “Sou aquele mercador,” disse ele,
“e através daqueles dons tornei-me agora Sakra, rei dos
deuses ; e meu filho, que não quebrou minha traição,
tornou-se um deus, Canda ; e seu filho é Suriya e o filho
deste é Matali, e o deste Pañcasikha ; destes, aquele
lá é canda e aquele outro e Suriya e este é
Matali o auriga e este é Pañcasikha, agora um músico
celeste, antes pai daquele sujeito lascivo ! Tão poderoso é
o dom de ofertas ; portanto sábios devem agir com virtude.”
Assim falando, com vistas a expelir as dúvidas do Povo lá
reunido, eles elevaram-se nos ares e permaneceram planando, e com a
força poderosa que os circundava com uma grande hoste, seus
corpos todos acenderam de modo que toda a cidade parecia em chamas.
Então Sakra se dirigiu à multidão : “Deixamos
nossa glória celeste vindo aqui e viemos por conta deste
pecador Biļārikosiya, este
último de sua raça, o devorador de toda sua
ascendência. Por piedade dele que viemos, porque sabíamos
que este pecador quebrara a tradição de sua família
e queimara a casa de caridade e atirou fora os mendicantes pela
garganta e violou nosso costume cessando de fazer ofertas iria
renascer no ínfero.” Assim ele discursou para a multidão,
falando do potencial dos dons. Biļārikosyia
juntou as mãos em súplica e fez um voto ; “Meu
senhor, de agora em diante não quebrarei o costume familiar
mas distribuirei presentes, dons, ofertas, esmolas ; e começando
de ho-je mesmo, nunca me alimentarei sem partilhar com outro meu
suprimento, até àgua que bebo e me limpo.”
Sakra tendo
assim o humilhado e tornado abnegado e estabelecido nas Cinco
Virtudes foi para seu próprio lugar, levando os cinco deuses
consigo. E o mercador fez ofertas enquanto viveu e nasceu no céu
dos Trinta e Três.
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O
Mestre, tendo terminado seu discurso disse, “Assim, Irmãos,
este Irmão em tempos anteriores eram descrente e nunca deu nem
um pouco nem partícula para ninguém mas eu o humilhei
e o ensinei o fruto de ofertar ; e esta ideia não mais o
deixou mesmo quando entrou na outra vida.” Então ele
identificou o Jataka : “Naquele tempo o Imão generoso era o
homem rico, Sariputra era Canda, Mooggaallana era Suriya, Kaçyapa
era Matali, Ananda era Pañcasikha e eu mesmo era Sakra.”
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