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“Amigo Harita...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana relativa a um Irmão descontente. Bem, este Irmão após ver uma mulher elegantemente vestida ficou descontente e deixou os cabelos e as unhas crescerem e desejou retornar para o mundo. E quando foi levado contra sua vontade por seus professores e preceptores até o Mestre e foi questionado por Ele se era verdade que se tornara relapso, e se sim por quê, ele disse, “Sim, vossa Reverência, é devido ao poder da paixão pecadora, após ver uma mulher bela.” O Mestre disse, “Pecado, Irmão, destrói a virtude e sendo insípido também, leva um ser humano a re-nascer nos ínferos ; e por quê não seria este pecado causa da tua destruição? Pois o furacão que atinge Monte Sineru não se intimida em levar uma folha seca. Mas devido a este pecado, pessoas que andam de acordo com o conhecimento e a sabedoria e adquiriram as cinco Faculdades ( confiança / fé ; força ; consciência ; concentração ; sabedoria ) e as oito Consecuções ( yama, nyama, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi ) , apesar de serem pessoas grandes e santas, sendo incapazes de fixar seus pensamentos, caíram da meditação mística.” E então ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ),o Bodhisatva nasceu em uma certa vila em uma família brahmin rica de oitocentos milhões e devido a seu aspecto dourado o chamaram Harittacakumara ( Jovem Pele Dourada ). Quando ele estava crescido e já educado em Takkasila ( Taxila ), estabeleceu-se como dono de casa e com a morte de seu pai e de sua mãe fez a inspeção de seus tesouros e pensou, “O tesouro apenas continua a existir mas aqueles que o produziram deixaram de existir : eu também serei reduzido àtomos com a morte,” e assustado com o medo da morte ele fez grandes ofertas e entrando na região do Himalaia adotou a vida religiosa e no sétimo dia assumiu as Faculdades e as Consecuções. Lá por um longo tempo ele viveu de raízes e frutos selvagens e descendo da montanha em busca de sal e vinagre, no devido tempo chegou em Benares / Varanasi . Lá fixou residência no parque real e no dia seguinte indo à coleta de ofertas, chegou na porta do palácio do rei. O rei ficou tão feliz em vê-lo que mandou chamá-lo e o fez sentar no sofá real à sombra do parassol branco, o alimentou com todos os tipos de comida e bastante agradecido perguntou a ele, “Reverendo Senhor, para onde vais ?” “Grande Rei, procuro por uma residência para a estação das chuvas.” “Muito bem, Reverendo Senhor,” ele disse, e após a refeição da manhã acompanhou-o até o parque, fez contruir quartos para ele, para o dia e para a noite, designou um guardião para o parque como ajudante dele, o saudou e partiu. O Grande Ser a partir de então alimentava-se no palácio e viveu lá por doze anos.
Bem, um dia o rei foi acalmar um distúrbio na fronteira e designou o Bodhisatva para tomar contar da rainha, dizendo, “Não negligencie 'Campo de Mérito' “ ( parece ser este o nome da rainha ). Daí em diante ela atendia o Grande Ser com suas próprias mãos.
Bem, um dia ela preparou a comida dele e como ele demorava a chegar, foi tomar banho com água perfumada e colocou uma túnica de tecido fino e abrindo a treliça deitou-se num sofá pequeno deixando o vento bater em seu corpo. E o Bodhisatva mais tarde do dia, vestido em bons hábitos e mantos, pegou sua tigela e andando pelos ares chegou na janela. Quando a rainha levantou-se assustada com o farfalhar dos grossos hábitos dele, o robe de tecido fino caiu dela. Um extraordinário objeto dos sentidos atingiu o olho do Grande Ser. Então o sentimento de pecado, que havia habitado por incontáveis eras no coração dele, surgiu como uma cobra descansando em uma caixa e colocou para fora sua meditação mística. Sendo incapaz de fixar seus pensamentos, ele foi e pegou a mão da rainha e daí em diante estenderam uma cortina ao redor deles. Após o adultério, ele se alimentou um pouco e retornou para o parque. E todo dia daí em diante ele agiu do mesmo modo.
O mal comportamento dele espalhou-se por toda a cidade. Os ministros do rei enviaram uma carta a ele dizendo, “Harita o asceta, age assim e assim.”
O rei pensou, “Eles falam isto porque estão ansiosos em nos separar,” e não acreditou. Quando ele pacificou o país na fronteira retornou para Benares e após marchar em procissão solene ao redor da cidade, foi até a rainha e perguntou a ela , “É verdade que o asceta santo Harita prevaricou contigo ?” “É verdade, meu senhor.” Ele não acreditou nela também e pensou, “Vou perguntar a ele mesmo,” e indo até o parque saudou-o e sentando respeitosamente em um dos lados falou a primeira estrofe perguntando :
Amigo Harita, ouvi frequentemente dito
Uma vida pecadora leva sua Reverência ;
Creio não haver verdade alguma neste relato,
E tu és inocente em gesto e pensamento ?
Ele pensou, “S'eu disser que não sou indulgente com pecado, este rei acreditaria em mim mas neste mundo não há chão mais seguro que falar a verdade. Aqueles que abandonam a verdade, ainda que sentem no recinto sagrado d'árvore Bo, não podem atingir Buddhidade. Preciso apenas falar a verdade.” Em certos casos um Bodhisatva pode destruir a vida, tomar o quê não foi dado, cometer adultério, beber bebida forte, mas ele não pode falar uma mentira, atendendo ao engano que viola a realidade das coisas. Com isto falando a verdade apenas ele pronunciou a segunda estrofe :
Em maus caminhos, grande rei, como escutaste,
Pego pelas artes ilusórias do mundo, errei.
Escutando isto o rei falou a terceira estrofe :
Vã é a mais profunda sabedoria humana para dispersar
As paixões que em seu íntimo crescem
Então Harita apontou para ele o poder do pecado e falou a quarta estrofe :
Existem quatro paixões no mundo, grande rei,
Que em seu poder são dominantes :
Luxúria, ódio, excesso e ignorância são seus nomes ;
Conhecimento não pode aqui, clamar posição segura.
O rei escutando isto falou a quinta estrofe :
Dotado de santidade e intelecto
O santificado Harita ganha nosso respeito.
Então Harita falou a sexta estrofe :
Maus pensamentos, com vícios prazerosos se combinados,
Corrompem o sábio à santidade inclinado.
O rei então encorajando-o a atirar para fora a paixão pecadora, falou a sétima estrofe :
A beleza que dos corações mais puros deve brilhar
Está desfigurada pela luxúria, nascida desta mortal estrutura ;
Fora com ela e bençãos devem ser tuas,
E multidões tua sabedoria proclamar.
Então o Bodhisatva recobrou o poder de concentrar seu pensamento e observando a miséria do desejo pecaminoso, falou a oitava estrofe :
Já que paixões cegas produzem amargos frutos,
Todo crescer da luxúria agora pela raiz corto.
Assim falando ele pediu licença ao rei e tendo ganho seu consentimento entrou em sua cabana de eremita e fixando o olhar no círculo místico entrou em transe, saiu da cabana e sentando de pernas cruzadas nos ares ensinou ao rei a verdadeira doutrina e disse, “Grande rei, incorri em censura no meio do povo porque minha residência está em lugar que não devia. Mas estejas tu vigilante. Agora voltarei para alguma floresta livre de toda infecção feminina.” E no meio de lágrimas e lamentações do rei ele retornou para o Himalaia e sem cair da sua meditação mística ele entrou no mundo de Brahma.
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O Mestre sabendo da história toda disse :
Assim Harita com coragem sustentou a reta verdade,
E luxúria abandonando subiu para ao mundo de Brahma.
E tendo em sua Perfeita Sabedoria falado esta estrofe, declarou as Verdades e identificou o Jataka : - Na conclusão das Verdades o Irmão com a mente mundana atingiu santidade : - “Naquele tempo o rei era Ananda e Harita era eu mesmo.”
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