quarta-feira, 6 de outubro de 2010

418 Buddha Asceta



                       Buddha de Taxila ( Takkasilla ), Paquistão.

418
“Um lago tão fundo...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo a um som terrível indistinto escutado à meia noite pelo rei de Kosala. A ocasião é semelhante àquela já descrita no Jataka 314. Desta vez contudo, quando o rei disse, “Senhor, o que estes sons significam para mim ?” o Mestre respondeu, “Grande rei, não tenha medo : nenhum perigo te ameaça devido a estes sons : tais terríveis sons indistintos não foram escutados por você apenas : reis antigos também escutaram sons semelhantes e pretendia seguir o conselho de brahmins e oferecer em sacrifício quatro animais de cada espécie mas após escutar o quê sábios tinham a dizer, eles libertaram os animais reunidos para o sacrifício e proclamaram pelo tambor o fim de toda execução e morte” : e com o pedido do rei, ele contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu em uma família brahmin rica de oitocentos milhões. Quanndo ele cresceu aprendeu as artes em Takkasila ( Taxila ). Após a morte de seus pais ele reviu todos seus tesouros, livrou-se de toda sua riqueza ofertando-a em caridade, abandonou desejos, foi para o Himalaia e tornou-se asceta, entrando em meditação mística. Depois de um tempo ele veio ao ambiente dos humanos em busca de sal e vinagre, e chegando em Benares, permaneceu em um jardim. Naquele tempo o rei de Benares quando sentado em sua cama real à meia noite, escutou oito sons :- primeiro, uma siriema piou em um jardim próximo ao palácio ; segundo, imediatamente após a siriema, um corvo fêmea fez um barulho no portão do estábulo dos elefantes ; terceiro, um inseto no pico do palácio fez barulho ; quarto, um cuco domesticado do palácio fez barulho ; quinto, um cervo domesticado no mesmo lugar ; sexto, um macaco domesticado lá ; sétimo, um duende que vivia no palácio ; oitavo, imediatamente após o último, um paccekabuddha, passando pelo telhado da habitação do rei para o jardim, pronunciou um som de sentimento enstático. O rei ficou aterrorizado ao escutar estes oito sons e no dia seguinte consultou os brahmins. Os brahmins disseram, “Grande rei, há perigo para você : devemos oferecer sacrifício do lado de fora do palácio” ; e pegando a licença dele para fazer o que quiserem, eles foram alegres e felizes e começaram o trabalho do sacrifício. Bem, um jovem pupilo do brahmin de sacrifical mais velho, era sábio e escolado : ele disse a seu mestre, “Mestre, não faça tal matança cruel e sanguinária de tantas criaturas.” “Pupilo, que entendes disto ? Mesmo que nada aconteça, devemos conseguir peixe e carne para comer.” “Mestre, não faça, por causa do estômago, uma ação que te fará renascer nos ínferos.” Escutando isto, os outros brahmins ficaram irados com o pupilo por estar ameaçando os ganhos deles. O pupilo temeroso disse, “Muito bem, encontre um meio de conseguir peixe e carne para comer,” e deixou a cidade procurando algum pio asceta capaz de prevenir o rei de sacrificar. Ele entrou no jardim real e vendo o Bodhisatva, o saudou e disse, “Não tens compaixão das criaturas ? O rei ordenou um sacrifício que trará morte a muitas criaturas : não devias trazer livramento a uma tal multidão ?” “Jovem brahmin, não conheço o rei desta terra, nem ele a mim.” “Senhor, sabes qual será a consequência destes sons que o rei escuta ?” “Sei.” “Se sabes, por quê não dizes ao rei ?” “Jovem brahmin, como posso ir com um chifre amarrado na minha testa ( imagem do orgulho ) e dizer, 'Eu sei' ? Se o rei vier aqui me perguntar, direi a ele.” O jovem brahmin foi rapidamente até a corte real e quando foi perguntado qual era o assunto, ele disse, “Grande rei, um certo asceta sabe o problema daqueles sons que escutas : ele está sentado no assento real do seu jardim e diz que te dirá se perguntares a ele : devias fazer isto.” O rei foi rapidamente, saudou o asceta e após palavras amigáveis sentou e perguntou, “É verdade que você sabe o problema dos sons qu'eu escuto ?” “Sim, grande rei.” “Prego, então me diga.” “Grande rei, não há perigo algum conectado a estes sons : há uma certa siriema em teu velho jardim ; estava sem comida, meia morta de fome e fez o primeiro som :” e então através de seu conhecimento, dando o significado preciso da fala da siriema, pronunciou a primeira estrofe :-

Um lago tão fundo e cheio de peixe chamam este lugar antigo,
Residência do rei siriema, ele foi, meu velho ancestral :
E apesar de ho-je vivermos de sapos, nunca largamos esta praia

“Este, grande rei, era o som que a siriema fez nos estertores da fome : se queres livrá-la da fome, limpe o jardim e encha o tanque de água.” O rei disse a um ministro para que se fizesse isto. “grande rei, há um corvo fêmea que vive no portão do estábulo de elefantes : ela fez o segundo som, chorando por seu filho : nada deves temer dai,” e então ele falou a segunda estrofe :-

Oh ! Quem do fraco Bandhra ? O olho único rasgará
De meu ninho, meus filhotes e de mim mesma oh! quem será amável ?

Então ele perguntou ao rei pelo nome do cavalariço chefe no estábulo de elefantes. “Seu nome, senhor, é Bandhura.” “Ele tem um olho único apenas, Ó rei ?” “Sim, senhor.” “Grande rei, um certo corvo fêmea construiu seu ninho no portão do estábulo de elefantes ; lá ela depositou seus ovos, lá no tempo devido seus filhotes chocaram : sempre que o cavalariço entra ou sai do estábulo em seu elefante, ele bate com o chicote no corvo e nos filhotes e destrói o ninho : o corvo fêmea em seu sofrimento deseja rasgar o olho único dele e fala deste jeito. Se queres o bem dela, mande chamar Bandhura e peça-o para não destruir o ninho.” O rei mandou chamá-lo, censurou-o e mudou-ode lugar e deu o elefante para outro.

“No pico do telhado do palácio, grande rei, há um inseto da madeira ; ele já comeu toda a madeira de figueira lá e não consegue comer mais madeira dura : sem comida e incapaz de sair, ele faz o terceiro som em lamentação : nada deves temer dai :” e então através de seu conhecimento dando o significado preciso do som do inseto, falou a terceira estrofe :-

Já comi toda a figueira ao redor até onde ela vai :
Madeira dura cupim não gosta, e outra comida está escassa.

O rei enviou um empregado e de um modo ou outro livrou o cupim.
“Em tua residência, grande rei, há um certo cuco domesticado ?” “Há , senhor.” “Grande rei, este cuco pinha pela floresta quando lembra sua vida anterior, 'Como posso deixar esta gaiola e ir para minha querida floresta?' e dai fez o quarto som : nada deves temer dele :” e então ele falou a quarta estrofe :-

Oh deixar esta residência real ! Oh ganhar minha liberdade,
De coração feliz percorrendo a floresta e alto n'árvore construir meu ninho.

Assim falando ele adicionou, “O cuco pinha, grande rei, liberte-a.” O rei fez isto.
“Grande rei, há um cervo domesticado em tua residência ?” “Há, senhor.” “Ele era chefe da horda : lembrando sua cerva e pinhando de amor por ela ele faz o quinto som : nada deves temer dele :” e falou a quinta estrofe :-

Oh deixar esta residência real ! Oh ganhar minha liberdade,
Beber água pura da fonte, guiar a horda que me segue !

O Grande Ser fez com que se libertasse o cervo e continuou, “Grande rei, há um macaco domesticado em tua residência ?” “Há, senhor.” “Ele era chefe de uma horda do Himalaia e este saudoso da companhia das macacas : um caçador chamado Bharata o trouxe para cá : pinhando e ansiando por seus velhos covis ele faz o sexto som : nada deves temer dele,” e ele falou a sexta estrofe :-

Cheio e sujo de paixões eu estava, enfeitiçado de desejo,
Bharata o caçador me pegou ; qu'eu te traga fado feliz !

O Grande Ser fez também o macaco ser liberto e prosseguiu, “Grande rei, há um duende vivendo em tua residência ?” “Há,senhor.” “Ele está pensando no que fazia com sua sílfide e sofrendo de desejo faz o sétimo som. Um dia ele subiu no pico de uma alta montanha com ela : eles colheram e se adornaram com muitas flores de cores e perfumes diversos e não perceberam que o sol se punha ; escuridão caiu enquanto desciam da montanha. A sílfide disse, 'Marido, está escuro, desça com cuidado para não tropeçar,' e pegando-o pela mão, desceram juntos. É lembrando das palavras delas que ele faz o som : nada deves temer dele.” Através do seu conhecimento ele estabeleceu e se fez saber precisamente as circunstâncias, falando a sétima estrofe :-

Quando a escuridão ficou grossa sozinhos no alto da montanha,
Ela me avisou gentilmente, 'Não tropece o pé numa pedra'.

Assim o Grande Ser explicou porque o duende fez o som e fez com que o libertassem também e prosseguiu, “Grande rei, houve um oitavo som, um de êxtase / ênstase. Um certo paccekabuddha na Gruta Nandamula sabendo que as condições de vida estava agora no fim para ele, veio para perto dos seres humanos, pensando, 'Entrarei no Nirvana no parque do rei de Benares : seus empregados irão me enterrar e festejar festivais sagrados e venerar minhas relíquias e assim atingir o céu :' ele estava vindo com seu poder sobrenatural e justo quando alcançou o telhado do palácio, atirou fora a carga da vida e cantou em ênstase a canção que ilumina a entrada na cidade do Nirvana :” e então ele falou a estrofe pronunciada pelo paccekabuddha :

Certamente vejo o fim dos nascimentos,
Nunca mais novamente verei útero :
Minha última existência na terra
Está terminada e toda sua miséria.

“Com estas palavras de ênstase ele alcançou teu parque e passou para o Nirvana aos pés de um salgueiro florido : venha, grande rei, e realize ritual de exéquias.” Assim o Grande Ser levou o rei para o lugar onde o paccekabuddha entrou no Nirvana e mostrou a ele o corpo. Vendo o corpo, o rei com um grande exército prestou honras com perfumes , flores e semelhantes. Como conselho do Bodhisatva ele parou o sacrifício, deu a todas as criaturas suas vidas, fez proclamação pela cidade através do tambor que a matança não ocorreria, e fez com que festivais sagrados fossem realizados por sete dias, cremou o corpo do paccekabuddha com grande honra em uma pira com perfumes e fez um stupa onde quatro estradas se encontram. O Bodhisatva pregou retidão ao rei e exortou-o com diligência : depois ele foi para o Himalaia e lá realizou trabalhos em Estados Perfeitos e sem quebrar suas meditações tornou-se destinado ao Céu de Brahma.
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Após a lição, o Mestre disse, “Grande rei, não há perigo algum para ti devido aos sons, pare o sacrifício e dê a todas as criaturas suas vidas” : e tendo feito a proclamação pelo tambor de que suas vidas seriam poupadas, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o rei era Ananda, o pupilo era Sariputra e o asceta eu mesmo.”






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