quinta-feira, 21 de outubro de 2010

420 Ananda Sumangala



                                  pintura de Ajanta, Índia

420
“Ciente de uma face irada...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo a repreensão de um rei. Nesta ocasião o Mestre, ao pedido do rei, contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu como filho de sua rainha principal. Quando cresceu, tornou-se rei no lugar do pai e fazia ofertas abundantes. Ele tinha um guardião do parque chamado Sumangala. Um certo paccekabuddha deixou a caverna Nandamula em peregrinação por ofertas e vindo para Benares permaneceu no parque. Dia seguinte ele foi para a vila colher ofertas. O rei o viu favoravelmente, mandou-o subir para o palácio e o sentou no trono, serviu-o com vários tipos de comidas delicadas, duras e moles, e recebeu seu agradecimento : estando feliz que o paccekabuddha ficaria no parque, conseguiu esta promessa e o enviou de volta para lá : após seu café da manhã ele foi lá em pessoa, arrumou os lugares para a moradia dele à noite e de dia, indicou-lhe o guardião do parque, Sumangala, como seu ajudante e voltou para a vila. Após isto o paccekabuddha alimentava-se constantemente no palácio e viveu lá por um longo tempo : Sumangala respeitosamente o ajudava. Um dia ele saiu fora dizendo para Sumangala, “Vou para tal e tal vila por alguns dias mas voltarei : informe o rei.” Sumangala informou o rei. Após alguns dias na tal vila o paccekabuddha voltou para o parque à noite depois do por do sol. Sumangala, sem saber de seu retorno, fora para a própria casa. O paccekabuddha colocou de lado sua tigela e hábito e depois de uma pequena caminhada sentou numa laje de pedra. Naquele dia alguns estranhos convidados chegaram na casa do guardião do parque. Para oferecer 'sopa e curry' ele se dirigiu para o parque com arco e flecha para matar um cervo domesticado do parque : ele estava lá procurando por um cervo quando viu o paccekabuddha e pensando ser um grande cervo, apontou para ele uma flecha e o acertou. O paccekabuddha descobriu sua cabeça e disse, “Sumangala.” Bastante angustiado Sumangala disse, “Senhor, não sabia do teu retorno e o atingi, pensando que fosses um cervo : me perdoe.” “Tudo bem mas o quê você fará agora ? Venha puxe a flecha.” Ele obedeceu e a puxou para fora. O paccekabuddha sentiu grande dor e passou para o nirvana lá e então. O guardião do parque pensou que o rei não o perdoaria se soubesse : pegou sua esposa e filhos e fugiu. Por poder sobrenatural toda a cidade escutou que o paccekabuddha havia entrado no nirvana e todos ficaram exaltados. Dia seguinte alguns homens entraram no parque, viram o corpo e contaram ao rei que o guardião do parque fugiu após matar o paccekabuddha. O rei seguiu com um grande cortejo e por sete dias prestou honras ao corpo : então com toda a cerimônia ele pegou as relíquias, construiu um santuário e prestando honras continuou a legislar seu reino retamente. Após um ano, Sumangala, determinado a descobrir o quê pensava o rei, veio e pediu a um ministro se podia saber o quê o rei pensava dele. O ministro louvou Sumangala diante do rei mas foi como se nada houvesse escutado. O ministro nada mais disse mas falou para Sumangala que o rei não estava satisfeito com ele. Após outro ano ele retornou e novamente em um terceiro trouxe a esposa e as crianças. O ministro sabia que o rei estava apaziguado e colocando Sumangala na porta do palácio contou ao rei de sua chegada. O rei mandou chamá-lo e após saudações disse, “Sumangala, por quê mataste aquele paccekabuddha, através do qual eu estava ganhando mérito ?” “Ó rei, não queria matá-lo mas foi desse jeito que aconteceu o fato,” e ele contou a história. O rei disse para nada temer e o recolocou como guardião do parque novamente. Então o ministro perguntou, “Ó rei, por quê nada respondeste quando escutaste duas vezes louvores a Sumangala e na terceira vez por quê mandou chamá-lo e perdoá-lo ?” O rei disse, “Caro senhor, é errado um rei agir apressadamente e em ira : portanto fiquei em silêncio primeiramente e na terceira vez quando sabia que estava calmo chamei Sumangala” : e assim falou estas estrofes para declarar o dever de um rei :-

Ciente de uma face irada,
Nunca deixe rei estender seu bastão :
Coisa que não vale que uma multidão
Então siga seu assentimento.

Ciente de humor temperado,
Deixe-o decretar juízos ásperos,
Quando o caso é entendido,
Fixar a pena apropriada :

Se avexa e não aos outros,
Claramente separando certo de errado :
Apesar de seu jugo estar nos pescoços das pessoas,
Virtude o mantém forte e elevado.

Príncipes irresponsáveis em atos
Manejam o bastão sem remorso,
Má reputação aqui é o prêmio deles,
O inferno os aguarda quando morrem.

Aqueles que amam a lei santa,
Puros nos atos, palavras e pensamentos,
Cheios de gentileza, calma e respeito,
Passam como devem através de ambos os mundos.

Sou rei, senhor do meu povo ;
Ira não deve reter minha propensão :
Quando ao vício tomo a espada,
Piedade limita a punição.

Assim o rei declarou suas próprias boas qualidades em seis estrofes : toda sua corte ficou agraciada e declarou seus méritos nas palavras, “Tal excelência em práticas e qualidades morais são dignas de sua majestade.” Sumangala, depois da corte terminar de falar, saudou o rei e após obediência falou três estrofes em louvor do rei :-

Tal a tua glória e teu poder ;
Nunca os renuncie nem por uma hora :
Livre de ira, livre de temores,
Reine em alegria por cem anos.

Príncipe, a quem todas estas virtudes abençoa,
Calmo e brando mas firme em valor,
Legisle o mundo com retidão,
Passe para o céu quando liberto da terra.

Verdadeiro em palavras, na ação bom,
Tome os meios para alcançar teu fim :
Pacifique a multidão agitada,
Como uma nuvem de chuva revigorante.
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Após a lição conectada ao conselho para o rei de Kosala, o Mestre identificou o Jataka : “Naquele tempo o paccekabuddha passou para o nirvana, Sumangala era Ananda, o rei eu mesmo.”

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