sexta-feira, 3 de agosto de 2012

450 Buddha Sakra, Sariputra Canda ...etc.


                   O céu dos Trinta e três, Sakra / Indra no centro com a coroa. Pintura de Ajanta,

450
Quando não há comida... etc.” - Esta história o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana, sobre um Imão que era devoto de ofertas.
Este homem, nos é dito, tendo escutado a pregação da Lei, a partir do momento que abraçou a Doutrina tornou-se ávido em dar, devoto de ofertas. Nunca comeu uma tigela cheia sem a dividir com alguém ; nem mesmo água não bebia sem a ofertar a outro : tão absorvido que estava em dons, presentes.
Então começaram a falar das sua boas qualidades no Salão da Verdade. Entra o Mestre e pergunta o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. Mandando chamar o Irmão, perguntou a ele, “É vero, o quê escuto, Irmão, que és devoto de ofertas, ávido em dar ?” Ele respondeu, “ Sim, Senhor.” Disse o Mestre, “Muito tempo atrás, Irmãos, este homem era sem fé e descrente ; nem mesmo uma gota de óleo numa extremidade de folha de grama dava para alguém ; então eu o humilhei e o converti e o tornei humilde e o ensinei a fruição em ofertar ; e este coração com prazer em presentear dele não o deixa nem em outra vida.” Assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu numa família rica ; e chegando na idade ele adquiriu uma propriedade e com a morte do pai recebeu o ponto comercial dele como mercador.
Um dia, enquanto contabilizava sua riqueza, ele pensou, “Minha riqueza está aqui, isto é certo, mas onde estão aqueles que a juntaram ? Devo dispersar minha riqueza, e fazer ofertas.” Então ele construiu uma casa de caridade e enquanto viveu deu muitos presentes ; e quando seus dias estavam se aproximando do fim, encarregando seu filho de não descontinuar a prática de fazer ofertas, nasceu novamente como Sakra no céu dos Trinta e Três. E o filho deu esmolas como o pai havia dado e encarregando seu filho do mesmo modo nasceu como Canda, a Lua, entre os deuses. E o filho deste tornou-se Suriya, o Sol, que deu origem a outro que se tornou Matali o Auriga e seu filho novamente nasceu como Pañcasikha, um dos Gandharvas, ou músicos celestiais. Mas o sexto da linha sucessória era sem fé, de coração duro, sem amor, avaro ; destruiu a casa de ofertas, a queimou, bateu nos mendicantes e os mandou cuidarem da vida ; não dava nem mesmo uma gota de óleo na extremidade de uma folha de grama.
Então Sakra, rei dos deuses, olhou para trás, para seus atos passados, cogitando, “Minha tradição de fazer ofertas continua ou não ?” Ponderando ele percebeu : “ Meu filho continuou ofertando e ele se tornou Canda ; e o filho dele é Suriya e o filho deste é Matali e o filho deste nasceu Pañcasikha ; mas o sexto na linhagem quebrou a tradição.” Então este pensamento ocorreu a ele ; ele iria humilhar este homem de pecado, e ensiná-lo a fruição em ofertar. Ele então chamou Canda, Suriya, Matali, Pañcasikha e disse, “Senhores, o sexto em nossa linhagem quebrou a tradição familiar ; queimou a casa de caridade e expulsou os mendicantes ; não dá nada para ninguém. Então vamos humilhá-lo !” Então dirigiu-se para Benares com eles.
Naquele momento o mercador tinha vindo de um encontro com o rei e tendo retornado, andava para lá e para cá acima da torre do sétimo portão, olhando para a estrada. Sakra disse aos outros, “Vocês esperem até eu entrar e então me sigam um após o outro.” Com estas palavras ele seguiu adiante e parando diante do rico mercador, disse a ele, “Ei Senhor ! Dê-me algo para comer !” - “Não há nada para você comer aqui , brahmin ; vá para outro lugar.” - “Ei, grande Senhor ! Quando brahmins pedem comida não se deve recusá-los !” - “Em minha casa, brahmin, não há nem comida feita nem pronta para fazer ; vá embora !” - “Grande Senhor, repetirei para ti um verso de poesia, - escute.” Disse ele, “Não quero nenhuma poesia tua ; passa fora e não fique aí parado.” Mas Sakra, sem escutar estas palavras, recitou duas estrofes :

Quando comida não está dentro do pote, o bom conseguirá e não negará :
E tu estás cozinhando ! Não seria bom que tu agora não a desse.

Aquele que é omisso e avaro, sempre se nega a ofertar ;
Mas aquele que ama a virtude, deve doar, aquele cuja mente é sábia.

Quando o homem escutou isto, ele respondeu, “Bem, entre e sente ; e terás um pouco.” Sakra entrou, falando estes versos e sentou.
Em seguida veio Canda e pediu alimento. “Não há comida alguma para você,” disse o homem, “Vá embora !” Ele respondeu, “Grande Senhor, há um brahmin sentado aí dentro ; deve haver boca livre para um brahmin, suponho, portanto vou entrar também.” “Não há boca livre alguma para brahmin nenhum !” disse o homem ; “Sai fora !” Então Canda disse,”Grande Senhor, por favor escute um verso ou dois,” e repetiu duas estrofes : ( Glosa : onde quer que um aterrorizado avaro nada dê, aquela coisa mesma que ele teme acontece já que ele não dá :) -

Quando medo da fome e da sede tornam almas avaras aterrorizadas,
Neste mundo e no próximo estes tolos deverão tudo restituir.

Portanto dê esmolas, fuja da cobiça, a sujeira da ganância purgue para fora,
Os gestos de virtude das pessoas serão suporte certo no próximo mundo.

Tendo escutado a estas palavras também, o homem disse, “'Tá bem, entre e e terás um pouco.” Ele entrou e sentou com Sakra. Após esperar um pouco, Suriya veio e pediu comida repetindo duas estrofes :

É difícil fazer como os homens bons fazem, ofertar como eles ofertam,
Pessoas ruins dificilmente podem imitar a vida que homens bons vivem.
Então quando bem e mal vão deixar a terra,
O mal nasce no ínfero abaixo, no céu o bom tem nascimento.

O homem rico, não vendo como sair dali, disse a ele, “Bem, venha e sente com este brahmin e você terá um naco.” E Mātali, após esperar um pouco, chegou e pediu comida ; e quando foi dito a ele que não havia comida, assim que as palavras eram pronunciadas, repetiu a sétima estrofe :

Alguns dão tendo pouco, outros não ofertam nada apesar de terem dispensas cheias :
Os que dão tendo pouco, se dessem mil, não seria mais.

A ele também o homem disse, “'Tá bem, entre e sente.” Então após esperar um pouco, Pañcasikha chegou e pediu alimento. “Não há nenhum, vá embora,” foi a resposta. Ele disse, “Já visitei tantos lugares ! Deve haver boca livre para brahmins aqui, suponho !” E ele passou a dissertar, repetindo a oitava estrofe :

Mesmo aquele que vive de migalhas deve ser correto,
Ofertando a partir de um estoque pequeno, apesar de ter filhos ;
Os cem mil que o rico doa,
Não vale um pequeno presente de tal como aquele.

O homem rico ponderou, escutando a fala de Pañcasikha. Então ele repetiu a nona estrofe, questionando a explicação do pequeno valor de tais presentes :
Por quê um sacrifício rico e generoso
Não é em preço igual a um presente correto
Como que mil, que o rico oferece,
Não vale o dom de um homem pobre ainda que pouco em tamanho ?

Em resposta Pañcasikha recitou a estrofe conclusiva :

Alguns que em caminhos ruins vivem
Oprimem e matam e então dão conforto :
Seus cruéis presentes ranzinzas são menos
Que qualquer um dado com retidão.
Assim nem mil do abastado pode
Igualar a pouca oferta de tal homem.

[ n. do tr. : cabe lembrar aqui a oferta da viúva no templo de Jerusalém à qual IHS disse ser a maior de todas apesar de apenas duas moedinhas de cobre : era tudo que a mulher possuía. Em plena semana santa. ]

Tendo escutado o conselho de Pañcasikha, ele respondeu, “'Tá bem, entre e sente ; ganharás um tico.” E ele também entrou, e sentou com os outros.
Então o rico mercador Bilarikosiya, acenando para uma empregada disse a ela, “Dê àqueles Brahmins lá uma medida de arroz com casca para cada um.” Ela trouxe o arroz e o apresentando a eles mandando que o cozinhasse em algum lugar e comessem. “Nunca tocamos em arroz com casca,” eles disseram. - “Mestre, eles disseram que nunca tocam em arroz com casca !” - “Bem, então dê a eles arroz descascado.” Ela levou então arroz descascado e pediu a eles que o pegassem. Eles disseram, “Nada aceitamos que não esteja cozido.” - “Senhor, eles não aceitam nada que não esteja cozido !” - “Então cozinhe para eles a mistura do gado numa panela e dê a eles isto.” Ela cozinhou em um a panela uma mistura de ração de vaca e levou para eles. Todos os cinco pegaram um pouco e colocaram na boca mas grudou na garganta ; girando os olhos ficaram inconscientes e deitaram como mortos. A empregada vendo isto pensou que eles faleceram e bastante temerosa contou ao mercador, dizendo, ”Patrão, os brahmins não podem engolir comida de vaca e morreram !” Ele pensou, “Agora vão dizer 'Este lúbrico deu mistura de vaca para os brahmins delicados, que não conseguiram engolir e morreram !' Então disse para a empregada, “Vá rápido, jogue fora a comida das tigelas deles e cozinhe uma mistura com todo tipo de arroz mais fino.” Ela fez isto. O mercador reuniu pessoas que passavam na estrada dentro de casa e quando já tinha um número deles disse, “Dei a estes brahmins comida da minha mesa mesma e eles foram gananciosos e pegaram grandes bocados e enquanto engoliam a comida grudou na garganta e eles morreram. Chamo vocês de testemunhas de que estou sem culpa.” Diante da multidão assim aglomerada os brahmins ressuscitaram e disseram encarando a multidão, “Olhem o engano deste mercador ! Ele nos deu de sua própria comida, disse ele ! Uma mistura de ração de gado foi tudo que ele nos deu e depois quando jazíamos como mortos, ele mandou preparar esta comida aí.” E eles cuspiram a comida que travou na garganta e a mostraram. Multidão censurou o mercador, gritando, “Tolo cego ! Você quebrou o costume da tua família ; queimaste a casa de caridade ; os mendicantes você pegou pelo pescoço e atirou fora ; e agora quando estavas dando comida a estes brahmins delicados, tudo que ofereceste foi uma mistura de ração de vaca ! Quando fores para o outro mundo, supomos que carregarás a riqueza de tua casa amarrada no teu pescoço !”
Neste momento, Sakra perguntou à multidão, “Sabes de quem é esta riqueza desta casa ?” “Não sabemos,” responderam. Ele disse, “Vocês ouviram falar de um grande mercador de Benares, que viveu nesta cidade uma vez e construiu a casa de caridade e em ofertas ofereceu muito ? “ “Sim,” eles disseram, “escutamos falar dele.” “Sou aquele mercador,” disse ele, “e através daqueles dons tornei-me agora Sakra, rei dos deuses ; e meu filho, que não quebrou minha traição, tornou-se um deus, Canda ; e seu filho é Suriya e o filho deste é Matali, e o deste Pañcasikha ; destes, aquele lá é canda e aquele outro e Suriya e este é Matali o auriga e este é Pañcasikha, agora um músico celeste, antes pai daquele sujeito lascivo ! Tão poderoso é o dom de ofertas ; portanto sábios devem agir com virtude.” Assim falando, com vistas a expelir as dúvidas do Povo lá reunido, eles elevaram-se nos ares e permaneceram planando, e com a força poderosa que os circundava com uma grande hoste, seus corpos todos acenderam de modo que toda a cidade parecia em chamas. Então Sakra se dirigiu à multidão : “Deixamos nossa glória celeste vindo aqui e viemos por conta deste pecador Biļārikosiya, este último de sua raça, o devorador de toda sua ascendência. Por piedade dele que viemos, porque sabíamos que este pecador quebrara a tradição de sua família e queimara a casa de caridade e atirou fora os mendicantes pela garganta e violou nosso costume cessando de fazer ofertas iria renascer no ínfero.” Assim ele discursou para a multidão, falando do potencial dos dons. Biļārikosyia juntou as mãos em súplica e fez um voto ; “Meu senhor, de agora em diante não quebrarei o costume familiar mas distribuirei presentes, dons, ofertas, esmolas ; e começando de ho-je mesmo, nunca me alimentarei sem partilhar com outro meu suprimento, até àgua que bebo e me limpo.”
Sakra tendo assim o humilhado e tornado abnegado e estabelecido nas Cinco Virtudes foi para seu próprio lugar, levando os cinco deuses consigo. E o mercador fez ofertas enquanto viveu e nasceu no céu dos Trinta e Três.
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O Mestre, tendo terminado seu discurso disse, “Assim, Irmãos, este Irmão em tempos anteriores eram descrente e nunca deu nem um pouco nem partícula para ninguém mas eu o humilhei e o ensinei o fruto de ofertar ; e esta ideia não mais o deixou mesmo quando entrou na outra vida.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o Imão generoso era o homem rico, Sariputra era Canda, Mooggaallana era Suriya, Kaçyapa era Matali, Ananda era Pañcasikha e eu mesmo era Sakra.”




         

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